quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Pitacos sobre a passagem de ano; gastos de janeiro e os montes de lixo dos shows da virada

Sol e calor "de rachar" na estreia e no primeiro dia útil deste 2014.
Como não poderia deixar de ser, as pautas dos meios de comunicação, de forma unânime, procuram enfatizar as dificuldades financeiras que o mês de janeiro proporciona a toda a população, fruto do acúmulo de gastos com os presentes de Natal e Fim de Ano, das despesas com o pagamento de impostos, que chegam tão religiosamente quanto a virada do Ano e as chuvas violentas e desastres de verão.
A esse respeito, é bastante significativo e curioso que toda a imprensa dê destaque às calamidades e destruição trazidas pela chuva incessante, invariavelmente cobrando das autoridades públicas ações que, em geral, não foram adotadas, ficando apenas em repetitivas promessas.
Nesta hora, os comentários nos jornais noturnos é sempre o mesmo: será que as autoridades não agiram porque não esperavam as chuvas de virada do ano? Será que os setores responsáveis não sabiam que essa é a temporada de chuvas e que, querendo ou não, as tempestades virão?
Pois bem. A situação serve, à perfeição, em minha opinião, para a situação das finanças pessoais no início do Ano.
Afinal, tão certo como o fato de que haverá  reveillon e queima de fogos no dia 31 de dezembro, e que o Ano Novo irá começar no dia seguinte repetindo o tradicional "capo de mesi, capo de anni" do capodanno, o mês de janeiro é o mês de recolhimento aos cofres públicos do IPTU municipal e do IPVA, sobre a propriedade de veículos e cuja receita é compartilhada entre estados e  municípios.
Ora, sabendo disso, porque não nos planejamos, ao longo do ano, guardando uma pequena quantia a cada mês e criando um fundo para o pagamento desses tributos?
Será que, tal qual as autoridades que criticamos, também nós não sabíamos dos impostos de janeiro?
E para aqueles que têm família e crianças ou jovens em idade escolar, será que se esqueceram ou esquecem de que é o início do ano a época de renovação de matrículas - em especial de cursos complementares, gastos com material escolar, uniformes e renovação de contratos de prestação de serviços de transportes escolares? Isso, sem contar que janeiro é um mês de maiores gastos em função das férias e do calor...
Afinal, mesmo que não seja possível sair em viagem de férias, em função do custo absurdo de passagens aéreas e hotéis, sem contar no desconforto que viagens e aeroportos e estações rodoviárias, ou até mesmo as rodovias, representam, como deixar os meninos presos em casa, ou em apartamentos?
Como arrumar atividades para que os menores possam  botar  fora toda a energia acumulada e incapaz de caber e ser saciada com atividades exercidas em ambientes cada vez menores? E claro, todas essas atividades, realizadas em ambientes externos implicam em gastos com transportes, tickets de ingressos, lanches que exigem recursos que concorrem, necessariamente, com os pagamentos de início do ano.
Mas, tal qual o governo, também nós deixamos tudo para a última hora, e acabamos bancando nossas despesas de formas irracionais, muitas vezes acumulando dívidas, ou lançando mão de recursos de créditos muito caros.
Enfim, a ausência de planejamento é não apenas visto como uma característica, senão como um dos principais e mais comentados - e até comemorados -  traços de caráter do povo brasileiro.
E daí o interesse da mídia e a mesma ladainha de sempre, cumprindo o papel de orientar as pessoas a evitarem se encalacrar em dívidas e crediário desde o início do Ano, para que os votos de Feliz Ano Novo tenham uma mínima oportunidade de se concretizarem.
***

Pitacos sobre a sujeira

Nesse início do ano não poderia deixar de tecer  algum comentário sobre as comemorações e shows da virada de ano, principalmente nas praias do país.
Não para comentar da sempre bela e magnífica queima de fogos, que enfeitam os céus e enchem as telas de nossas televisões, nos brindando com um espetáculo de luzes e cores deslumbrante.
Da descrição do espetáculo de fogos, as tevês e jornais e fotos já dão conta à larga.
Gostaria de comentar aqui do outro lado da festa, do que acontece ao final dos shows, mais propriamente, da sujeira acumulada nas praias. Sujeira e lixo resultantes da aglomeração e da completa falta de educação e urbanidade de nossa população.
Nada contra o farofeiro. Nada contra o piquenique nas areias, à espera dos shows musicais e da queima de fogos. Nada contra a garrafa de champanha ou espumante, e do convívio dos copos de plástico com as latinhas de cerveja ou refri.
Mas, finda a festa, porque as pessoas que levaram comidas e bebidas para a praia não demonstram a preocupação em limpar o ambiente em que passaram horas de diversão e alegria?

Lembro-me de um colega que esteve no Japão acompanhando uma partida de futebol, e de seu espanto ao verificar que os torcedores japoneses, em geral em família, chegam aos estádios, acompanham os jogos, comem, bebem, comemoram e se divertem e, ao final de tudo, limpam completamento o local onde se instalaram. De tal forma que seria quase dispensável a presença da equipe de faxina ao final.
Em sacos plásticos, que depois depositarão nas lixeiras, eles se divertem e se preocupam em manter limpo o local que lhe deu abrigo.
Aqui no Brasil, ao contrário, a marca das festas é lixo, muito lixo acumulado que transmitem um aspecto de desolação que não condiz com o evento realizado.
Hoje, dia 2, os jornais noticiam 3 toneladas de lixo recolhidos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. No dia de ontem, as fotos estampavam a praia de Copacabana, onde um casal mais afoito não se incomodou de dormir ali mesmo, em meio a todo o lixo que as pessoas deixaram.
Engraçado que justo no Rio há uma legislação destinada a punir aqueles que jogam lixo nas ruas. Com multas para os que são apanhados praticando esse comportamento abjeto.
E logo em Copacabana, na praia, no último dia do ano, quando as pessoas botam para fora o melhor de si, o que os turistas deixam na Princezinha do Mar é uma montanha de  lixo. Prova de toda a falta que educação traz a um povo.


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