Cobrado pelo meu amigo Pieroni, volto a falar hoje de nossa ida ao Independência, do Galo e da boa exibição de ontem, contra o Internacional.
Sim, porque ontem fui ao Independência exatamente acompanhado pelo Pieroni, esse que pode ser considerado o italiano mais atleticano de BH.
Aliás, para fazer justiça ao amigo, devo dizer que o considero a maior caricatura viva do que é um italiano. Ou do que imaginamos ser um italiano; daqueles do tipo histriônico, no sentido teatral do burlesco. Figuraça.
Desses que falam com voz alta, para dar a oportunidade a todos de partilharem de seus sentimentos e suas sensações. Dono de gestos largos, mais eloquentes que sua voz. Uma sensibilidade apurada e um coração mais largo que os gestos que nos divertem.
E atleticano. Capaz de xingar, chorar, gritar, aplaudir, tudo na mesma partida, em geral, acompanhada por uma televisão de bar.
Mas onte, o amigo foi conhecer o novo Independência, o que já foi motivo para uma festa.
E, pé quente, ainda viu uma grande exibição do Galo.
Em especial no primeiro tempo, quando o time alvi-negro engoliu o time do Inter, que não conseguiu fazer uma jogada de ataque.
É verdade que o meio campo do Galo ganhava todas as bolas. Que a defesa mostrava uma segurança e tranquilidade há muito desejada pela imensa torcida atleticana. Que Marcos Rocha dava um show de vitalidade, indo à frente pela lateral. Às vezes, aparecendo no meio do ataque para, em seguida, estar dando combate e, invariavelmente roubando a bola na lateral, sua posição de origem.
Réver voltou com a segurança de capitão. E Leonardo Silva também seguro, não perdia nenhuma jogada, nem pelo alto, nem por baixo.
O meio campo fechava e, dentro de sua característica, beliscava, incomodava e destruia qualquer tentativa do time do Inter.
Mas, o ataque sentia a ausência de uma referência de área, por mais que Guilherme procurasse cobrir a lacuna de Jô, ou André.
***
E, sem capacidade de penetração, o Atlético não conseguia levar perigo ao gol adversário, não aproveitando as oportunidades criadas pelos lançamentos de Ronaldinho. Ou pelas arrancadas de Bernard.
Até que veio a justa expulsão de D'Alessandro, merecida pelo conjunto da obra, ele que já no primeiro minuto de jogo havia dado uma entrada desleal e sido amarelado.
Apenas para registro, diga-se até que merecia já ter sido expulso antes, caso o juiz não quisesse ou não parecesse, em alguns momentos, querer contemporizar e ... fazer um trabalhinho de segurar esse time mineiro que se atreve a ficar lá na frente...
***
E, com o Inter com um a menos, e o Galo tocando a bola de um lado a outro do campo tentando explorar uma bobeada, ou distraída da defesa gaúcha, aconteceu, no final do 1° tempo o gol do Galo. Guilherme, em chute de muita categoria. De rosca. Em bola que para felicidade da massa bateu na trave, e voltou nas costas do goleiro para ir morrer lá dentro.
Se o chute foi de rara felicidade e talento, a jogada foi toda ela uma pintura, com Ronaldinho Gaúcho, Guilherme, quase todo o ataque do Galo participando da trama.
***
No segundo tempo, o Galo que tinha passado praticamente mais de 70% com a posse da bola no tempo inicial, parece que parou. E começou a voltar bola lá da entrada da área, para o meio campo. E daí até o goleirão Victor.
E o meio campo do Inter percebendo que o time mineiro não estava querendo saber de agredir, começou a se impor. E o Galo começou a perder o meio-campo, e o Inter a crescer.
Nessa hora, a defesa mais uma vez se impôs e a ausência de um pivô na frente, para segurar a defesa gaúcha e dar mais agressividade ao ataque mostrou-se crucial.
Isso não impediu de o Galo chegar ao segundo gol, em jogada que mais uma vez teve a participação de Marcos Rocha, Danilinho, para acabar limpa para Leonardo Silva marcar um golação, muito bonito, no ângulo.
***
E aí as falhas do Galo voltaram a se impor. Se pulam e marcam muitos gols de cabeça na frente, eu não consigo entender porque, quando em sua posição original a defesa do Galo, Leo Silva em particular, não consegue pular e cortar a bola levantada na área do Galo.
Acho que Victor deveria ter saído e, talvez até tenha falhado. Mas a defesa deixou o Fred do Inter subir sozinho. Completamente livre no meio da área.
E o Galo mais uma vez impôs momentos de insegurança a sua fanática torcida.
O time não se abateu com o gol, mas começou a enervar. Afinal, uma coisa é tocar bola, como o Barcelona, virando o jogo, abrindo pelas laterais e voltando a jogada, para reiniciar tudo do meio campo, quando o time adversário se fecha todo. Uma coisa é tocar bola esperando a oportunidade e partir rápido, com objetividade em direção ao gol adversário. Outra é fazer o que o Galo tem feito. Gira a bola para algum lado do campo e, se a defesa contrária se fecha, toca para trás. Mais ou menos assim: na direita, Marcos Rocha lançado volta para Danilinho, que toca para Marcos Rocha. Cercado, esse toca para Pierre, que volta para Rever. Daí para Leonardo Silva, que atrasa para o goleiro.
Ontem, teve momento que achei que os jogadores de defesa não sabiam dar os chutões para a frente, que Victor era obrigado a dar.
Então, não digam que é porque o time não queria fazer a famosa ligação direta, já que no ataque só tinha baixinhos. Porque era exatamente isso que o goleiro era obrigado a fazer.
Percebi e achei que o time estava era matando o tempo. O que, em outras ocasiões poderá se constituir um perigo muito grande, se o time contrário partir para cima, para dar uma pressão.
Ao final do jogo, com a entrada de Escudero, mais uma vez a velocidade e o brilho dos dribles de Bernard, o Galo marcou o terceiro. Com Escudero, embora Ronaldinho estivesse a seu lado, em condições de também ele, marcar o gol.
3 a 1.
Mas há coisas que ainda não me agradaram e precisam melhorar: a bobeira que o miolo de área dá, às vezes, quase um apagão, sendo a principal delas. Essa coisa de ficar voltando a bola, para passar o tempo, outra.
***
Mas saímos felizes. Pieroni, ensandecido. Rodrigo Burato, que assistitu ao jogo ao nosso lado. O Guilherme e o Fernando e Eduardo, companheiros de outras jornadas.
Enfim: noite de Galo. Na veia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário