quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Pitacos de retorno: futebol, política, CPMF, crise nas instituições financeiras, cujos lucros cresceram pouco....

Fevereiro chegou com calor, ao menos na nossa Belo Horizonte; com sinais de batucada, folia e animação, prenúncio de um carnaval animado, apesar de mais cedo; a volta das aulas, com milhares de alunos uniformizados pelas ruas, início do campeonato mineiro de futebol e o reinício das atividades políticas, nessa 55ª legislatura.
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No futebol, a gratíssima surpresa é a equipe do América, fruto do trabalho sério e competente desse excelente técnico, e pouco reconhecido, Givanildo.
É comum se afirmar que existem técnicos com a cara de um time ou clube de futebol. E isso, desde muitos anos atrás. Assim era Oswaldo Brandão com o Corínthians, Joel com o Vasco, um pouco, talvez, Telê com o São Paulo.
Nesse sentido, Givanildo incorpora a fisionomia e a cara do América. E está fazendo um trabalho digno de elogios, desde a campanha do ano anterior, em que fez o América subir para a divisão especial.
Nesse início de ano, já obteve resultados animadores, vencendo o time do Figueirense, pelo torneio Sul-Minas-Rio, e não ocupando a liderança por força de um golzinho a mais feito pelo Flamengo. Além disso, saiu na frente no Campeonato Mineiro, vencendo o Tupi de Juiz de Fora, despontando como sério candidato a classificar-se para as rodadas decisivas e até mesmo alcançar o título.
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Ainda no campo do futebol, vimos o Atlético conquistar a Florida Cup, vencendo o time alemão do Schalke 04 e um Corínthians completamente desfigurado, depois da queima de estoque que o clube foi obrigado a fazer com seus atletas, sob o efeito dos milhões de dinheiros da China.
Mais contra o time alemão, em que apresentou um jogo mais consistente que contra o time paulista, as vitórias do Galão, em campos internacionais, servem para dar visibilidade à marca e conquistar prestígio, além de terem permitido algumas observações e algumas conclusões, embora ainda muito preliminares.
Primeiro, o time de Aguirre muda pouco o estilo de jogo em relação ao de Levir Culpi, embora a imprensa especializada insista no fato de que o time está mais compacto no meio de campo e no setor defensivo.
Confesso que não vi isso, muito antes ao contrário. Continuo vendo muitas brechas no setor de defesa do time, especialmente porque Donizete é muito fraco, valendo mais sua presença pelo grau de violência que emprega nas partidas. Não por outra razão, a torcida - que gosta dele, o apelidou de general, o que sempre implica em um viés autoritário, de força.
Também não à toa, são raras as partidas em que não é amarelado, ou acaba inapelavelmente expulso.
Mas, se impõe terror aos adversários, futebol mesmo, que é bom, nada...
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Por outro lado, Rafael Carioca é um volante que, talvez por excessiva confiança no General, acaba marcando sem muita eficiência, ele que é, em minha opinião, melhor para sair jogando que defendendo.
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O miolo da defesa passa agora a se ressentir da ausência de Jemerson,  também arrancado do time pelos euros franceses, em um momento que as pernas de Leo Silva já começam a mostrar serem incapazes de acompanharem sua cabeça.
Leo tem falhado e falhou muito no jogo contra o Flamengo, embora as falhas já se evidenciassem em alguns momentos do jogo contra o Corínthians.
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Se no torneio internacional Yuri mostrou que pode ser útil para nosso time - em minha opinião mais que Cazares, pelo pouco que vi -, não achei Erazo tão melhor que Edcarlos ou que o próprio Tiago, dono de uma arma que pouco é usada no Galo: o potente chute.
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Do meio para a frente, o Galo continua praticamente o mesmo que o do ano passado. Com Aguirre inventando tanto quanto Levir, ao acreditar que Patrick pode ser mais que voluntarioso, jogando na frente.
Patrick é muito ruim, e no jogo de estréia do Mineiro, contra o Uberlândia mostrou isso, se é que alguém conseguiu perceber a sua presença em campo.
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Mas, as falhas continuam, como mostrou o jogo contra o Flamengo, em que Giovanni Augusto esteve abaixo da crítica, parece que querendo mostrar para a torcida que seu período de Atlético tinha chegado ao fim.
Que tenha êxito no Corínthians, embora eu não o considere um jogador de nível tão elevado como parte da torcida.
E Lucas Pratto tem que voltar a jogar na área, ou perto da área, deixando de lado a função de ficar armando jogadas para poder finalizá-las, ratificando sua condição de artilheiro.
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Política

Na política, também parece que foram poucas as alterações e transformações que 2016 trouxe para nós, ao menos em seus primeiros meses.
Dilma e seu ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, insistem na aprovação da CPMF, o que irá provocar resistências inúmeras junto aos congressistas da base aliada e da oposição.
Enquanto o  novo imposto não é aprovado, o remendo encontrado é a ampliação de impostos sobre produtos que variam de chocolate a cigarros, bebidas e viagens, especialmente internacionais.
Como a elevação de tarifas de produtos sobre a produção e o consumo é mais regressiva, prejudica mais à população como um todo. Efeito semelhante, do ponto de vista da justiça distributiva, da própria CPMF.
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Mas se continua o ajuste fiscal merecendo a atenção e ocupando as manchetes dos noticiários e a preocupação das autoridades, dois fatos marcam esse início de ano, em minha opinião: a reunião do COPOM, com a manifestação de Tombini, na véspera da reunião que definiria a nova taxa meta para os juros; e, mais uma vez, as jogadas de Cunha para fazer voltar à estaca zero, a discussão sobre a autorização para que ele possa ser investigado pelo Comitê de Ética, por quebra de decoro.
No caso de Cunha, caso o STF não aja, ele terminará o mandato à frente da Câmara sem que tenha andado um milímetro qualquer investigação contra ele.
No caso de Tombini, mais uma vez, acusado de ter se curvado às determinações de Dilma, o ministro presidente do Banco Central foi dominado por verdadeiro pânico, resultado de sua viagem a Davos.
Basta que o presidente da Autoridade Monetária participe de reuniões em foros econômico e financeiros internacionais, para que volte assombrado pelas expectativas pessimistas que têm dominado esses ambientes.
Foi assim em agosto de 2011 e é assim agora.
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O problema é que, como da vez anterior, ao pegar os analistas do mercado financeiro desprevenidos, infligiu perda a esses agentes, o que os leva a cobrarem a malfadada independência do Banco Central, mercê de divulgarem que a presidenta do BC é, na verdade, a nossa voluntariosa presidenta.
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Lula

A imprensa tem divulgado timidamente, mas FHC, tanto quanto Sarney, ao saírem da Presidência da República receberam favores de grandes empresários para alavancarem, no caso do tucano, a instalação de seu instituto, no caso de Sarney, reformas em propriedades.
No caso de Fernando Henrique, em situação ainda mais constrangedora, já que a reunião em que o peessedebista passou o chapéu entre os empresários para angariar fundos ocorreu no final de seu mandato, em Palácio.
Mas, tudo isso fica esquecido, agora que, como cão danado, todos se lançam contra Lula.
Não sou eleitor de Lula e não estou aqui para defendê-lo, mas que é curiosa a sanha com que seus inimigos avançam contra o ex-torneiro mecânico, não há a menor dúvida.
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O que prova que ninguém aceita que a classe operária vá ao paraíso, já que isso só pode ser conquistado se através de relações ilícitas...
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O problema é que, ou achem logo algo concreto contra o petista, que encerre de vez sua carreira, ou estarão dando a ele tudo que ele precisa para sair do caso, virtualmente eleito em 2018: um atestado de bons antecedentes.


E enquanto isso

O Itaú, mesmo perdendo suas apostas na elevação da Selic, fatura mais de 23 bilhões de lucro em 2015. Aquele ano que deveria ter sido de crise para todos os setores da economia.
Ou não?
Ah! crescimento de pouco mais de 15% no ano...

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