terça-feira, 5 de junho de 2012

Aposta do Galo, Ronaldinho na veia

Um velho ditado afirma que de bunda de nenê e cabeça de juiz pode-se esperar tudo. Ou nada.
E de Ronaldinho Gaúcho no Galo, esperar o que?
Se quiser jogar bola, exclusivamente jogar bola, para calar os críticos e chegar ao fim da carreira com a mesma imagem que angariou no início de sua vitoriosa trajetória, então foi se não a maior, das maiores contratações do futebol mineiro nesses anos bicudos dos 2000.
Ao contrário, se quiser desde já ir preparando sua aposentadoria e, para tanto, já ir se acostumando ao estilo de vida que irá desfrutar quando pendurar as chuteiras, então a noite de BH irá ganhar muito agito. As festas irão ficar muito badaladas, e o funk vai reinar absoluto. Ou o pagode...
Menos mal que mesmo o Ronaldinho das baladas não cultiva um histórico de brigas, agressões, acidentes automobilísticos, programas mal resolvidos e cujo acerto financeiro acaba sendo feito na delegacia.
Menos mal que suas noitadas sejam regadas de mulheres, algumas de chamar a atenção, periguetes ou marias chuteiras, ou meninas deslumbradas desejando fazer de Ronaldinho a porta de entrada para o sucesso como modelo, artista de televisão ou stripper.
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Pena que Ronaldinho, que gosta de uma gandaia como é natural em quem tem sua idade e sua grana e não tenha ainda compromissos mais sérios, tenha deixado que essa gana de viver e se divertir tivesse vindo interferir,  algumas vezes, em seu comportamento. Não em jogos, dentro do campo, mas nos treinos, o que serviu, na maioria das vezes para criar um clima ruim no grupo, dividido entre os que treinavam duro e os que tinham regalias de não treinar .... e não serem punidos.
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É isso que o Galo tem o dever e a obrigação de evitar: que a presença do jogador possa vir a trazer uma diferença de tratamento e privilégios, capazes de criarem um verdadeiro motim no grupo.
Evitar que aquilo que levaria à punição de qualquer atleta, fosse ignorado e relevado, por se tratar de quem é o responsável, ou melhor o irresponsável, pelo comportamento inadequado.
Divertir, sair, dançar, ir a boate, beber, qualquer pessoa pode e deve, independente de ser atleta ou não. O que não pode é exagerar e deixar que esse comportamento influencie seu desempenho profissional, razão de estar sendo pago e, no caso de jogadores de futebol, de seu sucesso.
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De mais a mais, se Ronaldinho já está mesmo se aproximando da hora de ir pensando em pendurar a chuteira, é bom lembrar que, na profissão que escolheu, mesmo com a grana que possa ter acumulado, há uma tendência irreversível para cair no ostracismo, substituído por outros jovens em atividade e com a mesma habilidade e capacidade de encantar e, por isso, se tornar ídolo.
E, daí para frente, chegar a qualquer evento como ídolo reverenciado e respeitado é melhor que chegar como alguém que pisou na bola e transformou-se, no final de sua carreira em vilão.
Por outro lado, se não quiser pendurar as chuteiras,  deverá resgatar a capacidade de maravilhar a todos quantos se dirigirem aos campos de futebol para vê-lo brilhando nos gramados, como já demonstrou a capacidade de fazer.
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Ou seja: o Galo fez uma aposta de risco.
E até pelo fato de ser gaúcho, e de o temperamento gaúcho ter alguma coisa de mais parecido com o temperamento do mineiro, sempre parceiros e solidários, sempre deixados em segundo plano por todos aqueles que analisam o Brasil como sendo a parte menos nobre de São Paulo e do Rio, acho que Ronaldo vai se dar bem aqui.
E que o Galo vai ter muito a ganhar com essa aventura que se inicia.
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Por fim, só para concluir, o lembrete desnecessário, de sempre: O Galo é muito, mas muito maior que qualquer jogada de risco.
O Galo é sangue e paixão.


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