quinta-feira, 30 de abril de 2015

Pena de morte e crimes violentos. O que são? Quem os comete?

Errar, mas pagar com a vida pelo erro cometido, é um excesso.
Com tal pensamento, o segundo brasileiro acusado de tráfico de cocaína pelo governo da Indonésia, Rodrigo Gularte teve cumprida a penalidade a que foi submetido.
Não sei os motivos que levaram Rodrigo a optar pelo tráfico. Mas, convenhamos, sem ser careta, que por seu comportamento várias pessoas podem ter sido condenadas a pagarem com a própria vida. Apenas pelo erro de terem procurado uma diversão ilícita. E que nem tão divertida parece ser, no final das contas.
Quantos não perderam família, bens, saúde, amizades, consciência, a própria dignidade humana? E o fizeram sob o olhar complacente, a ajuda dos vendedores de ilusão. Que reduz tudo a pó (com e sem trocadilho!).
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Mas a frase dita como últimas palavras de Rodrigo, conforme relato do padre que o assistiu, serve à reflexão. Menos sobre a inconsequência do comportamento de Rodrigo, para quem parece que não caiu a ficha, de forma integral das possíveis consequências de seus atos.
Mas, desejando que Rodrigo Gularte descanse em paz, a frase nos leva a refletir com relação a outros tipos de crimes, que podem ter os mesmos efeitos ou até piores, e que por serem menos agressivos, pelo menos na aparência exterior, não seriam nunca apenados com a execução.
Refiro-me aos crimes de colarinho branco, de lavagem de dinheiro, de corrupção que são praticados por grandes banqueiros, empresários e que podem, mesmo desvestidos de uma característica mais agressiva, levarem à morte centenas de pessoas prejudicadas. Seja por perderem tudo que conquistaram ao longo de uma vida de trabalho e sofrimentos, seja por, doentes, não poderem contar com saúde pública decente, digna. Porque os cofres públicos foram saqueados de forma vergonhosa, como nos demonstram os casos recentes da operação Lava Jato, e a Petrobras e o metrô de São Paulo. Em todas as situações com o conluio e envolvimento de empresários, empreiteiros, banqueiros, a fina flor de nossa sociedade.
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Por outro lado, crimes dos mais pobres seriam, por força das características que a eles atribuímos, crimes necessariamente mais violentos. E merecedores de tal pena.
Como as pesquisas de consulta popular costumam indicar.
Mesmo sem considerar que tais sujeitos mais pobres, que nosso imaginário ou nosso preconceito e discriminação já nos levam antecipadamente a considerar como pessoas mais violentas sejam, em geral, mais vítimas de barbárie que seus autores.
Como mostram as várias chacinas de periferia, cometidas por justiceiros e milicianos, sustentados e pagos por gente de bem de nossa sociedade.
Uma vergonha e algo que merece nossa reflexão mais atenta.

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