terça-feira, 11 de novembro de 2014

A falta que a Educação Financeira pessoal provoca

A liquidação da corretora Corval, no último mês de setembro, traz à luz um problema sério, passível de ter lugar no mercado financeiro: a questão da confiança e da quebra de confiança na relação cliente-Instituição financeira.
Nada a ver com a aplicação em si, diga-se de passagem, embora como dado em manchete da Folha de São Paulo no dia de ontem, em seu caderno sobre investimentos (Folhainvest), capaz de trazer algum abalo principalmente ao pequeno e médio investidor, obrigado a se fazer representar por uma dessas instituições por exemplo, para aplicar em títulos públicos do Tesouro Direto.
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No caso dos títulos do Tesouro Nacional, os papéis adquiridos pelo investidor são protegidos por um registro em seu nome na Central Depositária da Bolsa BM&FBovespa. 
Além disso, o Tesouro e a Bolsa mensalmente emitem um extrato com as informações dos papéis que constam registrados em nome do investidor, para que ele possa acompanhar suas aplicações.
Mas, como estamos no Brasil, o cliente dificilmente se preocupa em acompanhar as informações que lhe são prestadas, confiando na corretora que escolheu para agir como sua representante. 
Ocorre que nada assegura que a Instituição Financeira não irá, caso necessário ou se houver má intenção de sua parte, utilizar dos papéis em seu nome, transferindo os títulos do cliente para seu próprio nome. 
Essa transferência, diga-se de passagem, não é ilegal, sendo permitida pela Bolsa, desde que o cliente a tenha autorizado.
Aí é que se cria o espaço para que a corretora possa burlar a confiança do seu cliente, o que irá acarretar prejuízos.
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A informação tem de ser mais amplamente divulgada, o problema não é do papel, nem do Tesouro, mas da quebra da confiança, já que a instituição é que estava procedendo de má fé. 
Mas, fica o alerta: do extrato com informações que o cliente pode acessar a qualquer momento, não irá constar os títulos de propriedade do cliente que porventura tenham sido retirados. Com isso, atento a suas aplicações, o cliente tem como acompanhar se a corretora está abusando ou não de suas determinações. 
Por fim, uma outra informação: caso o cliente tenha suas aplicações registrada na Central Depositária, ele terá a garantia de que não sofrerá perdas, caso a instituição financeira venha a ter problemas como foi o caso da Corval.
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O alerta é importante: todos devem manter o mais estrito controle sobre suas aplicações. Afinal, como diz o ditado, o olho do dono é fundamental para a engorda do porco.
Mas, como promover uma mudança de cultura e de mentalidade, quando um tomador de crédito consignado sequer pergunta pela taxa de juros que está pagando, ou a CET, custo efetivo total do empréstimo que está tomando?
Qualquer correspondente de financeiras que realizam esse tipo de concessão de crédito pode nos informar que, desde que a prestação caiba na renda mensal, o empréstimo será efetivado. 
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Isso em um país que pratica as mais altas taxas de juros do mundo. E em vias de ver essa taxa crescer, por força da ação do BC e de sua diretoria reunida no COPOM, destinada a manter a inflação sob controle, ou no mínimo, dentro do intervalo da meta inflacionária.



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