Se fosse criado um projeto do tipo ficha limpa para as indicações a cargos de primeiro, segundo e até terceiro escalões do Executivo do Governo Federal, e se esse projeto fosse capaz de evitar que fosse indicado para qualquer um desses cargos não precisasse de ter condenação por órgão colegiado, bastando pesar sobre seu comportamento alguma pecha de postura aética ou amoral, mesmo que legal, provavelmente não sobraria nenhum nome, dos conhecidos para ocupar qualquer cargo.
O mesmo, claro, se aplicaria à indicação para as polpudas diretorias de estatais, ou para tomar assento nos Conselhos de Administração dessas empresas.
Admito que esse tipo de projeto seria de difícil aplicabilidade, um devaneio meu. E que contra ele levantar-se-ia imediatamente uma infinidade de vozes alegando da ilegalidade nele contida, capaz de ferir a própria Lei Maior de nosso país que corretamente assevera a presunção de inocência a qualquer indivíduo.
A favor de minha proposta utópica, apenas argumentaria que não se trata de condenação, nem de desconsideração e desrespeito a qualquer pessoa e a seus direitos fundamentais, mas tão somente a aplicação de uma medida de caráter político, para uma indicação que é apenas e tão somente de cunho político.
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Sei que minha última afirmação faria qualquer cientista político ficar de cabelos arrepiados, em especial, àqueles carecas. Afinal, dar a impressão de que uma indicação para um cargo político é, digamos pouco importante é, no mínimo, passar um atestado de burrice, tendo em vista que o cargo público, o exercício do interesse público é, por excelência, das funções mais nobres e mais fundamentais para o funcionamento de qualquer sociedade humana.
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Bem, toda essa divagação para afirmar que, em minha opinião, desde o caso da República de Ribeirão Preto, ou da quebra do sigilo do caseiro Francenildo, Palocci não poderia ser indicado para mais qualquer cargo público, nem o de síndico de prédio. Quanto mais o de Ministro da Casa Civil.
Mas, parafraseando o que disse certa feita o escritor e político Rui Barbosa, de tanto ver triunfarem as nulidades, a gente acaba acostumando-se e deixando de reagir à uma série de fatos e situações, como a das indicações para a formação do ministério de um governo. Qualquer governo, diga-se de passagem.
Se acho que Palocci não deveria ser indicado - não diria em um país ou governo sério porque seria muita ingenuidade de minha parte acreditar que em algum outro lugar a situação seria diferente mesmo e os interesses não prevaleceriam sobre aquilo que é justo ou moral - não há razão então para comentar agora sua queda, na esteira de mais um comportamento questionável. Comportamento, se não ilegal, volto a repetir, ao menos pouco ético ou moral.
E, para evitar mal-entendidos, em minha maneira de ver e entender as coisas.
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Enriquecer prestando um serviço que que o presta é incapaz de fornecer, por formação ou experiência, é no mínimo inusitado, para não dizer nada mais ofensivo. Afinal, embora seja meu o blog, não posso agir, tão ofensivamente, quanto o agora ex-ministro, ao não respeitar nossa inteligência.
Pode até ser que Palocci tenha recebido os valores que recebeu, como forma de agradecimento dos bancos e dos intermediários financeiros, em retribuição e gratidão pela quantidade de oportunidades de lucros que ele lhes permitiu auferir, praticando a política econômica que praticou, de juros elevados e benefícios enquanto era ministro da Fazenda. Ou que tenha esse recurso sido recebido como compensação por continuar defendendo a manutenção de uma política de juros altos que apenas privilegia a esse setor da economia, em detrimento daqueles que realmente geram a produção e riqueza.
Afinal, como médico, é justo que Palocci defendesse essa política que empobrece nossa nação, até por ingenuidade ou falta de domínio do corpo de conhecimentos econômicos.
E é por isso que acreditar que ele estivesse dando consultoria em área que nada entende e apenas serve de ventríloquo para os bancos, já é suficiente motivo de suspeição.
Ou inveja. E motivo mais que suficiente para que ele fosse defenestrado, senão da vida pública, que considero ideal, embora de mim não dependa, ao menos do governo.
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Vai Palocci, fazer mais fortuna em sua vida profissional de agora em diante. E que Eike Batista, que deseja se tornar o homem de maior fortuna do mundo, se contente em alcançar o honroso posto de vice, seguindo seu rastro de sucesso.
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Para mim, a estrela que brilha nessa hora, não é o da nova ministra, a simpática e afável senador Gleisi. Nem a de qualquer nome da oposição que, como sempre, mostrou tanto quanto o governo uma tremenda incapacidade para agir no episódio, embora tente agora capitalizar o desenlace, para o qual não contribuiu em nada.
O nome que brilha tampouco é o de Lula ou de Dilma. Nem o primeiro manda tanto quanto acreditam os críticos, nem a segunda passou a mandar sem sombras. (Abro um parentesis para comentar como é engraçada nossa midia. Elogia a democracia americana onde constantemente um presidente eleito democraticamente toma opiniões e realiza consultas junto ao Conselho composto por ex-presidentes do país. Elogia tal postura, que indica, para além de maturidade, a importância da troca de experiências entre quem já enfrentou situações graves, em momentos de crise, mas critica a consulta que a presidenta Dilma faz a seu antecessor, como se fosse sinal de subordinação).
O exercício do mandato continua sendo, afinal de contas, objeto de um jogo de interesses, concessões, acordos e circunstâncias e oportunidades, onde vários agentes têm peso e interferem.
Para mim, sai fortalecido o ministro Paulo Bernardo. Esse sim, além de experiência, com influência agora manifesta em duas pastas de peso: a da Casa Civil, onde foi instalada sua esposa, e a poderosíssima pasta das Comunicações.
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