Frase que
uma pesquisa no Google não permitiu a identificação da autoria. Menos mal, o
site "Quem disse" informa tratar-se de um provérbio de origem
inglesa.
***
E não é
que, em meio à pandemia do Covid-19, insatisfeito com o protagonismo de seu
ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o destemperado ex-militar do
Exército Nacional, "convidado a pedir para passar à reserva", e que,
infelizmente, ocupa o principal posto do Executivo nacional, resolve que vai
exonerar o ministro do seu cargo.
Tudo
porque o brilho do ministro e o apoio popular revelado pelas pesquisas de
opinião pública mais mais que dobrou a aprovação do presidente.
***
Confesso
que não sei se é apenas insegurança, se é alguma característica de
personalidade narcísica, bastante fora da normalidade, doentia, mórbida
até, ou se a explicação para o comportamento do presidente se deve à
canalhice de um indivíduo que se compraz em elogiar a tortura e torturadores.
Ou se
segue alguma lógica perversa, alguma estratégia que o obriga a prosseguir dando
voz, seja por que forma ou meio ele tenha que chamar a atenção, para que seja
mantida em fogo alto uma pretensa batalha contra tudo que a imaginação, a
fantasia ou o delírio possam caracterizar como fruto de ações da esquerda ou
dos esquerdopatas, do marxismo cultural ou do multiculturalismo que se instalou
em todo o mundo e que domina os principais foruns e organismos multilaterais
existentes.
***
Curiosa,
em minha opinião, o fato de a proximidade com a loucura em seu estágio mais
bruto, afetar algumas pessoas consideradas mais informadas, formalmente mais
educadas, com nível mais elevado de qualificação, a ponto de permitir-lhes
identificar a patologia em tudo e todos. Razão do gozo que sentem ao se
referirem a qualquer pessoa que não pense ou aja da forma deturpada como estão
agindo e pensando, como esquerdopatas.
Ou seja:
são suficientemente inteligentes para identificarem a patologia à sua volta.
Mas não conseguem desvencilhar-se do mal que lhes capturou e que vai
envolvendo-os e transformando-os na antítese do estudioso que um dia desejaram
ser.
***
Transformaram-se
em meras marionetes, meras caixas de ressonância de um movimento que, em
outras circunstâncias mereceriam deles a repulsa.
***
Mas, foi
assim também quando da ascensão de Hitler na Alemanha, ou de Mussolini na
Itália ou até de Franco na Espanha. Cidadãos do bem, de boa índole e alguns de
alta qualificação foram cooptados, ludibriados e, sem que se dessem conta
transformaram-se nos arautos, nos relações públicas de toda a banalidade do
mal.
Entre
esses, a história revela cientistas, filósofos, músicos, artistas,
profissionais liberais, gentes tanto da oligarquia financeira quanto do capital
industrial e da pequena burguesia.
Em comum,
todos apresentando a mesma cegueira ou envergando a mesma viseira, que os
levava a identificar ao alcance da imaginação e não apenas da visão, um
verdadeiro terror, representado pelas massas comunistas, na defesa de seus
interesses e de seus direitos, sempre negados.
***
Essa
mesma visão dantesca, continua sendo permanentemente cultivada para permitir a
manutenção do domínio sobre mentes e corações mais suscetíveis às ameaças de um
pretenso e até folclórico movimento destinado a lhes roubar a liberdade, a
individualidade, as propriedades, posses, riquezas e até a esperança.
De fato,
o medo que alimenta esses pobres coitados nasce da consciência de que sua
independência e liberdade se fundamentam na desigualdade e na exploração que
assistem ter lugar e a qual apoiam. E que, um dia, irá acabar por desnudar-se,
quando serão obrigados a repartir com outros os nacos que sempre reservaram
para si.
***
Mas,
deixando essas elucubrações de lado, retornemos ao tema central do pitaco: as
ações do Cavalão da triste figura em que, cada vez mais, vai se transformando
Bolsonaro.
Fosse um
líder e não um paspalho, teria sido o primeiro a admitir que teria muito a
ganhar em prestígio e popularidade eleitoral se em todo os instantes,
aparecesse ao lado, incentivando, dando força, reiterando o acerto das medidas
adotadas por Mandetta e sua equipe.
Afinal,
proporcionasse tal apoio, a cada momento poderia lembrar a toda a população de que
não poderia ter feito melhor escolha para comandar uma área tão
importante de qualquer governo, principalmente em momento em que essa área, a
Saúde, passa por teste de tal envergadura.
***
Trump,
seu ídolo, começou a tratar do problema da pandemia com a mesma displicência e
desprezo.
Ao que se
sabe, até chegando a se atritar com seu secretário responsável pelas ações de
saúde. Até que "caiu a ficha" para o também egocêntrico presidente
americano.
E Trump
percebeu que ao invés de fritar, queimar e até destituir seu auxiliar, deveria
capitalizar o apoio que esse funcionário atraía para quem o nomeou e o apoiava.
***
Porque
razão os ideólogos de seu governo, os filhos do mal e os funcionários do
Gabinete do Mal que coordenam, não perceberam que essa seria uma forma de
manter a popularidade de Jair em alta é, para mim, um mistério.
Porque
não fizeram o Messias, nessa época de Páscoa, cavalgar na onda de popularidade
de seu auxiliar eu confesso não entender.
Afinal,
duvido que fosse por achar que ao agir dessa forma, seria Bolsonaro que estaria
se submetendo a Mandetta, invertendo aquilo que só não reconhece alguém que
fosse mal intencionado. Por que é claro que Mandetta era um ilustre
desconhecido, mesmo que médico competente, técnico, político e até deputado.
O alegado
mito, até meados de 2019, era o outro.
***
Daí,
entende-se a razão de o presidente resolver apostar uma queda de braço com seu
ministro, em um instante em que todo o resto do governo teme os efeitos do
corona vírus e prefere ficar ao lado de quem sabe do que está falando e
transmite a impressão de ter segurança no que está falando e em suas
ações.
***
Motivo
porque Bolsonaro, tentando mostrar sua importância, poder e força, acabou
mostrando que não passa de um fantasma, um espectro a vagar pelos palácios e
até ruas de Brasília, um morto vivo capaz apenas de agradar aos populares
que, acreditando no poder do sobrenatural em relação à ciência, ainda continuam
acorrendo à portaria do Palácio, atrás de risos fáceis e falsos de seu guru maior.
***
Alegar
que o apoio à Mandetta implicaria em desarticulação da Economia, o que levaria
seu des-governo para o lugar de o mais desastrado de todo o período republicano
(não digo nem depois da redemocratização) é uma tolice total.
Ao
contrário, agindo como líder, mesmo indo contrário ao seu posto Ipiranga, cada
vez com combustível mais falsificado, e imediatamente tomando decisões
semelhantes àquelas de Trump, seu guru, ou de outros líderes de Executivo mundo
afora, Bolsonaro poderia se cacifar junto a toda a população, principalmente os
mais desvalidos.
Para
tanto, bastaria determinar a concessão de apoio financeiro, ágil, em montante
razoável a todos os que pudessem estar prejudicados na crise, empresários,
autônomos, informais, etc.
***
Evitasse
se agarrar às opções preferenciais da equipe liberal da Economia, pela
manutenção do orçamento e do equilíbrio fiscal; pela projeção de evolução da
dívida pública futura; pela necessidade de se privatizar nesse momento, ele
poderia ganhar mais apoio, suficiente para, lá na frente, poder cobrar dos
beneficiados de agora, sua parcela de sacrifício e contribuição para o ajuste
das contas do país.
***
Mas, na
direção contrária desse comportamento, o que o governo faz, cada vez mais
flagrantemente é postegar, adiar, protelar qualquer apoio. O que é perigoso,
pois depois de acenar com benesses, e criar no povo uma expectativa, negar tais
esperanças ou adiá-las é criar a pressão que pode fazer explodir a panela já em
fogo alto.
***
Pior
ainda, é verificar a quantidade de agressões que seu governo, sem sua
desautorização, e até mesmo seu filho, fazem em relação a parceiro comercial do
país, que não apenas tem se mostrado o maior dos parceiros, mas pode prestar o
auxílio para nos ajudar a sair da crise da Covid.
O que tem
se repetido tão constantemente, que parece ser uma campanha orquestrada para
criar mesmo uma situação de total beligerância com a China e seus possíveis
aliados, ainda que de ocasião.
***
O que
quer o Brasil?
O que
querem os Eduardos Bananinhas e os iletrados Weintraubs? O que quer o Ernesto
Araújo, outro espantalho inútil na casa do Barão do Rio Branco?
O quer o
Carluxo em sala no Planalto, sem cargo para tanto? O que quer o oligofrênico
Olavo de Carvalho?
Será
apenas tumultuar pelo tumulto?
Ou sua
estratégia é manter uma constante chama crepitando o fogo da discórdia entre os
homens?
Será que
é a persistente sobrevivência do comunismo como mal maior da humanidade?
***
Porque o
que é certo é que tão autoritário como pode ter sido o regime comunista, tão
tirânico e criminoso, também não há como negar terem sido os regimes escudados
pela ultra-direita, tais como o nazi-fascismo, o fascismo do Duce, o franquismo
ou o salazarismo, para não falar em Orbán na Hungria.
***
Então, o
mal não está na posição em que se situa o autoritarismo, mas na possibilidade
de sua vigência.
***
Para
concluir as divagações desse pitaco, revelo apenas a expectativa criada depois
da reunião ministerial de ontem em que Bolsonaro perdeu a chance de ficar
quieto, perdeu poder, e perdeu espaço em seu governo: a pergunta que não quer
calar e que vale um milhão de dólares.
Quando é
que Mandetta vai demitir Bolsonaro?
Nenhum comentário:
Postar um comentário