terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A teia de informações que mais confundem. A quem interessa criar - MAIS - confusão em nosso país?

Prosseguem, agora sob sigilo de justiça, as investigações sobre o acidente que causou a morte do ministro relator da Operação Lava Jato no Supremo, Teori Zavascki.
Conforme anúncio dos telejornais, a determinação do sigilo é decisão corriqueira quando da ocorrência de desastres aéreos, mas que nesse momento apenas serve para alimentar a onda de boatos e reforçar a teoria da conspiração que paira sobre a sociedade, não há como negar.
A ponto de a Folha de São Paulo trazer hoje a informação da preocupação de temer com a onda de insinuações que inundam o país. O que levou o ocupante ilegítimo do Planalto a se reunir com o ministro da Defesa solicitando rigor nas investigações.
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Para piorar, e dar mais combustível às teorias conspiratórias, a Aeronáutica encontra o gravador de bordo, a caixa preta da aeronave, e anuncia que o gravador sofreu danos por força do contato com a água do mar. Para em seguida vir a público explicar que  a parte que pode ter sido prejudicada não é aquela que afeta a gravação, o que significa a possibilidade de recuperação dos registros de conversas e ruídos do vôo.
De fato, os sites e portais de notícias já anunciam que a gravação não foi prejudicada e que o áudio não traz nada de anormal, exceto o comentário do comandante referente à chuva. Nenhum outro comentário, por exemplo, sobre algum problema técnico ou mecânico.
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Ainda assim, do meu ponto de vista, completamente leigo assunto, uma pergunta insiste em me atormentar: que interesse teria o pessoal especializado, da Aeronáutica ou do Cenipa, em divulgar o achado do gravador, dando esperanças à sociedade em relação à investigação de possíveis causas do acidente para, em seguida, vir com a informação da possibilidade de o aparelho estar danificado, provocando verdadeira frustração quanto à possibilidade de desvendar as causas do acidente?
Em minha avaliação, como entender que peritos em acidentes aéreos, em todo o canto do mundo se preocupam em imediatamente promover buscas para resgatar as caixas pretas de aeronaves que caíram em pleno mar, já que a água salgada teria o poder de danificar o equipamento?
Ou só no Brasil a água (mais) salgada teria tal impacto?
A quem interessa a geração desse ambiente de desconfiança e informações desencontradas? Será que essa necessidade de impedir a manipulação irresponsável dos fatos é a justificativa para a determinação do sigilo?
Mas, se se determina o sigilo, ele serve principalmente para o pessoal da Aeronáutica. Será que esse pessoal de extrema qualificação e integrantes de forças de segurança seria o pessoal responsável pela criação desse ambiente de completo aturdimento?
A quem ou a que interesses atenderia a geração de tal ambiente?
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No mínimo, acho estranho que tudo isso possa estar acontecendo, embora ache, por outro lado que há espaço suficiente para toda e qualquer especulação, quando a sociedade civil resolveu, por interesses próprios ou mera manipulação da opinião pública, tomar o caminho da ruptura institucional e da aprovação de um golpe.
Ou depois de ouvir a manifestação do ministro do STF, Luis Roberto Barroso, a respeito da foto que mostrava quem poderia assumir o comando do país com o impedimento de Dilma, ainda havia alguém disposto a acreditar que o país iria melhorar? Que finalmente iria deixar para trás um governo corrupto, para ver o início de um novo período de crescimento, desenvolvimento, respeito ao interesse e à coisa pública, de um mandato exercido, mesmo que ilegitimamente, por gente bem intencionada e reputação ilibada?
Logo com a chegada ao poder do presidente do partido considerado o maior beneficiário de tudo de ruim que a nossa política pode gerar desde a redemocratização? Com temer assumindo o poder, e trazendo para assessorá-lo o tipo de nomes e políticos, todos seus amigos leais, que mais motivos deram para investigações de maus feitos?
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Não é a toa que, em menos de um mês, já havia caído um de seus principais auxiliares, e a cada mês seguinte a sua posse, seus amigos foram todos sendo obrigados a deixar o governo.
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Mas, deixemos isso de lado, para não criarmos outra teoria da conspiração, relativa à criação de um ambiente social conturbado, que permitisse que soluções de manutenção da ordem e da segurança abrissem espaço à outras soluções mais disruptivas.
Afinal, não apenas Bolsonaro está aí, como a recepção que teve em Minas, a mesma terra de onde partiram as tropas do general Olimpio Mourão Filho na malfadada madrugada de 1º de abril de 1964, serve para confirmar a famosa lei de Murphy de que não há nada que não possa piorar.
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A indicação de substituto para Teori

Enquanto isso, continuam as consultas e o jogo de pressões, para indicação do nome do substituto de Teori.
Alguns, sem conhecimento de causa, torcendo para a indicação de Sérgio Moro, o juiz por quem Teori, ao que parece nutria pouca simpatia. Não em relação à sua capacidade ou formação profissional, mas em relação a sua postura e a sua vaidade.
Quem pede e faz torcida por Moro, acreditando que ele poderia suceder a Teori na função de relator da Lava Jato, não considera que ele tem um impedimento legal em tratar da operação no Supremo, uma vez que tem atuação em todo o seu desenrolar, na primeira instância.
De certa forma, seria no mínimo estranho, que ele pudesse assumir a função de revisar o trabalho que fez como juiz em primeiro grau, podendo até anular e ir na direção contrária à suas decisões anteriores. O que é uma função do ministro do Supremo, no caso.
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Fora Moro, cujo apoio de camadas da sociedade se dá justamente por sua atuação na Lava Jato e tão somente por tal motivo, outros nomes falados são de Ives Gandra Martins Filho, juíz do Tribunal Superior do Trabalho, mas com perfil conservador como as redes sociais têm se preocupado em divulgar.
Como comentei no pitaco de ontem, o perfil de Ives Gandra, para quem a mulher deve submissão ao seu marido e capaz de tecer comentários em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo revela, no mínimo, uma falta completa de respeito à diversidade, não pode ser a melhor escolha para um país que deseja aprofundar o Estado Democrático de Direito.
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Outros nomes têm sido aventados. Não conheço a maioria deles. Mas torço para que sejam pessoas de mentalidade mais esclarecida e aberta. Porque, se ninguém é obrigado a ter as convicções pessoais e íntimas, muitas vezes, que seriam desejadas, não podem, por outro lado, faltar com o mínimo que o convívio social exige: o respeito. Tão somente e simplesmente o respeito.
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Vivemos tempos de preocupação. Sociedade cada vez mais sujeita a surtos de conservadorismo, agravados não pela posição pessoal que devemos respeitar, mas pela preocupação manifesta por tais grupos conservadores, em impor sua vontade a toda a população.
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Nesse meio tempo, de desrespeito ao outro, em todas as formas de manifestação e pensamento desse outro, não é de estranhar que a agressividade e a falta de segurança se amplie cada vez mais em nosso ambiente social.
O que explica que um idoso tenha sido morto em sua residência, em um assalto, apenas por que um dos assaltantes perguntou para o colega se devia ou não atirar, como aconteceu em Nova Lima - Minas. Ou policiais e assaltantes troquem tiros em plena rua, acabando por acertar o rosto de uma menininha cujo único erro foi estar na hora errada, no lugar errado.
Vivemos tempos bicudos.
E cabe a nós, todos, que desejamos voltar a viver em paz e harmonia, divulgar a ideia do respeito a tudo aquilo que é contrário ao que acreditamos. Respeito à divergência. Ao diferente.
Simples assim.

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