quarta-feira, 11 de maio de 2011

Objeto direto, feminino

                                               Você chega
me exige pronta
e me acusa
me usa, lambuza
me deixa louca
louca de frio
frio e prazer
depois se levanta
e me deixa triste
e vai-se embora
me deixa deitada
usada, cansada
mal arrumada
me deixa e parte.
Você volta
e zomba do quarto
ri de meu enfeite
me exige nova
Você goza e vai prá rua
me deixa nua
abandonada
Eu não sou nada
você é tudo
o universo, meu inverso
você é o mundo
e eu não sou nada
Você então usa
de minha fraqueza
me larga
e promete voltar amanhã
depois de tomar outros goles.
Depois do último abraço
do fumo picado
da última festa
de seus amigos
Eu não sou nada
você é o mundo
eu fico pronta
você me aperta
me morde, me ama
se deita cansado
e dorme de lado
deixando-me só
acompanhada de minhas fantasias.

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