quinta-feira, 3 de março de 2022

De fato, a humanidade não deu certo. E a guerra, que deixou o russo Putin sem opção, por erro de estratégia americana

Um colega, meu amigo, aproveita sempre que pode para me ironizar e à minha ingenuidade, recomendando que eu aceite que dói menos: para ele o Brasil é um país que não deu certo... e nunca vai dar.

Simples assim.

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Mas, não. É pior: cada vez mais chego à conclusão que A HUMANIDADE NÃO DEU CERTO (conclusão a que já chegou o filosocômico José Simão!).

A verdade é que é o ser humano que não deu certo e que, talvez, não seria justo ter destino distinto ao dos dinos.... Em nosso caso, por nossos atos e decisões. Por responsabilidade ou IRRESPONSABILIDADE nossa.

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Sim. Refiro-me à guerra que completa hoje 8 dias e que, desde então é o único assunto que domina mentes e corações. Razão de a divulgação do número de óbitos diários da Covid no Brasil ter deixado de ser feita (o que vale o ‘meme’ de Putin ter conseguido eliminar a Covid!!) e da paralisação dos pitacos.

No caso mais prosaico dos pitacos, confesso, a culpa da necessidade de ler mais, pesquisar mais, conhecer mais, para poder emitir alguma opinião minimamente razoável.

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Mas, antes de abordar a guerra, devo tratar de um outro assunto, característico de nossa total e cada vez maior insânia.

E, não! Não falo dos ataques feitos por drones a Al Shabab, Somália, a grupos classificados pelo Comando Militar americano como terroristas, e com número de mortes de civis ainda não confirmados.

ATAQUES EFETUADOS NO ÚLTIMO DIA 22, DOIS DIAS ANTES DO ATAQUE RUSSO. (Revista Forum).

Você viu? Ou só ouviu falar de ataques no Iemen, na Palestina, Somália, Síria, um total de 28 países, feitos ininterruptamente?

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Direto ao ponto: minha incompreensão quanto a dimensão infinita da insensatez humana, diz respeito à colega economista mexicana Paola Schietekat, que trabalhava na empresa responsável pelas obras de estádios e infraestrurura da Copa do Qatar e foi ESTUPRADA e, depois,  CONDENADA A 7 anos de prisão e 100 chibatadas.

Paola, ajudada pelo Comitê organizador da Copa fugiu. Mas, nestes tempos de machismo cada vez mais tóxico e dogmas religiosos irracionais, vale repetir a pena: 7 anos de prisão e 100 chibatadas.

O motivo: ter tido relações sexuais extraconjugais com seu agressor, que afirmou manter uma relação amorosa com vítima.

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Retomo a guerra, condenável por todos os motivos, por todos os seres humanos, no mínimo, pelas vidas perdidas ou destroçadas; pelos sonhos e realizações de toda uma vida destruídos.

Guerra que todos sabem como começa, mas ninguém sabe como acaba. Onde a primeira vítima é sempre a verdade. Como nos lembra todo este conjunto de trivialidades citados nesse momento.

A verdade é que nas guerras tradicionais, sempre o povo é que perde. Sempre o mais pobre é o mais afetado e prejudicado.

Os ricos, ou oligarcas, até aproveitam-se para aumentar suas fortunas, não apenas pelos lucros expandidos da indústria bélica, e indústrias fornecedoras, mas também pelo aumento de preços resultantes de toda a desorganização imposta aos mercados e cadeias de fornecimento.

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Por mais que a propaganda faça questão de mostrar o cuidado com a proteção e segurança dos civis, a decisão de Putin, como qualquer ataque do gênero, atinge vidas de pessoas que eram contrárias ou inimigas ao agressor, e até daquelas que eram pró Putin ou pró Rússia.

A morte, em sua dinâmica não escolhe as vidas a serem ceifadas.

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Mas, condenado o ataque bélico e destruidor, o que minhas leituras exaustivas me indicam, mesmo reconhecendo não ter chegado a qualquer conclusão relevante.

Vamos tentar ser sucintos.

O que não me impede de recordar uma lição que um amigo e colega,que não vejo há mais de 40 anos me transmitiu. Em homenagem ao Luis Fructuoso Correia, narro a história da caçada ao rato.

Paulo, ele me disse, se você entra em um cômodo e procura acuar o rato, levando-o a um canto, onde pretende deixá-lo sem saída para liquidá-lo, você está cometendo um erro de estratégia. No canto, sem opção para onde ir, ele se encolhe, crispa os pelos, e salta para o espaço, para conquistar a vida e liberdade. Com dentes arregaçados e suas garras prontas, o ataque, em geral no rosto do caçador, provoca consequências e feridas terríveis.

Como proceder estrategicamente? perguntei.

Você prepara a ratoeira ou armadilha em um local. E começa a perseguir o rato cortando-lhe os caminhos de fuga, deixando SEMPRE uma rota de fuga. Essa rota é a que ele vai usar. É também a que o conduz à armadilha.

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Como estudante, no ensino médio ou na faculdade, na época da PEG (Política de Educação do Governo, militar) e do famigerado DL 477, ou no mestrado ou doutorado, confesso que a bibliografia utilizada era mais do tipo Yankees. Go Home! Nunca quis ler textos americanófilos, criado no quinta dos americanos (um país sem qualquer condição de implantação do comunismo e porso, longe de trazer preocupações para os americanos).

Se não merecíamos atenção e não éramos nem motivo de preocupação, também nunca tivemos financiamentos. (Texto de Demosthenes Madureira Pinho Neto, na Introdução ao livro dos 50 anos do Plano de Metas, do BNDES).

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Avesso aos americanos, sua pretensão a gendarme do mundo, e sua liderança imposta pelas armas, gostava de recitar No caminho com Maiakovski, então erroneamente atribuído ao poeta russo, de autoria de Eduardo Alves da Costa.

Dizia:                    Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
 

O poema finaliza quando não podemos fazer mais nada, quando o mais frágil deles entra em nossa casa e nos rouba a luz, e por nunca termos reagido, nosso medo impede-nos de dizer alguma coisa.

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Fui pesquisar o que é a Organização do Tratado do Atlântico Norte, para verificar a data de sua criação (1949), objetivos: inibir o avanço do bloco socialista, na Europa; oferecer ajuda militar a todos os países membros, etc.

Sem disfarçar seus reais motivos, esta associação política tem um orçamento com gastos que respondem por 70% de todo o gasto militar no planeta. Engloba as maiores economias do mundo, além da maior, os Estados Unidos e tem em seu artigo 5º a exigência de os estados membros auxiliarem a qualquer membro sob ataque.

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Procurei, mas não encontrei nada, embora reconheça, por deficiência minha, maiores informações sobre gastos em investimento, em financiamentos ao desenvolvimento dos seus membros. Coisas que, além da criação de demanda para a indústria bélico-militar, trariam benefícios a quem se associasse. Principalmente depois de a Guerra Fria ter acabado, a União Soviética ter se desestruturado por completo, dando origem a vários outros estados, e a Rússia, passar por períodos trágicos ao fim da experiência malfadada do socialismo real.

A Rússia hoje é tão capitalista, com grandes fortunas e capitais, quanto os Estados Unidos. Apenas com um PIB muito inferior.

Logo, não há qualquer razão para a persistência da OTAN. Nem para a entrada no clube, de nações antes integrantes do bloco soviético.

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Exceto para pressionar e cercar o líder ultradireitista Putin, com armas, exércitos, bases e mísseis, localizados em sua fronteira, para atemorizar o povo russo. E, talvez, cortar qualquer possibilidade de seu desenvolvimento.

Putin tem Aleksandr Dugin como guru e conselheiro, o filósofo fascista do atraso das Teorias Conservadoras que visam resgatar o tradicionalismo, o retorno da sociedade hierarquizada, a formação da grande Eurásia.

Dugin, amigo, parceiro de Olavo de Carvalho, defensor da invasão da Ucrânia.

Razão para o discurso de Putin, de estar desnazificando a Ucrânia cair no vazio.

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Não que a Ucrânia não tenha um forte movimento nazifascista, embora os movimentos existentes, mesmo unidos, não tenham conseguido eleger nenhum representante para Câmara.

Não que não haja conflitos entre os povos do lado oriental ou ao sudeste (Donbass), pró-russos ou de origem russa, e os povos do lado ocidental, que se sentem mais europeus.

Conflitos, até sangrentos, sempre aconteceram, mais recrudescidos pós 2014, e a quebra dos acordos de Minsk. Aliás, acordos que não foram os primeiros  a serem rompidos pelos Estados Unidos e seus interesses imperialistas.

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Quanto à frase, Faça Humor não faça a Guerra, corruptela de Faça Amor... não se aplica ou explica Volodymyr Zelensky, embora o presidente eleito e no poder na Ucrânia, seja um comediante de origem.

Forçoso reconhecer que, comunicador hábil, vindo de área da comédia, que considero uma das mais sensíveis ao ser humano, o que deve ajudá-lo na utilização de argumentos e falas que tocam a sensibilidade e o emocional das pessoas, tem se mostrado um líder hábil.

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Líder que poucos reconheceriam em sua figura, quando candidato mostrava-se antidemocrático. Ao extremo de pouco antes de sua eleição, representar um quadro satírico onde, presidente eleito, invadia o Congresso e metralhava os representantes eleitos pelo povo.

Líder popular e antipolítica, em mais uma contradição desta guerra.

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Há muito mais para analisar e tratar sobre o assunto, mas deixo para outro pitaco a análise da reação ocidental, de utilização de armas econômicas, na tentativa de sufocar a economia de porte limitado da Rússia. Ou as consequências do ataque e até de uma possível invasão vitoriosa e exitosa dos exércitos de Putin.

Até algum comentário sobre a amizade, solidariedade e imparcialidade de Bolsonaro a Putin, menos por questões de fertilizantes ou acesso a trigo, milho etc. Acredito que mais em razão do desejo de se aproveitar dos mesmos hackers que tanto ajudaram na eleição de Trump, e nos ciberataques a Hillary.

Nosso presidente, que questiona a segurança das urnas digitais, deve ter interesses muito maiores e inconfessáveis na arma cibernética dos ataques russsos.

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Mas não posso encerrar sem lembrar. Putin, o rato, estava sendo acuado. Calado, não reagia, talvez por medo.

Então, para não lhe roubarem a luz, partiu para o ataque de desespero(?).

À sua frente, a Ucrânia, dividida, com parte da população apoiando os russos e vários motivos para discursos capazes de justificarem até que a terra voltou a ser plana, como as teorias antigas de seu guru.

 

 

 

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