Desejando, intimamente, que o ano de 2017 seja um ano de maiores e melhores esperanças que aquele de 2016, por sinal, um ano bissexto.
Curioso: sempre tive uma cisma com anos bissextos, o que não é privilégio meu.
E exatamente por isso, recorri ao Google para saber as razões para essa crença.
E a mais óbvia e trivial é que, o fato de a cada quatro anos termos de incluir um dia extra em nosso calendário, acarreta a sensação de quebra de rotina. De que uma regra tida como natural não estar sendo respeitada, o que pode gerar ansiedade, como algo que nos escapa ao controle.
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Em um site, parece-me que ligado à numerologia, a soma dos algarismos 365, do número de dias tradicional, é igual a 14, correspondente à carta da Temperança no Tarot. Já quando somamos os algarismos dos dias do bissexto, os 366, a carta que surge é a do Diabo.
Se a primeira das somas nos leva à tranquilidade, o resultado do ano bissexto significa dificuldade com comunicação e com amigos. Mas, alerta o texto, representa também a aquisição de dinheiro.
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Para mim, talvez a explicação de não gostar do ano bissexto seja o de termos um dia a mais no calendário, sem termos uma grana a mais no bolso.
Pouco importa. Todos os que estão atolados até o pescoço nas delações ligadas à Lava Jato devem compartilhar dessa visão que favorece à obtenção de dinheiro.
Especialmente o minúsculo temer, o golpista intruso, tão vinculado ao anão do orçamento e homem forte da liberação de financiamentos empresariais na Caixa.
Ou seja, não bastasse o comportamento considerado como advocacia administrativa de Geddel e seu apartamento em área proibida de Salvador, em que temer o obscuro, agiu como se a confusão entre interesse público e privado fosse a coisa mais natural do mundo, que redundou no afastamento do homem forte do governo ilegítimo, o ano começa com a informação de que o amigo do peito do usurpador é proprietário de uma autêntica "boca de jacaré", metáfora para referir-se à gula de propinas por ele demonstrada.
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Geddel e Cunha, esse também no fundo de investimentos do Fundo de Garantia, FI-FGTS.
E ambos negociando o repasse de valores para financiamento, entre outras coisas, do partido que o nosso Boris Karloff presidia.
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Mas, iniciamos o ano de 2017 que, tem sido considerado e chamado pelo brilhante Zé Simão, como a prorrogação do ano de 2016, o ano do golpe que o brasileiro médio, manipulado pelos interesses da rede Globo e da revista(?) veja, tramou e levou ao cabo.
O que nos leva a temer e ao temor de 2017.
Que para não deixar ninguém iludido, começou com a maior carnificina já ocorrida em presídios do país, fora a invasão do Carandiru com suas 111 mortes. Aquele caso sintomático, macabro, que o desembargador paulista apenas considerou tratar-se de uso de legítima defesa, já que os detentos desarmados partiram para uma agressão covarde contra os batalhões de policiais com armas até os dentes.
Mas o caso aqui não é o Carandiru, mas algo que, por seus contornos vai adquirindo uma gravidade talvez mais ampla, já que não se trata de uma ação isolada no Compaj do Amazonas, mas tem reflexos e mostra um sentido de coordenação terríveis.
Afinal, a briga das facções que justifica a matança além das 54 mortes iniciais já acumulam 134 mortes, incluindo os mais de 30 prisioneiros de Roraima, os 4 da Cadeia Pública de Manaus, e mais os 26 de Natal, no último sábado.
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Tudo isso que,conforme o nosso ridículo presidente ilegítimo e usurpador do país do cruzeiro, é apenas a manifestação de um acidente trágico.
A respeito de tal comentário, a verdade nua e crua, o acidente trágico maior de nosso país é a presença desse usurpador, ocupando posto para o qual não foi escolhido pelo povo. E adotando medidas que não constariam de programa que o povo sufragaria nas urnas.
Mas, a verdade é que, ato falho ou não, o nosso golpista mostrou sua verdadeira face e substância. E ela mostrou que temer é tão somente o presidente do atraso. De um país que se preocupa, cada vez mais, em lançar pontes para o .... passado. O que nos leva a admitir que o golpista está (re)construindo, com êxito, o país do cruzeiro. Ou do mais patente atraso. Que é real, como a moeda esquecida.
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A carnificina é sinal, entre outras coisas, de como a nossa sociedade trata a todos que cometeram algum ilícito em dado momento de sua vida, por qualquer motivo.
Isso porque a grande maioria dos homens encarcerados, ficamos sabendo estupefatos, não foram julgados, alguns nem processo instaurado têm.
Situação que, como foi já objeto de comentário, não faz de nossos prisioneiros apenas seres apartados do convívio social, e sem qualquer tipo de direito reconhecido. Com exceção de instantes de crise aguda do sistema penitneciário, quando ganham visibilidade e atenção da midia, das autoridades e da sociedade, a grande maioria da população carcerária é tratada, justa ou injustamente, tendo ou não cometido algum crime, como seres abandonados, esquecidos. Não seres. Laivos desagradáveis de nossa memória que, por isso mesmo, devem merecer apenas nosso completo esquecimento.
E ainda há quem ache que o sistema penal em nosso país é muito frouxo. E que induz à impunidade.
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Como já opinei anteriormente, a verdade é que a impunidade existe e as leis criminais são completamente falhas ou omissas, quando o criminoso usa colarinho branco, ou é político ou então é algum membro da classe mais abastada e de maiores privilégios de nossa sociedade.
Porque, por sua condição social, esses criminosos têm sim, e sempre, condições de protelarem o cumprimento de suas penas. Sempre em liberdade.
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Enquanto isso, grande parte dos presidiários não existe para a sociedade. Ou se existiram quando da ocasião do cometimento do crime que se lhes imputa, já receberam a pior das condenações, por se tratar de morte em vida: o esquecimento.
Enquanto isso, grande parte dos presidiários não existe para a sociedade. Ou se existiram quando da ocasião do cometimento do crime que se lhes imputa, já receberam a pior das condenações, por se tratar de morte em vida: o esquecimento.
O que torna grande parte dos nossos presídios em depósitos de esquecidos.
Não-Seres.
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Mas, a verdade é que nosso sistema presidiário, afastado de Deus e da justiça, da memória e conhecimento da nossa sociedade, como é comum de ocorrer, tem mostrado que, também aqui entre não seres, o que não mata, apenas ajuda a fortalecer. O que não é capaz de destruir ajuda a contribuir apenas com a formação de uma capacidade de sobrevivência e resistência cada vez maiores.
Pois bem, nessa situação, a orgamização que criaram e que dá sinais de ter comando completo sobre os presídios, não vai se contentar apenas em manter o poder intramuros.
E não surpreende ninguém ou não deveria causar nem surpresa, nem espanto ou medo, que os presidiários, muitos deles chefes de gangues que continuam atuantes nas cidades, e que manipulam negócios lucrativos, que movimentam milhões de reais, já tenham criado uma visão estratégica, de domínio social.
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O que os levará a começar a influenciar não apenas o sistema eleitoral, como dentro de pouco tempo, lançarem seus próprios candidatos e representantes, acabando por estender seus tentáculos por toda nossa cadeia de poder e relações sociais.
Ou seja, o esquecimento a que foram relegados permite-lhes, nas sombras, trabalharem para invadir escolas, cargos públicos, tribunais e cargos de representação de seus interesses.
Onde a lei do cão é a lei maior, que temer parece, só agora ter tomado ciência, para concluir que eles têm regras próprias, quase que um código de Direito próprio.
Nada democrático. E onde a pena de morte, que tanto agrada a tanta parcela de nossa sociedade, inclusive a bancada da bala, seja a principal e primeira sentença adotada, como resultado de julgamentos sumários.
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Nada mais próximo do que parcela de nossa sociedade que acha que bandido bom é o bandido morto, ou que uma chacina como essas deveria acontecer a cada semana, também pensa e demanda.
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Mas vale o alerta: quem estará com o poder de mando e decisão não é a tal parcela da sociedade. Mas justo quem sua ignorância imaginava querer punir.
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Enquanto isso...
Alexandre de Moraes é apenas mais um ministro, ou melhor sinistro, que honra o governo a que serve. Falastrão, incompetente e mentiroso. Pego na mentira como no caso de Roraima como se pega a mentira de um menino com os dentes manchados de chocolate que ele nega ter pegado.
É apenas mais um dos exemplos de como se pode destruir não um legado petista apenas, mas um projeto de construção de uma sociedade mais inclusiva. Que devemos reconhecer abriu espaços a uma série de facilidades para a corrupção, sem dúvida alguma.
Mas, que não tinha o monopólio da malversação dos dinheiros públicos.
E que tinha sim, um projeto de inclusão social, por mais capenga que pudesse ser.
Bem diferente e distante do projeto desse governo usurpador, que se preocupa apenas em privilegiar sonegadores, pessoas que enviaram dinheiro para fora do pais de forma ilegal, pessoas que receberam concessões e não cumpriram suas obrigações mínimas, pessoas que se preocupam menos em produzir riqueza e gerar empregos que em valorizar seu capital, mesmo que de forma especulativa.
E pior, pessoas que apresentam como solução de nossos problemas a simples entrega de nosso patrimôniio para aqueles que mostram tanta competência quanto capacidade de se corromperem ou se deixarem corromper quanto nosso povo e nossos negócios.
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Faz parte do nosso mundo esquizofrênico a judicialização de todas as questões, mesmo as mais políticas. E vamos nos acostumando a deixar a última palavra ou decisão sobre qualquer assunto com o judiciário.
Razão porque esse poder ganha força, ganha destaque, em especial sua presidenta, Cármem Lúcia, a ministra que se faz de durona, mas que apenas briga e busca zelar pelos interesses corporativos dos setores que comanda.
A nossa presidente do Supremo, cada vez mais agindo para ganhar a atenção da plateia, com todo apoio da midia conservadora, quem sabe na esperança de vir a suceder o pavoroso temer, apenas mostra como a nossa opinião pública é pobre. Como nosso povo é ignorante.
Por que tais comportamentos nunca levam a qualquer aprofundamento da análise da situação. Afinal, começando pelos dados os níveis de produtividade dos próprios juízes do Supremo, ínfimos, não é demais perceber que nosso descalabro no sistema prisional tem culpados de muito maior respeitabilidade.
Enquanto isso, a ministra faz reuniões e passeia pelos presídios do país. Pelos de segurança máxima.
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Por fim
Não veja nenhum problema no fato de o presidente do TSE - Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, pegar carona para Portugal com temer, que é parte de processo que o ministro deverá julgar.
Por que a economia para os cofres públicos é inegável, já que ambos iriam para o mesmo destino.
Logo é civilizado e econômico o oferecimento da carona.
Criticável será Gilmar não se declarar impedido de julgar seu amigo e companheiro de viagem.
Mas, como parece que não há regras, exceto o foro íntimo para que a declaração de impedimento seja tomada por qualquer magistrado, acho difícil que isso venha a acontecer. Afinal, no caso de foro íntimo, a questão ética e de moral deveria ser a única a ser considerada.
Coisa que parece, não é própria do comportamento do ministro.
Haja vista, a amizade e contatos frequentes com aécios e outros próceres do tucanato, na mesma linha que o juiz Moro adota, e que permite que se conclua que, os tucanos são os únicos políticos sérios, honestos e incorruptíveis de nosso país. Todos exemplos de comportamento ilibado, o que pode ser atestado pelo fato de não haver qualquer procedimento contra qualquer um deles, mesmo em meio a tanto disse-me-disse, de lavas jatos, mensalinhos, tremsalões e coisas que tais.
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Estamos de volta.
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