Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, inclusive uma sequência de feriados, que permitem algum tempo de lazer, de descanso e de pausa para reflexão. Ou reflexões.
Nesse meio tempo, o papel patético de Dallagnol e mais alguns colegas, voltando a ocupar as redes sociais em uma tentativa quase constrangedora, para que a população pressione seus representantes e eles possam se livrar das consequências da aprovação de uma lei capaz de punir o abuso de autoridade.
Logo eles, e especialmente esse fanático religioso, que protagonizou um dos espetáculos mais estapafúrdios de 2016, e com a maior pompa e circunstância, flashes e mídia, muita mídia, como a apresentação de power point.
Uma fajuta apresentação para, sem qualquer convicção, mas cheio de indícios, ter apenas a oportunidade de colocar Lula como o mentor, e principal cabeça pensante da rede criminosa que se formou no país há pelo menos 30 anos, como nos informou Emílio Odebrecht.
E, para não deixar o esforço feito pelo procuradorzinho para aparecer, assegurar a Dallagnol os míseros minutinhos de fama que ele tanto desejou.
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Em minha opinião, a farsa burlesca, se não conseguiu atingir a Lula, não porque o ex-presidente não tivesse coisas para serem investigadas, mas pela fragilidade de tudo que foi levantado e exposto, principalmente a qualidade de gosto duvidoso do material do powerpoint, conseguiu tornar o nome do procurador um nome candidatável para as eleições de 2018. Pela Rede de sua irmã de fé, Marina Silva, e talvez para um cargo majoritário.
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E, novamente é o procuradorzinho candidato a candidato que surge nas redes sociais para bradar que querem acabar com a Lava Jato, embora o que a lei corretamente prevê é tão somente fechar a porta para que pessoas como o reclamante possam usar de suas atribuições e de seu cargo, para agirem sem qualquer pudor ou respeito a tudo que jurou defender.
Interessante que se lembre: o caso do triplex, examinado em outra frente, pela procuradoria do Estado de São Paulo, chegou à conclusão de que o apartamento não é de Lula.
O que resultou em arquivamento do processo.
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Mas Dallagnol não se faz de rogado. Ou se faz de desentendido. É incapaz de reconhecer que falhou e apresentar, como uma pessoa que tivesse hombridade faria, um pedido de desculpas.
Se não quisesse chegar a tal extremo, ao menos poderia ou deveria tratar de investigar mais a fundo os tais indícios, buscando sair do mundinho cada vez mais armado e fantasioso das delações, e ir em busca de provas. Coisa que ele e seus colegas de Curitiba parecem não saber ou não querer fazer.
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Enquanto isso, o país assiste, sem qualquer reação a outros tipos de situações vexatórias, como a que nos foi brindada por Léo Pinheiro, agora com toda condição de fechar um acordo benéfico de delação premiada, CONTRA LULA.
Porque o que temos visto, mas a imprensa se nega a reconhecer, exceto poucas vozes destoantes, é que a República de Curitiba só aceita fechar esse tipo de acordo, que premia aqueles a quem deveria punir pesadamente, para quem se prestar a falar de Lula, mesmo se for para inventar histórias da carochinha, sem qualquer comprovação real, embora admita-se que verossímeis.
No caso, é bom que se recorde que Janot paralisou as negociações de acordo de Léo Pinheiro anteriormente, porque houve vazamento de parte do que ele se propõs a delatar, inclusive envolvendo o nome de um ministro do Supremo, Dias Toffoli.
Agindo com uma celeridade que não demonstrou em todos os outros milhares de casos de delação em que só apareciam nomes de proa do PT, o partido Geni da política nacional, Janot interrompeu as tratativas com o dono da OAS e seus advogados, mas não procurou apurar a responsabilidade do vazamento. Melhor os vazamentos no plural, já que esses continuaram acontecendo.
Apenas é importante a constatação de que até então, na delação que prometia fazer, não havia saído o nome de Lula, o que deixava a Procuradoria revoltada e frustrada.
De lá para cá, Léo Pinheiro que não é bobo, aprendeu. E se o negócio para alcançar sua liberdade é falar mal de Lula, então que seja dada carne às aves de rapina.
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E, embora até o Globo ao que parece foi obrigado a reconhecer, temos de admitir que é muito pouco alegar que Lula pediu para destruir provas. E o nosso meliante de gravata as destruiu, cometendo mais um outro seríssimo crime? E ao menos teve a preocupação de gravar a conversa com seu amigo e ex-presidente, ou Lula revistou-o, antes de solicitar coisa de tal gravidade?
E quem mais participou da tal conversa se houve alguém? Ou o que vale afirmar que Lula foi visitar um apartamento em um prédio em que sua esposa reconhecidamente havia comprado uma cota, antes da cooperativa que iria ser responsável pela construção quebrar?
Por que é justo que se pergunte, em entrando a empresa OAS no negócio, e a primeira dama desejando vender sua cota ou desistir da compra, que diretor não iria convidar o presidente a ir com sua esposa ao empreendimento, para demovê-lo do negócio. Inclusive propondo-lhe um upgrade, um apartamento triplex.
E prometendo reformá-lo ao gosto da família do presidente?
Há algum motivo especial que impedisse qualquer pessoa nessa situação de ir visitar o apartamento em obras várias vezes, apenas para avaliar se era aquele mesmo o imóvel que lhe interessava adquirir?
E não foi levantado, ou ao menos noticiado pela imprensa que Lula tinha em conta corrrente, recursos para adquirir a unidade?
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Mas não é apenas isso. O outro membro importante da República de Curitiba, o juiz de primeira instância Moro, que em termos de comportamento ético e moral, parece não ter instância nenhuma capaz de classificá-lo - e que é outro com medo da aprovação da lei contra abuso de autoridade, sabe-se porque motivos - mais uma vez autoritariamente e passando por cima da lei resolveu aceitar a indicação do número exagerado de testemunhas de Lula, no caso ainda do triplex. Mas, determinou que Lula estivesse presente em todas as oitivas. Todas os 87 depoimentos.
O que é um escárnio. Mais um do juiz que cada vez mais se acha responsável por comandar o próprio Juízo Final.
Logo quem é casado com uma senhora que não se vê constrangida de ir às redes sociais falar mal de Lula e de qualquer petista que possa ter ligações com o ex-presidente.
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Ora, não é preciso de ser petista para chegar à conclusão de que, independente de Lula ter cometido vários atos condenáveis, o que surgiu até aqui, em relação ao político é tão frágil, que acaba não o destruindo. O que acaba dando lugar a outra frase popular conhecida, que diz que o risco é de que o que não mata possa vir a fortalecer o político.
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Em meio a tudo isso, temer tem provas apresentadas contra sua pessoa por delatores da Odebrecht, com relação à participação e negociação de valores elevados de propina. Eduardo Cunha emite claros sinais de que o golpista estava por trás do desenrolar do golpe institucional que o colocou em lugar que não deveria ocupar nunca. E revela que o usurpador esteve sim em reuniões em que grana vultosa estava sendo negociada em apoio à campanha do partido e, quem sabe, até do golpe.
Golpe, aliás, que o próprio temer reconheceu ter havido, em entrevista à Band.
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Mas, de nada vale ter domínio dessa informação já que, para nossa elite empresarial, econômica, etc. por pior que sejam os eventuais crimes cometidos pelo golpista, enquanto ele cumprir a agenda que foi determinada a ele, de ruptura de todas conquistas sociais, a expropriação de todos os direitos conquistados pela classe menos favorecida, às favas os escrúpulos, como diria um ex-ministro militar do governo de Costa e Silva, por ocasião da assinatura do AI-5.
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Em um país de republiqueta de bananas, de uma elite que não vê problema algum em roubar e patrocinar patifarias, desde que o roubo e seu fruto fiquem circunscritos a uma casta de empresários e gente de altas camadas sociais, não é de esperar outra coisa, lembrando a anedota que se refere às maravilhas com que Deus parece ter protegido o país, seu predileto: "mas o povinho, ó.....!"
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O que se alastra e encontra eco, em todas as outras atividades do país. Inclusive no futebol, como as cenas mostradas pelas tevês na última semana confirmam.
A começar pela do técnico do Internacional, e o papelão que ele se dignou a prestar. Se dignou é uma expresão errada para tratar de alguém que já mostrou que não tem dignidade alguma.
Mas, o técnico Zago, aprontou um dos maiores papelões de todos os tempos, simulando, do lado de fora do campo, ter sido acertado por um tapa de jogador do time adversário. O que levou pelo menos alguns segundos para o técnico perceber, e se por a rolar no gramado.
E não foi único. Lances entre jogadores simulando agressões existiram aos montes, mostrando como o exemplo (de cima) acaba sim, tendo efeito didático de longo alcance.
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Tudo muito risível, e que passaria despercebido, caso não tivéssemos hoje, por exemplo, em nosso Congresso a votação da Reforma das leis trabalhistas, em votação por um sem número de denunciados nas delações da Lava Jato.
Gente que deveria ser afastada até que as investigações a respeito dos fatos denunciados pudessem apurar quanto a sua veracidade ou não, já que políticos com mandatos, acusados de roubarem ou desviarem dinheiro público.
Justamente quem mostrou estar contra o povo a quem agora buscam agredir com a retirada de direitos e conquistas, colocando o Brasil, definitivamente, de volta para o seu passado escuro e tenebroso.
E lembrar da musiquinha que dizia que esse é um país que vai pra frente.
Só que não.
Exceto se alguém, à la Benjamim Button, inverteu o rumo e o movimento do tempo.
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