terça-feira, 7 de julho de 2015

Pitacos econômicos, políticos e futebolísticos

A correria de correção de trabalhos e provas, típica do encerramento de semestre letivo na vida de um professor acaba impedindo, muitas vezes de podermos manter uma regularidade na postagem dos pitacos, por mais que a situação recomendasse algum comentário.
Não que o ambiente econômico tivesse apresentado alguma diferença significativa do último pitaco, postado no já distante junho.
Na verdade, se houve alguma mudança, nesse aspecto, tal alteração deveu-se, exclusivamente, ao agravamento do pessimismo generalizado, capaz de fazer com que as previsões de nossos analistas de mercado, banqueiros e grandes empresários se deteriorasse.
Ao menos, isso é o que o Banco Central nos informa no seu boletim Focus, divulgado na data de ontem, que mostra que as previsões são de inflação de 9,2% para o ano.
Ou seja, quanto mais as autoridades econômicas insistem em utilizar o Sistema de Metas, que atribui ao excesso de demanda agregada a responsabilidade pela inflação, e mais adotam a política monetária contracionista, de juros elevados, para derrubar o movimento de alta generalizada de preços, mais os preços insistem em contrariá-los.
Quanto mais o Banco Central sobe os juros, mais cara fica a vida, embora a demanda esteja despencando a olhos vistos.
Situação que exigiu do governo a adoção de medidas na direção de estancar o desemprego que já ia se alastrando de forma expressiva.
Junto ao desemprego, o fechamento anunciado nos jornais de televisão, de mais de 800 concessionárias de automóveis, que já não têm mais a quem vender.
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Antes que mude de assunto e deixe de emitir a minha opinião, a medida, que vai na contra-mão do tal ajuste fiscal, é oportuna, e tenta resgatar o discurso de Dilma de que não deixaria o desemprego retornar às taxas que ela conseguiu derrubar, de forma recorde, em seu primeiro mandato.
Chamado de Programa de Proteção ao Emprego, e criado por Medida Provisória, o governo tenta evitar o aumento de demissões, permitindo que, caso haja acordo entre patrões e trabalhadores, seja reduzida a jornada de trabalho em até 30% , acompanhada de redução proporcional dos salários, pelo prazo de 6 meses, prorrogáveis por outro tanto de tempo.
Para não prejudicar o trabalhador, metade da redução da renda será complementada por recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), até o limite de R$ 900,84.
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Vale observar que se a medida é benéfica, é curioso ter sido tomada pouco tempo depois de o mesmo governo adotar medidas jogando o pagamento de abono do PIS para a frente.
A MP tem prazo de validade, até dezembro, e vai na direção correta já que, as empresas sem vendas não têm por que produzir. Sem produzirem não têm por que manter empregados. E a política do governo de derrubar a demanda leva a que ninguém queira se arriscar a fazer dívidas, passando a comprar o estritamente necessário. Quando der para comprar o necessário.
E se der para quitar as dívidas acumuladas no tempo de vacas gordas.
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Mas, voltemos ao Sistema de Metas de Inflação que eleva os juros, já que tem como principal ferramenta a elevação da taxa de juros básica da economia. A partir daí, cai o consumo a prazo, aumenta a inadimplência, empresários do comércio (especialmente do pequeno comércio, que mais emprega mão de obra) passam a não receber aquilo a que tinham direito, passam a não dar conta de honrar fornecedores, param as encomendas.
No lado da indústria, não vende o que produziu, acumula estoques e para de produzir. Nem demandam insumos (a queda no consumo de energia tem explicado o porque não houve problemas com o fornecimento desse insumo, nesse ano!), muito menos realizam inversões.
Cai o consumo, cai o investimento, mas aumentam os gastos do governo. Não por responsabilidade dos gastos correntes, ou de custeio, suficientemente podados.
Mas por força do pagamento de juros sobre a dívida. Que se eleva e se deteriora, não porque o governo gasta mais do que o que arrecada, mesmo com a arrecadação despencando, mas por força de pagamentos cada vez maiores de juros sobre uma dívida que não teria outros motivos para crescer.
A relação dívida pública/PIB se agrava, por dois motivos: a queda do PIB e a elevação do pagamento de juros.
Mas, o governo e os analistas de mercado acreditam que o governo está na direção correta...
Ou não.
Já tem gente começando a questionar o próprio ministro Levy, e não é gente que costuma estar contra esse tipo de medidas conservadoras, não!
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Na política

Do ponto de vista político, as condições tiveram perceptível agravamento, nesse início de segundo semestre, talvez por estar se aproximando a data em que Dilma terá que apresentar suas justificativas e apresentar respostas aos questionamentos que o TCU, em hora no mínimo curiosa, resolveu agir.
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No PSDB, que aproveita-se do momento para voltar à carga, seja com o discurso do impedimento da presidenta, seja por uma possível anulação das eleições pelo TSE. No primeiro caso, a razão seria a não recomendação da aprovação das contas do governo, feita pelo TCU,ou a não aprovação das contas pelo Congresso, independente da recomendação do TCU - situação esdrúxula, tendo em vista que desde 2002 o Congresso não aprecia as contas de qualquer governante.
No segundo caso, novas eleições colocam o partido que perdeu nas urnas, no primeiro e segundo turno, na situação invejável do Fluminense, campeão absoluto do Tapetão.
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Mas, vejamos rapidamente essa situação, o TSE anula as eleições de 2014, Aécio candidata-se e perde, para Eduardo Cunha, por exemplo. Ou para o ex-ministro Joaquim Barbosa. Ou ainda para a carta que não pode ser retirada do baralho, Sérgio Moro.
O que restaria do país com o presidente da Câmara governando, ele que já deu demonstrações de que é extremamente democrático, a tal ponto que sempre está votando todas as matérias em que seus interesses foram derrotados...
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Mas vai que dá Aécio. Depois de o PSDB, visando o poder, querer tocar fogo no circo, votando medidas que ampliam o gasto público e que, uma vez admitidas, levarão a movimentos de reivindicações semelhantes por outros setores da sociedade.
Ou os aposentados que conquistaram o reajuste semelhante ao do salário mínimo não irão servir de exemplo? Ou os servidores do Judiciário, com seu reajuste de 70% em média não irão levar categorias do funcionalismo - como os do Executivo, a quererem tratamento ao menos semelhante, eles que não tiveram aumento em 2011, tiveram 5% de aumento a cada ano de 2012, 13 e 14, sempre pago no início do ano posterior, com a inflação dando mais que esses valores em cada um dos anos. E agora a proposta de vinte e poucos por cento, na mesma forma de 4 parcelas anuais, sempre ao fim do ano, sendo que apenas no primeiro ano, o aumento não irá chegar nem perto dos 9,2% de inflação gerada pelo próprio governo e seu ajuste de araque...
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Porque ajuste mesmo está sendo feito apenas nas costas do povão via elevação de impostos, e dos funcionários, via reajustes que não lhes permitem manter o mesmo padrão de vida, ano após ano.
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Mas, Aécio e seu PSDB votaram e têm votado contra o Fator Previdenciário, essa cria do PSDB de tempos atrás, e caso assumissem o governo nos leva a perguntar. Conseguiriam governar com o rolo que criaram ou vêm criando?
Ou apenas irão anular as leis, por não serem mais necessárias, já que o estrago que elas criam é apenas ou deve servir apenas para limar o partido do governo?
Claro, nesse caso, teríamos um autêntico golpe de Estado.
Mas não é nessa situação que muita gente anda apostando fichas?
E Aécio, neto de um democrata, não se apercebeu disso? Que está sendo usado, talvez como inocente útil? Ou nem tão inocente assim???
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Dilma afirma que não sai. Fibra para aguentar ela tem. Mas o povo na rua é mais poderoso, e mais irresponsável, dependendo do tipo de direcionamento que pode ser dado ao movimento...
Que o povo é agressivo, não é cordial, é individualista e interesseiro, e nem honesto tem aparentado ser, várias manifestações têm ilustrado.
A situação é grave. E há cheiro de golpe no ar.
Dada a divisão em que se encontra nossa sociedade, temo por tal catinga...

Mas no Futebol

Dá Galo. Líder do campeonato, mas ainda um time com problemas. Ao menos em minha opinião.
Não sei dos outros, claro. Mas aquele enervante toque de bola que o time resolveu  adotar no jogo contra o Inter, com o time gaúcho com um jogador a menos, em alguns momentos me trazia verdadeiro pânico.
Afinal, o Inter em seus contra-ataques trazia perigo, ao menos até que Leandro Donizete tivesse sido substituído.
Mas, como não gosto do Donizete, para não parecer que estou pegando no pé, vou apenas lembrar que toda vez que ele joga, o time leva maior quantidade de gols; fica mais exposto, já que não tem jogada de saída de bola, e sai com um jogador com cartão. Quando não dois cartões...
Mas com o Inter já esgotado, o Atlético conseguiu fazer mais dois gols, podendo fazer outros.
Mas ainda há coisas a acertar e Levir sabe disso bem.
Enquanto estava onze contra onze ou no primeiro tempo, o Inter levou mais perigo ao Galo que o contrário.
Sinal de que há coisas ainda que não encaixaram...
Mas, a alegria de ver o Galo lá em cima, compensa certas falhas que têm tudo para ser corrigidas...

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