Trocada a tela de cristal líquido, quebrada em razão da forma incorreta por mim utilizada em carregar e transportar o notebook, estamos de volta com nossos pitacos.
Justo em um instante em que todo o país vive aqueles momentos de tensão da véspera das grandes decisões, seja em função de algum evento esportivo de importância, como uma final de Copa do Mundo, seja em razões outras, como o dia que antecede a realização de eleições gerais.
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Desta feita, é também política a razão da ansiedade, da expectativa, com todos os olhos postados no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, e seu julgamento, amanhã, da ação que pode cassar a chapa Dilma-Temer, vitoriosa nas eleições presidenciais de 2014.
Apenas a título de registro, ressalte-se que a ação, proposta pelo PSDB tinha como principal fundamento e objetivo, encurralar o governo petista, cumprindo a promessa do candidato derrotado, Aécio Neves que, comportando-se com menino mimado que não sabe perder e aceitar a derrota, prometeu não dar tréguas à candidatura escolhida por 54,5 milhões de brasileiros.
Mostrando toda a sua mesquinharia e pequenez, inconformado com a derrota nas urnas, Aécio e sua claque resolveram impedir o governo eleito pelo povo de governar, ameaçando e travando no Legislativo todas as medidas encaminhadas pelo Poder Executivo.
Além da adoção desse tipo de comportamento que impedia a aprovação de qualquer medida julgada necessária à superar a crise econômica que o país vivia e que se tornava mais aguda a cada dia que passava, sob o comando do "menino mimado, do Rio", a oposição ainda apresentava e aprovava medidas que ela mesma, anos antes criticara como contrárias ao interesse do país.
Da tribuna do Senado, o que é pior, embora risível, o senador aecim ainda fazia discursos carregado de lições de moral, dando exemplos de correção de comportamento e criticando atos de corrupção e roubalheira, atribuídos a seus oponentes.
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A história todos sabemos. Veio o impechment, mal disfarçando a ocorrência do golpe institucional que derrotou os votos da maioria absoluta dos eleitores brasileiros e, no lugar da presidenta assumiu o poder aquele que, meses antes, já havia se autoproclamado um governante decorativo, sem qualquer expressão.
Junto a temer e sua insignificância, o PSDB de aecim, de FHC e José Serra, de Aloysio Nunes, secundados por políticos da envergadura de um Moreirinha, o Angorá; um anão como Geddel Vieira LIma; um Jucá e sua confessada suruba; um Alexandre de Moraes, e sua capacidade de apropriar-se de cargos e teses e ideias capazes de o levarem a ser indicado para ocupar uma vaga na mais alta corte do país. E com eles, um eliseu padilha (carinhosamente chamado por Antônio Carlos Magalhães de eliseu quadrilha!).
Nesse meio tempo, surgiram também os Loures, os Joesleys, e tantos que permitiram que a sociedade pudesse conhecer o verdadeiro caráter, se algum, de aecim, perrela, anastasia, serra e seus milhões da Odebrecht, de Andrea Neves e sua capacidade de blindar o irmão, essa última, responsável por censura pouco vista em nosso Estado, tudo em prol da democracia.
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Na verdade, nem vale mais a pena ficar gastando tempo tratando de gente como aecim, ou perrela, que se afundaram na lama que eles mesmos criaram.
Dessa forma, melhor voltarmos para a expectativa do julgamento de amanhã no TSE, já por si transformado em algo completamente surreal.
Afinal, é importante lembrarmos da delação feita pelo dono da Andrade Gutierrez, responsável pela doação ilegal de R$ 1 milhão para a campanha da presidenta Dilma, e que todos da oposição comemoravam como uma prova robusta até que a defesa de Dilma mostrou cópia do documento que, na realidade, teria sido emitido em nome de temer, o golpista.
Se a memória da imprensa é seletiva, e a de nossos cidadãos é falha, alguns de nós conseguem se lembrar de que o resultado de tal delação foi, ao final do caso, tratada como apenas um caso de engano do delator, o que permitiu, em prazo recorde, ao que eu saiba, tornar legal um recurso que todos acusaram de ilícito.
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E aí vieram as delações da Odebrecht, dos marqueteiros do PT, João Santana e sua Mônica, e tudo o que eles contaram, mesmo que ainda sujeito a comprovação, passou a ser incluído no processo, para assegurar-lhe mais elementos de crimes e ilícitos, já que, como reconhecido por aecim, a peça inicial era apenas para "encher o saco", já que não trazia elementos suficientes para prosperar.
Com as delações de Odebrecht e dos marqueteiros, prosperou, embora com muita gente alegando que nenhuma das delações poderia ser aceita e incluída no julgamento já em andamento. Afinal, ao TSE competiria julgar a ação proposta, tal como ela foi inicialmente encaminhada, em sua insignificância.
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E aí, mais uma vez, a roda da fortuna girou a esmo provocando novas mudanças importantes.
Respaldado pelo empresariado que impunha uma agenda de reformas a serem realizadas em nosso aparato institucional, todas elas visando a construir um país novo e mais avançado, pelo menos na visão e no ângulo de análise apenas dos tais empresários, os advogados do presidente golpista começaram a divulgar a tese da separação de chapas, de forma a que Dilma fosse punida mais uma vez, agora com a decretação de sua inelegibilidade. Já temer, aquele que vive e age nas sombras, seria absolvido, para dar continuidade à implantação das políticas contrárias ao povo e aos seus interesses, mas tão a gosto da elite canhestra que o país possui.
E, para que essa manobra pudesse ter êxito, era importante que as delações já referidas fossem incluídas na ação, mesmo que isso não fosse, do ponto de vista jurídico muito correto ou justo.
Até que veio a público a delação de Joesley, citando o golpista e sua mala de dinheiro. E mostrando o silêncio cúmplice de temer ao ter conhecimento de uma infinidade de crimes confessados pelo seu interlocutor, aos quais quando se manifestou foi tão somente para afirmar que "tem que manter isso aí".
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E, mais uma vez, a situação se transforma. Agora a defesa desse ser subalterno e sombrio que é temer alega que nenhuma delação poderia ser considerada na ação, tendo em vista que agora, somente agora, a situação de temer está completamente deteriorada e, com isso, sua situação é insustentável.
E seu amigo do peito e da mala ainda não começou a falar, o que é explicado pelo golpista por sua (do amigo) boa índole.
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De tudo acima descrito, creio que o TSE, do alto de seu senso de justiça e oportunidade irá, amanhã, inocentar a chapa. Não creio que qualquer juiz pedirá vista, adiando e arrastando mais um tempo, essa situação de insegurança.
E teremos um presidente usurpador, suspeito de uma série de crimes, mantido no cargo apenas por se dispor a ser servil aos interesses empresariais, dos grandes empresários, do capital financeiro.
E os empresários nem se incomodam de manterem e sustentarem tal figura, já que a ética e o comportamento moral são pouco significativos no país que eles almejam construir, onde os lucros irão ser potencializados às custas do sacrifício maior do povo.
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Mas, que todos ficaremos sabendo que o governo é corrupto, que temer não vale uma nota de três reais, e que mesmo sua política nada tem de contribuição positiva para o país ou os próprios empresários, isso será indiscutível.
Mesmo que ele, do alto de seu cinismo, comemore o crescimento da economia, de 1% no trimestre, em consequência da mudança de critérios e da metodologia de mensuração do IBGE, e mesmo sabendo-se que o principal resultado do aumento da produção deve-se ao agronegócio, que não assegura resultados sustentáveis ao longo do tempo (dada todas as questões que têm impacto nos plantios, colheitas, e nas safras), além da elevação das exportações.
Lembrando que, no caso das exportações, é complexo, para dizer o mínimo se comemorar qualquer resultado, já que, a elevação das vendas no exterior é, exatamente a consequência e a confirmação do fracasso das políticas de recuperação econômica no ambiente interno.
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O jeito será, então, aguardar o julgamento amanhã, que deverá, depois de tanta excitação, ser a típica situação de a montanha parir um rato. O que apenas aumentará o sentimento de frustração do país.
E aguardar que Loures não se contente em ficar distante de sua esposa na hora do parto, procurando o quanto antes delatar para quem ele corria, com tanto empenho, com a mala cheia de dinheiro.
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Quanto ao povo, na expectativa de que temer seja banido, de preferência até dos livros de história, cada vez fica mais clara sua indignação com a possibilidade - desejada pelo mundo empresarial e seu pouco interesse com as questões nacionais de relevo - de termos eleição indireta para a eventual vacância do cargo. Afinal, como acreditar que pode sair algo de aproveitável de uma eleição em um colégio eleitoral em que mais de 300 eleitores têm sobre si a mesma suspeição de crimes capazes de derrubarem o golpista.
A situação é ruim?
Mas ficará pior se não aprovarmos uma emenda constitucional que assegure a realização de diretas já. Com a presidência, interinamente ocupada pela ministra presidente do STF, com a missão explícita de organizar e dar posse ao novo eleito. Pelo povo.
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