segunda-feira, 20 de junho de 2016

Galo e América vencem; temer nem vence nem convence e o plano de acabar com os direitos e conquistas sociais

Após uma semana dominada pelo clima ameno e dignificante das delações de Sérgio Machado e filhos, o fim de semana trouxe, pelo menos do ponto de vista esportivo, e do Atlético e América, notícias mais animadoras.
Em relação ao América, a vitória contra o Coritiba, jogando em casa, capaz de trazer algum fiapo de esperança para a torcida do Coelho, especialmente pela capacidade de reação demonstrada pelo time, que saiu perdendo.
Não vi o jogo mas, independente de o América ter merecido ou não, ter jogado bem e ter enchido os olhos de sua pequena torcida, apenas o resultado vale muito, para quem sabe sacudir tanto o time, quanto diretoria e torcedores. 
E reavivar o ânimo do time, visando fazer o time sair da zona de rebaixamento e retorno à segunda divisão.
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Em relação ao Atlético, a notícia melhor foi a volta dos jogadores equatorianos, que estavam servindo à seleção de seu país, na Copa América Centenário.
Não apenas o retorno de Erazo deu mais força e consistência à defesa, agora mais protegida pela presença mais constante de Donizete, mas a volta de Cazares, que voltou a trazer vida, qualidade, inteligência e espetáculo ao até aqui burocrático meio campo do Galo.
Cazares foi, na manhã de domingo, um espetáculo à parte, jogando com criatividade e tendo seu esforço e sua atuação premiados com um gol que mostra toda a categoria do jogador, que teve tempo de dominar, evitar a chegada de um adversário, levantar a cabeça e observar o posicionamento do goleiro da Ponte, para colocar no canto, sem qualquer possibilidade de defesa. 
Golaço, para saudar o retorno de um grande jogador.
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Mas não foram apenas os equatorianos que se destacaram. Marcos Rocha, jogando sério e marcando bem, inclusive chegando a cobrir alguns companheiros e, como sempre, muito bem nas jogadas de ataque, e Donizete, que chegou a arriscar alguns chutes da entrada da área, vários deles levando perigo, são outros que merecem destaque.
No caso de Donizete, cujo pouco futebol eu não aprecio, é de justiça reconhecer ter feito uma boa apresentação ontem, o que foi coroado com um gol, de fora da área, e muito longe, mas que contou com a infelicidade do goleiro João Carlos, para alegria da massa.
De outros jogadores, como Douglas Santos, que mostrou evolução na qualidade do futebol, e Fred e Clayton, que mostraram muita disposição de luta, o primeiro sempre sendo causando preocupação no miolo da zaga adversário e segurando sempre um ou dois homens atrás, e Clayton, pela lateral, fazendo o trabalho de avançar e também ajudar no combate e cobertura dos avanços do time da Ponte. 
Mais uma vez, Victor foi decisivo em alguns lances, e dessa vez, não é possível citar algum jogador que tenha ficado fora da média.
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Mas, o assunto do momento, como não poderia deixar de ser é a delação de Sérgio Machado, e a queda de mais um ministro do desgoverno golpista de temer. Agora, o ministro do turismo, Henrique Eduardo Alves, em nome de quem foram descobertas e denunciada a existência de uma conta ou contas, na Suíça.
Junto a essa notícia, que causou a terceira queda de ministros tidos como notáveis pelo temerário golpista, mas que apenas podem ser caracterizados com notórios, a notícia da nomeação para secretário de esportes do filho de nosso senador Perrella, Gustavo Perrella. 
Não bastasse a curiosidade de uma pessoa e até uma família que altera o próprio sobrenome, Costa, para assumir o nome de outra de maior destaque e expressão, apenas por ter se transformado em dono do frigorífico, muito famoso em Belo Horizonte, denominado Perrella, temos agora o prêmio pelas relações entre Perrella, o senador, e Aécio,  esse traidor dos ensinamentos libertários do avô, Tancredo.
Pior, a recompensa por ter ajudado no golpe contra Dilma e a chegada de temer ao poder usurpado, é a nomeação de alguém cuja passagem mais notável pela vida pública, talvez pela idade, talvez pela falta de experiência, seja a de ter participado da suspeitíssima intercepção de um helicóptero, de sua propriedade, com 400 quilos de pasta base de cocaína. 
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Situação que nos mostra o jeito temer de governar, lidando sempre com as pessoas mais notadas, sempre selecionando o perfil correto para o cargo a ser preenchido. 
Afinal, em meio a tanto escândalo de doping que cada vez mais vem à luz e ao conhecimento do grande público, seja de artistas da Rússia, seja de nadadores brasileiros ou outros atletas do atletismo, ou do ciclismo, etc. nada como nomear para comandar o setor alguém com algum conhecimento pelo mundo das drogas. 
E, para sacudir de vez a poeira, seja do esporte olímpico nacional, seja dos restos do helicóptero, nada como saudar como alguns jornalistas têm feito a indicação do jovem, saudação sempre acompanhada por expectativas de carreira mais brilhante.
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Mas a curiosidade me leva a perguntar, mesmo que intimamente, o que estaria a midia, a grande imprensa, a classe empresarial, os movimentos conservadores e favoráveis à supressão da democracia, mesmo quando ela desanda por força de escolhas equivocadas por parte do sufrágio popular, se fosse Dilma a citada na delação de Sérgio Machado esse anão moral?
Primeira observação: para deixar manifesta aqui a minha opinião a respeito desse ser abjeto que tem mostrado ser o senhor Sérgio Machado. Pior que Macunaíma, o herói sem caráter, esse delator, longe de ser um herói é um bandido que nem mesmo entre bandidos deve encontrar similar. Anão moral. Apenas isso para mostrar a repulsa em relação a seu comportamento. 
Isso, independente de esse comportamento estar trazendo benefícios para ajudar a passarmos o país a limpo.
Afinal, não podemos pelos resultados conquistados, deixar de reconhecer que não há como admitir que todos os meios valem, se os fins são positivos. E esse Sérgio traiu amigos, tão bandidos como ele, mas de forma sórdida. E deverá passar para a história como uma bactéria, de alto poder de destruição.
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Mas, o que diriam todos se fosse Dilma que tivesse sido denunciada cobrando, achacando, um milhão e meio, de procedência duvidosa, para a campanha de seu protegido, Chalita?
E o interessante é que até aqui, parece que apenas Dilma não teve o nome, ao menos diretamente ligado a dinheiro explícito.
Situação que me leva a lembrar do aprendizado de conjuntos no início do estudo da Matemática. E das correspondências unívocas, ou biunívocas.
Bem, e o que estaria a população que gosta de dar golpes, e bater panelas, e se reunir com a camisa mais limpa e honesta da CBF, fazendo se Dilma chegasse a dizer que, tivesse ela recebido aquela quantia, não teria condições de exercer a presidência do país?
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Todos sabemos a resposta. temer a sabe também. E sabe que, por isso mesmo, por não ter condições de exercer a presidência, não foi ele o eleito. O povo sabia. Por essas e outras ele não chegou nunca a vencer uma eleição majoritária. Sequer concorreu a uma, se duvidar.
Porque sabe que a única forma de chegar onde chegou seria pelo golpe, pela traição, pelo comportamento obscuro, mesquinho, por trás das sombras. 
temer, se fosse rei, passaria com folga para a história com o epíteto de temer, o obscuro. 
Ele, e seus amigos anões, também denunciados, como Aécio, Agripino, para não dizer de tantos que já foram também citados da excrecência que é seu partido.

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Para completar o pitaco e o desabafo, apenas um comentário sobre o pacote econômico, travestido de PEC, enviado ao Congresso, na última semana, por Meirelles e sua equipe.
Queriam que a fixação de teto para os gastos públicos se desse por um período de quem sabe, cinco anos. 
Esse era o comentário, a princípio.
Foi então que o mercado financeiro e seus arautos decidiram que o prazo não poderia ser de menos que 10 anos, para que a transferência de recursos públicos, da classe mais poderosa e rica para a mais sofrida não pudesse prosseguir, a ponto de cair no esquecimento da passagem do tempo.
Afinal, deve sempre ser lembrado e mantido como ideia chave, que o país é pobre e não pode se dar ao luxo de gastar muito, com coisas que por mais merecedoras de atenção, iria solapar nossa estabilidade e nossa paz. 
Ou seja, não há como manter outra ideia senão a de que, por pior que todos achemos, não dá para querer tirar os pobres da situação que eles não mereciam estar, menos ainda, se isso for feito com o dinheiro que em tese, e até por questões divinas, deveria estar devotado aos mais ricos. Afinal é questão de méritos, e deuses têm muito a ver com meritocracia. Pergunte ao deus mercado?!!!
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Pois bem, como mostrou mais uma vez em sua excelente coluna de quinta feira na Folha, a professora Laura Carvalho, a ideia de que cidadãos de classe inferior podem ascender pela via democrática deve sempre ser banida, da vida social. A democracia deve ser demonizada, salvo se exercida e controlada pela oligarquia e o atraso. 
É disso que trata o golpe. É disso que trata esse pacote, que tira dinheiro da Saúde e da Educação, para não transimitir ao populacho o conhecimento, arma que os permitirá partir em busca e na luta por seus direitos e conquistas. 
E, para curvar-se ao deus mercado e seus sacerdotes de araque, o projeto enviado ao Congresso estipula um prazo de 20 anos, sendo os dez primeiros sem possibilidade de alteração e o período final, passível de manutenção ou algum tipo de ajuste. 
Ou seja, como era com Dilma e por isso mesmo criticado por todos, o mercado e a classe empresarial pensou ou desejava algo, dá-se-lhe muito mais, para agradá-lo.
Apenas não se aprende e percebe com o passado recente, que por serem os donos do capital e das fortunas, esse pessoal apenas trata com desdém aqueles que visam bajulá-los. 
Coisa da arrogância da aristocracia. 
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Enquanto isso, mais uma vez, no Senado, temer pede que o atraso seja objeto da pauta, com o tal projeto de Renam, ponte para o futuro, que eles insistem em não deixar florescer.
E Eunício vem com a conversa de terceirização, que nada mais parece que a precarização dos direitos e conquistas sociais dos trabalhadores. 
Uma pena. 
Mas, o ronco das panelas de quem queria tirar o governo para limpar a corrupção do país continua presente, mesmo que hoje fale ais pelo seu silêncio 

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