domingo, 7 de outubro de 2018

Oito anos de pitacos. Que tenhamos ambiente político de respeito e diversidade para mais outros oito anos

Completamos hoje, oito anos de pitacos. Uma vitória, sem dúvida, embora um pouco embaçada pelo fato de, por uma série de fatos e circunstâncias da vida, não ter conseguido, nos últimos meses, uma produção de pitacos mais constante.
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Mas sei que os amigos que se dão ao trabalho de me seguirem, são também capazes de entender que uma das principais demonstrações da qualidade do caráter de que somos dotados, está vinculada a nossa capacidade de manifestar gratidão.
De minha parte, sempre tentei demonstrar essa gratidão a todos que, de certa forma, cruzaram os meus caminhos e, sempre, trouxeram algum tipo de contribuição para forjarem aquilo que sou hoje.
E digo isso, independente de reconhecer, por dever, que isso não me faz ter de aceitar, concordar, comportar como, ou de criticar a todos, quando com eles não compartilhar a mesma opinião, visão, ideia, sentimento, etc.
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Claro que isso se aplica a todos aqueles que se dão ao trabalho, até por amizade, ou por cobranças de minha parte, de lerem esse blog.
Mas se aplica também a todos os meus colegas professores, com quem compartilhamos as angústias de ver uma reformulação do ensino que, às vezes, nos confunde e nos parece mais preocupada com a obtenção de cifras positivas - sejam elas, de número de alunos, receita financeira, lucros, lucros por ação, notas (mesmo que ridiculamente baixas!) que nos deem destaque em testes mais gerais como o ENADE - que com a obrigação primeira de qualquer profissional da área da educação: a formação do ser humano; do cidadão; do profissional; do especialista mais bem formado e com maiores condições, recursos e ferramentas, para exercer o seu ofício com dignidade e maestria. E que seja capaz, por atuar dessa forma, de conquistar reconhecimento, respeito, tanto no campo pessoal, quanto em suas relações familiares, em seu círculo de amizades, e também, por sua importância, no campo financeiro, capaz de permitir-lhe o pagamento justo, que lhe permita uma vida tranquila e sossegada. E feliz.
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Minha gratidão também se estende a todos aqueles colegas com quem convivi em meus trabalhos, desde a Prodemge, a Secretaria de Planejamento, a Secretaria de Transportes, a Secretaria de Fazenda, o Banco Central.
Concordando ou não com a forma de pensar e a visão de meus colegas, devo admitir a contribuição que a grande maioria de todos teve em minha vida.
Foi assim, inclusive com os colegas que me deram "carona", na volta do trabalho para casa, ou me emprestaram, em algumas ocasiões, grana, em outras, atenção, ou até mesmo o ouvido ou conselhos.
Desnecessário dizer que, mais que a disponibilização de pertenças materiais, de suma importância, sou mais grato ainda por tudo que as pessoas, minhas amigas, me disponibilizaram delas mesmas.
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Sou grato a todos vocês.
E é preciso registrar isso a cada instante. Junto aos amigos, aos parentes, e a minha família, razão de ter nos últimos tempos, me dedicado menos que gostaria ao blog, para me dedicar a minha mãe e minha tia, já octogenárias e passando, algumas vezes, por perrengues naturais da idade.
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Mas, são 8 anos de blog, de pitacos, que tenho o maior orgulho de poder redigir. E que prometo continuar mantendo atualizado.
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O que me traz a essa data: 7 de outubro.
Data que, nesse 2018, coincide com a realização de eleições presidenciais no Brasil, em seu primeiro turno.
Data que, como já disse antes e não custa repetir, pode dar origem à eleição de um político que, concordando com alguns amigos de bar, pode não gerar nenhuma modificação profunda em nossa sociedade, do ponto de vista da retirada de direitos sociais e políticos mínimos, como a liberdade e a oportunidade de continuar se beneficiando de uma autêntica democracia.
O problema é que, mesmo concordando com aqueles que pensam que não dá para ficar fazendo futurologias catastróficas, a vida pregressa do tal candidato, sem retoques ou sem "fake news", é no mínimo, digna de acarretar as maiores preocupações.
Afinal, não é trivial que um político oriundo da caserna, adotasse, em pleno plenário da Câmara, um discurso voltado para a extinção da Câmara, ou do Poder Legislativo que ela representa.
Não é trivial que um homem, forjado nas fileiras do exército, o detentor sagrado do monopólio do porte de armas, ao lado de outras forças de segurança, fosse o arauto dos interesses de armar a população, sob a desculpa pouco analisada, de que ajudaria a melhorar a segurança pública da sociedade.
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Já é questionável a ideia de o Exercito ser o responsável pela segurança, primeiro por desviar aquela Arma de sua função original, o inimigo externo, dando-lhe poderes para tomar posição, eventualmente, contra o seus patrões, o cidadão brasileiro.
O fracasso do processo de intervenção das forças militares do Exército, no Rio, é suficiente demonstração de que a tese de mais Exército, mais armas, mais segurança, é equivocada. Ou não totalmente correta.
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Entretanto, independente de tudo isso, a adoção de políticas favoráveis ao armamento da população, sob a desculpa de permitir a autodefesa, é no mínimo curiosa.
E isso, porque a maior parte das armas que vão parar nas mãos de nossos bandidos, ou dos chefes de quadrilhas nos morros e nas periferias, ou vem de contrabando, ou do comércio - fora de qualquer ação de oposição - de armas de uso militar, algumas de uso militar restrito, em termos de armas pesadas.
Do ponto de vista das armas de menor calibre, ou letalidade, além da capacidade de produção própria, algo digno de ser elogiado, por sua demonstração da capacidade laboral de nossa população, grande parte é obtida pelos bandidos, de ataques a residências ou pessoas que eram portadoras ou detentoras de armas.
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Precisamos discutir, mais e melhor, o fato de que, a vantagem do bandido, não é estar armado. Muitas vezes sua vítima também possui e manipula armas, até com maior destreza. O problema é que o bandido conta com o velho elemento da surpresa.
E pego de surpresa, aquele cidadão que tem uma arma irá acabar tendo que entregá-la ao bandido. Para não ter de entregar sua vida. Embora, às vezes, infelizmente, acabe perdendo a posse das duas.
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Mas, pior que a questão do armamento, é a ideia que o candidato que reputo do atraso, vem forjando sempre alicerçado em posturas autoritárias.
Autoritárias, e pior: que não aceitam o diálogo, ou a busca de um consenso.
Tipica atitude de tiranos, ou de ditadores de plantão.
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Mas que se vale de uma grande quantidade de pessoas, bem intencionadas todas, que pretendem uma mudança, qualquer mudança, porque não toleram mais do mesmo. Mais de políticos, seja de que sigla for, que se aproveitam e abusam de suas prerrogativas. Mais de políticos corruptos, que querem sozinhos se locupletarem das riquezas que são patrimônio de todos nós.
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Aqui um comentário: pessoas que acreditam que melhor que parar, discutir, apontar desvios de conduta, participar da vida social e política, exercer o direito de controle sobre as atividades e contas públicas, é melhor acabar com tudo isso de uma vez.
Pessoas que transmitem a ideia de que a democracia é muito confusa, anárquica. Pouco afeita a soluções para os graves problemas nacionais, já que é um regime onde todos podem dar palpites, e interferir, o que acaba acarretando apenas em atraso, perda de tempo, discussões infindáveis...
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Melhor discutir muito e perder tempo, mas sair com uma solução que atenda aos anseios do povo, que adotar a medida mais fácil, mais à mão: em geral, prejudicial à grande maioria, e benéfica apenas para alguns grupos específicos ou especiais.
Ser questionado é sempre difícil. Sempre nos coloca na defensiva e nos faz radicalizar nossas opiniões e posições.
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Ainda assim, as soluções são sempre melhores quando obtidas pelo consenso, ou sem prejudicar a grande maioria da população.
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E dizer tudo isso, não significa, o que deveria ser óbvio, que eu tenho algum bandido de estimação. Não tenho.
Mas não tenho também um ídolo de pés de barro. Não venero alguém que preza a solução pela via das armas.
Nesse sentido sou da PAZ!
Essa ideia que não é nem de esquerda nem de direita.
E que, por frágil, mais ainda a ideia que a palavra, merece que todos nos disponhamos a lutar por sua manutenção.
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Enfim: a sorte está lançada.
E tomara que a sorte sorria ao povo, que é o que mais importa, ao fim e ao cabo.
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Que eu possa ter saúde, disposição e um ambiente democrático, de diversidade e respeito  para mais, quem sabe, 8 anos de pitacos.

Um comentário:

Daniel Penido Amorim disse...

Parabéns pelos 8 anos de pitaco! Concordo plenamente com seu ponto de vista sobre o candidato mencionado, segurança e porte de armas.