A Selic de 14,25% foi mantida na reunião do Copom terminada na noite de ontem, quarta feira, 25, conforme já era esperado pela ampla maioria dos analistas e consultores do mercado.
Se houve alguma novidade, foi a divulgação de que dessa vez a decisão não foi por unanimidade, tendo dois diretores do Banco Central votado favoráveis à elevação de 0,5%.
Afinal, por mais que persista a tendência de elevação da taxa de desemprego, que alcançou novo recorde conforme anúncio divulgado ontem há, em contrapartida, um consenso que vai se formando, de que a inflação não ficará abaixo dos dois dígitos nesse ano de 2015.
Ao menos é essa a expectativa que o Boletim Focus nos apresenta ao início dessa semana, com a inflação pouco acima de 10% e uma queda do PIB que já ultrapassa os 3%.
Algo pior e mais preocupante é a expectativa para o ano de 2016, o ano em que teria início a retomada do crescimento da economia brasileira, segundo a fé do ministro Joaquim Levy, que já apresenta um nível de inflação acima da meta e mais uma vez, queda no PIB.
***
Para quem já vem acompanhando há mais tempo as idas e vindas de nossa economia, e acreditava que não teriam mais que vivenciar anos semelhantes aos das décadas de 80 e 90, consideradas década perdida ou aquela que nem chegou a existir, a partir de 2010 vimos atravessando um outro período de completo e total desperdício de tempo. Vazio absoluto. E pior, com uma população maior e que vai se tornando mais longeva.
***
Mas voltemos à decisão da reunião protagonizada pelo colégio de diretores do Banco Central, realizada sob a égide de um reconhecido dilema: por um lado, a inflação mostrando uma resistência à queda e uma capacidade de dispersão para o restante do sistema de preços da economia digna de nota, a partir de sua causa principal: a elevação dos preços públicos. De outro lado, a cada vez maior recessão que vai se conformando, cada vez de forma mais sólida.
Pela ótica do controle da inflação, a origem da alta generalizada de preços, localizada na correção dos preços administrados mantidos represados no final do mandato de Dilma I, sinaliza a pequena capacidade da política monetária e de taxas de juros elevadas conseguirem alcançar o seu intento. Não apenas por serem os preços administrados importantes componentes da estrutura de custos de todas as atividades, mas por se referirem a bens e serviços de uso generalizado, os bens públicos, caracterizados como bens inelásticos.
Dessa forma, o que a manutenção de taxas elevadas consegue é tão somente derrubar a demanda agregada, menos pela queda do investimento, já que as decisões empresariais de investir sofrem, nesse momento, muito mais o impacto do ambiente deteriorado de nossa realidade sócio-econômica e política.
Isso significa que o impacto das taxas de juros derruba mais a demanda de consumo, especialmente aquela dependente do crédito, minguado. E, com demanda por bens de consumo e corte de gastos públicos, ambas reforçando a redução dos planos de investimento, apenas resta vencer a inflação pelo total aniquilamento da capacidade de funcionamento da economia brasileira.
Mais uma vez, o controle da febre da inflação, pela indução do doente terminal à morte.
***
Ou não?
Afinal de contas, se muitos analistas alegam que o Banco Central não pode afrouxar a política monetária, de forma a compensar a política fiscal completamente destroçada, face à queda brutal da carga tributária bruta que a recessão tem provocado, a verdade é que a taxa de juros tem a capacidade, também cada vez mais reduzida e limitada, de continuar servindo de chamariz para a entrada de recursos externos, o que ajuda a baratear o dólar e, mais uma vez, a conter a inflação.
***
Mas, estamos chegando próximos ao Natal e, politicamente não é aconselhável que o governo promova qualquer medida adicional que possa vir ampliar a quantidade de pessoas encaminhando ao Bom Velhinho que lhes traga alguma oportunidade de emprego.
Esse milagre, nem Papai Noel teria condições de fazer em tão pouco tempo.
***
Mas, se a economia continua insistindo em não nos apresentar novidades, é importante destacar o leilão das 29 hidrelétricas realizado ontem pelo governo, e que ajudou o governo a arrecadar 17 bilhões, o que vai contribuir de forma importante para amenizar o déficit previsto para esse ano.
Do total, quase 80% serão pagos pela empresa China Three Gorges, a dona da portentosa usina de Três Gargantas, maior hidrelétrica do mundo.
***
No futebol, com a definição praticamente de todos os classificados para a Libertadores, no G4, e com poucas esperanças de mudança da lista de times a caírem para a segunda divisão no próximo ano, resta apenas a decisão da Copa Brasil, cujo início ontem, saiu com o Santos em vantagem.
Não sou santista, embora admire o trabalho de Dorival Júnior e a capacidade de o time praiano revelar a cada ano novos jovens jogadores. Tampouco sou palmeirense, embora gostaria de ver o mineiro e atleticano Marcelo ser mais valorizado no futebol paulista.
Assim, parcialmente isento, assisti ao jogo para constatar, ao final, que o Santos teve um ligeiro favorecimento, a começar do penâlti que considero ter sido mais firula de Ricardo Oliveira, e que como todo pênalte roubado não entra, até a sequência de faltas e cartões que apenas eram aplicados a jogadores do Palmeiras.
Em minha opinião, algumas jogadas mereciam ter cartões para os santistas, também, especialmente para o nervosinho atacante e capitão do time de Santos, por acaso, o mais experiente jogador do time.
***
A vantagem do Santos é mínima, mas existe. E em minha opinião, não no placar, mas na qualidade do elenco e dos jogadores, que reconheço ser muito superior.
Mas, devo comentar o lance do gol, por uma questão de justiça com uma jogada de destaque de Gabi Gol, e uma defesa de Prass, a la Gordon Banks, em cabeçada de Pelé, na Copa do Mundo de 70.
Ontem, não foi uma cabeçada, mas o tapinha que o goleiro palmeirense deu na bola, depois de já ter defendido um chute a queima roupa do artilheiro santista, foi impressionante.
***
Na política, também continuamos com tudo igual. Eduardo Cunha protelando enquanto pode sua punição por seus colegas, utilizando de todos os ardis de que dispõe e todas as prerrogativas como presidente da Câmara, o que caracteriza abuso, em proveito pessoal de recursos institucionais.
E o que deveria ser novidade, mas não é: a prisão de Delcídio do Amaral, o senador líder do governo.
***
Embora tenha ganho todas as manchetes e capas de jornais, e etc, Delcídio apenas é exceção por ser o primeiro senador que, preso, foi mantido preso por seus pares.
Só.
Porque já não é novidade a descoberta de líderes do PT estarem cometendo ilícitos, por mais que isso possa incomodar. Não é novidade que o partido que se desejava vestal tenha perdido a pureza tão logo se percebeu de como a vida de prazeres mundanos pode ser agradável.
Da mesma forma, não é nenhuma novidade que, se ontem foi o PT, amanhã possa ser algum outro político, de outro partido, seja da base ou da oposição, já que definitivamente, não há santos na zona.
E a nossa política foi a cada vez mais se apequenando de tal forma, que nada mais surpreende.
Nem as ações de Delcídio, que posava de bom moço.
***
Tal qual um deputado gaúcho, Ibsen Pinheiro, líder do PMDB, que chegou a ser falado para se candidatar a governador de seu Estado, com condições amplas, de quem sabe, alçar vôos mais elevados. Afinal, Ibsen era uma reserva moral.
E acabou tendo de renunciar, quando pego em travessuras, o que mostra que o que acontece com o senador do Centro-Oeste agora, é apenas mais uma refilmagem de um filme que volta e meia ocupa o horário das sessões da tarde.
***
Absurdo mesmo, em minha opinião, e ninguém fala muito, é o cinismo do guarda americano que agora foi indiciado, pela morte de um rapaz negro, ocorrida há mais de um ano.
E o cinismo também da sociedade americana, que apenas depois de tanto tempo, anuncia que o criminoso irá a julgamento.
Contrário de outros policiais que, para manter a forma e o treinamento em dia, decidem praticar tiro ao alvo com a população negra no país mais avançado e rico do mundo....
***
E absurdo o fato de até a ONU perceber que nada vamos fazer, porque nada fizemos de real e concreto, para punir a Vale e sua subsidiária, a Samarco.
***
Ou seja continuam todos os vexames de sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário