quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Novamente, Minas Gerais dividida na final

Não bastasse termos assistido, há pouco tempo, uma verdadeira final de campeonato entre dois mineiros, Dilma e Aécio, disputando a presidência da República em um nível tão rasteiro que mais parecia jogo decisivo de futebol de várzea, Minas Gerais, mais especificamente, Belo Horizonte, será palco de mais uma disputa de título.
Agora, colocando frente a frente o time que tem apresentado o melhor futebol coletivo desde meados do ano passado, o time de azul, contra aquele que obteve as maiores conquistas internacionais.
Não só as maiores conquistas internacionais, Libertadores e Recopa, mas também o time que tem sido protagonista das páginas mais épicas que o futebol tem nos proporcionado testemunhar, nos últimos anos: o Atlético Mineiro, Galo forte e Vingador.
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E não me refiro a páginas épicas por ser atleticano, e como todo torcedor do Galão da Massa, acostumado a viver em constante sobressalto. A epopeia explica-se pelos resultados que o time vem obtendo desde o ano passado, quando no Independência, disputando jogo decisivo contra o Tijuana e com a partida já nos segundos finais do tempo de acréscimo, houve a marcação de um pênalte contra o Galo, que Victor defendeu com a ponta do pé.
Nascia ali, com aquele milagre a mística de São Victor, e a confiança de que estavam todos os anjos e santos ao lado do Atlético.
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Em sequência, o Galo teve de disputar outras duas finais, felizmente todas em casa, contra o Newell's e contra o Olímpia, em ambas tendo de reverter o resultado de dois a zero que lhe era extremamente desfavorável.
Em ambas o Galo conseguiu o placar necessário para assegurar a conquista do título de campeão das Américas.
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Pela Recopa, contra o Lanús, outro sofrimento, com o time argentino vindo jogar a segunda partida no Mineirão e saindo vencedor do confronto, pelo placar de 3 a 2. Como o Atlético havia ganho a primeira partida por um gol de diferença, fomos para a prorrogação, em que o Galo, conseguiu a façanha de marcar dois tentos, jogando mal e contando com a ajuda de gols contra dos argentinos.
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Depois duas partidas históricas: contra o Corínthians e contra o Flamengo, ambas com o jogo de ida terminando no fatídico dois a zero, na casa dos adversários.
Pior: em ambas as partidas no Mineirão, o Galo levou o primeiro tento, o que implicava a necessidade de conquistar uma vitória por um placar mínimo de 4 a 1.
E não deu outra.
Empurrado pela torcida e o mantra do EU ACREDITO, o Galo foi para cima dos paulistas, primeiro e dos cariocas, na noite de ontem, arrancando, na base da paciência e sem correria desatinada o placar necessário. E merecido, pela entrega, disposição, coragem. E, principalmente por acreditar que era possível. Pela Fé.
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Mas, além do jogo, um detalhe ontem chamou minha atenção, antes do início do jogo.
É que, enquanto a torcida esperava o início da partida, cantando que o Galo é o time da virada, o Galo é o time do amor, no banco, Alex Silva, o lateral reserva, acompanhava a cantoria, mostrando, antes de mais nada, tratar-se de um atleticano, "sangue bão".
Depois do jogo, ao ser entrevistado pelas emissoras de tevê, Josué, campeão mundial pelo São Paulo, jogador de seleção brasileira e campeão de inúmeras competições na Alemanha afirmava que era raro ver conquistas como as que o time do Galo era capaz de proporcionar.
Dessas que nos levam às lágrimas de emoção, quando não a um infarto indesejado.
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Do time do Cruzeiro, cujo jogo não acompanhei, apenas a certeza de que joga bem em qualquer local, tendo elenco, treinador e qualidade, motivos que justificam porque é o líder disparado do campeonato brasileiro.
Em relação ao jogo na Vila Belmiro, o alçapão do Santos, admito que o resultado elástico não foi surpresa para mim. Afinal, ainda trago na memória o jogo em que o Galo vencia por 4 a 1, e aconteceu o que parecia completamente impossível: o jogo terminou empatado em 4 gols.
É que a torcida empurra, o time cresce, encurrala e acaba se desguarnecendo na defesa.
Jogos com muitos gols, como esse do time de Marcelo Oliveira na noite de ontem, não são, parece-me exceção.
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Agora é esperar pela decisão mineira, tão ansiosamente aguardada. E, com a decisão, que os torcedores, ao contrário dos partidários das agremiações políticas que travaram a última disputa eleitoral, tenham mais calma, tranquilidade e, principalmente, capacidade de aceitar o resultado adverso.
Porque confesso que está passando do limite a choradeira do coitadinho do Aécio, de que foi vítima de ataques baixos por parte do partido contrário, como se ele tivesse feito uma campanha sem agressões e sem ataque.
Ora, quem é das Minas e mora aqui, sabe que sua irmã sempre foi sim, ao lado de Anastasia a pessoa de maior influência no governo, dêem a isso o nome de nepotismo ou não. Quem viveu em Minas, sabe que o estado se endividou, que a cidade administrativa foi um descalabro e desnecessária sua construção, a toque de caixa, apenas para criar uma nova área imobiliária de valorização e especulação.
Quem trabalhava ao lado da Assembléia sabe que os professores de Minas promoveram uma série de manifestações e paralisações, por não terem respeitados seus direitos e pagos o piso nacional de salários. Questão que o próprio Supremo acabou interferindo em causa dos trabalhadores.
Todos sabem que Aécio sempre pousou de frequentador de colunas sociais e eventos de culto à personalidade, por mais espalhafatosos que possam ser e mais fúteis.
Não fomos nós que estávamos dirigindo embriagados e nos recusamos a soprar o bafômetro nas noites de embalo do Rio.
E tampouco nós que temos a  pista, o direito de  pouso ou a chave do aeroporto das terras do titio.
Quanto a falar em corrupção, até prova em contrário, ele empata com Dilma, tendo feito parte de governos que têm tantas acusações e desvios quanto o da eleita.
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Talvez saber perder seja o que mais o nosso menino do Rio esteja necessitando. Até para evocar a frase dita ontem, em Brasília, cujo significado é de que "É preciso saber perder, reconhecer a derrota. Como é preciso saber ganhar."
E, como minha mãe me ensinou, saber ganhar é, às vezes, muito mais difícil.
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Voltemos ao futebol. Que Minas saia ganhando, com a disputa entre nós e eles, quer racha a nossa capital ao meio. Que o futebol saia vitorioso e que agressões e vandalismos não tenham espaço para acontecer.
Afinal, trata-se apenas de uma disputa esportiva. Por mais apaixonante que seja. Apenas uma partida de futebol.
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Para concluir dois comentários:
Sobre Oldair Barchi, o capitão de nossa campanha campeã de 1971. Vindo do Vasco, como lateral esquerdo, Oldair foi deslocado para o meio campo, onde brilhou no nosso time, especialmente por sua liderança. Sua capacidade de bater faltas, é uma das recordações que trago de sua atuação.
Depois de encerrar a carreira, lembro-me muito vagamente de uma experiência como técnico, também no Galo, não sei se no time principal;
Não sabia de sua morte e rendo-lhe aqui minhas homenagens.

E se tem homenagem a Oldair, eu proponho que nós atleticanos façamos um movimento para cassar a homenagem, indevida em minha opinião, a esse que representa o mau jornalismo, o jornalismo marrom, na tevê brasileira: o tal do Milton Neves.
Esse é daqueles conterrâneos que servem para mostrar que Minas tem muitas mazelas. Muita coisa ruim.
E, saída da cabeça dele, e do pessoal da Globo, só mesmo a ideia funesta e equivocada de que campeonato por pontos corridos não tem emoção e deve ser banido.
Ao vê-lo falar, fica a impressão de que ninguém no resto do mundo, Europa, Espanha, Itália, Inglaterra, etc. sabe o que é o melhor para o futebol. Só esse mala!
Mas, como o direito de falar asneiras é da democracia, que ele continue falando todas que quiser, com toda a antipatia que lhe é peculiar.

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