sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Dúvidas sobre a razão da insistência e a viabilidade de uma terceira via e outras dúvidas que não podem ser esquecidas

Interessante notar que,  de qualquer ângulo que a analisemos, Tebet, a palindrômica Simone, não consegue alterar ou disfarçar o verdadeiro sentido de sua candidatura oportunística e conservadora.

Não à toa, grande parte de seu partido adotou postura contrária à sua intenção de ocupar  o espaço que os meios tradicionais de comunicação tanto batalharam para desbravar, o de uma terceira via, de centro-direita.

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Não por acaso os antigos políticos do PMDB, em especial os representantes das regiões menos favorecidas do país, se insurgiram contra a indicação de um candidato cujas chances reduzidas de vitória baseavam-se nas quimeras e ilusões tramadas pelas narrativas construídas por uma pretensa elite intelectual, associada aos interesses dos grandes capitais, em especial o parasitário capital financeiro.

Políticos experientes, contando com longo tempo de experiência e sobrevivência em meio às negociatas urdidas nos salões dos palácios dos governos, os líderes do PMDB mesmo em tempos pós-pandêmicos não perderam sua capacidade olfativa nem tiveram seu faro afetado: antes, a realidade de sua região e de seus conterrâneos mais desfavorecidos lhes indicava o caminho possível.

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Ante a barbárie da fome e da miséria; da aprovação do conjunto de leis destinadas a precarizar as relações de trabalho e a submeter o trabalhador apenas à supressão de direitos;  da aplicação do receituário neoliberal que suprime qualquer possibilidade de ter acesso a  condições  dignas de saúde pública e assistência social, de educação e capacitação para si e para seus descendentes, e de assegurar uma condição de vida pós-laboral minimamente decente, os representantes da velha política sabem bem a opção que resta a seus eleitores. E essa opção é representada por Lula e a recordação dos tempos de melhores condições de vida de seus governos.

Daí que não surpreende a tentativa de cristianização de Simone, uma candidata que, apesar de toda sua louvável atuação na CPI da Covid, merecedora de reconhecimento e elogios, não passa de uma versão mais light do viés conservador e neoliberal.  que a acompanha desde o berço.

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E importa assinalar também que, a ninguém minimamente informado, o tom feminista adotado pelo discurso da candidata é capaz de convencer. Principalmente quando suas propagandas de campanha a apresentam como a primeira candidata a presidente do Senado de nosso país.

Propaganda que apenas serve para aguçar a curiosidade: afinal, porque Simone, defensora, apoiadora e voto certo a favor de todos os principais projetos de interesse do governo atual, contrários aos interesses da sofrida classe trabalhadora, rompeu com o governante de plantão?

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Porque ela retirou seu apoio vindo a assumir uma postura mais crítica?

Será que, como dizem as más línguas pelos corredores do prédio do Senado, a senadora se sentiu traída por não ter tido o apoio esperado à sua reivindicação por parte do Planalto? Será que se sentiu desprestigiada, depois de tanta demonstração de fidelidade ao Executivo? Será que sua consciência finalmente se manifestou ao perceber o vultoso investimento, de bilhões de reais, na candidatura e eleição de seu adversário Rodrigo Pacheco, para ocupar o cargo que ela almejava?

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Para os que acompanham o dia-a-dia da política, o tom feminista de Tebet corre o risco de beirar o ridículo: candidata à presidência do Senado, seu feminismo não a impediu de, anos antes, tramar para a derrubada de outra mulher, legítima e democraticamente eleita, ocupante do cargo de maior relevo do Executivo do país.

A quem o feminismo de Tebet visa ludibriar?

Quanto às pautas que ela defende, que são de conhecimento público, incluem  a indenização aos fazendeiros responsáveis pela ocupação ilegal de terras. Ou as manobras destinadas à paralisação e interrupção da demarcação de terras indígenas, um imperativo constitucional.

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Apenas surfando nas ondas de uma mídia carcomida e de uma nata de jornalistas que exalam o odor de naftalina, Simone poderia acreditar ser o nome viável para ocupar o espaço do espectro político-eleitoral de nosso país.

O que apenas mostra a miopia dos estrategistas da terceira via. Ou o mal 'caratismo' de seus defensores, que atribuem comportamentos semelhantes aos polos antagônicos existentes, como se houvesse qualquer afinidade entre a justiça e a democracia de um lado e um regime autoritário de outro. 

Afinal, se for para dar sequência à implantação do receituário neoliberal e conservador, melhor permanecer com um autêntico representante da ultradireita radical, ainda mais se acompanhado de um ex-assessor de coisa alguma (o sempre presente Aspone!) de um grupo de professores e economistas de Chicago e Harvard, comandados por Jeffrey Sachs, junto ao governo de Augusto Pinochet.

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Nunca é demais lembrar da passagem ociosa de Guedes pelo Chile, naquela época de trevas, ao lado de um militar de fato, um general autoritário e sanguinário que, com apoio do governo americano visava aplicar as políticas de destruição das bases de uma sociedade justa e equitativa. Tudo com o objetivo de permitir a sobre-exploração do trabalho e a geração de superlucros.

Favorecendo, em especial, a empresas americanas ou consorciadas com as grandes empresas fornecedoras de produtos primários do Chile.

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Não é necessário enfatizar a analogia das situações experimentadas pelo Chile dos anos 70 e 80, com o Brasil do atraso do atual governo. Ambos sob comando de militares e apoio dos Exércitos desviados de suas funções; ambos de viés autoritário, ambos com a presença sempre prejudicial de Guedes.

Interessa aqui, no entanto, mais que o paralelismo, a conclusão óbvia:  entre um governo de centro direita, dedicado a implantar as políticas voltadas à expansão do poder do capital, e um e um governo já comprovado, radical de direita, porque não abrir o flanco ao inimigo?

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Por que não apostar suas fichas em quem já mostrou ao que veio e sua disposição para passar como um trator por cima de um conjunto de leis consideradas muito benevolentes, geradoras de direitos e condições jugadas apenas como elementos dificultadores do processo de exploração sem limites de recursos nacionais: humanos e naturais.  

Entre a ilusão de alguma viabilidade eleitoral de uma terceira via com Tebet e o reconhecimento da verdade nua e crua daqueles que desejam romper o pacto social que inspirou a Constituição cidadã de 88, o melhor é se aliar com a força bruta e a barbárie.

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Com direito a tentar, se necessário, extirpar da face do país, a todos aqueles que ainda nutriam algum sentimento de humanismo e solidariedade.

Não há pois, 2ª via. Há uma opção apenas: a civilização ou a volta ao mundo da selvageria e da lei do mais forte.

Não há a luta do bem contra o mal. Há a luta pela vida contra a morte. Da paz e união contra as armas e as demonstrações de violência e ódio.

Há Lula.

Ou o abismo.

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Fora isso apenas dúvidas:

Por que Queiroz depositou 89 mil reais para Michelle?

Como o valor de 51 imóveis, de cerca de 26 milhões foram conduzidos para liquidação do pagamento da compra dessas propriedades?

Como multiplicar os rendimentos para permitir a aquisição de 107 imóveis, o que nem uma grande imobiliária é capaz de alcançar no mesmo período de tempo?

Onde anda a fantasma Wal do Açai e que cargo ela ocupa hoje?

Quem mandou matar Marielle?

 

 

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