Enquanto todo o país aguarda o resultado do julgamento da chapa Dilma-temer, em compasso de espera como era previsível, a vida não para e alguns fatos relevantes vão ocorrendo, prejudicados alguns deles, pela pouca repercussão alcançada.
O que é compreensível, já que mídia, opinião pública, e principalmente "OS MERCADOS", têm olhos apenas para o que ocorre no TSE.
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Dessa forma, e para não perder o costume de dar alguns pitacos sobre os variados assuntos de nossa realidade, trato em tópicos ligeiros alguns eventos que me chamaram a atenção, nessa última semana.
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Começo pelo curioso e, ao mesmo tempo, bastante revelador pedido encaminhado pelos advogados de Rodrigo Loures, o assessor muito íntimo de temer, o golpista, junto ao ministro Fachin, do Supremo, para que se evite, no caso de sua transferência para o presídio da Papuda, do tratamento "desumano e cruel" ilustrado "especialmente" pela raspagem de seu cabelo.
Situação que mais que peculiar, para mostrar o que o homem da mala do presidente (golpista) tem na cabeça, com o perdão do trocadilho (que, confesso, não consegui deixar de postar aqui!).
Afinal, sendo flagrado correndo por ruas da capital paulista com uma mala recheada com 500 mil reais, o intermediário de temer, deveria estar mais preocupado com sua situação, principalmente depois de ter se prontificado a devolver tão logo que solicitado aquela pequena fortuna à Polícia Federal ou à justiça.
Mesmo que faltando alguns milhares de reais do conteúdo da mala.
Embora pouco comentada, tal situação deveria merecer maior análise da mídia, já que tamanha docilidade e pressa na devolução da mala e seu conteúdo revelam, em minha opinião, apenas que o dinheiro não era dele, Loures. E que ao devolvê-lo, ele se esqueceu de devolver a parcela correspondente a sua comissão de transportador.
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Por seus advogados, os jornais informavam, ontem, que ele estava tranquilo, e ainda avesso a se aproveitar das benesses de uma delação premiada.
Também pelos jornais ficamos sabendo que ele não recebeu qualquer parente, nem mesmo sua esposa, então no oitavo mês de gestação e, ao que tudo indica, favorável a que ele pudesse acompanhar o parto em liberdade, beneficiado por uma delação.
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Agora, sabemos que Loures se preocupa mais em não ficar careca, em sua aparência ou na forma que vai aparecer na foto, que em dar carinho e assistência a sua mulher. O que é, no mínimo, sintomático para quem, ao que se sabe notabilizou-se recentemente, por lamber as botas, como sabujo, de ocupantes de posições de poder.
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Um segundo pitaco, esse talvez o mais importante de todos, trata da aprovação ontem, na Comissão do Senado, da reforma trabalhista, ainda que por pequena margem.
No caso, menos que a pressão para a aprovação das medidas, de interesse em particular, e diria exclusivo, do grande capital, o que chama a atenção são as manobras feitas pelo governo subserviente desse medíocre presidente golpista, na tentativa e sucesso em comprar os votos e consciência dos senadores votantes.
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Como o Valor Econômico destaca em sua edição de hoje, a distribuição de cargos e outras vantagens ficou evidenciada ontem, levando um senador do Amazonas a se ausentar da reunião da Comissão, enquanto o senador de Roraima, Telmário, mais uma vez se escondia e não cumpria a promessa de votar contra a reforma.
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E pensar que por muito menos, ou para sermos exatos, por comportamento semelhante, o país assistiu à investigação e depois ao julgamento da AP 70, a famigerada ação do mensalão, que condenou políticos até sob a acusação de domínio do fato.
Ou seja, no caso, José Dirceu que, mesmo não havendo provas que o vinculassem diretamente com a compra de votos pelo governo, não poderia, pela posição que ocupava, deixar de ter conhecimento desse verdadeiro crime contra a democracia.
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E toda a população acreditava que aquela ação e as condenações dela resultantes seria suficiente para passar o país a limpo, acabando com os comportamentos escusos.
Para nem mesmo passados 10 anos, o golpista temer repetir os mesmos comportamentos de compra de votos condenáveis. Ressalte-se, com pagamento feito em outras espécies de moedas, que não o real. Detalhe que não deveria permitir que se desse tratamento diferente ao mesmo tipo de delito. Afinal, o crime não deixa de ser o mesmo, por ter sido pago no dinheiro sonante ou em outras formas de liquidação da dívida.
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Mas, como agora as medidas que se tenta fazer avançar no Senado são de interesse dos verdadeiros donos do poder, os empresários, eles fecham os olhos e não fazem qualquer crítica ao comportamento de seu serviçal no comando do país. Aceitam com a maior naturalidade e até com um riso de vitória, que seu intento esteja tendo êxito.
Mesmo que tal feito seja o retrocesso aos tempos da escravidão no país, aliás, explicitamente reconhecida pela proposta de pagamento aos trabalhadores no campo, sob a forma de concessão de habitação, de alimentos etc.
Do que é prova a matéria da Folha de hoje, caderno Mercado, intitulada "Incertezas não podem paralisar mudanças, diz entidade de bancos".
Na matéria, noticia-se que o presidente da Febraban, Murilo Portugal declarou na abertura do 27º Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras) que "... tenho certeza de que o Brasil vai estar mais forte ao fim desse momento desafiador."
Claro, seu otimismo tendo tudo a ver com a aprovação das reformas cujo andamento não pode ser atrapalhado pela crise política.
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Por justiça, devo fazer aqui um elogio ao magistral conteúdo da coluna de segunda feira, de Gregório Duvivier, também na Folha, em que ele propõe que se instaure a democracia definitiva e de forma direta no nosso país, deixando de se tentar promover a democracia e escolha dos mandatários por via indireta, através da consulta a 140 milhões de brasileiros, para que o mercado, de forma direta, mais sábia, mais rápida e mais democrática se reúna e eleja quem deve nos guiar.
Brilhante texto, que reflete muito bem o que estamos atravessando no país.
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Outro pitaco é quanto à publicação da ata do Copom, avaliando as incertezas do momento político nacional, e seus respingos na esfera econômica.
Conforme a ata, a crise política deve frear a queda do juro em julho, o que já era esperado e justamente precificado pelo mercado.
A ponto de a entrada de novos investimentos externos estar sendo reduzida, também como era de se esperar.
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Com relação ainda à divulgação da Ata, apenas gostaria de perguntar onde que o Jornal da Globo, ao final da noite, encontra alguns economistas (no caso de ontem, uma mulher economista) para declarar que o país está voltando a crescer puxado pelo consumo que se eleva.
Porque ainda ontem, reportagem da Folha ontem anunciava que as famílias brasileiras, sobreendividadas e com medo do desemprego, estavam reduzido seu consumo. E tal comportamento não foi alterado nem mesmo com a liberação de recursos do FGTS.
Mas para a economista mostrada na Globo, a economia começa a dar sinais de recuperação.
Que bom! Falta apenas informar para todos nós, brasileiros.
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E, com relação à recuperação da economia, vemos hoje que Roberto Olinto, novo presidente do IBGE defendeu a mudança de metodologia e de critérios para mensurar a Pesquisa Mensal de Comércio- PMC e a Pesquisa Mensal de Serviços - PMS, cujas revisões permitiram que o PIB do primeiro trimestre apresentasse resultado positivo, de 1%.
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Não se duvida nem se questiona a seriedade do IBGE e de seu corpo técnico, mas até os analistas de mercado reclamaram - segundo Olinto, de forma exagerada, das revisões, que permitiram que de queda de 0,7% em janeiro sobre dezembro, a atividade de comércio apresentasse crescimento de 5,5% no período.
Mais tarde nova revisão passou o valor para 6%.
Para analistas, tal salto, significativo, turva a visão sobre a realidade dos fatos e, muito embora o presidente do Instituto declare que o IBGE não segue um calendário político, mas técnico, é infeliz a escolha de se publicizar as revisões e seus novos resultados em período que, sem dúvida nenhuma, tem peso e importância indiscutíveis do ponto de vista político.
Afinal, trata-se de dar força a um governo espúrio, ilegítimo e corrupto, que se sustenta apenas por procurar, afoitamente, agradar a empresários, vendendo-lhes imagens turvadas de uma recuperação econômica que é apenas miragem.
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E já que a vida segue, o IPEA traz a conhecimento público o que é a instituição informal da pena de morte em nosso país, tão cobrada por setores autoritários de nossa sociedade, como forma de reduzir a impunibilidade e a violência e insegurança públicas.
Divulgado ontem, o país toma conhecimento, em notícias que se perderão rapidamente em meio a tanto crime de ordem política, de que o país tem um número de crimes absurdo, especialmente recaindo sobre jovens, negros, pouco escolarizados e moradores de periferia.
Algo que os apoiadores de Bolsonaro, não todos, mas alguns certamente, aceitariam com parte de uma limpeza social necessária.
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Bem, por hoje é só. Resta-nos acompanhar o andamento da julgamento de Dilma e do golpista e traidor que foi seu companheiro de chapa.
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