O que esperar de um militar, hoje general, que serviu como ajudante de ordens do Ministro do Exército Sylvio Frota, o militar linha duríssima que se insurgiu contra o presidente Ernesto Geisel, a quem acusava de ser comunista e responsabilizava pelo "abrandamento do regime militar" e a perda de autoridade que isso acarretava?
Apenas para avivar a memória, isso em uma sociedade que começava a ganhar coragem para exigir a punição dos responsáveis pelos assassinatos de Wladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho nos porões da ditadura, então as dependências do DOI-CODI?
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É verdade que o militar na época tinha, como alega, apenas 30 (TRINTA) anos, uma criança... o que tira dele qualquer responsabilidade. Embora ele não negue seu orgulho de ter trabalhado com o ministro demitido.
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O que esperar de um militar, por acaso o mesmo general que, teve a oportunidade de ser o comandante das forças militares da ONU, destinadas a pacificar e restaurar a ordem naquele país?
O que esperar desse comandante que, em busca da captura de um guerrilheiro, considerado líder da oposição, ordenou a invasão de Cité Soleil, bairro pobre da capital Porto Príncipe, que apresentou como resultado a morte do combatente, sete horas de lutas com o disparo de 22 mil balas e a morte de civis, entre os quais mulheres e crianças?
Ação de um herói? Puro e simples massacre como foi classificada a ação por órgãos de imprensa, organizações de direitos humanos, e que levou a um pedido de afastamento do general pela própria ONU?
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Como a memória é falha, esse general é justamente o atual ministro do desgoverno e da desordem patrocinada por esse chefe do Executivo que, entre outras qualidades é muito, muitíssimo bem relacionado com grupos de milicianos.
Classificado entre os seus colegas como alguém de temperamento mais ameno, mais do diálogo, não é de se estranhar que o general do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, tenha insinuado que o povo deveria ir às ruas em defesa do governo de que é empregado, como forma de ameaça.
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Trazendo no sangue o vírus ou DNA do golpista, o que significava a convocação do povo nas ruas, e o Foda-se para o Congresso Nacional, a quem chamou de chantagistas?
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Parafraseando a marchinha de carnaval: "Doutor eu não me engano, esse general não é republicano!"
E se ele que conhece bem com quem tem de lidar no governo falou em chantagem, quem sou eu para discutir com aqueles que conhecem de perto as formas de ação de quem traz o golpe na alma?
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Aí, o guru astrólogo, Olavo de Carvalho, apropriando-se indevidamente (eufemismo para roubo ou pirataria) como fundo musical de música dos Titãs, posta uma mensagem convocando a população para 'marcharem' em direção ao Congresso e ao Supremo.
Para que, mesmo? Recepcionar os excelentíssimos legisladores e nossa mais elevada magistratura?
Isso, logo em seguida ao foda-se elegante e educado do general de boa paz???
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E então o presidente mais despreparado da história, em todos os sentidos, o amigo do Queiroz e das milícias, com quem costuma se dar muito bem, tanto ele quanto seus filhos, posta em rede social uma convocação para que o povo se dirija às ruas para apoiá-lo?
E isso não tem vinculação alguma com a trama armada por esse grupelho que invadiu nossa política e, infelizmente, conquistou corações e mentes de alguns bem intencionados e de outros tão bem representados pelo mito que os comanda?
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E quem é o vergonhoso Alexandre Garcia que ainda tem a coragem de ir ao ar, para dizer que o presidente não convocou nada, não cita em sua postagem sequer uma instituição que se julgou atacada?
Esse porta-voz minúsculo da ditadura, que se presta, mais uma vez ao papel ridículo de apoiar golpes, vem dizer que o presidente usa do direito de manifestação de opinião??? Que ele não fala em ameaçar os demais poderes! Que as ditas instituições estão fazendo é vitimismo?
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Ora, para que os cidadãos de bem deveriam ser expostos a comentários de um capacho de ditadores?
Por que ainda tem meios de comunicação que cedem seus espaços a tais figuras tristes das sombras de nossa história?
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Aos devotos do mito, é importante deixar claro: não tivesse a intenção do golpe, o presidente não iria tentar voltar atrás, desdizendo o que disse, ou no caso, para maior exatidão, dizendo que não se pronunciou como o presidente, mas apenas como o Jair. Certamente não o Messias, com tanta mentira e jogo de palavras.
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Mas, já afirmei antes, nesse mesmo espaço: eles estão testando nossa paciência e nossos limites. Vai que um dia, entram em nosso terreno, pisam nosso jardim, e cansados de reagirmos já não tenhamos mais forças para ver porque ladram os nossos guardiães, porque ladram os cães, e não tenhamos mais força para nos levantar do sofá.
Aí eles aproveitam e nos roubam a rosa, o sonho, a liberdade, quem sabe até a vida...
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Os avessos à democracia, à desordem do dinamismo da vida, em constante movimento, podem correr para ficar justificando que o seu mito não disse o que quis insinuar.
Esquecem apenas que até isso faz parte do jogo. E mostra que o jogo está sendo jogado. Senão, inteligentes como alguns pretendem ser, não precisariam de vir à luz, em interpretações medíocres, tacanhas, defender o indefensável.
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Mas a história que não deve se repetir parece insistir no replay: dia 15, no dia seguinte à data que se completam dois anos do assassinato de Marielle, quem sabe a população (a acomodada e silenciosa, não essa raivosa, bolsonariana!) não faça como fez em atendimento à convocação de Collor: saia toda de preto. De luto, para expressar o desprezo pelo que o governo insiste em nos impor.
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DUDAMEL: Uma experiência que não deu certo
Dudamel e a legião estrangeira no Galo. Que o Galo aprenda em meio ao sofrimento e ao terrível vexame a que, mais uma vez, foi exposto.
Ainda assim, a insistência do técnico venezuelano com Di Santo tem explicação: o atacante se esforça, tenta se movimentar. Além do que fala a mesma língua do treinador: a língua do futebol sem magia, sem inovação, sem qualquer paixão.
A mesma língua que usava o Rui Costa que, também vai encher os bolsos da grana da indenização e vai embora.
Dudamel, de bolso cheio vai tirar o time.
Antes ele tivesse posto o time em campo, nesse início de temporada em que só temos visto e convivido com vexames.
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O NOVO, cada vez mais velho
Medo das forças de segurança, especialmente quando se sabe que elas detém o poder das armas, não tem nada de novo.
Por esse motivo a história do Brasil é repleta de movimentos e sedições militares, sempre seguidas de conquistas militares, inclusive financeiras, perdão e anistia.
Foi assim com os militares tenentistas, depois em Jacareacanga e Aragarças, até mesmo com a Lei da Anistia de 79.
Nós temos medo. A sociedade sempre teve medo e aprendeu isso com a militarização crescente das nossas polícias, pós 64.
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Assim não é surpresa que, mesmo sem dinheiro, mesmo sem conseguir pagar o funcionalismo público em dia, até sem pagar o que é de direito inalienável deles, o governador do Novo corre para atender as reivindicações dos militares.
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Alegar que foi honesto, que não queria fazer politicagem. Que não ia submeter os cofres do Estado e o povo mineiro a uma aventura e um descalabro, representado pelo aumento de gastos para todo o funcionalismo em instante de crise infinda, é apenas retórica.
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De novo, o governador só tem a forma de apresentar sua covardia. De dourar a pílula. De fazer o que em discurso diz que não poderia fazer, para não prejudicar mais aos mineiros que seriam privados de serviços públicos de mínima qualidade.
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Zema é o velho renovado. Assim como seu partido.
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E ainda mais velha(ca)rias
E falando de velharias, ou velhacarias, não há como não abordar a reação de Ciro, e de seu destrambelhado irmão Cid, o do 'Lula tá preso, babaca'.
Cid não merecia o ataque de que foi vítima, que deve ser tão condenado como condenei aqui mesmo o ataque sofrido em campanha por Bolsonaro.
Mas Cid não merecia nem o papelão que se prestou a representar!
Coisa típica de militarzão (general), ou coronel do interior, que prende e arrebenta. Ou sobe na retroescavadeira e avança contra os pele-vermelhas.
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Ciro, de tão velho se esquece que foi se esconder em Paris, para depois poder voltar cobrando, qualquer que fosse o eleito, do governo que o povo lhe negou nas urnas.
A covardia de Ciro, mal calculada, ajudou a construir o governo que está aí hoje.
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Mesmo achando que sua palavra não iria ter valor algum, se ele manifestasse apoio a Haddad, a história poderia ser outra. (Insisto: eu duvido, mas sempre fica a dúvida)!
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Tal qual Ciro, se encontra outro político, digno de meu voto, em anos anteriores: Cristóvam Buarque, que um dia foi excelente ministro da Educação, e um grande político.
Mas, não dá para viver de passado, quando os golpistas estão na soleira da porta.
Um comentário:
Olá Paulo,
Muito bom. Ainda que longo.
Uma lástima esse nosso país,
Agora, quem está na cabine de controle?
Um abraço,
Bretas
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