quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Desrespeito não é mimimi. É apenas falta de educação mesmo. E a formação do fã de torturador explica bastante isso. Ao contrário de ser um Trump, faz dele um Duterte

Qual seria o motivo de o candidato que faz a apologia à repressão ser tão deselegante em relação ao seu adversário?
Ah! desculpem-me o mimimi. Essa questão de ser deselegante é frescura.
O cara é grosso mesmo. Bem à feição de quem passou grande parte da vida na caserna. Em meio àquela grande quantidade de meninos/rapazes/homens. Seus colegas de formação, com os quais ele deve ter aprendido que macho é macho....
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Afinal, como nos mostrava de forma magistral uma cena do filme Filadélfia, há medo maior que você frequentar a sala de reuniões, ir aos bares tomar drinks e talvez até frequentar alguma sauna com um colega de trabalho...? Quem sabe até dar um tapinha em suas nádegas quando ele passa ao seu lado enrolado na toalha...
E depois descobrir que aquele colega é gay.
O que será que os outros - quem sabe até aqueles que os viram nesses momentos de camaradagem - vão pensar de você???
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Mas o pitaco de hoje não é para falar de homofobia.
Nem nas bancas de direito, nem nas fileiras do Exército. Muito menos no discurso de quem quer chegar ao cargo mais elevado de nossa nação.
O pitaco é para assinalar aquilo que reconhecido mesmo por seus eleitores mais esclarecidos: o candidato fã de torturadores é bronco. Ignorante, o que não retira dele uma certa forma de inteligência, de sensibilidade que cheira ao oportunismo, muito à semelhança de Lula, a quem ele tanto critica.
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Critica, mas cita o tempo todo, inclusive para justificar, agora, sua provável fuga - estratégica - à realização de debates e do confronto de ideias.
Porque o candidato que está na dianteira não tem ideias fundadas para apresentar ao seu público eleitor. A ele, basta o discurso composto de uma grande quantidade de chavões. De lugares comuns. A maior parte, expressão de preconceitos e falta de respeito às diferenças. Ou seja, mais mimimi...
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O problema é que me lembrei de um curso de Sociologia que tive a oportunidade e a obrigação de participar, como aluno do mestrado da EAESP/FGV, ministrado pelo professor Sérgio Miceli Pessoa de Barros.
No curso, a turma dividida em grupos deveria compor um retrato da realidade de nosso país, a partir da leitura da autobiografia de uma série de personagens, classificados em grupos: dos intelectuais, dos políticos profissionais, acho que padres, e militares.
A mim, coube ler a autobiografia do capitão de 30, Juarez Távora, em cujas páginas, entre outras coisas pude constatar a existência de duas formas de um filho de família menos abastada ter acesso aos estudos. Uma delas, pela entrada nos Seminários. A outra, através da matrícula, sempre difícil, nos colégios militares.
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Lembrando-me disso, e da origem de classe média de menor posses do fã de Brilhante Ustra, foi que conclui que não é possível cobrar muito mais, em termos de educação, de quem não teve a possibilidade de conhecer outra realidade.
Daí, talvez, a explicação da origem do candidato.
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E essa a explicação para o fato de ele tratar publicamente seu adversário, professor com pós-doutorado, com o desrespeito que trata.
E não estou me referindo a fugir dos debates, mas às referências desqualificadoras que dirige ao seu oponente, como alguém que não tem qualquer conteúdo ou luz própria.
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Curioso é que vários outros militares já frequentaram as páginas de nossa história, e neles não havia esse ranço da falta de educação e da baixaria. Muito ao contrário.
O problema talvez seja aquele indicado ontem por Elio Gaspari em sua coluna da Folha: o candidato deputado pensa ou quer se fazer passar por Trump. Mas não consegue ser mais que um arremedo de Duterte.
O que explica muito de seu jeito de ser. Infelizmente.
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Mas antes fosse apenas um problema de falta de educação ou traquejo,  o que vem da campanha do candidato à frente na preferência popular.
Há questões mais substantivas, piores. Como a exploração das "fake news", apenas agora proibidas pelos tribunais, quando a campanha já chega à sua reta final.
Mentiras plantadas em redes sociais como a de que o candidato do PT fosse o autor de um kit gay, destinado a transformar todas as crianças de nosso país em transgêneros. Ou como a de que a candidata a vice em sua chapa tivesse desrespeitado símbolos religiosos e dado declarações que vão contra a crença do povo.
Mentiras que ganham espaço e, muitas delas se aproveitando da ignorância desse mesmo povo que, sem conhecer, não se dão ao trabalho de pesquisar, se informar. Apenas reproduzem as inverdades que lhes chegam e provam, cabalmente, aquilo que alguns mais próximos até já desconfiavam: sua estupidez e ignorância.
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Nesse caso, está o usuário das redes sociais que alega que Haddad foi um mal ministro da Educação, devido ao lastimável estado em que se encontra nossa educação fundamental. Como se o ensino fundamental  sob a responsabilidade das prefeituras municipais - e o ensino médio, sob responsabilidade dos Estados fosse da esfera federal.
Ou que cobra planos de segurança pública, função dos Estados, de administradores da instância federal.
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Reconhecer as "fake news" e seu papel nefasto deveria ser obrigação de todos, especialmente dos meios de comunicação. Mas fake nesse sentido amplo, de permitir ao público ter acesso a mais informação do que aquela que lhes é fornecida. Afinal, por esse motivo, os meios de comunicação são classificados como concessões de serviço público.
Papel ao qual têm descumprido.
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Deixo de lado a questão da campanha presidencial, por ora. Para comentar a questão das eleições nos Estados, especialmente Minas.
Onde o partido Novo, com um candidato que classifico como oportunista da pior espécie, é o favorito para conquistar o Palácio da Liberdade.
E justifico minha opinião sobre a espécie de político que é Zema, a quem não conheço, por seu comportamento no último debate antes do primeiro turno quando, para atrelar seu nome ao da onda conservadora, pediu votos para outro candidato, diferente do indicado por seu partido.
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O que lhe valeu uma reprimenda, uma desautorização por parte da Diretoria Nacional da agremiação pela qual era candidato.
Em minha avaliação, tal comportamento serviu apenas para mostrar que de Novo, o partido tem apenas o nome, já que suas práticas são as velhas conhecidas de sempre.
Aliás, esse comportamento é conhecido como fenômeno cristianização. Nada a ver com o sofrimento de Cristo.
Mas com o político Cristiano Machado, abandonado por seu partido, o PSD, em 1950.
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Zema pode ser apontado como um neófito em política. Mas em sua chapa consta o nome de Paulo Brant, que concorre como vice, cuja experiência em administração pública não pode ser questionada. Afinal, o professor Brant fez sua carreira profissional, em grande medida, como um quadro técnico importante do BDMG.
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Mas Zema tem menos experiência em política e administração pública que seu oponente.
E como tal, comete falhas que poderiam ser chamadas de primárias.
Como exemplo, pode ser citada a cometida na sua entrevista a uma rádio em que fez referência, sem qualquer comentário crítico ou ressalva, à remuneração da doméstica na região Norte/Nordeste de Minas.
Ora, considerando que depois da lei das domésticas, quem paga 300 reais de remuneração está agindo contra a lei, o fato de reconhecer a realidade, sem qualquer discordância, é uma imagem bastante útil, de que ele não condena tal comportamento.
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Cito esse fato apenas como exemplo do que a falta de traquejo pode acarretar.
Entretanto isso não significa que o seu oponente, que se apresenta como gestor público de larga e comprovada experiência, seja melhor candidato.
Afinal sobre seus ombros pesa, entre outros, o fato de ser uma criação - um poste? - de Aécio, aquele incorruptível político carioqueiro, responsável por ter jogado o país nesse turbilhão que estamos atravessando desde 2014.
Ah! Diga-se com o apoio de Anastasia.


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