quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Brasil, a sexta economia mundial

A imprensa noticia orgulhosa. Afinal, o anúncio foi feito por órgão internacional e merece mesmo algum estardalhaço. O ministro da Fazenda comemora. É justo. Mesmo com muitos criticando seu jeito, às vezes, algo falastrão, esse é o ministro que conseguiu, efetivamente, capitanear a nau Brasil em meio às vagas da crise financeira internacional, operacionalizando a promessa/plano/objetivo do presidente Lula, de transformar em marolinha aquilo que tomava ares de um tsunami.
Mantega, o ministro da Fazenda agora comemora o fato de o Brasil ter alcançado e superado a economia inglesa em valor do Pib.
Motivos para comemorar, portanto, existem. Até mesmo quando se considera que nosso êxito não nos permite, ainda, que a população brasileira tenha a mesma condição de renda e de padrão de vida da população inglesa.
Ou seja, mesmo produzindo mais que os trabalhadores britânicos, nossos trabalhadores ainda se encontram muito aquém de seus colegas de trabalho, em termos de acesso aos bens por eles gerados.
Alguém poderá objetar. Mas, já estamos produzindo. E isso é um avanço! Deixemos para um segundo momento a distribuição mais justa dessa produção.
E, escaldado por outras promessas e outras épocas, em que se acreditava que era preciso primeiro crescer, para só então distribuir - e lembrando que a etapa do crescimento foi cumprida, enquanto estamos até hoje esperando a distribuição acontecer- devemos todos ficar atentos para exigir, desde agora e sempre, aquilo que, convenhamos, também o governo do ministro Mântega tem realizado, senão a melhoria do padrão de distribuição de renda em nosso país, ao menos uma melhor e mais justa remuneração aos assalariados de classes de renda mais baixa. 
Longe de nós ainda a distribuição mais justa sonhada, capaz de tornar mais igual a parcela de participação no bolo da produção de salários e das rendas de propriedade, inclusive e especialmente os lucros. Mas, já houve avaços, é forçoso reconhecer e nosso mercado interno agradece.
E, em parte, nos dá tranquilidade para atravessar a segunda onda da crise iniciada em 2007/2008 nos mercados financeiros americano e de outros países desenvolvidos.
E, agora, nos permite superar a economia inglesa.
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Mas, justiça seja feita. Para nosso feito, contribuíram o câmbio, a sequência da crise que derruba os países europeus. E, até mesmo, o fato de que, desde o fim da II Grande Guerra e  dos 25 anos de expansão e  prosperide que lhe seguiram, ao menos para os países do bloco capitalista,  a Inglaterra tem apresentado um contínuo declínio, sendo exemplo de uma economia vítima de um fenômeno de desindustrialização.
Ora, se levarmos em consideração que esse país consiste de uma ilha, sem a dimensão e as riquezas naturais que caracterizam nosso país, concluiremos que estamos comemorando um feito que deveria ter sido alcançado muito tempo antes, não fosse o fato de que muito ainda há que ser realizado no nosso país, com destaque para um correto tratamento da questão da distribuição de renda, tão fundamental quanto o correto tratamento da questão educacional, como a primeira das questões, tanto tempo relegada a segundo plano.
Estamos no caminho certo. Mas, para que nosso êxito não seja passageiro, causado apenas e tão somente por questões ligadas ao câmbio e à crise, precisamos incrementar a economia do conhecimento, explorar as opções tecnológicas, e continuar avançando na direção de um melhor padrão de educação e difusão de conhecimento e de uma melhor e mais justa distribuição de renda.
Nesse caminho, a profecia do ministro, de que nos tornaremos a 5ª economia mundial em 4 anos será mais que um bravata, uma grande realização.

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