quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pitacos do início do ano: geadas, possibilidade de elevação de preços de safras frustradas, e as terríveis mortes em piscinas

Gasolina com menos enxofre e menos poluente. Ao mesmo tempo, também com o mesmo preço da gasolina antiga de pior qualidade.
Não sei o impacto do custo do enxofre na mistura que nos é servida nas bombas de gasolina. Ou do custo do elemento, se algum, cuja quantidade tenha de ser aumentada ou introduzida na mistura. Então, em relação ao preço do combustível não há, a princípio, o que ficar preocupado. Não deverá haver aumento significativo em seu preço.
Salvo, se lembrarmos que o preço do combustível, que o governo segurou o máximo que pode em 2013, permanece defasado. E que deverá ser corrigido, mais cedo ou mais tarde, caso o governo não queira provocar prejuízos maiores ao fluxo de caixa da Petrobras.
Que ontem, conseguiu captar mais de 3 bilhões de euros com o lançamento de títulos no mercado internacional, embora o preço da ação da empresa no mercado brasileiro tenha sofrido queda importante.
Mas, não o problema não é só o preço defasado.
E do problema tratarei aqui, de forma mais ampla, apenas antecipando um possível repique da inflação no nosso país, nesse início de 2014. Mais uma vez, mais por causas externas que por problemas provocados por opções de políticas.
Embora eu saiba que, principalmente em ano eleitoral, qualquer elevação por menor que seja do índice de preços será imediatamente atribuído a falhas de política do governo.
Trata-se das fortes nevascas que estão varrendo os Estados Unidos, e quebrando recordes de mais de 20 anos de frio. Com temperaturas que alcançam 50 graus negativos, quando considerada a sensação térmica.
Frio capaz de congelar, como mostrou um repórter da Bandeirantes outro dia, água fervente, lançada ao ar.
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Pois bem, esse frio que faz criminoso foragido desejar voltar à prisão, para escapar da morte nas ruas, e já matou mais de 16 pessoas, está também trazendo prejuízos para a produção de petróleo naquele país. Como está ameaçando a produção dos laranjais americanos.
Sinal de que, em havendo frustração de safras, nós veremos o preço de nossos produtos exportáveis, como a laranja, se elevarem, seguindo a sacrossanta regra do mercado: onde falta produto, o preço sobe.
Mas, caso esse impacto venha a se manifestar em nossa economia, os críticos de plantão certamente não irão ficar vexados em ignorar o impacto das leis que eles tanto defendem, para arranjar culpados - de preferência na administração da economia brasileira - para o fenômeno da elevação de preços.
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Agora, juntemos a essa possível ameaça de aumento do preço de certos produtos agrícolas e até do petróleo, devido aos problemas climáticos nos Estados Unidos, com a possibilidade de frustração de safra e elevação de preços de produtos agrícolas também aqui no Brasil, onde a sensação térmica tem atingido valores próximos aos 50 graus positivos, e temos aí já motivos mais que suficientes para temermos um repique dos preços nesse início de 2014.
A ver.


Calor, a trágica morte de crianças nas piscinas e a culpa do governo.

O tema é trágico, para se dizer o mínimo. Nem bem iniciado o ano, e em função do calor e temperaturas elevadas, muitas pessoas procuram se refrescar, dirigindo-se a rios, lagos, cachoeiras e cascatas e piscinas.
Só em Minas no último fim de semana, parece-me que 9 pessoas faleceram por afogamento.
Isso sem contar o casal assassinado quando passeava pelas cachoeiras que enfeitam as belas paisagens da Serra do Cipó e, lamentavelmente, as 3 crianças que morreram em piscinas, sugadas pelos equipamentos que deveriam estar melhorando a qualidade das águas das piscinas e, portanto, da vida de todos.
Um menino em Caldas Novas, outra menina em Belo Horizonte e agora, a notícia de  mais uma, presa pelos cabelos na piscina de sua casa, são casos que nos chegam ao conhecimento, deixando-nos a todos estarrecidos e sensibilizados.
Meninos, crianças ainda, se divertindo e... a fatalidade.
E pior, por motivos que nada têm de novos, e que, pelo visto, continuarão fazendo vítimas, verão após verão.
Às famílias das crianças, mais que nossa solidariedade e votos de que encontrem as forças para suportar o peso dessas perdas, devemos, a sociedade, a adoção de medidas para que, no futuro, outras famílias não venham a passar o mesmo dissabor e luto.
A sociedade há que se unir para poder impedir que esse tipo de acidentes possam se repetir, o que implica na discussão da adoção de métodos de tratamento de água mais seguros (o Minas Tênis Clube tem um sistema de tratamento da água mostrado ontem em jornais de televisão, que faz a sucção se dar em caixas de suporte fora ao lado da piscina!); de maior responsabilidade na manutenção das piscinas e ralos; na discussão de ralos que impeçam ao máximo a aproximação de pessoas, possibilitando a sucção de cabelos ou outras partes e membros do corpo; até mesmo da manutenção de tais equipamentos desligados, quando a piscina estiver em uso.
Mas, uma coisa que é evidente é que a responsabilidade de piscinas instaladas em nossas casas, nos condomínios em que vivemos ou em clubes de recreação e lazer é nossa, dos frequentadores. Da sociedade.
O que me leva a comentar a entrevista (Jornal da Band, ontem à noite) da mãe de uma menina paulista que foi vítima de situação semelhante quando tinha a idade de 10 anos. Que foi sugada e presa pelos fios de cabelo, no ano de 1998. E que sobreviveu, embora em coma desde aquele acidente terrível.
Claro que entende-se a situação da mãe, que cuida da filha em vida vegetativa, e a ela também, todos devemos apresentar nossa solidariedade.
Mas, embora e respeitado todo o seu sofrimento, em dado momento da entrevista argumentar que esse tipo de problema é responsabilidade do descaso e da inação das autoridades públicas é, no mínimo, em minha opinião, transferir para o governo e a seus ocupantes, uma responsabilidade que é nossa. Que transita no âmbito da vida privada, onde se manifesta, e que não pode ser jogada sobre os ombros do governo.
Digamos, por suposição, que ela se referisse às leis que o governo deveria criar para funcionamento das tais piscinas. Como obrigar a casas particulares ou aos condomínios prediais a adotarem procedimentos como manutenção de salva-vidas, equipamentos de maior segurança, etc. que trazem mais custos para todos, podendo tornar inviável a utilização da área de lazer?
Creio que cabe aqui a reflexão feita por Frei Betto no livro Fome de Deus, quando trata do que denomina de Privatização da Moral e Imoralidade Vigente. Para ele, à p. 141, "... privatização da moral" conduz a uma situação em que a contradição a que dá origem e alimenta, seja reduzida, "... pelo consenso ideológico vigente de que o social escapa à responsabilidade pessoal de quem não participa diretamente do poder."
Ou seja, em nossa moral, optamos por transferir para outras pessoas ou esferas, as nossas obrigações e nossas responsabilidades.
Claro, não é o caso da mãe, que sofre há mais de 16 anos, mas é de nos levar a uma reflexão sobre o quanto temos abandonado - e sido vítimas de não assumirmos as responsabilidades nossas.

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