sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pitacos sobre as condições econômicas

Publicada nessa semana que já vai chegando a seu final,  a ata do Copom assanha os mercados, pela promessa que traz embutida de novas elevações da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic.
Entre as razões para tal leitura das entrelinhas, a revisão da expectativa de elevação de preços para o combustível, para 4%.
Como as apostas do mercado financeiro já eram de uma Selic no patamar de 12,5 % até o final do ano, a possibilidade de mais uma elevação já há muito tornou-se mais que uma aposta. A ata do Copom apenas dá motivos para que se engrosse a torcida que tem como suas "cheerleaders" as instituições financeiras e suas promessas sedutoras de prazeres.
Enquanto isso, curiosamente a bíblia representativa do pensamento econômico conservador e liberal, o Financial Times antevê a possibilidade de a economia brasileira vir a enfrentar dificuldades dado o fato de as taxas de juros de curto prazo se encontrarem em patamar mais elevado que as taxas de juros de longo prazo negociadas na Bolsa.
Para os analistas do FT, a diferença sinaliza a possibilidade de a economia brasileira enveredar-se por um caminho de desaquecimento, se não de recessão.
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Interessante é observar que a idéia por trás da elevação dos juros representados pela Selic, era exatamente a de promover um arrefecimento da demanda agregada, apresentada até o presente como a grande vilã da elevação de preços experimentado pela economia brasileira.
Ou seja: o retorno da inflação foi atribuído a um excesso de gastos ocorrida no último ano do governo Lula, patrocinada pela expansão de gastos públicos e dos gastos de consumo na esteira do afrouxamento das condições do crédito.
Para conter o excesso de demanda, duas medidas foram propostas: política monetária mais responsável, leia-se mais apertada, o que na prática acarreta elevação dos juros; e política fiscal de contenção dos gastos públicos.
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Em relação à política monetária, desde a primeira reunião do COPOM do governo Dilma o receituário padrão foi o adotado, o que teve como consequência uma sucessão de elevações do valor previsto como meta para a taxa básica de juros.
Do ponto de vista da política fiscal, a imprensa noticia que a nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, já deixou muito clara a posição do governo, repisando a tecla do contingenciamento de gastos. Ou seja: mesmo autorizado, o governo não vai realizar os gastos orçamentários previstos.
Isso, apesar de os índices de inadimplência estarem apresentando elevação, dos níveis de atividade estarem apresentando sinais de desaceleração e até mesmo de as expectativas estarem se deteriorando, como é exemplo o próprio comentário do FT.
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Quanto ao contingenciamento de gastos, apenas uma observação: o arrocho deve pegar como é comum, os gastos relativos à remuneração dos funcionários públicos ou outros que acabam afetando os serviços básicos prestados à população mais carente. Especialmente quando é aprovada a MP autorizando a flexibilização das regras de licitação para as obras - muito essenciais para a população brasileira - relativas à Copa do Mundo e às Olimpíadas.
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Com relação a tais obras, o exemplo mais interessante, em minha opinião, mostrado por jornal televisivo também essa semana vem da África do Sul, onde o estádio construído para abrigar partidas da Copa, por sua atual destinação (sic!)  já foi objeto até mesmo da proposta de demolição.

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