quarta-feira, 27 de junho de 2012

Esquinas


O moço parou na esquina
Onde trafegam ônibus lotados
Carros apressados queimando óleo
Soltando fumaça branca
Onde atravessam os vira-latas
Que invadem a noite com uivos
Tristes
Desfilam meninas vaidosas
Envoltas em saias justas
Blusas decotadas
Que afrontam as beatas
Que, puxando o terço
Seguem em procissão
A caminho da igreja
E se benzem ao cruzarem com o menino
Perseguido
Pela viatura policial

Esquina onde cruza
A vida do bairro
Os vizinhos se encontram
E se cumprimentam, corteses
Taxis aguardam passageiros
E buzinas entoam cânticos de guerra

O moço parou na esquina
Por onde desce o tempo
Em direção à cidade
E sem querer perder sequer um minuto
Entrou resoluto
Avançando a contra-mão

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