quinta-feira, 22 de junho de 2017

Fora Roger do Galo, mas primeiramente fora temer. Pitacos do discurso de temer na Rússia, da derrota da reforma trabalhista, etc.

Enquanto na Rússia, temer, o golpista, usurpador e agora, somos informados, também considerado o "poderoso chefão do Congresso" faz bravatas, apresentando a aprovação de reformas que ele considera estruturantes e a recuperação apenas ensaiada da economia como feitos de seu governo, a realidade insiste em continuar mostrando que mentir é muito mais que um vício de seu (mínimo) caráter.
Conforme nosso Boris Karlof,  em palestra em evento com empresários e investidores daquele país, justamente no instante em que essas vitórias são conquistadas, surge essa crise política, classificada por ele como "uma ou outra observação " que "são fatos desprezíveis e desprezáveis."
Nisso, finalmente, concordo com o ilegítimo temer: de que o acusam, e do que existem "evidências" vigorosas de que ele fez, são fatos desprezíveis. E desprezáveis. Típicas de um ser abjeto, de um gangster.
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O que dá a impressão de que ele concorda com o que dele falou Joesley, quanto a ele ser o chefe da Orcrim - Organização Criminosa do Congresso, a pior de todas.
Antes, até por dever de justiça, algumas observações: primeiro, no discurso feito para os empresários, em que tenta vender a imagem positiva da agenda de seu (des)governo, sinto uma certa insinuação, típica de teorias da conspiração,  de que as acusações e a crise surgem nesse momento para prejudicar a recuperação recém-iniciada da economia brasileira. Como se as reformas, ainda em exame fossem, mais que uma aspiração da sociedade brasileira, o marco da retomada em curso.
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Como se sabe, nem as reformas de sua agenda revelam um projeto nacional, entendido este como a manifestação da vontade soberana de toda a sociedade, senão que apenas revelam o projeto de parcela da sociedade, apenas o anseio da implantação de condições de funcionamento da economia que mais se adequam ao país projetado por uma plutocracia hegemônica, nem estão sendo encaminhadas da forma e na velocidade que sua subserviência aos interesses da grande aristocracia empresarial e financeira o desejariam.
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Afinal, não há que se desprezar a derrota na Comissão de Assuntos Sociais do Senado da proposta da Reforma Trabalhista, que a título de melhorar e dar maior liberdade e maior eficiência às relações entre o capital e o trabalho, por muito pouco não propõem o retorno à época da escravidão.
Tudo bem que a malfadada reforma pode e deverá ser aprovada, até com folga, em outras Comissões que a examinam, como a CCJ de Constituição  e Justiça, dominadas por aliados do chefe da organização, mas a derrota de agora já dá sinais de que a aprovação pelo plenário da Casa nem será fácil, nem rápida.
O que prejudica a manutenção do usurpador no poder, já que ele se prontificou a ocupar o cargo, justamente para extrair de seus companheiros, os votos necessários a sua aprovação.
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Porque ou a reforma verdadeiramente corre sérios riscos, ou a parcela dos "300 picaretas" que antes de chegar ao poder Lula identificou no Congresso e que frequenta a Câmara Alta, está apenas elevando o valor da aprovação da matéria, junto aos principais grupos interessados em sua aprovação.
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De qualquer forma, a velocidade da aprovação já se encontra prejudicada e, não posso deixar de observar a ironia de que parte da demora se deve a que alguns dos congressistas não deverão estar em plenário cumprindo as funções para as quais foram eleitos, já que optam e optaram em estar participando de outras quadrilhas. Agora, de Sâo João.
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Uma segunda observação que devo fazer por dever moral, a respeito de temer,  é que assim como  no caso de Lula não havia provas, apenas indícios, e tal situação foi aqui duramente ironizada e criticada, como exemplo do que é a má prática do exercício da função pública por procuradores da República, mesmo que messiânicos, no caso de temer, a notícia é de que cada vez mais surgem evidências robustas, mas ainda não definitivas.
Claro que sei que há crimes que são muito difíceis de deixarem rastros, mas ainda assim, há que aprofundar mais as investigações quanto a fatos desprezíveis cometidos por quem devia ser o primeiro a combatê-los.
Mesmo que tais fatos cada vez mais se avolumem, como as novas declarações do empresário da carne o revelam, alguns dos quais com sua existência confirmada, embora não seu conteúdo inteiro.
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Refiro-me neste ponto, em especial, à pressão que temer teria feito junto ao BNDES, em prol de seu parceiro e de suas empresas, e que a visita da ex-presidente da Instituição, Maria Sílvia a Brasília, para encontro com temer na mesma ocasião, apenas reforça.
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Ou as novas descobertas de mensagens apagadas mas recuperadas do celular de Rodrigo Loures, o mensageiro da mala de 500 mil propinas para temer, reveladoras da proximidade e até da relação de "amizade" mantida pelo mensageiro de temer junto ao empresário.
Como o ex-executivo Saud, da empresa J&F afirmou que Loures era apenas intermediário, e que a negociação da propina (e até seu valor) foi feita com temer, fica claro que a situação de desprezáveis a que se referiu temer na Rússia, dificilmente devem se referir aos fatos criminosos criminosos em si, mas ao fato de terem sido descobertos. E divulgados.
Ainda assim, há que se continuar buscando provas, ou o caminho mais tortuoso, mas mais eficiente, de seguir o dinheiro.
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Quanto à economia a que temer fez menção em seu discurso, é verdade que as estatísticas indicam tênues sinais de melhoras, nada que possa justificar qualquer tipo de alívio, já que ainda muito restritos a situações e dados muito específicos.
Assim, por exemplo, se pela segunda vez em mais de dois anos, a geração de novos empregos formais apresentou número positivo, não devemos deixar de destacar que a geração é ainda muito preliminar, embora real, mas praticamente restrita a um setor de atividade: a agricultura.
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Ora, da mesma forma que o PIB no primeiro trimestre foi positivo e até surpreendente, pela  safra de grãos obtida no setor agrícola, inédita e recorde, situação cuja característica mais evidente é a de ser alcançada uma vez e não se repetir, o famoso "once and for all", a criação de emprego pelo setor também parece não ser motivo para tanta comemoração.
Isso por ter sido criado maior número de empregos no estado de Minas Gerais, na lavoura do café, cada vez mais mecanizada. Depois por que se as contratações têm algum tipo de justificativa ligada à colheita de safra, não devem ser duradouras, sendo revertidas ao menos parcialmente tão logo a fase de colheita se encerre.
De mais a mais, a indústria continua amargando, junto com o comércio, de número desprezível de novas contratações.
Somado a isso, o fato de que os jornais informam a redução e até interrupção de financiamentos habitacionais pela Caixa, pode-se esperar que a construção civil não venha a expandir a contratação de mão de obra no futuro imediato.
Isso tudo, sem levar em conta as incertezas naturais que o mercado de trabalho deverá apresentar, em razão do trâmite cada vez mais dificultado da reforma trabalhista.
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Quanto à arrecadação, embora revelando um ritmo de queda menor no acumulado do ano, comparado com o mesmo período do ano anterior, há que se observar que apresentou o pior resultado para o mês de maio. E, mais uma vez, se o resultado não foi tão ruim, deveu-se a fatores como a agricultura, que puxa todos os indicadores para o alto, nesse início de ano, e a receitas não administradas pela Receita, como royalties por petróleo, justificadas por eventos que ocorreram no início do ano, mas que não têm razão para se manterem no resto do período, como a elevação internacional dos preços do petróleo.
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De resto, mais uma vez, a arrecadação de Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas - IRPJ, bem como o CSLL - Contribuição sobre o Lucro apresentaram queda, sinal revelador da sequência da crise recessiva que o país atravessa.
Interessante a observação de que houve significativa redução do Imposto pago pelos Bancos em razão de uma série de problemas com que o sistema financeiro vem se defrontando, como a redução das operações de crédito, por força de redução da demanda, e até pela maior inadimplência, que obriga a maiores provisões e provoca queda do lucro. Mas mais interessante a queda de arrecadação nesse segmento econômico, especialmente por que na divulgação do resultado, o representante da Receita afirmou que não há previsão de elevação de recolhimento por parte dos Bancos no restante do ano, ou por queda de sua atividade, ou por força de estarem já com créditos suficientes para manterem uma arrecadação estável.
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Quanto aos impostos vinculados ao consumo, também eles não dão sinais da reação que a equipe econômica tanto sonha em ver conquistada.
Sendo assim, temer mais uma vez mente. Ou exagera, o que tem efeito semelhante.
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Em toda a história de temer e a corrupção em que está metido até o pescoço, fico me perguntando como uma pessoa com fortes evidências da prática de crimes em curso, pode continuar tendo autoridade para comandar a Polícia Federal que está denunciando tais crimes.
Afinal como respeitar seu chefe, depois de descobrir no cumprimento de sua missão institucional, que ele é um criminoso, daqueles que justificam sua própria existência como instituição?
temer terá algum prestígio ou seu governo, para continuar comandando a estrutura da qual a PF faz parte?
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E em relação ao Exército e às Forças Armadas, tão ciosas da disciplina e do respeito à hierarquia e à autoridade, a ponto de justificarem muitas vezes sua atitude e postura autoritária e anti-democrática pela observância do princípio da voz de comando ou da linha de comando, como ficará servir a uma autoridade e manter a disciplina, quando se sabe que o Chefe Supremo é um meliante comum?
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Tudo muito interessante para a reflexão a respeito de um governo de um morto vivo, que já era múmia quando chegou por um golpe ao poder, e que apenas continuou apodrecendo fora das trevas em que, reconhecidamente, se mantinha.
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Ainda a comentar nesse pitaco a reunião em que o STF discute se a delação de Joesley deve ou não ser premiada com a generosidade que a caracterizou. Como já afirmei na última postagem, acho que não pelo criminoso em si, mas pela própria instituição da delação, aquilo que foi prometido deve ser cumprido. Aceitemos ou não. Achemos ou não que houve excesso de generosidade.
Acho até que, depois, pode-se discutir e analisar as razões, se se justificam ou se trouxeram os benefícios concretos imaginados para a evolução da identificação dos crimes; se houve ou não algum tipo de abuso na decisão de conceder tantas benesses, e em caso positivo, suas razões.
Mas, anular o prometido é deixar claro que o Estado brasileiro não é confiável, nem crível. O que desmoraliza mais o Estado que a premiação tão exagerada que ele é capaz de conceder, por intermédio de seus agentes.
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Por fim, um pitaco para falar da tragédia do Atlético do Roger. Muito bom para ficar com a posse de bola, brincando com ela lá atrás, sem qualquer preocupação em evoluir com velocidade, em atacar, em penetrar a defesa adversária, em direção ao gol, objetivo maior do jogo.
De que vale um Rafael Carioca que pouco erra passes, se são sempre passes laterais, quando não para traz?
Melhor, nesse caso, seria dar uma bola para cada jogador ficar brincando com ela, em seu pé, ao longo do jogo, ou enquanto alguns jogadores preferissem ficar assistindo o outro time evoluir e cada adversário, penetrar como o desejar na nossa defesa para marcar os gols que desejarem.
Porque já venho falando de algum tempo, nossa defesa não defende a nada e a ninguém. Nosso meio campo não combate nada nem coisa alguma.
E quem quiser pode entrar em nossa área e marcar gols que o desejar, seja pela avenida Felipe Santana, ou pela avenida Fábio Santos, esse cada vez mais ridículo, ou pelas alamedas centrais, onde se destacam os Cariocas da vida, e mais Elias e outros que não têm qualquer cacoete de marcação.
Nunca esperei falar isso, mas que saudade do Donizete.
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E fora Roger.
Mas primeiramente fora temer.

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