Muhammad Ali foi mais que um esportista, um boxeador, campeão da categoria dos pesos pesados por três vezes durante as décadas de 60 e 70 do século XX.
Muito mais que isso, foi um defensor dos direitos humanos, um cidadão que não se omitiu e que lutou em prol de sua raça, colocando-se claramente contra a segregação que seus irmãos sofriam nos Estados Unidos, e que sempre lutou por ideias e por suas crenças.
Inteligente, arguto, foi autor de frases que se tornaram célebres, como a que definiu seu estilo em cima do ringue: voando como uma borboleta e ferroando como uma abelha.
Das frases agora repetidas à exaustão, mais que a percepção de sua elevada autoestima, inegável, pode-se perceber, também, a vontade de transmitir para outros negros, de origem humilde como a sua, a postura necessária para não se deixar abater, não se sentir humilhado e mais, reagir a qualquer atitude desrespeitosa e preconceituosa.
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Depois de ter abandonado os ringues, e já acometido pelo mal de Parkinson, ainda assim era possível vê-lo com o mesmo semblante altivo, o olhar decidido e a mesma expressão de quem sabe que que não pode se entregar e se esmorecer, levando avante seu papel de líder e exemplo.
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Muhammad Ali foi-se embora no final de semana e a sensação que me deixou foi muito próxima à sensação que me dominou quando da perda de outro grande esportista, orgulho e ídolo desse nosso país, cada vez mais órfão de valores e pessoas dignas: Ayrton Senna.
Que Ali descanse em paz.
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E mais frases e perdas
E falando de frases célebres e perdas, o fim de semana trouxe também a notícia da morte de Jarbas Passarinho, ex-coronel do Exército e ex-ministro dos governos ditatoriais de 64.
Dele, que sempre fez questão de se apresentar como um democrata, ficou célebre a afirmação feita na reunião ministerial responsável pela aprovação do Ato Institucional nº 5, o famigerado AI-5, instrumento importante por tornar escancarada a ditadura estabelecida m nosso país.
Na reunião, o ex-ministro afirmou, sem qualquer prurido, ser favorável à aprovação da medida, sugerindo ao ditador de plantão que mandasse à fava quaisquer escrúpulos de consciência que pudesse ter.
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O início da semana traz ainda a notícia do falecimento do ex-governador de Minas Gerais, Hélio Garcia, considerado um dos últimos dos políticos tradicionais de nosso estado, uma das velhas raposas da política mineira.
De Hélio, podemos lembrar várias frases, algumas quais tendo como principal personagem as professoras primárias.
Mas do inesquecível Dojão a cena que primeiro me vem à lembrança é a situação em que, cobrado pela imprensa e pelos correligionários, promoveu um evento para, da sacada do Palácio da Liberdade, e cercado de vários políticos, revelar o nome daquele que deveria ser o pré-candidato de seu partido, que contaria com o seu apoio para disputar a convenção contra o deputado Newton Cardoso, na disputa do indicado para concorrer a sua sucessão.
Rodando o dedo, girando sobre os calcanhares, a voz embargada, declinou o nome do presidente da seção mineira do PMDB, Melo Freire.
Uma surpresa e um susto. Principalmente um susto.
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Recentemente estava recolhido em sua residência, longe da política, acometido pela doença de Alzheimer.
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E as perdas de oportunidade
Não falo das perdas de oportunidade de se fazer um governo capaz de restabelecer a confiança da população e dos cidadãos brasileiros.
Afinal, isso seria esperar demais de um político que sempre preferiu adotar um comportamento de camaleão, em cima do muro, ora jogando de um lado, ora desembarcando da nau em apuros e aparecendo na foto justamente ao lado daquele que era considerado o inimigo até o dia anterior.
Camaleão, oportunista, pouco confiável, golpista, nenhum dos adjetivos que se aplicam muito bem ao presidente interino, temer, permitiriam a qualquer pessoa que acompanha mesmo que de longe a política brasileira, esperar coisa diferente.
Afinal, o governo de notáveis não poderia deixar de ser apenas composto por políticos notórios. E no caso não há nem como criticar a indicação de apenas homens brancos, etc. Porque no quesito indicação de pessoas sob suspeição, até mesmo a mulher indicada para a Secretaria das Mulheres, a ex-deputada Fátima Pelaes está sob investigação, acusada de desviar 4 milhões de reais para interesse particular.
Ou seja, parece que para ser ministro de temer, o primeiro requisito é estar sendo acusado de algo, de preferência algum desvio de recursos públicos, para poder mostar o interesse de temer em acabar com a corrupção em nosso país.
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A oportunidade que vejo cada vez mais distante é a do time do Atlético posicionar-se na tabela do Campeonato Brasileiro, de forma a não dar chances de os líderes se distanciarem definitivamente.
Ninguém em sã consciência iria ficar cobrando do time um desempenho capaz de encantar à torcida apaixonada, nem mesmo um entrosamento ou uma organização tática e técnica impossível de se obter quando o time é tão afetado por baixas médicas e convocações para seleções nacionais.
Inegável que um time que não pode contar com 8, 10 jogadores do grupo de atletas principais de seu elenco terá dificuldades de apresentar um futebol vistoso, de obter vitórias, ou mesmo de manter uma desejada regularidade.
Mas, o time do Galo vem jogando fora chances seguidas de conquistar alguma vitória, tendo várias vezes saído na frente no placar, para ceder o empate quando pressionado.
Foi assim, por exemplo, contra o Vitória, e foi pior ainda, nesse fim de semana, quando conseguiu sair com o placar de 4 a 2 no primeiro tempo, contra o Sport, para ceder o empate no segundo tempo.
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E, embora muitos, inclusive eu, estejamos responsabilizando a presença de Patric, e por extensão atribuindo parcela da culpa a quem o escala para jogar em todas as posições em campo, o que o atleta até tenta fazer, dentro de toda a limitação técnica que o caracteriza, esse não é o maior problema de nosso time.
E cada vez mais vai ficando claro, especialmente para um time que leva tantos gols, é que não é a defesa ou o miolo de área que deve ser crucificado.
Por mais fracos que sejam Thiago e Edcarlos, ou mesmo o novato Gabriel, a verdade é que eles estão constantemente expostos, seja pela falta de cobertura dos laterais que avançam e não dão conta de voltar, seja pela falta de jogadores capazes de darem o primeiro combate, os médios volantes.
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Rápida observação: não há também como jogar a culpa sobre Marcos Rocha, uma das poucas opções de saída de bola para o ataque, que ao subir acaba deixando um verdadeiro corredor às suas costas.
Isso porque também ele não tem qualquer companheiro em sua cobertura.
Pior, em vários jogos e ocasiões, ele é que tem que ir cobrir o miolo de área, exposto ao avanço em velocidade de vários atacantes adversários.
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Em minha opinião, o problema maior do Galo é entrar em campo com um time escalado com três volantes, em que nenhum deles é capaz de proteger a cabeça de área, dando o primeiro combate, e desarmando o ataque adversário.
Sem dúvidas, contamos com um excelente médio volante, Rafael Carioca, ótimo para sair jogando e um dos atletas com maior número de acertos de passes, mas que, isoladamente, não consegue interromper as investidas dos atacantes inimigos, as trocas de passes em velocidade, as triangulações. Leandro Donizete tampouco sabe desarmar, sendo muito mais respeitado pela violência que emprega e deslealdade, em alguns casos, resultado de sua falta de habilidade técnica.
Pior é quando resolve que vai sair jogando, instantes em que acaba, sempre, armando contra-ataques sempre perigosos para nosso time.
Júnior Urso é outro que prefere ficar lá na frente, ao lado de Patric, ambos sem qualquer cacoete de armadores.
Urso, ao menos, ainda arrisca chutes de meia distância a gol, o que é muito pouco.
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Assim, ao mesmo tempo que o time não tem o poderio de ataque que lhe é atribuído, fica muito vulnerável em sua defesa, o que explica a fragilidade apresentada por um time que leva 4 gols como ocorreu no jogo de ontem.
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Se Marcelo não conseguir dar mais consistência a nosso meio, pode entrar com 5 ou 6 cabeças de área que eles continuarão como hoje, verdadeiros cabeças de bagre.
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