quarta-feira, 29 de abril de 2020

Milagre e fake do Messias; indicações para cargos; há uma guerra em andamento?

Milagres e Fake

Não é incomum a fabricação de milagres para atrair a atenção, a crença, a grana de milhares e milhares de pessoas desesperadas, prontas para se tornarem vítimas de estelionatários, oportunistas, aproveitadores.
Hollywood chegou a fazer um filme, estrelado por Steve Martin, “Fé demais não cheira bem”, em que utiliza do humor para denunciar e criticar procedimentos de Igrejas evangélicas americanas, para agarrar e extorquir incautos. Em geral, pessoas de boa fé e pouca cultura formal.
Desnecessário dizer que a Igreja Católica, com todas as propriedades e patrimônio acumulado ao longo dos anos não tem também seus atos criticáveis e suas indulgências....
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Mas, questionado sobre o avanço da mortandade provocada pelo corona vírus quando chegava ao Palácio, à noite, Bolsonaro disse claramente: “... eu sou Messias, mas não faço milagre”.
FAZ SIM.
O milagre de Sadim, que ao contrário de Midas da mitologia, transformava em esterco tudo em que punha a mão ou os olhos.
Bolsonaro faz milagres sim: no caso, da destruição de nosso Estado democrático de direito.
Da desconstrução de nossas instituições, e de nossa sempre tenra democracia.
Não por ser jovem, mas por sempre poder ser tomada de assalto por sedutores, espertalhões, tipos mau caráter, como Jair MESSIAS Bolsonaro.
Então, mais uma vez, esse ordinário que vendeu ilusões para ampla parcela da população e sua famílicia de desajustados e canalhas, está é produzindo mais uma fake.
Simples assim.

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Um reconhecimento

Em nosso regulamento legal, existem basicamente dois tipos de cargos no serviço público, cada vez mais inchados de trabalhadores vinculados a contratos de mão de obra terceirizada e por celetistas para emprego definidos em lei.
Cargos públicos são os de provimento efetivo,  cujo acesso é privativo de todos aqueles que se submeteram a concurso público, de provas e títulos, e que sec tornaram nos anos recentes em nosso país, em objeto de desejo, inveja, exacerbada concorrência e agressões de ampla parcela de nossa sociedade.
Tais agressões advém não apenas do desconhecimento dos diplomas legais que regem os cargos, de sua espeficidade e dos direitos e deveres a que se sujeitam, mas de uma campanha de difamação cuja raiz muitas vezes pode ser encontrada em representantes do setor privado, em geral defensores de ideias liberais, fundadas na lógica do deus mercado, divindade ex-machine.
Mais interessados em desconstruir o aparelho de Estado, em que atuam esses servidores, a intenção mais recôndita e inconfessável desses críticos é a de reduzirem o tamanho e a força regulatória do Estado ao que é convenientemente denominado Estado mínimo, responsável apenas pela prestação de serviços como saúde, educação e administração da Justiça e segurança e defesa. Do patrimônio, não das pessoas.
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Em casos mais extremos, alguns desses liberais propõem até mesmo que áreas como saúde e educação tenham sua prestação transferida à iniciativa privada, transformando tais serviços em mercadorias, como em mercadorias já foram transformadas todas as coisas importantes à nossa vida, inclusive os afetos, e até mesmo as pessoas.
Apenas a título de observação, a privatização do serviço médico nos Estados Unidos é uma das explicações para a virulência com que a pandemia da Covid se alastrou e colecionou vítimas naquele país.
Em nosso caso, é a razão de termos conseguido até agora resultados melhores, especialmente no tratamento de nossos infectados. A razão tem nome: chama-se SUS, que tantos tentam destruir, inclusive sonegando as verbas e recursos para sua expansão, equipamento, condições de remuneração mais adequada para seus dedicados profissionais, sejam médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares de toda espécie, administrativa, de limpeza, e tantos outros.
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Na Inglaterra, onde funciona um programa de saúde pública – o Serviço Nacional de Saúde -de reconhecimento amplo, alguns liberais ou conservadores tentaram solapar oe istema. Sem sucesso, como constatado, pelo próprio primeiro ministro conservador, Boris Johnson. Felizmente para ele (que até elogiou os cuidados de enfermeiros imigrantes, outro grupo vítima de propostas de medidas de caráter xenófobo e ataques de todo tipo).
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A depender desses liberais, instituiríamos a situação prevista por vários filósofos e analistas, além de diretores de filmes como Blade Runner, de uma sociedade de policiais e fiscais de rendas. Além de magnatas das finanças – poucos – e, claro, trabalhadores replicantes.
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O segundo tipo de cargo é aquele de recrutamento amplo, também chamado em comissão. Por definição, temporário. Destinado a que o político eleito para um mandato temporário possa cercar-se de pessoas em quem tenha confiança, em geral amigas, com a finalidade de prestarem consultoria, assessoria, ou mesmo gerirem áreas que exijam um conhecimento para o qual o mandatário não tem qualquer obrigação de conhecerem em profundidade.
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Por óbvio, o gestor público convoca para ocupar tais funções, pessoas que atendam a requisitos, como conhecimento, vida ilibada, etc. Mas não choca a ninguém o fato de que, em geral, se nomeiam amigos para ocupar tais cargos, já que parentes estão proibidos pela lei que veda do nepotismo.
Se o cargo é de confiança, dificilmente será indicado para ocupá-lo, um desconhecido. Em geral é um amigo.
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Todo esse discurso, para reconhecer que não há nada de mais criticável, na indicação de sua livre e exclusiva escolha, feita por Bolsonaro, de amigos para ocuparem postos de ministro ou diretor geral no Ministério da Justiça ou na Polícia Federal.
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Ainda mais que ambos atendem aos requisitos, o ministro, com saber jurídico e reconhecimento, inclusive internacional, o outro delegado de carreira.
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Ser amigo, não é o problema.
Ter altivez para honrar o cargo, não se tornar mero sabujo, não deixar de cumprir fielmente seu mandato, essa sim são situações que devem ser objeto de ataques virulentos, caso venham a se efetivar no futuro.
Nunca é demais admitir que, mesmo mui amigo, ao se alçado a certas posições, algumas pessoas percebem que entre o lixo e a demissão publicada no Diário Oficial, é melhor sair como heroi. Caso por exemplo, do falacioso Mandetta. Situação em que o criminoso e desqualificado Moro não se enquadra.
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A esperar, para ver. E que a Associação de Delegados da PF fique atenta e vigilante, contando com o apoio de toda a sociedade que ainda não se deixou ser seduzida e se tornou fiel à imagem de mito ou Messias que Bolsonaro e seus amalucados filhos procuram difundir.
É perigoso, não há dúvidas. Mas maior perigo existe não para o travamento de investigações, em minha opinião, cuja percepção é mais evidente.
Perigo maior virá em decorrência do acesso a informações privilegiadas e pela segurança de testemunhas, investigados, políciais e até pessoas ligadas a atividades espúrias da familícia que ocupa o Planalto, cujas vidas poderão passar a correr sérios riscos.
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Pandemia e o gado bolsominion

Apesar de muita gente dizer que entende de números e estatísticas, não há como negar que os números, mesmo sob tortura, não mentem.
Torturadores matam operários e jornalistas, como Joel e Wladimir. Milicianos assassinos, matam Marielles.
A Covid mata o povo. Rico. Pobre. Morador em bairros de poder aquisitivo alto, médio ou comunidades e periferias. Até em tribos indígenas, atacadas por bandoleiros, assassinos, posseiros e grileiros, e desamatadores, amigos e protegidos por fascínoras com Salles e suas ações contra a natureza tornam-se vítimas, também de mais esse vírus.
E agora? Estatísticos e matemáticos de araque, defensores da terra plana. Ou mero gado a mugir em redes sociais?
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Toda essa situação me fez lembrar, assim como um vídeo, acho que do Eduardo Moreira, da série The Waltons, que assistia nos meus tempos de infância. Em que em meio a toda a crise de 29, todo o baque que destruiu fortunas e até vidas, as famílias que viviam no campo, plantando, cultivando, tinham a capacidade de, ao menos, assegurarem sua sobrevivência. Com uma vida sóbria, consumo mínimo, disposição para a luta e fé.
Mas sobretudo, acesso à terra.
E trabalho. A mola mestra que move toda a engrenagem de produção de nossa sociedade.
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Presságio e Medo

Porque Bolsonaro altera decreto que determinava rastreamento de munições, compradas em quantidade limitada, enquanto seu filho bananinha e idiota faz discurso para um ministro armamentista?
Qual o vínculo desses eventos, com adeptos da seita bolsonarista, que atiraram com balas de chumbinho, naqueles que batiam panelas contra o pior presidente da nossa história? Ou com a gangue de atiradores de clubes de tiros, que nas redes sociais fizeram demonstrações de apoio e solidariedade a Bolsonaro, com saraivada de tiros de todos os calibres e armas?
Temo que Bolsonaro prepara um golpe. De afirmação ou defesa contra um possível e já mais que devido “impeachment”.
Temo a reação de adeptos dessa manifestação do MAL armados e municiados, pelas ruas, abrindo pela vez primeira a guerra civil, cruenta, que nunca tivemos de forma urbana em nosso país.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Desgoverno e fábrica de crises: o que esperar mais do final - melancólico - de Bolsonaro?


Acho muito curioso e até me esforço para tentar entender o tipo de lógica  subjacente ao comportamento das pessoas que se mostram totalmente favoráveis ao liberalismo econômico, à liberdade individual de empreender, produzir e buscar ganhar os recursos necessários a sua vida. Liimitadas tais liberdades ao exercício de atividades consideradas legais, ou que não firam a liberdade de outros.
Minha estranheza vem especialmente em relação àqueles que, se abraçam essa postura no tocante ao domínio econômico, mostram-se completamtente avessos ao exercício dos mesmos direitos e liberdades individuais  no que se refere a outras esferas do comportamento humano.
Exemplo disso é a questão do aborto, criminalizado desde sempre, como se o corpo da mulher não fosse propriedade exclusiva dela, sobre a qual não poderiam prevalecer as regras definidas por sua proprietária.
Penso que, talvez, a contradição entre a não aceitação de uma filosofia liberal, individualista, como norma de conduta na questão dos costumes, ao contrário da aceitação do mesmo viés individual no campo econômico poderia ser explicado por questões de fundo religioso.
No entanto, partindo do princípio fundamental de que também o religioso é uma questão de opção individual, duvido que fosse possível que a decisão maior, relativa à forma de expressão da religiosidade não se impusesse a qualquer ação ou decisão decorrente dos preceitos secundários (em termos de relevância), cuja validade seria inquestionável apenas para os seguidores e iniciados.
Ou seja: como ninguém é obrigado a ter uma religião específica, nem sequer a ter uma religião, não seria coerente que os princípios daquela crença pudessem se impor a todos.
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Faço essas reflexões, quem sabe bizantinas, a propósito do discurso, completamente desconexo, com que Jair Bolsonaro tentou por em pratos limpos, ou esclarecer cabalmente,  a saída de seu governo do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Aquele ex-juiz que, na feliz manifestação de Reinaldo Azevedo saiu de onde esteve sempre ausente.
No patético discurso em que tentou desconstruir a imagem de heroi nacional de Moro, o presidente fez referência à nomeação de Ilona Szabó para cargo por indicação do ministro, deixando claro sua incompatibilidade com as bandeiras de seu governo, entre as quais a questão do aborto.
A mim, soou como se Bolsonaro tentasse passar a mensagem, aos seus eleitores, em geral, e evangélicos em particular, de que Moo não seria contrário à legalização do aborto, assim como a armamento da população, e tantas outras bandeiras que em defesa da causa dos milicianos.
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Essas questão do aborto mexeu comigo, primeiro por que era um assunto que não tinha qualquer vínculuo com o que estava em discussão.
Em segundo lugar, despertou mais uma vez minha perplexidade. Afinal, pela fala do presidente, ficamos todos sabendo que ele respeita e até adota comportamentos de rompante na defesa da liberdade individual de ir e vir; em favor de que as pessoas tenham liberdade para se exercitarem na praia, ainda que em flagrante desrespeito a normas de convívio social baixadas com o objetivo de preservação da vida e da saúde dos outros cidadãos; enquanto no âmbito econômico, tenham plena liberdade para agirem como bem entenderem.
Refletindo, cheguei à conclusão de que a questão é toda uma só: DINHEIRO.
O que envolve dinheiro e as formas de obtê-lo ou gastá-lo, não devem ser objeto de intervenção ou regulação. Ideias e comportamentos que não envolverem diretamente ao maldito senhor, podem e devem ser tutelados pelo Estado ou pelos governantes de ocasião.
O que não deixa de ter sua graça, considerando-se que a própria Bíblia se incumbe de nos alertar que ninguém deve servir a dois senhores.
Mas, como também afirmava o filósofo e economista francês  Serge Latouche, em seu Análise Econômica e Materialismo Histórico, o dinheiro está para a superação de nossas fases de desenvolvimento da personalidade, como o excremento.
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Para personalidades deformadas ou mau formadas, como a do ocupante da presidência, não é de se admirar que o que envolve dinheiro seja tolerado sem restrições.
Como são exemplo a discussão da reabertura dos cassinos, ou da prática dos crimes ambientais, ou ainda a política explícita pró-armamento, ou qualquer outra que fira direitos consagrados como incentivo à invasão de reservas indígenas com garimpos e outras tantas.
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E enquanto o Brasil se vê às voltas com a  ressaca provocada pela quarentena, e pasmo com a quantidade de crises que os ocupantes do poder - Bolsonaro e seus três filhoes - , conseguem produzir, vão passando despercebidos outras medidas de governo, mais sérias e mais preocupantes, em especial em relação à manutenção de um ambiente minimamente preservado, para assegurar o futuro de nossos filhos.
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Afinal, sem que fosse dado o devido alarde, seja por todas as atenções estarem focadas na evolução da pandemia, seja por força das crises infinitas do poder, o sinistro e condenado Ricardo Salles, que ocupa a pasta do Meio Ambiente apenas com a finalidade de destruir o que resta ainda de nosso patrimônio natural, assinou despacho concedendo anistira para desmatadores de uma das regiões mais devastadas de nosso meio ambiente: a Mata Atlântica.
Seu despacho encontra amparo em parecer emitido pela Advocacia Geral da União, desse desgoverno que está infelicitando o país, mas o despacho tem força vinculante, o que além de beneficiar a retomada das atividades de exploração econômica da área invadida até 2008, sem que seus responsáveis tivessem que promover sua regeneração, vai permitir que todas as multas aplicadas em todo o período de destruição da Mata, possam ser anuladas.
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Por trás da decisão da AGU, a poderosa CNA, que agora se congratula e comemora, mesmo que a Área de Preservação Ambiental continue sendo objeto de cobiça, de agressões, inclusive com desmate de matas ciliares e espécies de árvores importantes para a preservação de mananciais.
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Depois irão dizer que não há corrupção nesse governo!
Na verdade, nem precisa que a corrupçãó se manifeste de forma aberta e desavergonhada. Basta para isso que medidas de interesse óbvio para setores empresariais possam ser adotadas, reforçando a capacidade de geração de dinheiro e poder, para esses grupos no presente, e que no futuro, estejamos atentos ao financiamento de campanhas de bandidos como Salles, que no lugar de estar no Ministério, deveria estar atrás das grades.
Fazendo companhia, na prisão ao dono do laranjal, que ocupa o Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ou ao Queiroz, amigo do peito, ou ao comandante do gabinete do ódio, agora também suspeito de comandar o esquema de “fakes news”, ou ainda a Flávio, o responsável pela rachadinha. 
Parece que, das grades, escapam apenas Eduardo, o bananinha que teria o risco de se tornar mero lanche na cadeia ou o 04, esse raro exemplar de garanhão, em condomínios da Barra da Tijuca.
Mas, devo me penitenciar, e deixar claro para os poucos amigos leitores, que o meu desejo de verem presos o próprio Marcelo Álvaro Antônio, ou Carluxo e Flávio, ou ainda Guedes por suas propaladas falcatruas em gestão de fundos de pensão, não passa de manifestação de vontade, ou delírio meu.
Isso porque nenhum deles foi condenado. A rigor, nem foram investigados e, a julgar pela nova direção da PF e do ministério da Justiça, nem serão.
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Quanto à saída do grupo ministerial de Mandetta, primeiro, e depois de Moro, não há muito a comentar. Tudo já foi dito, antes que eu tivesse tempo para dar meus pitacos.
Mandetta, que saiu como heroi ,era um deputado do grupo do baixo clero, ocupando não apenas gabinete mas até mesmo a posição de amigo e conselheiro de Bolsonaro. Ambos insignificantes.
Oportunista e inteligente, algo de que Bolsonaro já provou que não pode ser acusado, percebeu, quando da chegada da pandemia que sua responsabilidade de médico não poderia ser colocada em segundo plano. Para ficar bem com os colegas e interesses que sempre representou, tinha que continuar mantendo a postura de médico preocupado com sua reputação. Por isso, e por prudência, optou por seguir o que a OMS recomendava, como o isolamento social, por exemplo.
Nem mesmo no caso de remédios, embarcou em indicação de curas milagrosas, como seu chefe, que não tem nenhum perfil a zelar.
Foi defenestrado por isso mesmo. E não saiu atirando, já que o assunto em discussão era não apenas restrito, mas de futuro imprevisível.
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Mas não custa lembrar que, enquanto deputado pelo despudorado DEM, foi um dos que participaram do golpe parlamentar (ou pra lamentar) que culminou com o afastamento da presidenta Dilma.
Depois, votou contra a continuidade do programa Mais Médicos e deu outras demonstrações de que a saúde da população era apenas uma capa, tênue e frágil, para seus interesses menores.
Saiu engrandecido, menos por seu papel,  e mais por não pertencer mais a um governo que tenta desconstruir, para se impor.
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Quanto a Moro, todos que já leram esses pitacos sabem bem meu pensamento a seu respeito. Para mim, juiz que rompeu os limites da legalidade de seus atos, a impessoalidade, a própria justiça, a que manipulou sem escrúpulos, é tão criminoso quanto outros a que condenou, ou expôs em público.
Exposições, às vezes, por meio de vazamentos ilegais, como o da conversa da presidenta Dilma, findo o prazo legal de realização das gravações.
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Em todos os momentos em que seu comportamento foi o de mero delinquente, ou bandido de toga, ele não se fez de rogado, e reconheceu o erro, e se escusou!!!
Mas o ilícito já estava cometido e suas consequências surtindo efeito.
Como não sou de defender bandido, nunca o vi como paladino da moralidade nem da luta anticorrupçãó. Isso não me deixa esquecer que, para ele, não houve problema com o caixa 2 da campanha de Onyx, que de resto reconheceu o erro e se desculpou.
Depois, quando da questão do laranjal de seu colega do Turismo, nada fez para que a apuração pudesse fluir de forma a não dar a impressão de que dependendo do lado do criminoso, não havia problema algum.
Em passagens outras, agiu sempre na defesa de seu chefe, advogando a seu favor, ou se omitindo, seja nas tentativas de interferência na Polícia Federal, seja na questão de atos contraários à Constituição, ao Estado de Direito e à democracia.
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Quando flagrado nas gravações da Vaza Jato, optou por não reconhecer a forma como as gravações vieram à luz. Dessa forma, se omitiu e, mais uma vez, não comentou das acusações que lhe eram atribuídas, ainda que elas não tivessem força de acusações formais.
Se naquela ocasião, deixou clao que gravações sem consentimento não eram material apto a servir de prova, agora, como na ocasião dos julgamentos de Lula, não se fez de rogado, e expõe, faz vazar gravações semelhantes àquelas que criticava.
Ou seja: o que vale para fortalecer seu lado e sua versão, não tem validade para ser usada contra ele.
Assim fica fácil. E ainda sai como paladino e candidato potencial para infelicitar o país em 2022.
Aliás, só não consegue ser pior que o chefe de quem agora se separa, traindo.
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Queira Deus que a Globo pare de insistir em cosntruir sua fama e imagem de bom moço. E que a sociedade brasileira, já vacinada, não sucumba aos encantos do marreco.
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Para mim, já sai tarde de onde não deveria ter estado.
E o que estamos assistindo é a discussão entre comparsas, do mesmo tipo de outras discussões acaloradas e até acareações de que a nossa história judicial tem tantos exemplos.
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Resta agora, que o presidente, já desnudado por seu ex-ajudante, seja também investigado, deposto e preso pelos crimes que cometeu, em tese. E leve consigo os numerais que atendem pela alcunha de seus filhos.


quinta-feira, 16 de abril de 2020

Troca de ministros e manutenção do sofrimento de sempre do povo. E você, aceitaria o convite?


Finalmente, chegou ao fim a passagem do deputado médico Luiz Henrique Mandetra pelo cargo de ministro da Saúde do desgoverno Bolsonaro.
Não me entendam mal. Iniciar esse pitaco com o advérbio “finalmente” não deve ser interpretado como expressão de alívio. Antes, revela o desfecho da ilustração mais recente, arrastada e inequívoca do que se convencionou chamar de morte anunciada.  
Queda que, nesse momento, todos os brasileiros devemos lamentar.
Principalmente considerando-se os motivos de sua demissão, em minha opinião, distantes da mera questão de sua competência como médico, da postura técnica adotada conforme recomendação dos principais e mais reconhecidos órgãos de saúde do país e do mundo, OMS à frente, e mais afastada ainda de uma preocupação autêntica com a saúde do povo brasileiro.
Não custa lembrar que Mandetta foi um dos deputados que se aliaram ao golpe contra os interesses do povo, senão de sua totalidade, da maioria que elegeu Dilma presidente, em 2014.
Se vale para Bolsonaro e os estúpidos que lhe servem de claque e apoio o argumento de que Bolsonaro foi eleito democraticamente e, portanto, representa a vontade da maioria, em termos de lógica pura e simples, o mesmo argumento deve valer, ou deveria, para o mandato conquistada por Dilma nas urnas.
Por mais que a presidenta tenha pisado na bola e, no melhor estilo cavalo de pau, tenha dado uma guinada tão feroz em seus planos e sua agenda, que tenha cometido, SIM, um estelionato eleitoral.
Mas, fazendo um breve parênteses, creio que em situações de estelionato, apenas quem se sentiu iludido e enganado tem o direito de prestar queixa e reclamar.
Seguramente não seria esse, nem foi esse o caso dos eleitores do escroquinho Aécio, então o dono da mais brilhante carreira jamais vista em nosso país.
Mas, eleita ou não por uma maioria, a minoria derrotada não deu sossego, não deixou Dilma governar, e acabou patrocinando o golpe que culminou com seu impeachment: águas passadas.
Mas nessas águas, Mandetta nadou de braçada, mostrando que o povo e a vontade popular, para ele, não são tão dignas de respeito e consideração.
Golpista, o médico Mandetta aceitou trabalhar na campanha em prol da candidatura e, depois, das eleições, na equipe de um homem que sempre foi favorável à tortura e à morte.
Não foi Bolsonaro o autor da frase que o problema do golpe de 1964 foi não matar uns 30 mil?
Não foi ele que sempre elogiou a ditadura sanguinária que se implantou em nosso país?
Não foi ele quem, nas oportunidades que teve, elogiou um autor e comandante das torturas?
Em relação a Mandetta, é no mínimo curioso que quem tenha feito o juramento de Hipócrates, em defesa da vida, pudesse estar ao lado, apoiar, e participar de um governo sob tal comando.
Mandetta sai como herói do povo mais oprimido, defensor das causas mais populares talvez por ter, agora no estágio final de sua presença sob holofotes, ter se recordado do juramento feito um dia, e ter ficado do lado da conservação da... Saúde!!!
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O que não o impediu de, ao lado de Bolsonaro, dos ideologopatas, principalmente os da extrema direita que infestam o país, até mais perniciosos que o Covid 19, ter ficado contra o programa Mais Médicos, que ajudou a extinguir.
Nesse caso, convenhamos, grande parte dos médicos brasileiros, com capacitação semelhante até àquela de seus colegas cubanos, adotou a mesma posição, o que valeu o apoio da categoria, de forma maciça ao candidato da morte.
Mandetta, então, está longe de ser o santo, ou o médico preocupado com a saúde no geral, e em especial da população menos favorecida do nosso país, que alguns desavisados agora lhe atribuem.
Foi um político e pode ter aproveitado uma janela de oportunidade para se redimir, ou tão somente, para voltar à política com mais, muito mais respaldo, apoio e força.
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E o que esperar de seu substituto, Teich?
Especialmente sabendo-se que foi nomeado para um cargo de confiança de Messias, o Bolsonaro?
O que esperar depois de terem conversado, a sós, por algum tempo? Será que a ingenuidade de alguém pode fazer supor que o novo ministro tem uma linha de pensamento e foi apresentdo como novo titular da saúde para fazer algo distinto do que seu mestre mandar?
Ora, ele tem um currículo. Sim, respeitável. Em sua especialidade de oncologia, merece todo o respeito.
O mesmo dizem os que o conhecem quanto a sua capacidade como gestor. Afinal, como gestor, alguns tiram do baú a informação e trazem à baila sua amizade com Guedes... Para mim menos um ponto na sua avaliação.
Como gestor, mostra a sua racionalidade suprema, como alguém que, frente a recursos escassos consegue tomar decisões cruas, duras e, talvez necessárias. A ter que gastar recursos escassos com alguma parcela da população, que o seja com os mais jovens.
Afinal, os velhos estão condenados mesmo a apenas cumprirem a trajetória final de sua existência.
Mas..... onde fica mesmo a questão dos conhecimentos e experiências incorporados ao longo da trajetória e que na literatura se convencionou chamar de “learning by doing”?
Não são os mais velhos que, detentores de conhecimento adquirido pela experiência (“tacitness”) teriam que ser preservados para transmitir e ensinar lições aos tais jovens que o novo ministro acredita serem mais úteis à sociedade e mais merecedores de sacrifícios?
Correndo o risco de ser acusado de estar apelando, quem pensa e se manifesta como o ministro no aúdio que correu as redes sociais na noite de ontem, não está apenas deixando claro que deseja que sempre esteja sendo reinventada a roda?
Onde a evolução? Onde a visão evolutiva que marca a tecnologia, o avanço das técnicas de produção, e até da economia, que Bolsonaro e o ministro parece terem interesse comum e proteger?
E não digo isso nem como idoso, nem como professor. Meus alunos têm muito mais a aprender com outros colegas meus, sem dúvida.
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Mas, vamos nos colocar no lugar do ministro Teich e aplicar o tão propalado conceito de empatia.
Estivesse no lugar do doutor, eu recusaria o convite de ser ministro, coroamento e reconhecimento de toda uma vida de lutas e sacrifícios?
Confesso que, convidado em minha área, a Economia, talvez eu aceitasse me tornar ministro mesmo desse desgoverno.
Mas já vou logo avisando, para adotar a minha linha de ação e pensamento, sem arredar pé em nem um milímetro do que penso ser o correto a fazer.
O que significa que não duraria mais que um ou dois dias no cargo, já qual João Batista, teria logo minha cabeça requisitada, em bandeja de prata pelas Salomé que dominam o mercado financeiro.
E, afinal, não sejamos nem injustos, nem inocentes, dominam todo o poder e sua manifestação política.
Razão porque Bolsonaro não está preocupado, ou não se mostra assim, com a saúde e sobrevivência de seu povo, principalmente dos mais humildes e mais velhos: ele se preocupa com a possibilidade de quebra ou de dificuldades de liquidez ou até mesmo de sobrevivência de seus financiadores, os empresários. Com destaque para o famoso Veio da Havan, e sua preocupação especial com a manutenção do emprego.
Razão porque demitiu ao que se noticia, 11 mil funcionários.
Ou o grande empresário Sílvio Santos cuja mulher é a responsável pela participação do presidente em lives de religiosos na Páscoa.
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Bolsonaro tanto não se preocupa com nossos mais necessitados, que declara que o gasto já está orçado em 600 bilhões e pode chegar a 1 trilhão, a continuar no ritmo que apresenta.
Se você tivesse que gastar até o fundo do tacho para dar ao menos uma morte melhor, com mais conforto a sua mãe, o que você faria? Deixaria a senhora na enfermaria para aplicar o dinheiro em títulos de maior rentabilidade no mercado?
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Triste o país em que sua população opta por salvar os negócios, em prejuízo da saúde e dos negócios.
Afinal com todos na pindaíba, quem iria depois se eximir de ajudar a recuperar, caso salvo por atitudes e decisões heroicas da morte certa e infalível?
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A esse respeito fico pensando: nos anos 1918-1920, deve ter havido a mesma discussão, por ocasião da gripe espanhola.
O que aprendemos, depois de tanto tempo, em relação à questão da recuperação – e crescimento exponencial da economia em todo o mundo?
O que aprendemos em termos de saída da crise derivada da pandemia? O mundo tornou-se mais humano, mais solidário, depois dos anos 20? Ou o capitalismo se implantou definitivamente com força propulsora de toda nossa vida, para o bem ou para o mal?
É importante destacar que a sociedade humana nunca antes viu e se aproveitou de tamanha opulência.
Em contrapartida, nunca a desigualdade foi tão feroz e a consideração da pessoa do outro, a tal alteridade, tão frustrada?
Para que pensar no coletivo, se eu estou bem, e os iguais a mim me acompanham?
É isso.



quinta-feira, 9 de abril de 2020

O discurso sem nexo de quem não sabe para onde aponta o nariz.

Bolsonaro fez um pronunciamento tranquilo na noite de ontem. Fica a dúvida de até quando vai durar essa tranquilidade.
Ao contráriio da opinião de Emerson Kapaz, exposta em seu comentário para o Jornal da Cultura, não achei um discurso de conciliação, nem de união. Menos ainda de um líder ou, nas palavras de Kapaz, de um capitão por analogia à função de um jogador mais respeitado no futebol, e não em referência à patente.
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E vamos admitir, Mandetta não teve qualquer influência no pronunciamento.
E, poucas horas antes, na entrevista diária da área da Saúde com a imprensa, destinada a promover a atualização da evolução da pandemia no país, o ministro da Saúde fez o possível para adotar um tom conciliatório, amistoso. Até subalterno.
Mostrando já maior conhecimento da personalidade esquizotípica, ou paranóide, ou ambas, de seu chefe, Mandetta fez questão de salientar estarem “jogando no mesmo time”, para prosseguir utilizando a analogia de Kapaz.
Aí, foi suficientemente claro: olhamos todos o mesmo parabrisa, para frente. Estamos unidos. E quem manda no time tem nome: Jair Messias Bolsonaro.
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Mesmo com o ego massageado, em seu pronunciamento noturno, melhor seria soturno, o “capitão” mostrou que o time encontra-se completamente à deriva. Mandetta não apenas não foi citado. Pior: Bolsonaro fez questão de mostrar que se o seu jogador mais avançado, nessa oportunidade, joga para a frente, ele continua fazendo questão de dar chutões para os lados.
Mas tais chutões não têm o objetivo de espantar o perigo de um ataque adversário: são apenas para, sob sorrisos de soslaios por entre a boca torta, arremessar a bola para a pequena claque que, sem prestar atenção ao jogo, se compraz em aplaudir e incentivar seu ídolo mor.
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Nesse sentido, Bolsonaro parece continuar agindo como a criança mimada que, independente dos problemas que pode estar causando, se dispõe a qualquer tipo de comportamento para continuar sendo o centro das atenções.
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Mandetta não joga no mesmo time de Bolsonaro e, a julgar pelo comportamento da tropa de choque de brucutus que põem em movimento as redes sociais de seu Messias, cada vez mais parece estar sendo deslocado para a extrema esquerda. Logo ele, que não tem nada de canhoto.
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Não contente de não fazer referência ao seu subordinado, Bolsonaro ainda se referiu aos encontros que vem mantendo com outros médicos, para tratar da aplicação do remédio que, em sua abalizada opinião, é a panaceia universal: o emplasto Brás Cubas.
Mas, como na história genial do personagem de Machado, Bolsonaro corre o risco de se submeter a enorme frustração.
O que poderia ser evitado se tivessse se dedicado a alguma leitura que permitisse o desenvolvimento do cerébro, ao invés de optar por desenvolver tão somente a musculatura.
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E reconheçamos que Mandetta demonstrou não se opor à prescrição da receita milagrosa. Apenas não quer correr riscos de sua utilização indiscriminada para toda a população, sem a identificação exata sequer da contaminação pelo vírus, temendo possíveis efeitos colaterais.  
Sem qualquer compromisso, exceto com seu pensamento mágico, Bolsonaro não se constrange de receitar o medicamento. Vai mais além: gaba-se de conversar pessoalmente com o primeiro ministro indiano, de forma a assegurar a aquisição e entrega de insumos necessários à continuidade da produção da cloroquina.
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Aqui um parênteses: ao fazer questão de manifestar o telefonema ao premier indiano, Bolsonaro não estava querendo demonstrar prestígio. Tão somente estava reconhecendo que no Ministério das Relações Exteriores, completamente acéfalo de algum ser racional, não há ninguém que possa ser indicado para cumprir os trâmites necessários a tal negócio.
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Não podemos deixar de destacar que, em certo momento e mais uma vez, como um disco arranhado que fica repetindo sempre o mesmo trecho da música, fez questão de deixar claro sua intenção de respeitar a autonomia dos entes federativos, indicador de que já tinha tomado ciência da decisão do Ministro Alexandre de Moraes, assegurando a autonomia das instâncias subnacionais para tomar decisões sobre como lidar com a pandemia.
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Bolsonaro acusou o golpe. Tanto que, novamente, fez questão de transferir a responsabilidade ou o ônus das medidas de isolamento social para governadores e prefeitos.
Mais tarde, e sempre, qualquer que seja o resultado ele poderá apontar o dedo e falar: eu avisei.
Exatamente, o que ele falou ninguém sabe, mas... não é ele o responsável.
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Dois comentários: o primeiro, relativo aos ataques que começarão a ter como foco a figura do ministro Moraes, em razão da sentença contrária ao interesse do megalomâno e suas legiões.
Não há problema: além dos brucutus descerebrados, os ataques virão de quem não conhece nem para onde aponta o nariz, quanto mais o que significa o respeito Constitucional à autonomia dos poderes.
Curiosamente: a verdadeira ilustração do dito mais Brasil, menos Brasília a que os desmemoriados de sempre (e os sem caráter) poderão fazer vistas grossas.
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Segundo: os ataques e transferência de responsabilidades para governadores como Witzel e Dória funcionam com a história de Caramuru. Bolsonaro atira no que vê, e erra. E acerta o que não viu.
Eleitos na esteira da histeria provocada pelo vírus corrosivo para os neurônios que levou ao poder o energúmeno lá instalado, Dória e Witzel, além da mesma truculência e despreparo, apenas mostram o mesmo problema de ego de Bolsonaro.
O que explica a ridícula disputa da paternidade da aplicação da cloroquina.
Isso independente de, em minha opiniao, bem assessorados, terem os dois governadores agido como as autoridades devem agir, em momentos de insegurança.
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Procurando não se alterar, Bolsonaro mudou o tema de seu discurso passando a tratar de questões econômicas, e aproveitando para, mais uma vez, como agulha emperrada, falar da liberação dos R$ 600,00 reais para os mais necessitados. Além da liberação de cota de um salário mínimo do FGTS.
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Quanto a essa parte do discurso, apenas um registro. O capitão começou afirmando que seu governo tinha duas preocupações: a luta contra o vírus, e a luta contra o desemprego.
Ora, dado que seu (des)governo já completou um ano de exercício de mandato, e que a Covid-19 nos atingiu apenas recentemente, o fato de colocar a luta contra o vírus como preocupação é algo a se comemorar.
Afinal, não há muito tempo, esse vírus era causador apenas de uma gripezinha.
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Quanto ao desemprego é forçoso reconhecer que, transcorrido já um ano, nada foi alterado. Independente de medidas destinadas à precarização do trabalho e à retirada cada vez mais agressiva dos direitos dos trabalhadores (o que inclui a possibilidade de, no futuro próximo, assistirmos, no limite da retirada de sua própria remuneração), os dados mostram que o aumento de emprego se deveu à elevação dos informais, ou autônomos. Aqueles que vivem de bicos, mas por terem CNPJ, acreditam que se transformaram em empresários empreendedores.
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Bem, com um ministro da Economia capaz de vender a imagem de superior competência, entregando um resultado como o obtido até aqui, convenhamos que o corona vírus é até uma excelente desculpa para tanta incompetência.
Do jogador, e do técnico que o escalou e o  mantém.
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Ainda assim, prefiro Bolsonaro, o ex, esquentando a cadeira, já que a tinta da caneta se esgotou, que uma farda ocupando aquele espaço.
É isso aí.  Como ele falou, boa Páscoa. Que não seja apenas a passagem para o outro mundo, mas a reabilitação da vida e dos ideiais que a fazem dignas de serem vividas.

terça-feira, 7 de abril de 2020

A pergunta de um milhão de dólares: Quando Mandetta vai dispensar Bolsonaro?

É triste e forçoso ter de reconhecer a veracidade do ditado popular de que "não há nada tão ruim que não possa ficar pior". 
Frase que uma pesquisa no Google não permitiu a identificação da autoria. Menos mal, o site "Quem disse" informa tratar-se de um provérbio de origem inglesa. 
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E não é que, em meio à pandemia do Covid-19, insatisfeito com o protagonismo de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o destemperado ex-militar do Exército Nacional, "convidado a pedir para passar à reserva", e que, infelizmente, ocupa o principal posto do Executivo nacional, resolve que vai exonerar o ministro do seu cargo. 
Tudo porque o brilho do ministro e o apoio popular revelado pelas pesquisas de opinião pública mais mais que dobrou a aprovação do presidente. 
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Confesso que não sei se é apenas insegurança, se é alguma característica de personalidade narcísica, bastante fora da normalidade,  doentia, mórbida até,  ou se a explicação para o comportamento do presidente se deve à canalhice de um indivíduo que se compraz em elogiar a tortura e torturadores.
Ou se segue alguma lógica perversa, alguma estratégia que o obriga a prosseguir dando voz, seja por que forma ou meio ele tenha que chamar a atenção, para que seja mantida em fogo alto uma pretensa batalha contra tudo que a imaginação,  a fantasia ou o delírio possam caracterizar como fruto de ações da esquerda ou dos esquerdopatas, do marxismo cultural ou do multiculturalismo que se instalou em todo o mundo e que domina os principais foruns e organismos multilaterais existentes.
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Curiosa, em minha opinião, o fato de a proximidade com a loucura em seu estágio mais bruto, afetar algumas pessoas consideradas mais informadas, formalmente mais educadas, com nível mais elevado de qualificação, a ponto de permitir-lhes identificar a patologia em tudo e todos. Razão do gozo que sentem ao se referirem a qualquer pessoa que não pense ou aja da forma deturpada como estão agindo e pensando, como esquerdopatas. 
Ou seja: são suficientemente inteligentes para identificarem a patologia à sua volta. Mas não conseguem desvencilhar-se do mal que lhes capturou e que vai envolvendo-os e transformando-os na antítese do estudioso que um dia desejaram ser. 
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Transformaram-se em meras marionetes, meras caixas de ressonância de  um movimento que, em outras circunstâncias mereceriam deles a repulsa.
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Mas, foi assim também quando da ascensão de Hitler na Alemanha, ou de Mussolini na Itália ou até de Franco na Espanha. Cidadãos do bem, de boa índole e alguns de alta qualificação foram cooptados, ludibriados e, sem que se dessem conta transformaram-se nos arautos, nos relações públicas de toda a banalidade do mal. 
Entre esses,  a história revela cientistas, filósofos, músicos, artistas, profissionais liberais, gentes tanto da oligarquia financeira quanto do capital industrial e da pequena burguesia.
Em comum, todos apresentando a mesma cegueira ou envergando a mesma viseira, que os levava a identificar ao alcance da imaginação e não apenas da visão, um verdadeiro terror, representado pelas massas comunistas, na defesa de seus interesses e de seus direitos, sempre negados.
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Essa mesma visão dantesca, continua sendo permanentemente cultivada para permitir a manutenção do domínio sobre mentes e corações mais suscetíveis às ameaças de um pretenso e até folclórico movimento destinado a lhes roubar a liberdade, a individualidade, as propriedades, posses, riquezas e até a esperança. 
De fato, o medo que alimenta esses pobres coitados nasce da consciência de que  sua independência e liberdade se fundamentam na desigualdade e na exploração que assistem ter lugar e a qual apoiam. E que, um dia, irá acabar por desnudar-se, quando serão obrigados a repartir com outros os nacos que sempre reservaram para si. 
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Mas, deixando essas elucubrações de lado, retornemos ao tema central do pitaco: as ações do Cavalão da triste figura em que, cada vez mais, vai se transformando Bolsonaro. 
Fosse um líder e não um paspalho, teria sido o primeiro a admitir que teria muito a ganhar em prestígio e popularidade eleitoral se em todo os instantes, aparecesse ao lado, incentivando, dando força, reiterando o acerto das medidas adotadas por Mandetta e sua equipe.
Afinal, proporcionasse tal apoio, a cada momento poderia lembrar a toda a população de que não poderia ter feito  melhor escolha para comandar uma área tão importante de qualquer governo, principalmente em momento em que essa área, a Saúde, passa por teste de tal envergadura. 
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Trump, seu ídolo, começou a tratar do problema da pandemia com a mesma displicência e desprezo. 
Ao que se sabe, até chegando a se atritar com seu secretário responsável pelas ações de saúde. Até que "caiu a ficha" para o também egocêntrico presidente americano. 
E Trump percebeu que ao invés de fritar, queimar e até destituir seu auxiliar, deveria capitalizar o apoio que esse funcionário atraía para quem o nomeou e o apoiava.
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Porque razão os ideólogos de seu governo, os filhos do mal e os funcionários do Gabinete do Mal que coordenam, não perceberam que essa seria uma forma de manter a popularidade de Jair em alta é, para mim, um mistério. 
Porque não fizeram o Messias, nessa época de Páscoa, cavalgar na onda de popularidade de seu auxiliar eu confesso não entender. 
Afinal, duvido que fosse por achar que ao agir dessa forma, seria Bolsonaro que estaria se submetendo a Mandetta, invertendo aquilo que só não reconhece alguém que fosse mal intencionado. Por que é claro que Mandetta era um ilustre desconhecido, mesmo que médico competente, técnico, político e até deputado. 
O alegado mito, até meados de 2019, era o outro. 
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Daí, entende-se a razão de o presidente resolver apostar uma queda de braço com seu ministro, em um instante em que todo o resto do governo teme os efeitos do corona vírus e prefere ficar ao lado de quem sabe do que está falando e transmite a impressão de ter segurança no que está falando e em suas ações. 
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Motivo porque Bolsonaro, tentando mostrar sua importância, poder e força, acabou mostrando que não passa de um fantasma, um espectro a vagar pelos palácios e até ruas de Brasília, um morto vivo  capaz apenas de agradar aos populares que, acreditando no poder do sobrenatural em relação à ciência, ainda continuam acorrendo à portaria do Palácio, atrás de risos fáceis e falsos de seu guru maior. 
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Alegar que o apoio à Mandetta implicaria em desarticulação da Economia, o que levaria seu des-governo para o lugar de o mais desastrado de todo o período republicano (não digo nem depois da redemocratização) é uma tolice total. 
Ao contrário, agindo como líder, mesmo indo contrário ao seu posto Ipiranga, cada vez com combustível mais falsificado, e imediatamente tomando decisões semelhantes àquelas de Trump, seu guru, ou de outros líderes de Executivo mundo afora, Bolsonaro poderia se cacifar junto a toda a população, principalmente os mais desvalidos. 
Para tanto, bastaria determinar a concessão de apoio financeiro, ágil, em montante razoável a todos os que pudessem estar prejudicados na crise, empresários, autônomos, informais, etc. 
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Evitasse se agarrar às opções preferenciais da equipe liberal da Economia, pela manutenção do orçamento e do equilíbrio fiscal; pela projeção de evolução da dívida pública futura; pela necessidade de se privatizar nesse momento, ele poderia ganhar mais apoio, suficiente para, lá na frente, poder cobrar dos beneficiados de agora, sua parcela de sacrifício e contribuição para o ajuste das contas do país. 
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Mas, na direção contrária desse comportamento, o que o governo faz, cada vez mais flagrantemente é postegar, adiar, protelar qualquer apoio. O que é perigoso, pois depois de acenar com benesses, e criar no povo uma expectativa, negar tais esperanças ou adiá-las é criar a pressão que pode fazer explodir a panela já em fogo alto. 
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Pior ainda, é verificar a quantidade de agressões que seu governo, sem sua desautorização, e até mesmo seu filho, fazem em relação a parceiro comercial do país, que não apenas tem se mostrado o maior dos parceiros, mas pode prestar o auxílio para nos ajudar a sair da crise da Covid. 
O que tem se repetido tão constantemente, que parece ser uma campanha orquestrada para criar mesmo uma situação de total beligerância com a China e seus possíveis aliados, ainda que de ocasião. 
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O que quer o Brasil?
O que querem os Eduardos Bananinhas e os iletrados Weintraubs? O que quer o Ernesto Araújo, outro espantalho inútil na casa do Barão do Rio Branco?
O quer o Carluxo em sala no Planalto, sem cargo para tanto? O que quer o oligofrênico Olavo de Carvalho?
Será apenas tumultuar pelo tumulto?
Ou sua estratégia é manter uma constante chama crepitando o fogo da discórdia entre os homens?  
Será que é a persistente sobrevivência do comunismo como mal maior da humanidade?
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Porque o que é certo é que tão autoritário como pode ter sido o regime comunista, tão tirânico e criminoso, também não há como negar terem sido os regimes escudados pela ultra-direita, tais como o nazi-fascismo, o fascismo do Duce, o franquismo ou o salazarismo, para não falar em Orbán na Hungria. 
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Então, o mal não está na posição em que se situa o autoritarismo, mas na possibilidade de sua vigência. 
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Para concluir as divagações desse pitaco, revelo apenas a expectativa criada depois da reunião ministerial de ontem em que Bolsonaro perdeu a chance de ficar quieto, perdeu poder, e perdeu espaço em seu governo: a pergunta que não quer calar e que vale um milhão de dólares.
Quando é que Mandetta vai demitir Bolsonaro?