quinta-feira, 17 de março de 2016

A vitória do Galo e os grampos de Lula

Em minha cabeça, estava tudo programado, mesmo antes da realização do jogo, para que os pitacos de hoje tratassem do Galo e do jogo contra o Colo-Colo na Libertadores.
Fosse vencedor ou não o Atlético, eu iria começar, mais uma vez, mostrando minha desconfiança, para não dizer insatisfação com Aguirre e cada vez mais com sua equipe de auxiliares.
Começaria dizendo que, em minha opinião, se o técnico escala mal, é pior ainda nas substituições que promove ao longo da partida.
Também iria dizer que continuo vendo falhas no meio campo, que deixa muitas vezes a defesa exposta, mesmo tendo um tanque trombador ou batedor lá atrás - Donizete, cujo futebol não gosto; ou ainda que a defesa continua muito vulnerável, sendo envolvida com certa facilidade quando joga contra adversários mais leves, ligeiros e que entram trocando passes com rapidez.
Talvez a idade, ou o tamanho dos zagueiros, que lhes impede de ter uma maior mobilidade fossem a explicação para o fato de, em toda a partida, o goleiro do Atlético, antes Victor, agora Giovanni, se transformarem em destaques.
Ontem, por exemplo, e mais uma vez, não sem razão, Giovanni foi escolhido o melhor jogador em campo, com defesas dificílimas, dignas de São Victor, além da ajuda da sorte, em muitas ocasiões em que os atacantes do time chileno atiraram a bola na lua...
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Iria aproveitar e dizer que tenho visto o time do Atlético acovardado às vezes, jogando feio, para trás e que, juntando-me a toda a crônica e torcida, o time está completamente sem condições físicas, o que é bastante estranho, já que com um dos melhores preparadores físicos do país na comissão técnica, não se entende porque Carlinhos Neves está tão mal escalado...
Diria ainda mais que um técnico que escala Patric como um de seus principais jogadores, senão o principal deles, por sua versatilidade, deveria merecer toda a nossa desconfiança, etc.
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Pois bem, o time ontem foi o oposto de tudo que eu vi (ou não vi) nos jogos contra o América em que não mereceu os resultados obtidos. Ou mesmo contra o Colo-Colo no Chile em que jogou acuado, fechado, preferindo jogar não para ganhar, mas para não perder.
Patric, com seu voluntarismo que nunca neguei existir tornou-se peça chave, marcando um gol, embora perdendo incontáveis oportunidades, mas criando jogadas de alto nível técnico, inclusive uma em que depois de um drible sensacional em Villar, colocou Pratto na cara do gol. E o argentino furou a bola, bisonhamente...
O time jogou bem, envolveu o adversário, embora mais uma vez, no início do tempo complementar parece ter optado pelo futebol covarde, levando uma pressão perigosa do time chileno que só não marcou e colocou fogo no jogo por sorte nossa e por Giovanni em noite de inspiração e santidade.
Mais uma vez o que todos comentaram foi a queda do preparo do time, que parecia lento, pesadão, sem pernas.
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Mas ganhamos e encaminhamos praticamente a classificação para a fase de mata-mata.
Embora continue com desconfianças em relação a Aguirre.
A questão ou a verdade é que o elenco dessa feita (Patric e Donizete fora) é muito qualificado.
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Fogo Político

Mas, nesse meio tempo, mais uma vez o Brasil pegava fogo, com a questão política levando para as ruas, novamente, parte da elite branca, rica, de classe média ou classe média alta, maior nível sócio-cultural e inconformada hoje e sempre com a derrota nas urnas.
Apenas aqui em Belo Horizonte, não vi a aglomeração que a Globo e outras que tais mostraram em seus telejornais, porque tendo que passar em minha volta para casa depois das aulas pela Praça da Liberdade, não vi reunião de um número expressivo de pessoas.
Isso não significa que não teve manifestação e nem que não tenha visto grupos, alguns cantando palavras de ordem, dirigindo-se para a Praça.
Mas, o que vi foi mais uma carreta, com buzinas tocando e bandeiras do Brasil sendo brandidas das janelas dos carros - muito poucos carros de tipo popular.
E tudo isso porque?
Pela nomeação de Lula. Pela divulgada tentativa da presidenta de obstaculizar a investigação do ex-presidente. Mas pior, pela decadência total, completa,  pela inexistência de qualquer rasto, se ainda era possível encontrar algum, de justiça e imparcialidade em nosso país.
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A começar pelo fato, desconsiderado pelos que protestam contra Dilma de que embora possam pedir, a renúncia é um ato unilateral, de vontade própria. O que significa que ninguém em sã consciência tem o direito de pedir a quem quer que seja, que renuncie.
Isso não quer dizer que não possa ter a opinião e até que, em sendo possível, venha a aconselhar a quem quer que seja, que renuncie a qualquer coisa, quando tudo em volta está parecendo ruim.
E isso, como todo conselho, se ele for solicitado.
Fora isso, o que vale é a pressão. Se você não renunciar, vamos botar fogo no país. Ou agir para tirá-la.
Mas, ficar rouco pedindo essa atitude é só isso mesmo: ficar rouco.
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Seguindo pela vergonhosa atitude de Gilmar Mendes o juiz que, a cada oportunidade despe-se da toga para mostrar o uniforme tucano que ostenta por baixo da veste talar.
Conforme visto ontem, o ministro não se contém e, numa curiosa interferência de um Poder no comportamento de outro, utiliza do momento de seu voto para criticar a escolha de ministros pela presidenta.
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E olha que, do pouco que entendo, a escolha de ministros é prerrogativa exclusiva do ocupante do cargo da Presidência.
E, não sejamos hipócritas: qual político que escolhido hoje para o Ministério não ocuparia o cargo sob a pecha da suspeição?
Que político não poderia ser alcançado pela acusação seletiva e mal intencionada que as ações da Lava Jato não conseguem mais esconder?
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Mas, se é inútil a crítica à escolha de qualquer ministro, entende-se a reação de toda uma população que, sendo manipulada em seus bons sentimentos e juízos, reage enfurecida às nomeações.
Mesmo que, insisto, não tenha parado para raciocinar, no calor dos eventos, nem para perceber que vivemos em um país que pretende ser democrático. E que, como disse bem José Eduardo Cardozo, não existe democracia para mim se não existir democracia para outros, ainda que adversários.
Ora, o Estado de Direito, pelo que penso, não pode querer funcionar atropelando as leis, a ordem constituída, principalmente quando tal comportamento tem origem em atitudes de um magistrado.
Embora nesse momento de passionalismo isso seja pouco considerado, a verdade é que os fins não justificam os meios.
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A esse respeito, já havia comentado que dentro em pouco, iríamos ver provas plantadas serem invocadas para condenarem pessoas tão somente porque toda a população, induzida por interesses escusos, acreditava que elas deviam ser condenadas.
Condenação que não precisava de ter provas sólidas, consistentes, para aplacar a sanha de tantos inimigos.
A respeito especificamente de Lula, de quem não gosto particularmente, a ponto de não ter votado nele, exceto no segundo turno contra Collor, apenas gostaria de lembrar uma frase que não sei onde vi, mas que faz todo o sentido e merecia reflexão: a grandeza de uma pessoa mede-se pela grandeza e estatura de seus inimigos.

Reconheçamos que Lula criou como inimigos os maiores empresários, as mais importantes forças econômicas, políticos como Fernando Henrique Cardoso, para quem analfabeto não poderia ter ocupado o Planalto, Aécio,  e tantos outros golpistas.
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O que houve ontem, especialmente as atitudes de Sérgio Moro, vazando conversas sigilosas que ele como juiz deveria zelar para manter longe da midia, mostra que não apenas o juiz parece aproximar-se de um comportamento messiânico, mas golpista, parcial.
Seu comportamento e sua reação beiram mais a do menino birrento, que viu a oportunidade de surpreender os pais com alguma atitude considerada elogiosa, jogada por terra.
Agindo assim, Moro cada vez mais aproxima-se de assumir uma face autoritária, com o risco de confundir-se com esse papel. Mais próximo ao perfil de quem, à maneira de um Hitler, julga ter o direito de fazer a justiça com as próprias mãos.
Em minha opinião, ignorar esse comportamento, parece que guiado pelo desespero, não é digno da democracia nem da carreira do próprio juiz.
E, por isso, Moro deveria ser objeto de representação junto ao Conselho Nacional de Justiça, dando oportunidade a ele de poder refletir e retomar a conduta que parece ter sido sua característica.
Grampear e divulgar telefonema de autoridade maior é tão criminoso, do ponto de vista da manutenção do Estado de Direito, quanto a corrupção que ele corretamente tem tentado combater.
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Aliado ao destempero e falta de limite de Moro, ainda vem a imprensa, cuja raiz golpista pode ser encontrada desde outros tempos, tão longínquos quanto 1964. Estadão, Folha, Globo, tv Globo, etc., têm já de longa data tradição em golpes autoritários.
Daí manchetes como a da Folha de hoje: Presidente atuou para evitar a prisão de Lula...
Ora, sejamos honestos, que prisão que ela está evitando, se não houve qualquer determinação no sentido de que Lula fosse preso? Se sua prisão não foi decretada?
Manda o bom vernáculo, que mesmo que a intenção por trás da nomeação e das conversas e atitudes gravadas de forma ilegal tivessem um fundo de verdade, a manchete fosse algo como: Gravações permitem supor esquema para evitar potencial risco de prisão de Lula.
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Uma coisa é falar, antecipando um fato, indicando suas intenções, ou o que se julga serem elas.
Outra coisa é já dar o veredito, como a Folha vergonhosamente fez.
E como a Folha, outros órgãos que, infelizmente, entram em nossa casa e tentam entrar em nossos corações e mentes, tão somente para fazer o que em português mais claro poderia ser chamado matéria fecal.
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Apenas um alerta: as atitudes do juiz e o comportamento da midia está criando uma situação no país que, por mais que se torça para sua frustração, caminha de forma célere para um confronto civil, de proporções inéditas.
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E vamos deixar claro: lugar de quem cometeu qualquer crime é sim, na cadeia. Mas como resultado de julgamento de processos que não poderiam ter qualquer tipo de mácula, para que a Justiça, a Democracia, o povo em geral fossem os vencedores finais e beneficiários da vigência de um Estado de Direito. Sem adjetivos. Só Direito.

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