quarta-feira, 29 de abril de 2020

Milagre e fake do Messias; indicações para cargos; há uma guerra em andamento?

Milagres e Fake

Não é incomum a fabricação de milagres para atrair a atenção, a crença, a grana de milhares e milhares de pessoas desesperadas, prontas para se tornarem vítimas de estelionatários, oportunistas, aproveitadores.
Hollywood chegou a fazer um filme, estrelado por Steve Martin, “Fé demais não cheira bem”, em que utiliza do humor para denunciar e criticar procedimentos de Igrejas evangélicas americanas, para agarrar e extorquir incautos. Em geral, pessoas de boa fé e pouca cultura formal.
Desnecessário dizer que a Igreja Católica, com todas as propriedades e patrimônio acumulado ao longo dos anos não tem também seus atos criticáveis e suas indulgências....
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Mas, questionado sobre o avanço da mortandade provocada pelo corona vírus quando chegava ao Palácio, à noite, Bolsonaro disse claramente: “... eu sou Messias, mas não faço milagre”.
FAZ SIM.
O milagre de Sadim, que ao contrário de Midas da mitologia, transformava em esterco tudo em que punha a mão ou os olhos.
Bolsonaro faz milagres sim: no caso, da destruição de nosso Estado democrático de direito.
Da desconstrução de nossas instituições, e de nossa sempre tenra democracia.
Não por ser jovem, mas por sempre poder ser tomada de assalto por sedutores, espertalhões, tipos mau caráter, como Jair MESSIAS Bolsonaro.
Então, mais uma vez, esse ordinário que vendeu ilusões para ampla parcela da população e sua famílicia de desajustados e canalhas, está é produzindo mais uma fake.
Simples assim.

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Um reconhecimento

Em nosso regulamento legal, existem basicamente dois tipos de cargos no serviço público, cada vez mais inchados de trabalhadores vinculados a contratos de mão de obra terceirizada e por celetistas para emprego definidos em lei.
Cargos públicos são os de provimento efetivo,  cujo acesso é privativo de todos aqueles que se submeteram a concurso público, de provas e títulos, e que sec tornaram nos anos recentes em nosso país, em objeto de desejo, inveja, exacerbada concorrência e agressões de ampla parcela de nossa sociedade.
Tais agressões advém não apenas do desconhecimento dos diplomas legais que regem os cargos, de sua espeficidade e dos direitos e deveres a que se sujeitam, mas de uma campanha de difamação cuja raiz muitas vezes pode ser encontrada em representantes do setor privado, em geral defensores de ideias liberais, fundadas na lógica do deus mercado, divindade ex-machine.
Mais interessados em desconstruir o aparelho de Estado, em que atuam esses servidores, a intenção mais recôndita e inconfessável desses críticos é a de reduzirem o tamanho e a força regulatória do Estado ao que é convenientemente denominado Estado mínimo, responsável apenas pela prestação de serviços como saúde, educação e administração da Justiça e segurança e defesa. Do patrimônio, não das pessoas.
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Em casos mais extremos, alguns desses liberais propõem até mesmo que áreas como saúde e educação tenham sua prestação transferida à iniciativa privada, transformando tais serviços em mercadorias, como em mercadorias já foram transformadas todas as coisas importantes à nossa vida, inclusive os afetos, e até mesmo as pessoas.
Apenas a título de observação, a privatização do serviço médico nos Estados Unidos é uma das explicações para a virulência com que a pandemia da Covid se alastrou e colecionou vítimas naquele país.
Em nosso caso, é a razão de termos conseguido até agora resultados melhores, especialmente no tratamento de nossos infectados. A razão tem nome: chama-se SUS, que tantos tentam destruir, inclusive sonegando as verbas e recursos para sua expansão, equipamento, condições de remuneração mais adequada para seus dedicados profissionais, sejam médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares de toda espécie, administrativa, de limpeza, e tantos outros.
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Na Inglaterra, onde funciona um programa de saúde pública – o Serviço Nacional de Saúde -de reconhecimento amplo, alguns liberais ou conservadores tentaram solapar oe istema. Sem sucesso, como constatado, pelo próprio primeiro ministro conservador, Boris Johnson. Felizmente para ele (que até elogiou os cuidados de enfermeiros imigrantes, outro grupo vítima de propostas de medidas de caráter xenófobo e ataques de todo tipo).
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A depender desses liberais, instituiríamos a situação prevista por vários filósofos e analistas, além de diretores de filmes como Blade Runner, de uma sociedade de policiais e fiscais de rendas. Além de magnatas das finanças – poucos – e, claro, trabalhadores replicantes.
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O segundo tipo de cargo é aquele de recrutamento amplo, também chamado em comissão. Por definição, temporário. Destinado a que o político eleito para um mandato temporário possa cercar-se de pessoas em quem tenha confiança, em geral amigas, com a finalidade de prestarem consultoria, assessoria, ou mesmo gerirem áreas que exijam um conhecimento para o qual o mandatário não tem qualquer obrigação de conhecerem em profundidade.
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Por óbvio, o gestor público convoca para ocupar tais funções, pessoas que atendam a requisitos, como conhecimento, vida ilibada, etc. Mas não choca a ninguém o fato de que, em geral, se nomeiam amigos para ocupar tais cargos, já que parentes estão proibidos pela lei que veda do nepotismo.
Se o cargo é de confiança, dificilmente será indicado para ocupá-lo, um desconhecido. Em geral é um amigo.
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Todo esse discurso, para reconhecer que não há nada de mais criticável, na indicação de sua livre e exclusiva escolha, feita por Bolsonaro, de amigos para ocuparem postos de ministro ou diretor geral no Ministério da Justiça ou na Polícia Federal.
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Ainda mais que ambos atendem aos requisitos, o ministro, com saber jurídico e reconhecimento, inclusive internacional, o outro delegado de carreira.
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Ser amigo, não é o problema.
Ter altivez para honrar o cargo, não se tornar mero sabujo, não deixar de cumprir fielmente seu mandato, essa sim são situações que devem ser objeto de ataques virulentos, caso venham a se efetivar no futuro.
Nunca é demais admitir que, mesmo mui amigo, ao se alçado a certas posições, algumas pessoas percebem que entre o lixo e a demissão publicada no Diário Oficial, é melhor sair como heroi. Caso por exemplo, do falacioso Mandetta. Situação em que o criminoso e desqualificado Moro não se enquadra.
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A esperar, para ver. E que a Associação de Delegados da PF fique atenta e vigilante, contando com o apoio de toda a sociedade que ainda não se deixou ser seduzida e se tornou fiel à imagem de mito ou Messias que Bolsonaro e seus amalucados filhos procuram difundir.
É perigoso, não há dúvidas. Mas maior perigo existe não para o travamento de investigações, em minha opinião, cuja percepção é mais evidente.
Perigo maior virá em decorrência do acesso a informações privilegiadas e pela segurança de testemunhas, investigados, políciais e até pessoas ligadas a atividades espúrias da familícia que ocupa o Planalto, cujas vidas poderão passar a correr sérios riscos.
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Pandemia e o gado bolsominion

Apesar de muita gente dizer que entende de números e estatísticas, não há como negar que os números, mesmo sob tortura, não mentem.
Torturadores matam operários e jornalistas, como Joel e Wladimir. Milicianos assassinos, matam Marielles.
A Covid mata o povo. Rico. Pobre. Morador em bairros de poder aquisitivo alto, médio ou comunidades e periferias. Até em tribos indígenas, atacadas por bandoleiros, assassinos, posseiros e grileiros, e desamatadores, amigos e protegidos por fascínoras com Salles e suas ações contra a natureza tornam-se vítimas, também de mais esse vírus.
E agora? Estatísticos e matemáticos de araque, defensores da terra plana. Ou mero gado a mugir em redes sociais?
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Toda essa situação me fez lembrar, assim como um vídeo, acho que do Eduardo Moreira, da série The Waltons, que assistia nos meus tempos de infância. Em que em meio a toda a crise de 29, todo o baque que destruiu fortunas e até vidas, as famílias que viviam no campo, plantando, cultivando, tinham a capacidade de, ao menos, assegurarem sua sobrevivência. Com uma vida sóbria, consumo mínimo, disposição para a luta e fé.
Mas sobretudo, acesso à terra.
E trabalho. A mola mestra que move toda a engrenagem de produção de nossa sociedade.
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Presságio e Medo

Porque Bolsonaro altera decreto que determinava rastreamento de munições, compradas em quantidade limitada, enquanto seu filho bananinha e idiota faz discurso para um ministro armamentista?
Qual o vínculo desses eventos, com adeptos da seita bolsonarista, que atiraram com balas de chumbinho, naqueles que batiam panelas contra o pior presidente da nossa história? Ou com a gangue de atiradores de clubes de tiros, que nas redes sociais fizeram demonstrações de apoio e solidariedade a Bolsonaro, com saraivada de tiros de todos os calibres e armas?
Temo que Bolsonaro prepara um golpe. De afirmação ou defesa contra um possível e já mais que devido “impeachment”.
Temo a reação de adeptos dessa manifestação do MAL armados e municiados, pelas ruas, abrindo pela vez primeira a guerra civil, cruenta, que nunca tivemos de forma urbana em nosso país.

5 comentários:

Unknown disse...

Paulo, neste momento de incertezas assistir um presidente com postura agressiva, falando à nação em tom de embate e, pior, perceber que existem seguidores que apoiam essa postura me causa tanto medo do futuro... mais medo até do que desta pandemia. Seu texto coincidiu com uma conversa que tive com meu pai no último fim de semana. Ele me disse: se a coisa toda ficar difícil venha (ele mora na zona rural) que plantamos para comer. Eu ensino como fazer. Neste momento ele me deu esperança. Um forte abraço e obrigada pelo texto de hoje.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valter Mota disse...

Realmente, como diz o amigo acima, é de dar medo! Principalmente dos seguidores, que diante de vários fatos, evidências, números, preferem acreditar que tudo não passa de planos para derrubar o "Messias milagreiro", como você fez na feliz analógia com o Milagre de Sadim. Mas e como faz pra que os "cheios de fé" enxerguem realmente o anti-milagre?
Que Odim, Zeus e todos os Deuses nos acuda!

Anônimo disse...

Meu primeiro comentário é sobre funcionários públicos. Salvo engano, foi Collor quem iniciou ou deu maior enfase em criar um estereótipo de ineficaz sobre os servidores, com aquela pecha de "cassador de marajás". Estereótipo que foi amplamente comprado e reproduzido pelos principais meios de comunicação na época (Veja, Isto é, Globo) e assim rapidamente assimilados pelo senso comum. FHC ignorou os servidores em sua gestão em especial aqueles ligados às universidades federais, Lula não os poupou, protagonizando uma reforma previdenciária, que a população simplesmente ignora. Trabalhei no HC, como contratado, e assisti in loco o comprometimento da imensa maioria dos servidores com o bem estar dos pacientes.
Todo este processo de destruição do Estado passa pela criação e fortalecimento do esteriótipo do servidor como ineficaz e indolente. Como em qualquer categoria profissional, eles existem mesmo. Mas trata-se de uma minoria.
Há que se lembrar ainda que até mesmo aqueles países tidos como liberais, neste e em outros momentos de crise econômica abandonam a sua cartilha, por sua vez indica o reconhecimento de que o deus mercado não acolhe nada onde não possa ter retorno imediato.
Quanto ao já ir... estamos diante de uma esfinge, só que desta vez ao invés do "decifra-me ou devoro-te" está dizendo à sociedade "se não me conterem, devora-los-ei". A barra vem subindo e só agora a sociedade começa a reagir, mas que no meu entendimento, ainda de maneira tacanha. Desnecessário descrever o desdém pela população, instituições ou ainda qualquer sombra de respeito por quem quer que seja.
guedes poderá ainda usar esta crise como instrumento para acelerar o seu plano macabro de dilapidar o patrimônio do país.
Neste sentido Moro prestou um grande serviço ao país, afinal foi sua postura de paladino no imaginário coletivo, quem colocou em dúvida a imagem de já ir. Pelo menos para boa parte da população que ainda era adepta a criação de mitos, heróis e milagreiros. Diversas associações de classe, inclusive de médicos, protestaram pela sórdida frase de ontem, dita por já ir, bem como sobre suas críticas a governadores e prefeitos.
Mas é por debaixo dos panos (como bem cantou Ney Matogrosso) que a sopa quente é sendo tomada. já ir quis nomear um amigo para a PF (felizmente suspensa pelo STF), colocou mais uma vaca de presépio, agora no Ministério da Saúde; já ir editou medida para poder nomear reitores nas universidades federais... já ir precisa de ser barrado e talvez quem sabe, assim poderemos estacar a bolsoropatia, doença altamente letal, em curto, médio e longo prazo.

Fernando Moreira

Unknown disse...

Seu medo e presságio nesse momento de incerteza é mais que justificável.

A cada dia que passa fica mais claro que o único instrumento utilizado por esse desgoverno é o embate, a briga, a treta, confusão.
O presidente continua "governando" para o seu eleitorado e faz questão de mostrar isso com suas declarações estapafúrdias.

Para se manter/fortalecer ele apela para a única coisa que sabe fazer, personificar inimigos e combate-los.

Nesse período não foram poucos:

Não precisa ser oposição ao presidente para ser combatido, basta não concordar com alguma coisa que ele fala.

Esse combate não fica à cargo somente do presidente, pois além do gabinete do ódio, ele conta com a ajuda dos seus ministros da educação, meio ambiente, relações internacionais, da mulher e família.. que estão mais preocupados em lacrar, polarizar debates do que realizar o seu trabalho.

Isso inflama a briga do "nós" contra "eles"..
Essa tensão só tem aumentado..

Matheus Guimarães