Até a noite de ontem, 20 de maio, as estatísticas registravam
um total de aproximadamente 19 mil mortes em razão da Covid-19. Hoje cedo, os
números dessa “gripezinha” já devem ter atingido a casa das duas mil dezenas.
Entre as vítimas, crianças, mulheres, homens, médicos e profissionais
da saúde, incluindo aí o pessoal de apoio técnico e administrativo de hospitais
e casas de saúde, além de idosas e idosos.
Dentre o grupo, pessoas que... fazer o que, já iam morrer mesmo, dada a inevitabilidade
da morte. Ou, como bem alertou o presidente, “alguns vão morrer, lamento, é a
vida”.
Muitas vítimas, independente da idade, com alguma comorbidade.
Mas não só.
E entre elas, até professores apoiadores do presidente sociopata,
que se aventuraram a sair às ruas e avenidas, em manifestação de apoio ao Mito
genocida. E que tiveram a infelicidade de se infectarem e virem a se transformar
em mais uma vítima.
***
Lamento tanto a perda da vida de quem, movido pela fé mais
obtusa, caso do professor, foi vitimado, quanto a dos que foram atropelados e
levados de roldão pelo inimigo invisível.
Lamento a perda de vidas, todas, de seres humanos, grupo a
que pertenço e que, simplesmente por esse motivo, merecem que eu chore por
eles, como a porção de terra às margens do rio chora, quando um torrão qualquer
é arrastado pelas águas tormentosas do rio. (Em homenagem a John Donne, Hemingway
e a Por quem os Sinos Dobram).
***
Nesse sentido, sou solidário às famílias que perderam seus
entes queridos, grande parte das quais compostas daqueles “comunistas”, cuja posição
política apenas aflorou quando se deixaram invadir pelo medo pânico de sucumbirem
ao vírus, o que as levou a, como “animais domesticados”, obedecerem as
recomendações de isolamento social e quarentena.
Devo essa lição ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre
Kalil, que considero tão troglodita quanto Bolsonaro, apenas que bem
assessorado e com a preocupação de lutar para salvar vidas, nesse momento. Afinal
é de Kalil a constatação de que “parece
que quem não quer morrer é comunista”.
***
Além de minha solidariedade às famílias, é importante
manifestar que difiro profundamente da ex-secretária da Cultura, Regininha, a
lépida.
Que em meio à pandemia reclamou do ambiente de morbidez,
pesado, de mortes que vinham dominando o ambiente e a incomodavam em instante
em que se declarava livre, leve e solta....
Livre de qualquer compromisso com a realidade. A ponto de a mesma
morte que agora deixa a lépida e ingênua ex-namoradinha do Brasil de baixo astral
ter sido relativizada, enterrada pela passagem do tempo, quando patrocinada
pela ditadura e militares que agora infestam o governo.
***
Referi-me à ex-secretária, por ver em sua figura
infantilóide, outra vítima da morte. A morte da dignidade. Do amor próprio. Do
auto-respeito.
Apenas que, desta feita, morte auto-infligida, já que foi
ela mesma quem optou por jogar no lixo sua história, sua trajetória, a imagem
falsa que ela veio construindo ao longo de sua carreira.
A questão que me ocorre é se ela era apenas a máscara, a
personagem, a atriz sem personalidade própria e qualquer conteúdo naquela época,
ou se agora.
***
Afinal, que triste papel ela teve que assumir ontem, no vídeo
em que aparece ao lado de seu ídolo e deus, como a amazona da triste figura. Põe
triste nisso! Trágica figura. De deixar D. Quixote penalizado.
Senão, como entender, a expressão de menina levadinha... ao
perguntar timidamente, quase com dedinho na boca: “ tá me fritando, presidente?”
Para ouvir a resposta óbvia: não Regininha. Eu não. Quem
frita é a imprensa. Para desestabilizar o governo.
***
Nem vou comentar sobre a mulher que construiu sua carreira graças
aos meios de comunicação, em especial a Globo, e que na CNN deu a entender que
a Globo não seria isenta, e agora, diz não acreditar na midia... Ela apenas
aprontou mais uma: cuspiu no prato que comeu.
Mas, é bom lembrar que em um governo que cria crises a cada
esquina e a cada instante, para tentar sobreviver e manter de prontidão seus apoiadores
raivosos e descerebrados, quem alimenta a imprensa desestabilizadora são os
próprios “técnicos experts” que infestam a máquina pública. Máquina que ocupam
para desestruturá-la, a partir de dentro.
***
O que me incomoda é que o constrangimento de Regina, a
débil, não poderia ser maior. Ganhou de presente, e como prenda por bom
comportamento, apenas o chapéu de burro!
Que saiu mostrando a todos os amigos, em razão do colorido
ostensivo.
***
Mudando o foco, mas mantendo o tema da morte, gostaria de dedicar
uma palavra à morte dos milhares de CNPJs, das empresas que Guedes tanto
prometeu ajudar.
Promessa de auxilio e financiamento para que pudessem superar
o momento de crise que, por falta de capacidade, planejamento e principalmente
vontade política, não consegue se sustentar e alcançar os beneficiários.
Fracasso que se manifesta em relação à própria concessão do
benefício ou auxílio social – no valor exorbitante de 600 reais-, que mal e porcamente
são suficientes para assegurar a feira. Isso, se tivesse sido projetado para
atingir, no tempo certo, a ampla maioria da população de necessitados, os CPFs
afetados pela pandemia.
Auxílio que o ministro propunha ser no valor muito mais significativo
de 200 reais, mesmo montante que ele, do alto de sua benevolência, promete
estender, por mais um ou dois meses, para os mesmos necessitados.
***
O comportamento do ministro ilustra bem a razão de o isolamento
social não poder ser respeitado, de as pessoas terem que sair às ruas, tentando
ganhar sua sobrevivência.
Luta pela sobrevivência que é, de resto, inútil, se e quando oferecerem seus serviços
não encontrarem qualquer pessoa disposta a adquiri-los, do lado oposto.
***
Ao lado da morte de milhares de pessoas, pode ser juntada a
morte do bom senso. Ou, minimamente da boa piada, da anedota de bom gosto.
A julgar pelas piadinhas infames com que Bolsonaro nos
brinda a cada dia, na sua luta de caráter médico em favor da adoção da
cloroquina.
“Quem é de esquerda toma tubaína”, que não causa efeitos
adversos à saúde. E risos na sala...Ra!Ra!Ra!
Quem é de direita, toma a medicação cujo protocolo o
Ministério fardado da saúde (em minúsculo propositadamente) aprovou na data de
ontem, sem qualquer assinatura de médico responsável.
Afinal, militares matam em sessões de tortura ou em ambiente
de guerra. E não querem ser responsabilizados por mortes de apoiadores idiotizados
do presidente demente, pelo vírus ou por efeitos colaterais nefastos.
***
Para concluir: a expressão de minha mais profunda tristeza pela
morte de JOÃO PEDRO no Rio. Em ação policial que culminou com mais de 70 tiros,
um dos quais atravessou os sonhos de um menino. Por acaso, pobre, preto,
jovem... mas com sonhos brilhantes, precocemente interrompidos.
Mais um crime, sob o manto do excludente de ilicitude???
***Versão fake, daí o corte das frases abaixo:
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