quinta-feira, 20 de novembro de 2014

De compliance, do futebol do Galo, da ridícula briga de ingressos para a decisão da Copa do Brasil, e outros pitacos.

Não é que não estejam acontecendo fatos importantes e merecedores de algum tipo de comentário nosso em nossa sociedade.
Acontece que a maior parte do noticiário continua vinculada aos escândalos e à corrupção em torno da Petrobrás e como as investigações correm em sigilo, ou em informações na maioria das vezes pinçadas e parciais, prefiro assistir, estarrecido, a evolução dos fatos.
Um comentário, entretanto, devo fazer. Ouvia há alguns dias, mais especificamente no início dessa semana, a opinião de Alexandre Garcia para o programa de jornalismo matinal da rádio Itatiaia.
Para o jornalista, o anúncio feito pela presidente da companhia e por seus colegas de diretoria, da criação de mais uma diretoria, responsável por verificar o correto cumprimento das leis conforme algumas versões, ou pela governança para outros, não era mais que jogo de cena.
Segundo Garcia, para verificar o cumprimento das leis já existiriam órgãos internos e externos de auditoria e fiscalização, além de outros órgãos externos, como o TCU, o Ministério Público da União, além da Controladoria Geral da República, etc.
Tudo bem e tudo certo. Mas todos sabemos que as leis e os regulamentos existem e estão aí para serem cumpridos.
Além disso, como o rumoroso caso do juiz flagrado dirigindo sem documentação hábil, parado em blitz no Rio e que não quis se submeter ao rigor das leis simplesmente por ser um magistrado tem suscitado, ninguém pode se comportar ao arrepio das leis, e ninguém pode alegar desconhecimento da legislação.
Ou seja, juízes não são impunes, embora possam acreditar nisso, e se decidem sobre a vida de qualquer cidadão, não são deuses, como asseverou a agente de trânsito que estava em serviço e foi presa pelo juiz sob a alegação de desacato.
Mas, era outro nosso tema. E embora não seja admissível que alguém ou alguma empresa descumpra a legislação, devemos considerar que uma empresa do tamanho e do porte da Petrobras, e com a quantidade de áreas de atuação e de atividades e de pessoas, trabalhando ou com algum tipo de relação com a companhia, acaba sim, adotando em suas entranhas uma série de comportamentos que ferem os preceitos regulamentares.
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Daí, ao contrário de Garcia, para quem a criação da diretoria seria mero jogo de cena, acredito que a criação da diretoria é medida correta de profilaxia, apenas achando curioso que tenha vindo tão tarde. Em hora tão inoportuna e pelos motivos que todos conhecemos.
Ora, no sistema financeiro, por determinação dos órgãos normativos e o Banco Central em especial, já desde há muito tempo foram tornadas obrigatórias a criação e o funcionamento de áreas não apenas voltadas para gestão, análise e avaliação de riscos, como também áreas destinadas a exercerem a atividade de "compliance" ou seja a obediência, a adequação das ações e comportamentos das instituições financeiras às normas vigentes.
E o tema é tratado com tamanho rigor que a Febraban tem até e disponibiliza uma cartilha para explicar e dirimir dúvidas sobre a função de compliance: o que é, seu alcance, etc.
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Como é fácil verificar-se, compliance é uma expressão que se origina do verbo comply do idioma inglês, onde tem o significado de obedecer, estar em conformidade ou de acordo com alguma norma.
E quantos de nós já não tivemos chances de testemunhar que, mesmo que no geral a preocupação em cumprir as leis esteja presente, algumas pessoas, algumas atividades, alguns atos sejam realizados, sem que o estrito cumprimento da norma seja respeitado.
Por isso, para mim, ao contrário da alegação de Alexandre Garcia, cuja opinião e lógica de raciocínio até entendo, já que a sensação é de que a criação da diretoria e seu anúncio chegou tarde, a questão que merece crítica é exatamente a de tal diretoria ainda não existir e integrar o organograma da Petrobras.
Nesse ponto, concordo com o jornalista, puseram a tranca depois que o ladrão já tinha se instalado no interior da empresa.

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Galo, Flamengo e Luxemburgo

Mais uma vez na noite de ontem, agora no Independência, o Flamengo enfrentou o time do Atlético e, mais uma vez, o placar mostrou um resultado vergonhoso para o time carioca. Nada que não me deixasse satisfeito, claro, especialmente por ver um time rubro-negro completamente entregue em campo, sem qualquer orientação e capacidade de reação, ao tempo em que via, no banco de reservas um técnico também sem qualquer reação.
Não tenho nenhuma simpatia por Luxemburgo e por sua arrogância. Não gosto de suas atitudes, muitas das quais me levam a questionar sua própria honestidade de propósitos.
Reconheço que já houve uma época em que ele foi um técnico vencedor e despontou em nosso futebol como um dos principais nomes para a função.
Mas é só. Sempre achei, e isso se confirmou quando quase conseguiu fazer o Atlético voltar à segunda divisão de nosso futebol, que ele é do tipo de técnico que ganha sozinho, empata com o time e não tem nenhuma responsabilidade quando o time perde.
Por força desse caráter diminuto, é que me deixa mais feliz verificar que ontem, flagrado pelas câmaras, o Luxa não esboçava qualquer reação, qualquer emoção, exceto desânimo e desolação.
Enquanto isso, o Atlético trucidava - essa é a expressão mais exata, o time carioca em campo. Especialmente no primeiro tempo, quando voava em campo, com o ataque trocando passes em tão grande velocidade que deixava atarantado os próprios locutores e analistas da cobertura esportiva.
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O placar elástico, foi bom também para mostrar que a vitória e classificação para a disputa da final da Copa do Brasil não foi um golpe de sorte, ou por acaso, como alguns jornalistas do Rio poderiam acreditar e chegaram a manifestar.
Aliás, a única parcela da torcida que ainda acredita - e até torce e não se convence de que Luxemburgo já deu o que tinha que dar. E como torce a crônica do Rio, que de especializada em futebol tem a credenciá-la apenas o fato de torcer. E muito. Sem qualquer constrangimento.
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Destacar algum nome no time do Galo ontem, seria até injusto, tamanha a força do futebol solidário que o Galo imprimiu. Mas não é possível não falar de Tardelli e suas investidas em velocidade, deixando a defesa do Flamengo completamente tonta. Não é possível não falar de Luan, o menino maluquinho, infernizando em campo tanto na frente, quanto no meio e até na defesa, já que tinha fôlego e disposição para vir ajudar na nossa retaguarda. Jemerson, mais  uma vez mostrou que veio para se tornar um dos maiores jogadores da defesa atleticana. Dátolo foi mais uma vez muito criativo e importante na armação das jogadas. Mas, para mim, o destaque ontem foi Douglas Santos.
Por todo o futebol, a confiança e tranquilidade que o jovem lateral mostrou, inclusive e principalmente indo à frente.
Para mim, embora tenha feito uma partida muito regular, achei que Marcos Rocha ficou aquém do que eu esperava. É preciso deixar isso bem claro. Ele jogou, como todo o time, muito bem. Mas, eu esperava mais desse que vem se constituindo em um de nossos mais importantes jogadores.
Já em relação a Donizete, embora não comprometesse, muito ao contrário, tenho de admitir que não consigo vê-lo em campo, jogando com um elenco de jogadores habilidosos, de velocidade e técnica.
Rafael Carioca mostrou o acerto de sua contratação e sua entrada ontem, e Dodô, mais uma vez mostrou a grande promessa que é e que já está se tornando realidade.
Que o Galo possa manter esse time e obter o mesmo resultado que o nosso adversário tem mantido, justo por ter uma estrutura mais equilibrada e estável.
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Ingressos e a ridícula briga pelos ingressos entre Atlético e eles

Já tive oportunidade de ser entrevistado e me manifestar aqui mesmo em relação ao local destinado à torcida adversária quando o Atlético, como mandante, atua no Horto.
Nada contra o Atlético aproveitar a mística do Independência, onde como todos gritamos, se caiu no Horto, tá morto!
Mas, colocar a torcida adversária justamente em cima do local reservado à torcida do Galo na Veia, que é o sócio torcedor do time e que muitas vezes é o que mais caro paga para ver o time do Galo jogar, acho um despropósito.
Pior é quando o jogo é contra o time do Cruzeiro, já que a torcida das "Marias" joga moeda, milho, urina, água, cospe e até já jogou rojão apontado para atingir a nós atleticanos que nada podemos fazer. E que não só não temos como nos defender, nos protegendo, como não temos também para onde correr.
No último jogo com a presença da torcida do Cruzeiro no Independência, estava sentado próximo à uma moça, torcedora do Galão da Massa, que quase foi atingida pelo foguete disparado lá de cima, não se sabe por quem.
Então, se não há segurança para a torcida do time contrário ficar em outros locais do campo, já que a Polícia Militar tem dado demonstrações de que não tem mais a capacidade que sempre demonstrou no passado de separar as torcidas e evitar os piores confrontos, não há como não concordar em que a torcida do time contrário, qualquer que seja, fique no local, mas sem ter direito a se aproximar das grades que definem e limitam o final do espaço.
Não é por sacanagem. É por segurança mesmo.
Mas o resultado é que a capacidade de 10% da carga de ingressos para a torcida do time adversário, não pode ser respeitada.
No último jogo, isso redundou em uma grande discussão, e a carga de ingressos oferecida ao time do Cruzeiro não superou os 8,5%.
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Agora, no jogo de volta, no Mineirão, estádio que suporta uma capacidade maior de torcedores, por provocação e pirraça a diretoria do time do Cruzeiro que prometia colocar à disposição dos torcedores do Galo a mesma porcentagem, resolveu que vai destinar apenas pouco menos de 5% da carga. A preços de R$ 1000,00, o que é um absurdo.
Ridícula a atuação da diretoria que tenta vender a ideia de ser a mais bem estruturada e mais racional de nossos times de futebol.
Em minha opinião de um grau de infantilidade que mancha sua tradição. Ou coisa de quem está de TPM. Temeroso de Perder no Mineirão.

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Dia da Consciência Negra e feriado apenas nos estados do Rio e em São Paulo, aqui no Sudeste, mostra bem que ainda há muito que se fazer na luta de valorização da raça negra, de Zumbi.
E o futebol, como o caso recente de Aranha  e de outros jogadores não nos deixa esquecer, mais ainda.

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