Interessante notar que, de qualquer ângulo que a analisemos, Tebet, a palindrômica Simone, não consegue alterar ou disfarçar o verdadeiro sentido de sua candidatura oportunística e conservadora.
Não à toa, grande parte
de seu partido adotou postura contrária à sua intenção de ocupar o espaço que os meios tradicionais de
comunicação tanto batalharam para desbravar, o de uma terceira via, de
centro-direita.
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Não por acaso os antigos
políticos do PMDB, em especial os representantes das regiões menos favorecidas
do país, se insurgiram contra a indicação de um candidato cujas chances reduzidas
de vitória baseavam-se nas quimeras e ilusões tramadas pelas narrativas construídas
por uma pretensa elite intelectual, associada aos interesses dos grandes
capitais, em especial o parasitário capital financeiro.
Políticos experientes, contando
com longo tempo de experiência e sobrevivência em meio às negociatas urdidas
nos salões dos palácios dos governos, os líderes do PMDB mesmo em tempos pós-pandêmicos
não perderam sua capacidade olfativa nem tiveram seu faro afetado: antes, a
realidade de sua região e de seus conterrâneos mais desfavorecidos lhes indicava
o caminho possível.
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Ante a barbárie da fome e
da miséria; da aprovação do conjunto de leis destinadas a precarizar as
relações de trabalho e a submeter o trabalhador apenas à supressão de direitos;
da aplicação do receituário neoliberal
que suprime qualquer possibilidade de ter acesso a condições dignas de saúde pública e assistência social,
de educação e capacitação para si e para seus descendentes, e de assegurar uma condição
de vida pós-laboral minimamente decente, os representantes da velha política
sabem bem a opção que resta a seus eleitores. E essa opção é representada por Lula
e a recordação dos tempos de melhores condições de vida de seus governos.
Daí que não surpreende a
tentativa de cristianização de Simone, uma candidata que, apesar de toda sua louvável
atuação na CPI da Covid, merecedora de reconhecimento e elogios, não passa de
uma versão mais light do viés conservador e neoliberal. que a acompanha desde o berço.
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E importa assinalar
também que, a ninguém minimamente informado, o tom feminista adotado pelo discurso
da candidata é capaz de convencer. Principalmente quando suas propagandas de
campanha a apresentam como a primeira candidata a presidente do Senado de nosso
país.
Propaganda que apenas serve
para aguçar a curiosidade: afinal, porque Simone, defensora, apoiadora e voto
certo a favor de todos os principais projetos de interesse do governo atual, contrários
aos interesses da sofrida classe trabalhadora, rompeu com o governante de plantão?
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Porque ela retirou seu
apoio vindo a assumir uma postura mais crítica?
Será que, como dizem as
más línguas pelos corredores do prédio do Senado, a senadora se sentiu traída por
não ter tido o apoio esperado à sua reivindicação por parte do Planalto? Será
que se sentiu desprestigiada, depois de tanta demonstração de fidelidade ao Executivo?
Será que sua consciência finalmente se manifestou ao perceber o vultoso investimento,
de bilhões de reais, na candidatura e eleição de seu adversário Rodrigo Pacheco,
para ocupar o cargo que ela almejava?
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Para os que acompanham o
dia-a-dia da política, o tom feminista de Tebet corre o risco de beirar o ridículo:
candidata à presidência do Senado, seu feminismo não a impediu de, anos antes,
tramar para a derrubada de outra mulher, legítima e democraticamente eleita, ocupante
do cargo de maior relevo do Executivo do país.
A quem o feminismo de
Tebet visa ludibriar?
Quanto às pautas que ela defende,
que são de conhecimento público, incluem a indenização aos fazendeiros responsáveis
pela ocupação ilegal de terras. Ou as manobras destinadas à paralisação e interrupção
da demarcação de terras indígenas, um imperativo constitucional.
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Apenas surfando nas ondas
de uma mídia carcomida e de uma nata de jornalistas que exalam o odor de
naftalina, Simone poderia acreditar ser o nome viável para ocupar o espaço do espectro
político-eleitoral de nosso país.
O
que apenas mostra a miopia dos estrategistas da terceira via. Ou o mal 'caratismo' de seus defensores, que atribuem comportamentos semelhantes aos polos antagônicos existentes, como se houvesse qualquer afinidade entre a justiça e a democracia de um lado e um regime autoritário de outro.
Afinal,
se for para dar sequência à implantação do receituário neoliberal e conservador,
melhor permanecer com um autêntico representante da ultradireita radical, ainda
mais se acompanhado de um ex-assessor de coisa alguma (o sempre presente
Aspone!) de um grupo de professores e economistas de Chicago e Harvard,
comandados por Jeffrey Sachs, junto ao governo de Augusto Pinochet.
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Nunca
é demais lembrar da passagem ociosa de Guedes pelo Chile, naquela época de
trevas, ao lado de um militar de fato, um general autoritário e sanguinário
que, com apoio do governo americano visava aplicar as políticas de destruição das
bases de uma sociedade justa e equitativa. Tudo com o objetivo de permitir a sobre-exploração
do trabalho e a geração de superlucros.
Favorecendo,
em especial, a empresas americanas ou consorciadas com as grandes empresas fornecedoras
de produtos primários do Chile.
***
Não
é necessário enfatizar a analogia das situações experimentadas pelo Chile dos
anos 70 e 80, com o Brasil do atraso do atual governo. Ambos sob comando de
militares e apoio dos Exércitos desviados de suas funções; ambos de viés autoritário,
ambos com a presença sempre prejudicial de Guedes.
Interessa
aqui, no entanto, mais que o paralelismo, a conclusão óbvia: entre um governo de centro direita, dedicado a
implantar as políticas voltadas à expansão do poder do capital, e um e um
governo já comprovado, radical de direita, porque não abrir o flanco ao inimigo?
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Por
que não apostar suas fichas em quem já mostrou ao que veio e sua disposição
para passar como um trator por cima de um conjunto de leis consideradas muito
benevolentes, geradoras de direitos e condições jugadas apenas como elementos
dificultadores do processo de exploração sem limites de recursos nacionais: humanos
e naturais.
Entre
a ilusão de alguma viabilidade eleitoral de uma terceira via com Tebet e o
reconhecimento da verdade nua e crua daqueles que desejam romper o pacto social
que inspirou a Constituição cidadã de 88, o melhor é se aliar com a força bruta
e a barbárie.
***
Com
direito a tentar, se necessário, extirpar da face do país, a todos aqueles que
ainda nutriam algum sentimento de humanismo e solidariedade.
Não
há pois, 2ª via. Há uma opção apenas: a civilização ou a volta ao mundo da
selvageria e da lei do mais forte.
Não
há a luta do bem contra o mal. Há a luta pela vida contra a morte. Da paz e
união contra as armas e as demonstrações de violência e ódio.
Há
Lula.
Ou
o abismo.
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Fora
isso apenas dúvidas:
Por
que Queiroz depositou 89 mil reais para Michelle?
Como
o valor de 51 imóveis, de cerca de 26 milhões foram conduzidos para liquidação
do pagamento da compra dessas propriedades?
Como
multiplicar os rendimentos para permitir a aquisição de 107 imóveis, o que nem
uma grande imobiliária é capaz de alcançar no mesmo período de tempo?
Onde
anda a fantasma Wal do Açai e que cargo ela ocupa hoje?
Quem mandou matar Marielle?
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