Domingo, dia das mães. Seguramente, dos dias mais comerciais do ano, já que homenagens às mães por obrigação deveriam constar da agenda dos filhos todos os dias. Que o digam aqueles que, por infortúnio, já não podem mais compartilhar da presença, da palavra amiga, do afago e até das devidas broncas que toda mãe, e só ela, tem direito de dar.
Pois bem, mas domingo de sol e o Independência apenas cheio, não lotado.
Quero crer que a causa tenha sido a dificuldade que um pai de família tem de pagar ingressos caros na quarta-feira e, depois, repetir a dose no domingo. Ainda mais se, em sendo domingo de dia das mães, é conveniente levar toda a família.
Difícil. Mesmo que o ingresso para qualquer show em nossa cidade tenha preços cada vez mais elevados.
E o futebol que o Galo anda jogando vem sendo um show, de encher os olhos. Digno de um Paul McCartney, ou de um Elton John.
E naquele domingo, 12 de maio, dia das mães, Ronaldinho Gaúcho entrou de mãos dadas com sua mãe, D. Miguelina, no gramado do Independência.
D. Miguelina, reabilitada da séria doença que a acometeu no ano passado, e que já havia sido alvo das homenagens da torcida do Galo, especificamente da Galoucura, que levou um estandarte, ou um banner, desejando-lhe pronta recuperação e melhoras, em jogo do ano passado pelo Campeonato brasileiro.
D. Miguelina entrou de mãos dadas com o filho famoso - que, pela vez primeira não quis dar a mão para qualquer das crianças que o procuraram -, atravessou todo o campo e foi lá, saudar, talvez agradecer o carinho e apoio da torcida.
E foi, mais uma vez ovacionada, com a torcida em peso gritando-lhe o nome, agradecendo por ter nos dado, ao mundo e aos amantes do futebol, esse jogador diferenciado que é Ronaldinho Gaúcho.
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A meu lado, um atleticano como eu, comentou: é difícil não ficar emocionado. Esse tipo de atitude empurra o cara. Ronaldinho hoje joga diferente.
Por sorte, não jogou diferente. Jogou igual. Dando passes precisos, como o fez no primeiro gol do Galo, quando recebeu de Marcos Rocha e tocou de primeira para a entrada de Jô que fuzilou Fábio. Voltando para defender e orientando com sinais e falação, o posicionamento do time e a armação de jogadas. Sofrendo pênalte, um dos dois não marcados pelo juiz. E dando espetáculo. Dando um show particular de malabarismo, como o fez na jogada do pênalte, em que um toquezinho de calcanhar tirou o beque da jogada e o colocou na cara de Fábio.
Ronaldinho saiu ovacionado, mas ontem o dia de homenagens e a responsável pelo show era D. Miguelina.
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Difícil falar de um jogo em que, no primeiro tempo, nenhuma televisão conseguiu mostrar nenhum lance importante do adversário nos melhores momentos. E, diga-se de passagem, mostrou apenas dois ou três lances no segundo tempo, ainda assim, um deles um belíssimo chute, lá da intermediária de Diego Souza, que acertou em cheio a trave.
O time das Marias esvaiu-se em nulidades e, embora sem violência, faltas, muitas faltas, para matar o jogo.
Já no time do Atlético, com exceção de Réver, que às vezes queria sair jogando driblando em frente à área de Victor, é difícil destacar algum jogador de forma mais aguda.
Mas vamos lá. Victor, mostrou segurança em dois chutes rasteiros do ataque azul e nas bolas em que precisava ser sério, foi feliz. Não quis brincar, nem efeitar, espalmando a bola, dando de soco, para tirar o perigo.
Gilberto Silva, muito sério, jogando sem enfeitar e sendo muito infeliz na bola que cabeceou em uma de suas avançadas para a área adversária, e que o zagueiro cruzeirense tirou em cima, mandando a escanteio.
Pena é que, dada sua capacidade física - e idade, às vezes perde jogadas em velocidade, sendo obrigado a parar a jogada com falta, e ... cartão.
Richarlyson, um leão. Vibrante, correndo para todo o lado, avançando, cruzando bolas para a área e, ontem, dando um belíssimo chute que Fábio colocou para escanteio.
Pierre apareceu menos que Donizete, mas ambos engoliram o meio-campo do Cruzeiro. Donizete, em especial, fez um partidaço, inclusive tentando e acertando lançamentos a meia distância e mais compridos.
Bernard um show a parte, mostrando o inegável talento de que é dotado. Além da velocidade e inteligência. Tardelli, novo show de entrega, dedicação, além de um gol oportunista, mostrando boa colocação. Tardelli também toca a bola com uma facilidade que transforma o ataque atleticano em um ataque envolvente. Jô, oportunista e mostrando a mesma disposição que havia mostrado contra o São Paulo. Apenas, há que se reconhecer que não encontrou a mesma facilidade e que não jogou tão bem como na quarta-feira, não ganhando todas as bolas por cima. Afinal, a defesa do Cruzeiro não deu espaços para ele.
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Acho eu que fosse algum membro da Galoucura, o comentário encerraria aqui. Afinal, Jô e Tardelli tiveram seus nomes gritados, após os respectivos gols, mas não me lembro do autor do terceiro gol ter seu nome ovacionado.
Mas, ao contrário de parte da torcida que o vaia e cobra, sou cada vez mais fã do futebol de Marcos Rocha. Foi dele que saiu o primeiro gol, recuperando bola que ele mesmo perdeu no meio para Dagoberto. Sem desistir, lutou, recuperou a bola e lançou para Ronaldinho, de primeira passar para Jô.
Depois, todo o jogo ele evitou subir, marcando em cima Dagoberto. Com isso, a direita tinha menos jogadas de perigo ao gol de Fábio, já que o principal articulador de jogadas por aquele lado, estava cumprindo outras funções.
No segundo tempo, quando pode e subiu mais, o time apresentou mais volume de jogo, e é observável como ele se torna uma das principais jogadas de saída da defesa para o ataque. E sempre dando passes precisos, invertendo jogadas, lançando, fazendo tabelinhas com Tardelli, ou Donizete ou Josué.
O gol que fez foi o coroamento de várias partidas que vem fazendo, mesmo sem o reconhecimento de alguns torcedores, a desconfiança de outros. Marcos Rocha fez um partidão e mereceu o gol.
Mas, o personagem de ontem foi D. Miguelina. E o filho famoso.
Que fez o Galo reverter a vantagem que o adversário possuía, embora nada ainda esteja definido.
Domingo que vem, dia 19, tem o segundo tempo. Tomara que o Galo mantenha a mesma pegada e o mesmo folêgo.
É isso.
Um comentário:
PC, como você já sabe, se há um assunto que eu domino amplamente é o futebol, por isso preferi dar meu pitaco nesse "post". É ingegável a excelente fase por que passa o time do Atlético Mineiro, ouso dizer que se nivela ao time de 1977, aquele que foi vice campeão brasileiro invicto. Não pesquisei as possibilidades de confronto na competição mas acredito que o campeão sairá do confronto Galo vs Boca. O time portenho começou mal mas cresceu durante o certame. Isso sem falar que os deuses do futebol começaram a tocar o apito na direção do time portenho. Talvez estejam tentando de alguma forma compensar a difícil situação por que passam nossos "hermanos". Mas não tenha dúvidas, minha torcida será pelo Galo. GaloôÔ!!!
Grande abraço, Tarcísio
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