quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Chamada de alerta! Voto dia 2. Veja no link do youtube: https://youtu.be/bqreW5r2z-w

Vá ao link:

https://youtu.be/bqreW5r2z-w


Texto descritivo do conteúdo do vídeo do youtube:


 A intenção aqui não é lacrar.

Longe disso!

É defender a DEMOCRACIA. O cumprimento irrestrito das LEIS.

É lutar pela LIBERDADE, o Direito à Individualidade, expressos no respeito ao outro.

Na EMPATIA!

Na SOLIDARIEDADE e na busca de JUSTIÇA e EQUIDADE.

É a preocupação em reduzir ou eliminar as desigualdades sociais.

 

Para isso não é possível votar no ódio.

Optar por quem anda e protege milícias, como os assassinos de Marielle Franco. Optar, e proteger, por aqueles que invadem terras públicas, degradam o meio ambiente.

Não é possível optar por quem limita a transparência e decreta sigilos de até 100 anos. Se apropria da coisa pública, desde as rachadinhas às salas do Palácio Alvorada, que julga sua propriedade.

De quem se julga dono das Forças Armadas, de instituições como a Polícia Federal e até de demais Forças Militares, de outros níveis de governo.

Quem arma o golpe deve ser derrotado pelo voto, nas urnas.

Dia 2, vote Lula!


O 'minerinho desconfiado" Zema, e a história da esperteza que engole o espertinho

A inapetência de Zema para governar o Estado não pode ser jamais ampliada. Ela existe e ponto.

Situação que contrasta, ao que tudo indica, com sua capacidade para gerir os negócios privados, da família.

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Em relação aos negócios do grupo Zema, de que é herdeiro e que dirigiu até assumir o governo do Estado, teve importante papel na expansão do grupo, o que lhe permite conhecer bem as condições do mercado de trabalho, por exemplo, na região do Vale do Mucuri.

É esta região, que detém 5,1% da população do estado e apenas 1,9% do PiB estadual e que apresenta o menor PIB per capita de todo o Estado que foi alvo de declaração do governador a respeito da facilidade de se instalar empresas e contratar trabalhadores ao preço de um salário.

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Também é no Vale que, segundo Zema, contratar uma doméstica por 300 reais era muito fácil.

Mas a intenção ao recordar tais declarações infelizes do governador que tenta sua reeleição não é acusá-lo de prática de uma espécie de trabalho escravo, ou de hiperexploração do trabalho doméstico, nem tampouco o de destacar um fato que me parece inquestionáve: o governador descumpre a lei. E se não o faz de fato, incita outros a fazerem, o que em minha opinião alcança a mesma gravidade.

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Afinal, o mínimo que se exige de um chefe de poder Executivo é que cumpra a legislação em vigor, sob pena de desmoralizar-se e a toda a estrutura que integra o Estado de Direito.

No entanto, a recordação de tais afirmações tem fundamentos que explico a seguir.

Não sem antes destacar que o governador é um frasista nato.

Autor de frases marcantes e lacradoras, como a que proferiu quando do lançamento do auxílio emergencial pago pelo estado de Minas na pandemia, no valor de 600 reais.

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Zema queria pagar parcelado em 3 vezes, talvez pelo cacoete de dono da Financeira Zema de seu grupo.

Como se sabe, os grupos de lojas de venda de bens de consumo preferem, em geral, que as vendas não sejam à vista, mas atreladas a financiamento de instituição financeira do próprio grupo. Com isso, vendem uma unidade do bem e o cliente paga por três. Ou seja, o interesse é vender a dívida e os juros.

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Derrotado pela Assembleia em sua pretensão, explicou-se com frase lapidar:

“Nós sabemos, infelizmente, que muitas pessoas ao receberem esse dinheiro não fazem uso adequado do mesmo, vão para o bar, para o boteco, e ali já deixam uma boa parte ou quase a totalidade do que receberam”... (original: (https://www.poder360.com.br/brasil/romeu-zema-afirma-que-beneficiarios-gastam-auxilio-emergencial-em-bar/)

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A frase revela não apenas preconceito mas uma total insensibilidade do governador. O que não deveria causar estranheza.

Acontece que, já expressei muitas vezes que a ideia de que o indíviduo bem sucedido no setor privado será o melhor gestor da coisa pública.

Esse pensamento é tão verdadeiro como uma nota de 3 reais. Primeiro por serem ambientes dominados por lógicas completamente distintas.

A lógica dos negócios privados é levar vantagem, ganhar a concorrência, se impor no mercado aos seus competidores. Não por acaso, o mercado é tratado como um ambiente de guerra.

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Pode até acontecer de algum setor, ou empresários mais esclarecidos e mais competentes, perceberem a importância de trabalharem no fortalecimento do interesse do grupo como um todo e não da empresa individual.

Situação que vários economistas sempre se preocuparam em estudar, seja sob a forma perversa da formação de grupos oligopólicos, seja sob distintas formas da prática imperialista.

Razão porque Marx chamava a atenção para que a concorrência mais importante não era a intrasetorial, mas a intercapitalista.

Com grupos de capital se digladiando, no processo revolucionário e de exploração do capital. No limite, esses grupos todos se uniriam em defesa do interesse maior, único, do CAPITAL.

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O ambiente público, ao contrário, exige do gestor uma ampliação dos interesses e dos horizontes. A aceitação da divergência e a busca da inclusão.

A formação de interesses coletivos, seja para o melhor aproveitamento das situações de monopólios naturais, seja para que a atividade pudesse ter financiamento mais distribuído, maior controle da gestão e, ao fim e ao cabo, benefícios maiores, representados por externalidades positivas.

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Embora admito que essa visão seja abstrata e até romântica, ela inclui e se beneficia das experiências compartilhadas, dos planejamentos debatidos e avaliados sob distintas e mais amplas visões.

Na realidade, sabemos, por experiência própria, da existência de interesses de classe, de grupos, de autênticos “caronas” que querem aproveitar-se dos resultados, eximindo-se das dificuldades de ter de se empenhar e colaborar na construção do bem comum.

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A lógica do governador, como empresário, é a de gerar números, resultados financeiros positivos, não necessariamente capazes de serem a expressão do atendimento de qualidade e equitativo a toda as pessoas, a todos os grupos, a todos os cidadãos.

Daí sua sanha pela privatização. Pela transformação do público em espaço para a circulação da mercadoria, do valor e do dinheiro. Sempre em busca apenas do processo ininterrupto da maior valorização do próprio valor.

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Mas para chegar à privatização total, ele deve, primeiro, desconstruir todo o arcabouço público, todo o aparato estatal.

Tal qual seu mentor em nível federal, Zema não apenas desrespeita as leis, a institutucionalidade, como já dito antes, e visa desmoralizar o próprio Estado de Direito, mas também visa destruir as condições de sustentação do Estado.

Tudo com o objetivo de, na maior e mais reconhecida penúria, ter de recorrer à iniciativa privada para cumprir os direitos sociais mínimos consagrados ao atendimento da população e da condição de cidadania, previstos em nossa Lei maior.

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Especificamente em nosso Estado, o objetivo conduzir o tesouro à situação de maior penúria e escassez de recursos, levou o governador empresário a aceitar negociar direitos do Estado,  decorrentes de créditos contra a União em razão da Lei Kandir, de forma a abrir mão de mais de 130 bilhões de reais.

Tudo para obter 8,7 bilhões em 30 anos.

Além disso, procura desaparelhar todo o aparato de prestação de serviços, seja por prometer e depois voltar atrás na correção de salários das forças da segurança pública; seja por impor a aceitação de um Regime de Recuperação Fiscal que nos impede de contratar novos servidores, para assegurar a correta e decente prestação de serviços à população.

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Tal regime, destina-se a transformar-se em uma camisa de força, uma lei de teto de gastos que a própria União já fez questão de desmoralizar na esfera federal.

Mas pior, e para mostrar sua inapetência pela gestão pública, pelo Regime, Zema admite que toda a gestão do Estado fique subordinada a uma Comissão, um triumvirato de que fazem parte 2 membros indicados pelo Governo Federal.

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Ah! mas ele colocou os salários do funcionalismo em dia.

É verdade. Ele conseguiu a proeza de pagar em dia, funcionários e até as transferências de fundos constitucionais para prefeituras.

Mas deve ser assinalado que, para isso, fez uso de recursos obtidos da Vale, a partir da tragédia da mineração em nosso Estado, de que ele dá sinais claros de que não irá abrir mão nem  regular; de recursos eventuais de nova renegociação de venda da folha de pagamentos do Estado; ou recursos deixados de pagar à União, no montante de perto de 30 bilhões, em razão de medidas liminares em favor do Estado, por ações adotadas por governos anteriores.

Não à toa, Zema apenas sabe, pensa e teme seu antecessor: Pimentel.  

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Sem qualquer traço ou espírito de gestor público, nem mesmo interesse em adotar políticas públicas que beneficiem àqueles que não participem de seu restrito círculo de relações e interesses, ao contrário de ter que dar saúde e educação, saneamento e segurança alimentar, além da segurança púlbica sem recursos para tanto, sua alternativa é optar pela terceirização  de serviços públicos, e transferir tais obrigações para o setor privado.

Setor que, mesmo que não tenha interesse em obter superlucros, de forma a não matar a galinha dos ovos de ouro, deverá cobrar preços capazes de compensarem custos e margens de lucro que tornem atraente o investimento no negócio.

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Sejam lucros mais abusivos ou mais bem comportados, ainda assim são provenientes de preços cobrados de quem não tem e nem deveria pagar por um direito que lhe foi assegurado como dever do Estado.  

Esse é Zema, o mineirinho come quieto. Que adota um jeito capiau de andar, falar, vestir-se.

Mas que deveria voltar à gestão de seus negócios, de onde jamais deveria ter saído.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

É preciso falar de Guedes e sua gestão. E das escolhas, inclusive em Minas

A economia do Brasil cresce. O país cria empregos de qualidade e a inflação está próxima ao intervalo de tolerância em relação à meta.

O país apresenta superávit fiscal, o dólar está em queda e o Banco Central errou ao adotar a política contracionista, elevando as taxas de juros desde meados do ano passado.

O governo promoveu uma reforma administrativa capaz de reduzir a despesa com a folha de pagamentos e, com seu programa de privatizações conseguiu gerar uma arrecadação próxima de 1 trilhão de reais.

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Em razão de tudo isso, os números do Relatório de Insegurança Alimentar e Nutricional são falsos. É mentira que 33 milhões de pessoas estejam passando fome no Brasil. O poder de compra está mais que preservado pela transferência de renda do Auxílio Brasil, que corresponde a 1,5% do PIB.

Pelo Dieese, o custo da cesta básica atingiu, em agosto, o valor de 749,78 reais, devido a quedas em seu preço nos dois meses anteriores.  

Em todo o país, a cesta variou entre 539,57 reais em Aracajú  e o valor  em São Paulo.

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Ou seja, o valor do Auxílio de 600 reais,  turbinado por jogadas eleitoreiras que contaram com a participação e aprovação do sinistro, compravam entre 1,1 e 0,80 cestas.

O cálculo do número de cestas adquiridas nos estados que representam os valores limites para a cesta básica ajuda bastante a ilustrar a contestação do ministro. Especialmente se se dobrar o valor do Auxílio, para as famílias com mãe solo.

Nesse caso, em Aracajú, para ficar na cidade mais favorável, uma família teria condições de comprar 0,07 de uma cesta ao dia, no caso dessa família de mãe solo não ter filhos...

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No início da tragédia que se instalou no país, a partir de 2019, Guedes foi recepcionado e saudado por todo o mercado financeiro como o salvador das finanças nacionais. Ainda que não consideremos que parte da acolhida ao sinistro eram hipoteca de solidariedade de seus colegas de instituições financeiras de onde era egresso, o que servia de garantia de que o setor seria sempre privilegiado, contribuía muito para o clima de aceitação generalizada algumas características da personagem, além do comportamento acrítico da mídia.

Vamos a tais características: como não é segredo para ninguém Guedes foi um dos economistas formados pela escola de Chicago, os “Chicago Boys”, que correram para prestar seus serviços e conhecimentos ao ditador Augusto Pinochet, no Chile. Vá lá que não tinha qualquer papel de relevância na gestão desastrosa que arrasou o Chile e a maioria de sua população em benefício de uma minoria privilegiada.

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Mais tarde, fundou o Banco BTG Pactual, instituição detentora tanto de reconhecido êxito quanto de acusações de irregularidades junto à CVM.

Também é reconhecido por ter ocupado a presidência do IBMEC, de onde vem sua ligação com o setor educacional, que apenas ganha reforço com o fato de sua irmã Elizabeth Guedes ser a vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Privadas.

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De formação ultraliberal e privatista por excelência, exerceu papel fundamental na tentativa de inviabilizar vários fundos de pensão ligados a instituições públicas como o Previ do Banco do Brasil, o Petros da Petrobrás, o Postalis dos Correios. Nesse caso, apesar das acusações que incluíam gestão fraudulenta – acusações que não avançaram – não logrou êxito em levar tais fundos à falência.

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Com relação ao comportamento acrítico e parcial da mídia, foi apresentado pelo terrorista deputado eleito para o mandato presidencial de 2019-2022 como o seu Posto Ipiranga. A verdadeira sumidade na área da Economia.

Bem, vindo de quem veio o elogio, apenas mesmo a aloprada aventura da imprensa tradicional na tentativa de se engajar no trem da vitória poderia servir de lastro ao indicado.

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Embora tenha que reconhecer que não era, ao menos de meu conhecimento, que ele havia feito várias leituras de Keynes. Em inglês, como fez questão de declarar na famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020, em que aconselhou à sua colega, a sinistra Damares, que deixasse eles se fuderem, no mais castiço português.

Antes, já em 2019 prometera e não conseguira alcançar resultado superavitário das contas públicas.

E já tinha dado declarações tornadas famosas e autoexplicativas, como a de que o dólar só chegaria a 5 reais, se o governo fizesse muita besteira.

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Outras declarações como a crítica aos passeios turísticos à Disney, das empregadas domésticas, ou o acesso do filho do porteiro ao ensino superior, também proferidas e difundidas, não merecem maiores críticas. Elas mostram quem é e o fundamento do pensamento de Guedes.

Agora, ficamos sabendo que ele está sofrendo efeito do fogo amigo, por parte dos integrantes do gabinete de campanha à reeleição do ministro. Ali, muitos o criticam alegando que demorou demais, por purismo, a acatar a necessidade de romper o teto de gastos; de dar aval à emenda dos precatórios, destinada a  “dar o cano” no direito reconhecido em última instância a milhares de credores do governo.

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Há que reconhecer que ele é vítima de duas forças: sua enorme incompetência, e da má vontade dos apoiadores do presidente. Afinal, foi ele e sua tremenda incapacidade e inexpressividade que permitiram a perda da gestão orçamentária, sob sua responsabilidade, pelo Executivo, para o Centrão.

O verdadeiro fator que explica o porquê de não termos assistido a um impeachment de seu líder.

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Também foi ele, e sua capacidade de se rebaixar e curvar-se como um capacho, que o levou já a apresentar, antes das eleições, a sugestão de se declarar Estado de Calamidade para 2023, de forma a que o teto de gastos possa continuar a ser despudoradamente desrespeitado.

De minha parte, já expressei  em pitacos anteriores que a calamidade maior é sua participação no governo, e a de seu patrão. Mas isso não é um estado que não poderia ser previsto.

Daí que não vejo qualquer dificuldade em entender porque ao longo do governo, e em reconhecimento a sua total e completa inaptidão,  seu patrão veio retirando todos os poderes que lhe deu no início do mandato. Ação a que o terrorista miliciano na presidência da república promete dar sequência, retalhando ainda mais o Ministério, agora para comprar apoio e votos de industriais, exportadores, etc.

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Guedes não deverá ficar só. Ficará apenas completamente isolado. Abandonado por todos que o aplaudiram.

Afinal, o que os empresários mais prezam, de qualquer setor de atividade é constância, estabilidade, estabelecimento de programas e metas e a busca de sua obtenção.

Nem é necessária a concordância integral com as propostas apresentadas pelo governo. Basta que haja propostas, planos, visibilidade no horizonte.

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E não o jogo de vaidades e servilismo desavergonhado, apenas para se manter sob os holofotes, talvez na ânsia de se ver livre de investigações que podem trazer à tona os maus feitos do sinistro proprietário de ‘off-shores’ não devidamente aclarados.

Mas, nesse governo, e daí o desespero em busca da reeleição ou até a proposta marota de anistia, vinda do sempre amigo e aliado Temer, o que todos desejam é a continuidade do foro privilegiado e de que o tempo permita que entre em cena a famosa e providencial  falta d memória do povo brasileiro.

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Não poderia encerrar o pitaco de hoje, sem falar minimamente do ridículo de um comício eleitoral feito em ambiente em que a agenda era a guerra  da Ucrânia e as preocupações que a cercam.

Isso para não falar da falta de respeito e decoro e, mais uma vez, empatia, do capitão da morte e de seus seguidores, na vergonhosa passagem por Londres, em razão de uma cerimônia fúnebre.

Mas, qualquer coisa que se fala desse estrupício que nos representa, e envergonha, apenas dá mais visibilidade e tempo para ocupar os meios de comunicação, confirmando sua capacidade de pautar a mídia.

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Tampouco não posso deixar de falar que de tudo ruim que poderia acontecer aos mineiros, ainda pior é somar-se ao miliciano, o candidato que se faz de mineirinho esperto e bom gestor: esse que quer abdicar do direito de gerir o povo mineiro, entregando a governança do Estado justamente a Guedes e seus prepostos.

Tudo isso via a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal, que nada recupera e vende todo o resto de Estado que nos resta.

  

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Dúvidas sobre a razão da insistência e a viabilidade de uma terceira via e outras dúvidas que não podem ser esquecidas

Interessante notar que,  de qualquer ângulo que a analisemos, Tebet, a palindrômica Simone, não consegue alterar ou disfarçar o verdadeiro sentido de sua candidatura oportunística e conservadora.

Não à toa, grande parte de seu partido adotou postura contrária à sua intenção de ocupar  o espaço que os meios tradicionais de comunicação tanto batalharam para desbravar, o de uma terceira via, de centro-direita.

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Não por acaso os antigos políticos do PMDB, em especial os representantes das regiões menos favorecidas do país, se insurgiram contra a indicação de um candidato cujas chances reduzidas de vitória baseavam-se nas quimeras e ilusões tramadas pelas narrativas construídas por uma pretensa elite intelectual, associada aos interesses dos grandes capitais, em especial o parasitário capital financeiro.

Políticos experientes, contando com longo tempo de experiência e sobrevivência em meio às negociatas urdidas nos salões dos palácios dos governos, os líderes do PMDB mesmo em tempos pós-pandêmicos não perderam sua capacidade olfativa nem tiveram seu faro afetado: antes, a realidade de sua região e de seus conterrâneos mais desfavorecidos lhes indicava o caminho possível.

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Ante a barbárie da fome e da miséria; da aprovação do conjunto de leis destinadas a precarizar as relações de trabalho e a submeter o trabalhador apenas à supressão de direitos;  da aplicação do receituário neoliberal que suprime qualquer possibilidade de ter acesso a  condições  dignas de saúde pública e assistência social, de educação e capacitação para si e para seus descendentes, e de assegurar uma condição de vida pós-laboral minimamente decente, os representantes da velha política sabem bem a opção que resta a seus eleitores. E essa opção é representada por Lula e a recordação dos tempos de melhores condições de vida de seus governos.

Daí que não surpreende a tentativa de cristianização de Simone, uma candidata que, apesar de toda sua louvável atuação na CPI da Covid, merecedora de reconhecimento e elogios, não passa de uma versão mais light do viés conservador e neoliberal.  que a acompanha desde o berço.

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E importa assinalar também que, a ninguém minimamente informado, o tom feminista adotado pelo discurso da candidata é capaz de convencer. Principalmente quando suas propagandas de campanha a apresentam como a primeira candidata a presidente do Senado de nosso país.

Propaganda que apenas serve para aguçar a curiosidade: afinal, porque Simone, defensora, apoiadora e voto certo a favor de todos os principais projetos de interesse do governo atual, contrários aos interesses da sofrida classe trabalhadora, rompeu com o governante de plantão?

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Porque ela retirou seu apoio vindo a assumir uma postura mais crítica?

Será que, como dizem as más línguas pelos corredores do prédio do Senado, a senadora se sentiu traída por não ter tido o apoio esperado à sua reivindicação por parte do Planalto? Será que se sentiu desprestigiada, depois de tanta demonstração de fidelidade ao Executivo? Será que sua consciência finalmente se manifestou ao perceber o vultoso investimento, de bilhões de reais, na candidatura e eleição de seu adversário Rodrigo Pacheco, para ocupar o cargo que ela almejava?

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Para os que acompanham o dia-a-dia da política, o tom feminista de Tebet corre o risco de beirar o ridículo: candidata à presidência do Senado, seu feminismo não a impediu de, anos antes, tramar para a derrubada de outra mulher, legítima e democraticamente eleita, ocupante do cargo de maior relevo do Executivo do país.

A quem o feminismo de Tebet visa ludibriar?

Quanto às pautas que ela defende, que são de conhecimento público, incluem  a indenização aos fazendeiros responsáveis pela ocupação ilegal de terras. Ou as manobras destinadas à paralisação e interrupção da demarcação de terras indígenas, um imperativo constitucional.

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Apenas surfando nas ondas de uma mídia carcomida e de uma nata de jornalistas que exalam o odor de naftalina, Simone poderia acreditar ser o nome viável para ocupar o espaço do espectro político-eleitoral de nosso país.

O que apenas mostra a miopia dos estrategistas da terceira via. Ou o mal 'caratismo' de seus defensores, que atribuem comportamentos semelhantes aos polos antagônicos existentes, como se houvesse qualquer afinidade entre a justiça e a democracia de um lado e um regime autoritário de outro. 

Afinal, se for para dar sequência à implantação do receituário neoliberal e conservador, melhor permanecer com um autêntico representante da ultradireita radical, ainda mais se acompanhado de um ex-assessor de coisa alguma (o sempre presente Aspone!) de um grupo de professores e economistas de Chicago e Harvard, comandados por Jeffrey Sachs, junto ao governo de Augusto Pinochet.

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Nunca é demais lembrar da passagem ociosa de Guedes pelo Chile, naquela época de trevas, ao lado de um militar de fato, um general autoritário e sanguinário que, com apoio do governo americano visava aplicar as políticas de destruição das bases de uma sociedade justa e equitativa. Tudo com o objetivo de permitir a sobre-exploração do trabalho e a geração de superlucros.

Favorecendo, em especial, a empresas americanas ou consorciadas com as grandes empresas fornecedoras de produtos primários do Chile.

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Não é necessário enfatizar a analogia das situações experimentadas pelo Chile dos anos 70 e 80, com o Brasil do atraso do atual governo. Ambos sob comando de militares e apoio dos Exércitos desviados de suas funções; ambos de viés autoritário, ambos com a presença sempre prejudicial de Guedes.

Interessa aqui, no entanto, mais que o paralelismo, a conclusão óbvia:  entre um governo de centro direita, dedicado a implantar as políticas voltadas à expansão do poder do capital, e um e um governo já comprovado, radical de direita, porque não abrir o flanco ao inimigo?

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Por que não apostar suas fichas em quem já mostrou ao que veio e sua disposição para passar como um trator por cima de um conjunto de leis consideradas muito benevolentes, geradoras de direitos e condições jugadas apenas como elementos dificultadores do processo de exploração sem limites de recursos nacionais: humanos e naturais.  

Entre a ilusão de alguma viabilidade eleitoral de uma terceira via com Tebet e o reconhecimento da verdade nua e crua daqueles que desejam romper o pacto social que inspirou a Constituição cidadã de 88, o melhor é se aliar com a força bruta e a barbárie.

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Com direito a tentar, se necessário, extirpar da face do país, a todos aqueles que ainda nutriam algum sentimento de humanismo e solidariedade.

Não há pois, 2ª via. Há uma opção apenas: a civilização ou a volta ao mundo da selvageria e da lei do mais forte.

Não há a luta do bem contra o mal. Há a luta pela vida contra a morte. Da paz e união contra as armas e as demonstrações de violência e ódio.

Há Lula.

Ou o abismo.

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Fora isso apenas dúvidas:

Por que Queiroz depositou 89 mil reais para Michelle?

Como o valor de 51 imóveis, de cerca de 26 milhões foram conduzidos para liquidação do pagamento da compra dessas propriedades?

Como multiplicar os rendimentos para permitir a aquisição de 107 imóveis, o que nem uma grande imobiliária é capaz de alcançar no mesmo período de tempo?

Onde anda a fantasma Wal do Açai e que cargo ela ocupa hoje?

Quem mandou matar Marielle?

 

 

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

O tempo urge e com ele a necessária desmitificação do mal

 Eu desejava iniciar este pitaco parafraseando a célebre abertura de uma das mais importantes obras de toda a Humanidade:

“Um espectro ronda nosso país”.  Um fantasma ronda nosso processo eleitoral.

O fantasma do golpe contra a democracia e o Estado de Direito e contra as liberdades democráticas que nós, o povo brasileiro, lutamos tanto para conquistar, após 21 anos de escuridão.

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Razão porquê devemos nos unir e canalizar todos os nossos esforços nessa reta final de campanha para levar o candidato da paz e da conciliação, o candidato da esperança à vitória no primeiro turno.

De forma a afastar de vez qualquer possibilidade de que todos os fascistas, todos os extremistas e ultrarradicais de direita venham a ter a oportunidade de darem vazão a toda sua contradição e ignorância.

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Afinal,  nossa Lei Maior lhes assegura o direito de liberdade de opinião e de livre manifestação e os autoriza a saírem às ruas para manifestarem apoio, inclusive, à eliminação do direito de continuarem emitindo suas opiniões equivocadas.

De continuarem se manifestando livremente nas ruas, para onde carregam faixas e cartazes, que pedem a implantação de um regime autoritário, ditatorial, onde apenas a vontade de uma minoria – em geral militar ou armada -  será respeitada.

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Este, nosso problema e nosso fantasma: parte da população, embora minoritária, mostrar-se aguerrida, esganiçada, até histérica, na busca de seu autoengano.

Lembro-me aqui, e faço parênteses para falar do grande advogado Sobral Pinto e seu apoio aberto ao golpe militar que derrubou um governo democraticamente eleito, sob a desculpa falaciosa de que o presidente – um estancieiro rico – estivesse conduzindo o Brasil para o comunismo.

Em documentário que aborda a trajetória do Doutor Sobral (Sobral Pinto, o Homem que não tinha Preço, 2012), ele admite ter mudado de opinião sobre o golpe logo nos primeiros dias, quando viu militares batendo e espancando o povo sofrido que lhes dava apoio.

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Devemos pois, nos cercarmos de toda a cautela, para podemos gritar a plenos pulmões, e levantar a 'hastag' nas redes sociais reafirmando nossa crença inabalável no império da vontade popular:

#FASCISTAS NÃO PASSARÃO!

O que exige, de cada um de nós, estarmos munidos de paciência, respeito e argumentos cuja difusão permita convencer a todos os eleitores de Simone, a palindrômica,  darem um voto capaz de impedir que o representante das forças antidemocráticas ganhe musculatura e força.

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Nunca é demais recordar que a mera passagem ao segundo turno do representante do obscurantismo, do defensor da tortura e de torturadores, do advogado da ideia de que adversários políticos devem ser extirpados, quem sabe até da Solução Final, tal qual a Alemanha dos anos 30, servirá para destampar e liberar as piores forças existentes enrustidas no nosso país.

Ataques a adversários, ataques a mulheres, ataques a jornalistas e a todos que apenas usam de seu raciocínio e do direito de desejarem estar melhor informados, deixarão de ser episódicos, para se transformarem em rotina.

#fascistasnãopassarão!

 

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Não será mais apenas o atual ocupante do cargo que irá se apresentar fingindo falta de ar, ou mostrando qualquer falta de empatia com familiares de vítimas da pandemia, por taxar o sentimento de luto como simples mimimi,  seja por achar que o tratamento com o luto é papel apenas dos sofridos e explorados trabalhadores coveiros.

Não será mais apenas este misógino que irá agredir jornalistas, ou se sentir no direito de estuprar mulheres, desde que não sejam muito feias. Não será mais esse genocida que irá se referir ao direito dos invasores de terras de defenderem seus crimes contra as populações originárias, indígenas ou quilombolas, tratadas como gado e pesadas em arrobas.

#fascistasnãopassarão!

 

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A possibilidade de este covarde chegar ao segundo turno, alimentada por uma tentativa marqueteira de se vender ovelha no lugar do lobo do mal, tentando mostrar-se agora o coitadinho, o arrependido, só dá relevo a sua covardia.

Tal qual seus apoiadores armados, valentes para invadir comemorações de aniversário, aproveitando-se do fator surpresa, pegando desprevenidos os que consideram seus desafetos.  Ou suficientemente fortes para atacarem e tentarem decapitar, em seu ódio insano, algum colega de trabalho apenas por ter opinião divergente.

#fascistasnãopassarão!

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O período de trevas e catástrofes que a mera hipótese de segundo turno nos leva a imaginar e temer pode bem ser ilustrada por este marginal eleito deputado estadual por São Paulo, Douglas Garcia.

Macho e forte o suficiente para ofender e agredir a uma mulher. Verdadeiro tigrão.

Hombridade não sustentada para pedir a lavratura de um B.O. contra Leão Serva, o diretor da TV Cultura, este sim, contra quem ele até teria direito de se insurgir, por ter tomado seu celular e ter colocado o aparelho em modo avião.

Isso, se não seguisse ao pé da letra o caráter de seu mito: covarde!

#fascistasnãopassarão!

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Do coronelzinho do PDT, que está conseguindo jogar na lama toda a história que construiu desde os tempos que era do partido de sustentação ao governo da ditadura, o PDS, até depois quando de sua passagem por todos os vários partidos e siglas por que passou de forma oportunista no período da democratização, não há muito o que falar.

Mais que sua ficha, ele está jogando na lata de lixo a história do PDT, o passado e o sonho de Brizola, fundador do partido em razão de a Justiça ter-lhe negado o direito de uso da sigla que era sua, por direito: o PTB. Sigla entregue a Ivete Vargas, e que desde então só descambou a ponto de ter hoje em sua direção um Roberto Jefferson.

#fascistasnãopassarão!

 

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Então não há o que falar de um ressentido, despeitado, cujo fim se aproxima inexorável: junto ao gestor da morte.

Mas, há que se tentar convencer aos respeitados partidários e filiados do partido de Brizola. Para mostrar a cada um deles que o líder maior da sigla estaria empenhado com toda a sua energia na tentativa de não deixar o Brasil que ele amava, se perder nas garras do fascismo.

#fascistasnãopassarão!

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A oportunidade que se abre a todos nós, democratas, nesse instante é clara: derrotar o monstruoso carniceiro. O ator canastrão, cujas lágrimas de crocodilo e falso arrependimento não conseguem enganar mais ninguém, salvo a malta de seus seguidores, cada vez mais concentrada nas pessoas de mesma dimensão de caráter nulo, e tão descerebrados quanto o espectro fantasmagórico que lhes serve de paradigma.

Afinal, aqueles todos que se deixaram enganar de boa fé em 2018, e eles existem em número bastante razoável, já se encontram, a essa altura, em pleno domínio e consciência de sua capacidade de enxergar o mal, e combatê-lo.

#fascistasnãopassarão!

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Toda nossa energia em favor de definição das eleições no primeiro turno.

Com Lula, lá!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Elucubrações sobre a independência e sua recente comemoração

Consulto o google para entender melhor o significado de independência.

Uma das mais de 170 milhões de referências indica tratar-se de uma desassociação de um ser em relação a outro. Uma separação, à moda de um parto, quando o bebê deixa o ventre materno: um nascimento.

Para mim, o centro da questão está em haver uma ruptura de uma relação de dependência anteriormente existente.

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Permito-me uma reflexão: se o parto explicita o término de relação de dependência entre o filho e a mãe, como entender a continuidade da relação de dependência que persiste existindo, principalmente em relação à mãe, desde em razão de cuidados, especialmente em relação à alimentação?

Dependência que torna-se até maior, já que sem a proteção do útero, passa a depender além dos alimentos, das roupas e agasalhos, e dos cuidados de higiene, ampliando-se até para outras pessoas, como os pais e avós?

Acredito que apenas dialeticamente podemos compreender a essência dessa autonomia do filho parido, em relação à sua mãe, para se ver às voltas com novas e mais complexas dependências.

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Nesse mês de setembro não é fora de propósito, muito pelo contrário, aplicar o termo ao nascimento de um tipo diferente de ser: um país. O que explica o destaque e as comemorações relativas à independência de um Estado em relação a outro(s).

Nesta acepção, outra referência do Google (cuja fonte indica o senado.leg.br) vincula a ideia de independência a vários conceitos citando com exemplos, em primeiro lugar, liberdade, autonomia, autodeterminação; seguido de isenção, imparcialidade, neutralidade.

Em terceiro lugar, aparecem os conceitos de soberania, insubmissão, ausência de subordinação.

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Dessa forma, se já era difícil captar o significado real de autonomia e autodeterminação em relação ao recém-nascido, fica ainda mais difícil entender o conceito de ausência de subordinação de um país ou um Estado em relação a outros.

Por exemplo, a 7 de setembro de 1822 o Brasil tornou-se um país independente de Portugal. Sem querer aprofundar a discussão quanto à forma, se um ato isolado e inesperado de revolta ou o coroamento de um movimento de forças sociais que já vinham se acumulando; se através de um grito heróico e retumbante ou de acertos frutos de uma negociação diplomática, o certo é que o Brasil tornou-se um país liberto e autonômo em relação a Portugal.

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A conquista de tal status em relação a Portugal, assegurando-lhe o fim da subordinação à Metrópole como nos ensina a História, não foi alcançada sem o apoio e o financiamento da Inglaterra.

Ao apoio da Coroa inglesa ao novo Estado que surgia, somou-se a concordância de Portugal em abrir mão, sem uma confrontação militar, da terra onde ‘em se plantando tudo dá’.

E de onde as minas de ouro e diamantes sustentaram, por séculos, a opulência de uma realeza e um classe de negociantes improdutiva e sanguinária.

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Açúcar, mais tarde café, diamantes e o ouro em seguida, foram algumas das mercadorias  que permitiram que as riquezas brasileiras servissem de mecanismo de sustento de um reino caracterizado por seu caráter parasitário.

Mas nem de longe essas foram as mercadorias principais do fluxo de comércio entre as duas nações, e todas as outras que aproveitavam-se da inoperância e improdutividade portuguesa.

Improdutividade reconhecida pela opção por entregar a produção de nossas mercadorias a outros povos, de maior engenho e perícia, consolando-se em obter rendimentos da concessão da produção de tais riquezas.

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Mas, dentre todas, a mercadoria que consistia o verdadeiro tesouro não era senão o SER HUMANO, o negro escravizado capturado na África, cujo tráfico enchia os cofres de Portugal e das nações amigas, de ouro, riquezas e sangue.

O que abre espaço para que se dê uma combinação perversa, de caráter externo: nosso país se torna subordinado a uma nação já por si dependente do trabalho, engenho, arte e conhecimento de outras nações.

Internamente, nossos latifundiários, os senhores de terras e da produção de nossas riquezas eram dependentes da exploração do trabalho de mão de obra escravizada, a que submetiam pela força das armas, da tortura e de castigos desumanos.

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Assim, apesar de o país tornar-se autônomo em relação a Portugal, não apenas não pode ser caracterizado como um Estado capaz de alcançar sua autodeterminação Ou seja, se passa a ser um país em SI, não é capaz de adotar diretrizes e políticas capazes de transformá-lo em um m Estado PARA SI.

Torna-se um país para atender aos interesses da Inglaterra, nação hegemônica naquele período. O que ganha imediato apoio das classes empresariais, dos produtores dos bens primários tornados insumos que sustentavam a oficina do mundo.

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Império ou  república, anos depois, a classe de senhores da terra e aristocratas, muitos atrelados ao comércio, só conseguiu se manter às custas de uma produção cujo custo principal não se contabilizava em recursos financeiros.

Dando sequência à exploração selvagem e sanguinária oriunda desde a época colonial.

Mudaram as formas de dependência, mas essas se agravaram a cada nova etapa de nossa história, do que dá testemunho a decisão de libertar, desassociar o trabalhador escravizado do senhor que o explorava.

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Deixado à sua própria sorte na luta por sua sobrevivência, nunca é demais esquecer a decisão de se pagar indenizações aos senhores escravocratas, pela ‘propriedade’ que lhes foi desapropriada.

Quanto ao cenário de autodeterminação em relação a outras nações,  estando as classes produtivas, as mais favorecidas economicamente, dependentes das relações comerciais estabelecidas e cristalizadas desde a época de colônia, e que tiveram sequência tanto no período do império quanto na república, o que se constata é que a independência nada mais é que uma quimera.

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Apenas a queda da hegemonia britânica, por ocasião do período de guerras, conseguiu nos tornar independentes da Inglaterra, nos tornando, como à própria nação em decadência, subalternos, agora, dos Estados Unidos.

Mais uma vez, altera-se e torna-se cada vez mais sofisticada nossa forma de dependência. Cada vez mais, aparentemente nos transmitindo uma imagem de um país mais livre, embora cada vez mais subordinado.

E, mais uma vez, contando com a colaboração de nossa elite financeira e econômica, cada vez mais associada em seu enriquecimento aos interesses estrangeiros.

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Capital nacional cuja associação com o capital internacional, acaba arrastando para a defesa de seus interesses antipatrióticos, as elites políticas.

Fenômeno que se mantém e até se fortalece, mesmo quando de propostas internas de desenvolvimento de um programa nacional de desenvolvimento industrial, capaz de por fim a nossa situação de subdesenvolvimento e exploração.

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Um modelo baseado na atração de empresas de capital externo, que no limite, transforma nossa submissão de importadores de bens de consumo, ou mais tarde de bens de capital, para importadores de tecnologia.  

Lembrando mestre Celso Furtado, uma proposta que nos transforma em país de subdesenvolvimento industrializado.

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De tudo já dito, que independência há que se comemorar? E para quem?

Para os pobres? Para os pretos? Para os famintos e miseráveis? Para os abandonados sem escolarização, ou invisíveis que lotam as ruas das cidades?

Para as mulheres? Para os trabalhadores cada vez mais precarizados, sem direitos, talvez nem mais o de sonhar, em meio ao turbilhão que os envolve e que a propanda dissemina, de se transformar em empreendedores?

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Nesse instante, apesar de mostrar todo seu nível intelectual rasteiro e sua completa incapacidade de entender e discutir a data; apesar de não ter o que falar ou comemorar por total incapacidade de compreensão de outra coisa que não seja seu próprio ego; o que esperar de um político inepto e inapto, incapaz de trabalhar e de governar, de tomar decisões minimamente reveladoras de empatia com a população que desgraçadamente o elegeu?

O que destacar em campanha fora de hora e despropositada, em data idealizada e retratada em quadro de Pedro Américo como a de um grito, onde Pedro ergue valentemente a sua espada?

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O que esperar de alguém que teria dificuldade até para ser classificado como escória da raça humana?

Senão a imagem da vara que deve acalentar a seus eleitores e apoiadores, e o grito que os conduz ao gozo freudiano: imbrochável!

Apenas mais uma fake-news para incendiar seus seguidores. 

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Que venha o 7 de Setembro da parada, não o da desunião

Já houve época em que ir à parada militar era uma diversão imperdível para as crianças.

Em minha visão infantil, uma época em que os militares mereciam respeito da população, e vê-los marchando em uniformes de gala, alguns; em total sincronismo de gestos e movimentos; ou desfilando, outros, em cavalos que chamavam a atenção, era algo que nos enchia de orgulho.

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Só mais tarde, essa visão infantil foi se perdendo, à medida que ia conhecendo mais de nossa história e entendendo de forma mais detalhada e mais aprofundada, o papel real dos militares em nossa sociedade, como um dos principais grupos responsáveis por grande parte de nossas mazelas.

Foi quando percebi que os militares, em especial desde o golpe da República se arvovaram, como categoria, em serem os “pais protetores da pátria”. Posando como os responsáveis por assegurar mais que a estabilidade política, da democracia e das instituições, como os defensores dos valores maiores do povo brasileiro; os guardiões dos limites do pensamento, da ação e até dos sonhos e desejos da sociedade civil.

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Quanto à sociedade civil, era encarada como composta por uma massa ignorante e incapaz de definir e procurar construir seu próprio futuro, seguir seus próprios caminhos, apesar de e mesmo que com derrotas em sua marcha para libertação.

Por outro lado, restava uma minoria de pessoas que compunham a elite econômica e política do país. A elite política, enquanto no poder, sempre considerada corrupta e mais preocupada com seus interesses pessoais. Merecedora, pois, de se tornar alvo de ações voltadas para sua destituição do poder e sua queda.

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Ações sempre baseadas em concepções e movimentos golpistas  insufladas e incentivados, curiosamente, por parcela da mesma elite política, aquela afastada do poder, na oportunidade.

Mais que ser oposição e deixar momentaneamente de se aproveitar das benesses de estar no comando do país, essa parcela da elite tornava-se presa fácil das análises e das soluções recomendadas pelos interesses de grupos militares, sempre prontos a promoverem as intrigas e fomentar a insatisfação. No intuito de assumirem sempre, e em toda a circunstância, a condução dos desígnios do país.

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Afinal, todo o século XX de nossa história republicana não foi mais que uma sucessão de tentativas de golpes e movimentos militares, e alguns golpes exitosos, de que o movimento tenentista que agora completa cem anos, é apenas um exemplo.

Outros movimentos, como a Coluna Prestes, a Intentona, a Revolução de 30, a deposição de Getúlio, Jacareacanga e Aragarças, até chegarmos ao golpe de implantação da ditadura militar de 1964, são exemplos da interferência indevida de quem está sempre, por suas ações, negando a própria razão de ser da instituição que integram.

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O que explica que os movimentos golpistas,  gestados na caserna, ganham vida própria se espalhando para o ambiente civil, onde vão semear e fomentar a discórdia.

Ocorre que, por questões estratégicas, tais movimentos são apresentados como dotados de um sentido inverso, como expresso no alerta de Castelo Branco, por ocasião do período que antecedeu o golpe contra João Goulart:

“Eu os identifico a todos. E são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do Poder Militar.”

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Interessante é que a deposição de Goulart teve, em todo o seu desenrolar a presença de questões militares e dos valores que lhe são caros, de disciplina e autoridade. E foi não apenas um movimento de que os militares se aproveitaram, como o iniciaram e, como não podia deixar de ser, foram os beneficiários, por longos e tenebrosos 21 anos.

Quanto à outra parte da elite, a econômica, sempre foi pródiga em financiar os interesses militares, apenas que sob a forma de institutos de estudos, como o IPES, de que não por acaso, o general Golbery do Couto e Silva, foi das principais lideranças.

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O que comprova que, desde cedo, os militares souberam estabelecer laços com a classe dos grandes empresários e financistas, sabendo sempre se aproveitar e se locupletar dos resultados da atividade econômica fundada “sob a inspiração das regras do  mercado.”

Mercado sempre amigo, e incentivado.

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Que a parada de 7 de setembro, quando se completam 200 anos de comemoração de uma das maiores farsas de nossa história, tenha sido apropriada para a comemoração e o comício de um mau ex-militar, e um tipo ainda pior de político, infelizmente conduzido ao poder democraticamente, que tenta sua reeleição a ferro e fogo, não é fora do ‘script , portanto.

E, antes de me tornar alvo de críticas esclareço que não é por falta de respeito a todos os dignos brasileiros, de diversas origens, que lutaram e sacrificaram com a própria vida para a independência do país que refiro-me ao episódio como uma farsa.

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Aqui, o que tenho em mente é destacar que encaro a Independência como uma conquista que nos foi concedida, fruto de uma batalha que ainda não era capaz de se tornar a conquista de um povo e uma sociedade madura, justa e livre.

O que explica que os ideiais de seus líderes políticos e situados no governo não tenham vingado, como a proposta de libertação dos escravizados. Da mesma forma, a luta do povo não pode ser transformadora, lembrando-me a mensagem da fábula da lagarta que tentava se libertar do casulo.

Ao ver a luta e o esforço da lagarta para romper o casulo e sair voando transformada em borboleta, o bom homem resolveu utilizar-se da tesoura, libertando aquele pequeno ser, nem mais lagarta, nem ainda borboleta.

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Abreviada nossa Independência, ela não foi capaz de forjar as bases para a formação de uma nação cuja população estivesse apta a travar as lutas que conduziriam a sua emancipação.

Nossa independência, concedida em troca de indenizações pagas à antiga metrópole ou em troca da transferência das dívidas portuguesas assumidas junto à Inglaterra, acabou por nos levar a reproduzir, do lado de cá do Atlântico, as mesmas relações desiguais e injustas, de exploração da época de colônia.

O histórico de formação de nossa dívida externa, ou nossa formação cultural e econômica de subserviência os padrões europeus, capazes de configurarem um Brasil dual, nos moldes de Caio Prado Jr. em História Econômica do Brasil,  são comprovações de nossa inserção de colonização de exploração, que nos persegue ainda nos dias de hoje (liberal para tratar com os europeus, e de caráter escravagista voltada para seu interior).

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Infelizmente esse 7 de setembro ganha coloração mais acinzentada, sob as nuvens escuras que surgem no horizonte, tentando ofuscar e apagando o raiar do sol da verdadeira liberdade.

Trazendo a ameaça das trevas para somar-se à representação da insensatez, e à figura trágica e patética de quem apenas simboliza a morte e a destruição.

Razão porquê o temor de que amanhã, sob os auspícios de parcela da sociedade civil podre, carcomida, incompetente e ressentida, por todos os predicados que ostenta, possamos assistir a uma tentativa real de golpe.

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Golpe tentado com a PEC da universalização da corrupção e da compra de votos e apoio, até aqui incapaz de levar o mau militar e deputado, e péssimo presidente, a ultrapassar seu adversário nas pesquisas da corrida eleitoral.

Golpe tentado e fracassado no 7 de setembro do ano passado.

Golpe que pode ter seu estopim na convocação feita pela excrescência do filho deputado, para que todos os adeptos e partidários do pai, legalmente armados, saiam para manifestar seu apoio e seu poder para impor sua vontade.

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Golpe que tenta impor a vontade de uma parcela da sociedade que só é capaz de viver sob a disciplina e as ordens vindas de uma autoridade superior. Incompetente para decidir e trilhar seus próprios caminhos. Um conjunto de pessoas incapaz de assumir suas responsabilidades e as falhas de suas opções. Pessoas que só conseguem viver tuteladas. Adeptas da pior forma de pensamento político, de cunho fascista e antiliberal.

Que esse 7 de setembro, que tenta se impor como uma data de dominância do verde e amarelo, não se transforme em data do vermelho escuro do sangue, de uma guerra civil, aliás, reivindicada certa feita pelo deputado representante da destruição.