terça-feira, 19 de maio de 2020

500 dias de desgoverno, em meio a tantos atropelos, criam uma realidade líquida que prejudica a contemporaneidade de qualquer pitaco

Quando tive a ideia de lançar esse blog, lá se vão quase dez anos, confesso que não tive dificuldade para escolher um nome para as minhas publicações. Afinal, tendo como ponto de partida criar um espaço para poder emitir opiniões sobre questões e temas pelos quais tenho grande apreço, o nome Também quero dar pitaco pareceu-me muito apropriado.
Eu teria o espaço para manifestar minhas opiniões, mesmo que ninguém as pedisse, trataria de assuntos que gosto, alguns até que detenho algum conhecimento e, poderia não apenas ampliar o contato com amigos e leitores, como teria a oportunidade, sempre bem vinda, de aprender muito, pesquisar muito. Até para que meus pitacos não fossem um amontoado de opiniões incorretas e divulgação de falácias. 
Creio que, ao longo desse tempo, tenho procurado manter-me dentro dessa filosofia.
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Mas confesso que a chegada de Bolsonaro ao poder, e mais que isso, sua lógica de atuação no comando do Executivo, sempre desprovida de qualquer sensatez e racionalidade têm me deixado com a impressão e, por outro lado tornado, cada vez mais difícil refletir, entender, comentar e redigir esses pitacos. 
Razão porquê, às vezes, deixo passar um lapso maior de tempo entre uma postagem e outra. 
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O problema é que, na sua tarefa, essa facilmente identificável, de desconstrução, de destruição das instituições de nosso Estado e nossa sociedade,  a cada instante surgem tantos fatos inusitados, uns atropelando os outros que, muitas vezes que tenho vontade de me manifestar de alguma forma, imediatamente percebo que perdi a oportunidade, que a realidade já é outra, alterada, transfigurada, superada por outros fatos ainda mais absurdos e surreais patrocinados por esse des-governo.
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Justiça seja feita, em relação à desconstrução e destruição do Estado, já comentada aqui em pitacos mais antigos, Bolsonaro apenas dá seguimento ao cumprimento da promessa feita já em sua campanha, de que iria destruir o Estado aparelhado e entregue ao que identificava como uma camarilha comunista, de viés globalista, infiltrada e solidamente já estabelecida no governo, nas repartições, ministérios, agências, desde os governos comunistas do PSDB (risos, mas a classificação não é minha!!!) e do PT, sempre obedientes ao movimento globalista representado pelo Foro de São Paulo. 
Quanto a esse Foro, era a representação do mal, desde as ideias pró comunismo e expropriação da propriedade privada em todo mundo, até aquelas destinadas a alardear a fake news fundamental, que afirmava que a terra, pasmem!, seria redonda!!!
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Acontece que de acordo com essa mesma lenga-lenga, patrocinada pelo filósofo de araque, Olavo de Carvalho, elevado a guru máximo da "intelligentsia" bolsonarista, orbitam não apenas o ex-Capitão, que a rigor não consegue entender e estabelecer qualquer nível de interpretação mínima que seja sobre as ideias de seu guru, como também outros elementos ou comparsas por ele convidados para participarem desse que vai se tornando o pior governo de toda nossa história republicana. Ao que podemos acrescer os adjetivos de risível, ridículo, abjeto, vergonhoso, canhestro...
Pior ainda, governo a que cabe muito apropriadamente adjetivos mais sérios, como: irresponsável, nepotista, autoritário, miliciano, corrupto (em sentido lato), antidemocrático, fascista, GENOCIDA.
Cuja ação e ideário política se estabelece na  EUGENIA.
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Nesse torvelinho de fatos, ações, decisões, fakes do gabinete do ódio, fica difícil selecionar o tema objeto de qualquer pitaco. Que repito: estará sempre fadado a estar já ultrapassado por outra e mais nova ação maluca.
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Assim, se em meu último pitaco, eu manifestava minha incompreensão em relação ao espaço dado pela imprensa a um general de reserva,  tal opinião significava que acreditava que tal general já não tinha mais nada a acrescentar à vida social, se é que em algum momento, fora da caserna, ele tivesse trazido alguma contribuição digna de reconhecimento. 
Em minha opinião, o espaço destinado à figura e atuação do general Eduardo Villas Bôas devia ser relegado ao esquecimento da história, bem longe de qualquer possível comentário seu, elogiando nas redes sociais ao comportamento histérico da secretária da Cultura, Regina Duarte.
E, já em seguida, sabe-se que Regina volta a ser alvo do "fogo amigo" da turma de terraplanistas a que ela resolveu se submeter. Dessa forma, algum eventual prestígio e força que ela pode ter angariado desde ataque apoplético na entrevista à CNN, já se dissolveu, com a exoneração de seu indicado para ocupar o cargo de segundo da Secretaria.
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Para ser justo, Regina merece toda a desfeita, já que, conforme meu avô sempre me alertava: "quem se curva demais acaba mostrando o rabo de fora". 
E a perda de alguém na Secretaria de Cultura, órgão relegado ao papel de "subnitrato do pó de b... do cocô do cavalo do bandido", é uma ausencia que vai preencher uma lacuna tremenda. 
Para a tragédia de nossa cultura. Vítima de tanta destruição quanto a nossa ciência. Quanto qualquer ato de avanço social e científico e tecnológico. 
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Enquanto a Cultura sofria nova tentativa de desmoralização, a Saúde sofria novo ataque frontal, de um governante que, no futuro, será representado, no mesmo molde de um Hitler, Mussolini e outros assassinos como Stálin, ou seja, no panteão dos representantes da Morte e do Mal. 
Certo está o diretor do Hospital das Clínicas, para quem a política de Bolsonaro é apenas a eugenia. 
Razão por que ele dá curso livre a um movimento de genocídio, de grupos etnicos, como quilombolas, indigenas, negros, pobres, moradores de comunidades carentes. 
Quem sabe, ao final e ao cabo, o governo de Bolsonaro, ao lado de Guedes, seu títere, não terão, finalmente, eliminado uma das maiores e mais escandalosas vergonhas do nosso país: o grande contingente de população vivendo abaixo do nível de miséria absoluta e até relativa?
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A propósito, há alguns anos atrás, conta a lenda que para acabar com a mendicância e marginalidade crescente, teria havido um plano de afogamento de mendigos transferidos para se instalarem de forma provisória no leito de um rio, inundado pelas águas da abertura de uma comporta.
Diz a lenda. A história mostra que as acusações não passavam, já na oportunidade, de "fake news", o que foi confirmado com a inocência reconhecida dos responsáveis. 
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Mas esses eram outros tempos. E hoje Bolsonaro age de forma a querer determinar protocolos de tratamento da pandemia, prescrevendo medicação, determinando medidas de comportamento social, tudo na contramão das recomendações de instituições médicas e grupos de profissionais da área. 
Bolsonaro comete, flagrantemente, crime de exercício ilegal da medicina. 
Ou, como é seu feitio, age de forma pior, por não ter capacidade de assumir qualquer ato, criminoso ou não. Ao contrário, pressiona, leva a tensão a grau máximo, age de forma a desautorizar a quem nomeou para, de forma séria e técnica, tratar de assuntos que ele não domina. 
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Que interesses tem ou pode ter o presidente, quando de forma apropriada a qualquer charlatanice, receita, prescreve, recomenda, indica e pressiona pelo uso de um medicamento que pode, sim, ser muito útil. Mas não é nenhuma panaceia. 
A cloroquina pode ser útil no tratamento do Covid-19, e servir simultaneamente, como a pena de morte por seus usuários, por complicações cardíacas. 
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Ao dizer que está preocupado com a economia, já que nada pode fazer em relação às mortes, mais que insensibilidade, mostra que não tem qualquer compromisso nem mesmo com a vida e sobrevivência de seus próprios eleitores. 
Ao unir-se aos coveiros, mesmo que deixando claro o distanciamento que o separa desses nobres e agora expostos trabalhadores, Bolsonaro enterra qualquer perspectiva de manifestação de sentimentos de empatia, solidariedade, simpatia, preocupação com a população brasileira de forma ampla e não apenas seus eleitores.
Dessa forma, Bolsonaro age como Bolsonaro, um psicopata. Um ser humano frio e calculista, incapaz de manifestar qualquer reação em favor de quem está morrendo com a sensação de estar se afogando, em pleno ambiente seco. 
Dizem, já que não sou médico e não posso afirmar, que a morte por falta de oxigenação adequada leva o pulmão a se encher de líquido, levando a um só tempo, à sensação de falta de ar e de afogamento. 
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E, cada vez mais, nem é só esse o mal acarretado pelo novo vírus, já que constataram a sua presença, tanto no cérebro, quanto nas fezes, depois de 20 dias do óbito de vítimas da infecção. 
Da mesma forma, não é nem mesmo uma doença que atinge apenas idosos e pessoas com outras comorbidades: cada vez mais a possibilidade de que também as crianças sejam infectadas e apresentem efeitos ainda não bem identificados são divulgadas. 
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Bolsonaro, preocupado em se blindar, em querer evitar de ser acusado do crime de genocídio, de ser acusado de crimes de responsabilidade, blinda-se por edição de Medidas Provisórias que são verdadeiras aberrações, ao tempo em que procura interferir na Polícia Federal, de forma a poder evitar que seus filhos tenham a lista de malfeitos descoberta, investigada e comprovada. 
De quebra, cerca-se cada vez mais de militares, escudando-se no fato de ter sido integrante do Exército há muito tempo atrás. 
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Ainda há pouco, nomeia mais nove militares para, atendendo ao princípio da autoridade, da ordem e da disciplina, e da hierarquia, poder fazer cumprir as suas determinações injustificadas na pasta da Saúde. 
Nomeia um general ministro, coloca outro militar como secretário, nomeia diretores de várias patentes, apenas para poder impor sua vontade. 
Seguindo essa linha hierárquica sem qualquer sentido, o general Eduardo Pazuello, não se constrange de participar de reunião internacional, em que mente, despudorada... mente, ao afirmar que Bolsonaro adota práticas políticas de consenso com outras autoridades subnacionais, como prefeitos e governadores. 
Pior é isso: o general se esconde sob a sua farda impecável, e esquece que sob a farda existe apenas um ser humano, não um militar. 
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Quanto à Economia, Guedes, o fantoche, acena e faz espetáculos pirotécnicos, apenas para iludir o público, afirmando que a Economia já estava decolando (para baixo!) quando da chegada da pandemia. Mente, também. Desavergonhada... mente. Despudorada... mente. 
Ludibria. Promete aquilo que nunca poderá entregar, como já não conseguiu fazer nem mesmo a Reforma da Previdência, que deve ser creditada à conta de Rodrigo Maia, por mais que ele seja visto como alguém contrário ao governo Bolsonaro. 
Prometeu superávit zero. Não conseguiu cumprir. 
Suas reformas estruturais apenas seguem a direção já iniciada por Temer, de destruição dos direitos trabalhistas, de fragilização do mercado de trabalho, de preocupação em livrar os empresários de ônus e de redução dos custos vinculados à força de trabalho que empregam. E que vem a ser a verdadeira força capaz de promover o ato de transformar a natureza pródiga e seus recursos em bens e serviços para atender às necessidades do povo. 
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Guedes, esse fanfarrão promete recuperação da economia sob a forma de um V. A economia cai agora, com a pandemia, e por causa dela. Mas, dadas as reformas - jamais feitas e, algumas sequer propostas ou apresentadas à sociedade para discussão-, a economia já se recupera tão logo volte a reinar a normalidade. 
Guedes age como qualquer mau vendedor de sonhos e ilusões, com um estelionatário. Não vai entregar nada das reformas, como já não conseguiu emplacar seus planos de retorno da CPMF, -principal e quase que exclusiva medida de seu projeto de ampliação da arrecadação tributária. 
Como não conseguiu, felizmente, emplacar o regime de capitalização previdenciária. 
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A rigor, Guedes apenas conseguiu, nesses 500 dias de des-governo que comemorou semana passada, prever e confirmar que, se fosse feita muita besteira, o dólar, então em 4 reais e mais alguma fração, conseguiria atingir um pico de 5 reais. 
O dólar já se aproxima dos 6 reais, bancos estrangeiros já estimam que possa fechar perto de 7 no final do ano, enquanto o ministro mal intencionado afirma negando os números, que os investidores externos estão trazendo capitais, e que não está havendo fuga de capitais de nosso país. 
Bem: são apenas números. Pouco importantes para quem deve acreditar que a terra é plana. 
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Quanto ao auxílio emergencial para pessoas atingidas pelos efeitos da pandemia, ou mesmo o auxílio financeiro para compensação de perdas de arrecadação a estados e municípios, o que se vê é que a política acaba sendo aprovada.
Não a proposta do governo, sempre mesquinha, aquém do que era necessário para lidar com os problemas e agruras do presente. 
Felizmente, a preocupação apenas com os números das contas públicas que parece ser a ladainha única que o ministro entoa, em momento em que a sociedade está lutando pela saúde de toda a população, sempre é derrubada, alterada, transformada para melhor pelo Congresso. 
O que gera um outro problema como subproduto: a verba, os recursos, o dinheiro não aparece e o que é aprovado para salvar a situação e assegurar a sobrevivência de milhares de brasileiros em abril, ainda não foi pago em maio. 
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O professor Paulo Morceiro,  em momento feliz, expressou que essa demora pode ser proposital, para que o povo inflamado, impedido de trabalhar e faminto invada as ruas, provoque o caos social que permitiria a Bolsonaro, uma vez mais, procurar promover o que é sua obsessão: o golpe capaz de arruinar e extirpar a democracia de nosso país. 
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É isso. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito diagnóstico. Guedes não pode nem ser considerado liberal a la “Chicago Boys”. É liberal reacionário. Insiste em investimento privado sem o menor cenário razoável para tal. É um samba de uma nota só em que nem ele mesmo acredita. Keynes irá puxar o pé dele na cama.