link: https://youtu.be/lDk_vHbt7r0
7
de outubro é dia de aniversário do blog tambemquerodarpitaco.
Neste
ano de 2023, completamos 13 anos. E, pela primeira vez não teve qualquer
comemoração, nem mesmo uma notícia.
É
que o momento vivido está mais para minuto de silêncio. Minutos vários, em
função dos eventos ocorridos, e de todas as mortes, tanto em Israel quanto na
Palestina.
Às
vítimas, nossa solidariedade.
***
De
imediato devo declarar o meu respeito pelo povo judeu, embora algumas atitudes
e posturas adotadas pelo movimento
sionista não me deixem confortável.
Assim,
sempre me senti agredido pelo genocídio de que o povo judeu foi vítima, a perseguição
e bárbarie, e inclusive os deslocamentos a que foram forçados, a que foram a
que tive conhecimento por relatos de histórias dos sobreviventes, filmes,
livros (com destaque para o Diário de Anne Frank ou Treblinka).
***
Condeno
o antissemitismo por reduzir a dignidade
humana ao mais baixo nível jamais imaginado, como a qualquer outro tipo de
preconceito e discriminação.
E
é este sentimento que me faz, agora, solidário ao sofrimento do povo palestino
como consequência do tratamento que lhes é dispensado por Israel desde a
declaração de Balfour, embrião do Estado israelense (compromisso do ministro
britânico Balfour de criar um Estado israelense).
***
E
isso, não por serem os judeus um povo rico e proprietário de capital, o que
lhes permite impor sua vontade e comprar apoios que lhes asseguram o direito de
continuar as práticas de exploração e espoliação sobre os povos mais pobres e
oprimidos.
Classificar
como esquerdismo infantil qualquer apoio à causa palestina neste momento, ou
pior, enxergar aí um antissemitismo disfarçado é, no mínimo, desonestidade
moral.
***
Como
sempre agi frente ao desconhecido, fui pesquisar algumas das causas – menos
remotas – dos conflitos.
Para
não ter de voltar a, entre outros fatos, a guerra que Israel travou quando da implantação de seu Estado, contra os
povos árabes, os palestinos incluídos, em 1948/49, e que terminou com a
expulsão dos palestinos de suas terras, e a expansão do território que a
resolução da ONU lhe cedeu (sem consulta aos seus donos).
***
O
território israelense ampliou-se em 1/3 enquanto os palestinos, além da perda
de território foram expulsos, em número de 700 mil de suas terras, pela
destruição de mais de 530 vilas,
epísódio conhecido com “nakba” ou tragédia.
Nessa
ocasião, o braço militar do movimento sionista, a Haganah, foi responsável pela
destruição da aldeia de Deir Yassin, próxima a Jerusalém, com a execução de 110
palestinos das quais 30 crianças. E isso aconteceu mesmo depois de líderes da
aldeia fazerem um acordo de não agressão com a Haganah.
***
Sem
me alongar, em 1967 houve a guerra dos Seis Dias, iniciada em antecipação a
possível invasão árabe; a guerra do Yon Kippur,
em reação árabe à anexação de terras ocupadas por Israel desde a guerra
anterior. Entre as terras, incluíam-se a Península do Sinal, parte do Canal de
Suez, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as colinas de Golã.
Além
das forças militares de alta qualificação e treinamento, Israel conta com
armamentos de alta complexidade tecnológica e sofisticação, dado o apoio que
recebe dos Estados Unidos para agir como seu preposto na região.
***
Em
todo este período, Israel manteve verdadeiro sitiamento a ambas as faixas de
terra palestinas, sobre as quais exerce mais que um simples controle: decide
sobre fornecimento de gás, energia, alimentos, água, deslocamentos de entrada e
saída, etc.
Alegando
ser a OLP uma organização terrorista, e visando desestabilizar seu poder, incentivou
a expansão da influência do grupo do Hamas.
Mais
tarde Israel viria reconhecer a Autoridade Palestina, e sua liderança por
sucessivos acordos e negociações em Camp David e Oslo.
***
Daí
em diante, o grupo do Hamas é que passa a ser considerado e tratado como
terrorista, até que a realização de eleições em Gaza dão a vitória a este
grupo, em 2007. Vitória nunca reconhecida nem pela OLP, nem por israel e seus
aliados.
Tal
vitória passou a justificar o aperto ao cerco promovido por Israel nas terras palestinas, transformadas em
verdadeiro campo de concentração a céu aberto.
***
No
conflito mais recente, de 7 de outubro, Dani Avelar, na Folha de São Paulo
(“Entenda como foram os ataques do Hamas em Israel no 7 de Outubro”, p. A14),
identifica 8 pontos de infiltração do Hamas nas terras sob domínio de Israel.
Destruídas
as torres de vigilância na fronteira, e sob a cobertura do disparo de milhares
de foguetes, logo cedo, os palestinos chegaram de barco à praia de Zikim para
invadir um kibutz com 900 habitantes.
Foram
recepcionados por residentes armados, acabando mortos.
***
A
partir daí, como em qualquer conflito, a maior vítima tem sido a verdade. O que
me leva a criar muitas dúvidas e perguntas, para as quais não acho respostas, listadas abaixo:
-
Os palestinos do Hamas são terroristas que não representam o povo palestino que
os elegeu. - Israel tem o direito de se
defender, à sua população civil e as terras de que se apossaram como
intrusos.
-
Grande parte da população civil israelense tem treinamento militar, com no
mínimo 3 anos de serviço militar prestado; pode portar armamentos e sabe
manuseá-las. Para mim, são civilitares.
-
Os bombardeios israelenses já mataram maior número de civis -mulheres e
crianças – que a agresão dita terrorista. Logo, há que se rever o critério de classificação
de atos terroristas.
-
Ontem na CNN, ao comentar o recado/ameaça do Hezbollah de que atacaria o norte
de Israel no dia de hoje, o Dia de Fúria, em retaliação ao ataque ao hospital
ontem, em Gaza, afirmou: curioso é em uma guerra, avisar ao inimigo da
ofensiva, dando tempo a ele de se preparar.
-
Ou seja: ato de guerra, para ter êxito deve ser de surpresa, sem aviso. Exceto
se for ataque do Hamas, por situações que já teriam levado qualquer povo a
reagir muito antes.
-
Finalmente, o que explica que o pacífico Estados Unidos estão presentes em
todas as guerras desde o fim da Iia Grande Guerra? Entre outras: Coréia, Laos,
Vietnã, Cuba, República Dominicana, Afeganistão, Irã, Iraque, e agora, no
Oriente.
Isso
sem contar com as guerras sujas que patrocinam e golpes que aplicam por todo o
mundo. Onde está o Eixo do Mal?
2 comentários:
Anônimo disse...
A guerra é o resultado do fracasso do diálogo, da sensatez. Israel historicamente não respeita acordos, ciente de sua superioridade militar, bem como o braço amigo (além de bombas, tanques, mísseis, jatos, etc.) dos EUA, submete os palestinos a barbárie semelhante que sofreu em terras germânicas... Atualmente desfruta do maniqueísmo de uma imprensa cinicamente parcial. A ONU escancara sua inutilidade, uma vez mais; foi assim na covarde invasão do Iraque, no início deste século pelos EUA e seus cúmplices. O secretário da ONU deveria anunciar a falência moral da instituição e declarar seu fechamento, que repete a ineficiência de sua antecessora, a Liga das Nações. De fato é urgente a criação de uma governança mundial...
Israel teve até a desfaçatez de criticar o Papa Francisco, por considerar os pronunciamentos do Pontífice sobre a guerra suaves...
Fernando Moreira
Anônimo disse...
Aproveito o ensejo para abraçar o blogueiro pelo do "Tambémquerodarpitaco". Como leitor frequente rendo minhas homenagens ao conteúdo consistente, equilibrado. Um abraço.
Fernando Moreira
Postar um comentário