Meu
irmão me faz um interurbano
e
pede dinheiro para ajudá-lo a pagar as contas
do
mês que se esgota.
No
sinal,
o
menino maltrapilho se aproxima
e,
vendo a janela
entre
aberta e fechada
dá
um salto em minha direção
e
pede dinheiro para comprar leite
pede
dinheiro para comprar pão
enquanto
o semáforo me paralisa
e
obriga-me a refletir sobre a realidade da miséria
inerte.
Minha
mulher me pede dinheiro para as despesas
do
açougue
do
sacolão
do
armazém
a
empregada reclama o dinheiro da condução
e
meus filhos me pedem dinheiro
neste
caso,
para
pagarem o cinema
o
lanche
a diversão
Meu
colega de serviço deseja um empréstimo
mas
nada pede
constrangido
Só
o dinheiro nada me cobra
nada
me pede
apenas
mantém-me cativo,
sem-cerimônia,
Subordinado
a seu comando
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