terça-feira, 31 de maio de 2016

Queda de ministros é apenas por reação da sociedade, apesar da vontade de temer e Cunha; e falando de economia, cortes e malvadezas, chegamos ao estupro. Da menor do Rio, um absurdo e de Dilma.

Mais um ministro de temer cai, antes ainda de passados vinte dias da posse desse governo usurpador.
Apesar de que, uma consulta simples ao dicionário demonstre que o título de usurpador, em uma de suas acepções mais empregadas seja mais apropriado a Eduardo Cunha que ao próprio temer.
Afinal, como consta das transcrições de falas de Romero Jucá, constante das fitas gravadas por Sérgio Machado, é Cunha, na verdade, quem está por trás e manipula e controla o governo temer, como foi exposto, com todas a letras, por Dilma, na entrevista concedida a Mônica Bergamo da Folha.
Na entrevista, a presidente afastada foi clara e precisa: temer e seu (des)governo terão que ficar de joelhos para o presidente, também afastado, da Câmara dos Deputados.
E, embora ministros venham sendo derrubados em sequência, como a derrubada de peças de um domínó, ainda não consigo divisar, ao longe, o menor ruído de panelas sendo batidas, ou de buzinaços de cidadãos enfezados, em combate ferrenho contra a corrupção que grassa no país.
***
Também não ouço ou vejo qualquer reação mais enérgica de temer, como um tapa na mesa, quem sabe até como um gesto teatral para que ele possa dizer que sabe tratar com bandidos.
Cena que ele já protagonizou na semana passada, ao anunciar o pacote de medidas fiscais de seu desgoverno.
O que pode indicar que o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo tenha se esquecido de como é que se deve agir quando se está tratando com bandidos e se quer extirpar a sociedade dos comportamentos por eles praticados.
Uma alternativa seria a de que, de tanto combater o crime, sem êxito em sua extinção, o ex-secretário acabou acostumando-se, ou até associando-se como acontece em filmes, com as práticas criminosas que visava combater.
Mas, convenhamos que essa alternativa citada está muito mais para roteiro de filmes, seja de Hollywood, seja mesmo filme brasileiro, como Tropa de Elite.
E, seria injusto e absurdo que, das telas, tal situação viesse pular para a vida real, como em A Rosa Púrpura do Cairo de Woody Allen.
***
Na verdade, minha crença maior é em que o ex-secretário Segurança de São Paulo sabia lidar sim com bandidos, desde que vindos das favelas ou comunidades carentes, pretos, pobres, desamparados pelo Estado, em geral analfabetos, e invisíveis aos olhos da sociedade dita de bem.
Bandidos, para usar a expressão de Collor, descamisados, o que pode explicar as razões de temer não saber lidar com crimes de quem vista camisas, de colarinho azul ou branco, gravatas sofisticadas, ternos de grife e palavreado adequado a quem tem o domínio da última flor do lácio, inculta e bela. Flor que esforçar-me-ei para defender, em homenagem à nossa personificação de Boris Karloff.
***
Afinal, para temer, nem Jucá, antes, nem agora o Fabiano cometeram qualquer deslize, o que não torna-los-ia passíveis de qualquer censura.
A menos que houvesse reação, no Congresso ou na sociedade, nas ruas, de forma que o amigo, mesmo merecedor de todos os elogios quanto a sua honra e honestidade, deveria pedir para sair, para não trazer constrangimentos a um governo que já nasceu eivado de constrangimentos, o pior deles, o de não ter sido eleito pelo povo.
***
Entretanto, é possível que algumas pessoas bem intencionadas de nossa sociedade, algumas daquelas que foram manifestar sua indignação nas ruas contra o PT, petralhas e corrupção se sintam confortados de verificarem que temer age e pune, com a perda do cargo, mesmo seus amigos mais próximos.
Digo isso porque vi, e lembro-me muito bem, algumas dessas pessoas que reputo ingênuas, aplaudindo e elogiando o início do governo Dilma, também ela responsável por uma faxina no ínicio de seu primeiro mandato.
Então, temos um presidente que age e pune, mostrando que sabe dar, além de tapas na mesa, o tratamento que os meliantes (termo mais sofisticado para bandidos) merecem.
***
Enquanto isso a economia desanda, e ao invés de se fazer um corte, como o pretendido por Nelson Barbosa, o que implicaria em pesado contingenciamento e déficit de 97 bilhões, chegamos à cifra de 170 bilhões de déficit orçamentário.
Enquanto isso, as medidas duras e amargas de elevação de impostos que já haviam sido anunciadas por Dilma e sua equipe não são sequer aventadas, embora se saiba da inevitabilidade de que sejam adotadas, caso o país queira fazer superávits primários antes de 2020.
Enquanto isso, a reforma estrutural da Previdência, necessária, mas feita sob a abertura e discussão de todo o orçamento que envolve a seguridade social no nosso país, deve ficar apenas para setembro. E não por que vamos finalmente abrir as contas e discutir com todos os segmentos sociais o que deve ou não continuar sendo financiado pelo fundo pago com a contribuição apenas de parcela da população, a que trabalha com carteira assinada. A mão de obra formal.
***
Como vimos a imprensa comemora, junto com os mercados, a peça orçamentária e seus remendos aprovados, como sinal de transparência e seriedade: afinal, no valor do novo déficit, não há mais cadáveres ocultos.
Mas, querendo estar bem com a sociedade que não o elegeu, nem às suas propostas, o que temer e Meirelles fizeram foi tão somente manter os privilêgios, herdados de Dilma, de concessões de desonerações, incentivos, subsídios, benesses e outras transferências para o andar de cima da sociedade, especialmente, o pagamento dessa vergonhosa conta de juros da dívida.
***
Isso a imprensa não vê, não assinala, e assim, a sociedade não percebe. Mas, vamos devagar por que estou com pressa, já anuncia cortes nos programas de assistencialismo, sendo vítimas os programas Minha Casa Minha Vida, os que financiam a Educação, os que tratam de bolsas famílias.
Em relação ao Bolsa Família, é interessante aliás, assinalar como a imprensa é ágil para repercutir os númeos de benefícios pagos de forma irregular, para pessoas que recebem mais que um benefício, ou recebem sem se enquadrarem nas condições exigidas pelo Programa.
O que faz com que, em uma primeira análise, sejam contabilizadas milhares de pessoas recebendo benefícios indevidos, o que é um crime.
E, como crime que é e ninguém em sã consciência pode negar, a imprensa destaca e fortalece os argumentos dos que querem, por tal motivo, paralisar o programa... para reavaliações.
***
Pergunto-me porque a imprensa, por meio de seus órgãos e pessoal de comando, não tem a dignidade de dizer que o programa tem sim, falhas e pontos críticos, mas que esses pontos - em especial a da existência de benefícios irregulares, não são responsabilidade do governo federal, já que a responsabilidade por cadastrar, acompanhar, fiscalizar as famílias cadastradas no Bolsa Família, são de responsabilidade das prefeituras municipais.
Até porque são as prefeituras que mais conhecem a situação de sua população carente. Pela proximidade de tais famílias.
Mas, omitindo essa pequena informação, acaba deixando a sociedade na crença de que as falhas do programa são responsabilidade do governo central.
***
A consequência é que Meirelles irá cortar, como já analisei em outro pitaco, os gastos que beneficiem os mais carentes, e vai manter os gastos com privilégios de quem é empresário.
Talvez, mais uma vez, seja essa a receita para a retomada do crescimento: concentrar benefícios e renda, e aproveitar que, já tendo todos os bens necessários a uma vida abastada, os setores beneficiários de tais ganhos possam então poupar e financiar, na falta do que fazer de diferente, projetos de investimento.
Isso, em um mundo em que aplicações finaneiras estruturadas cada vez mais são criadas para que, sem os riscos de produzir e vender, e receber depois, os donos do capital possam valorizar sua massa de capital dinheiro.
***
Tudo bem, a imprensa não alardeia, a sociedade não discute sem apelar para o confronto, e os movimentos sociais serão bem monitorados, de perto, por militar desde jovem ligado à repressão de grupos de terroristas ou subversivos, já que filho e sobrinho de outros militares que ocupam páginas do relatório do Comitê da Verdade, no papel pouco meritório decolabodores com a tortura.
Bem é esse general que tem a Abin sob sua direção, no gabinete de Segurança Institucional, o que mostra o apreço que temer tem por movimentos sociais e suas causas.
***
Nesse intervalo, para compensar que não viu nenhuma mulher com capacidade para constar de seu ministério, talvez até por serem honestas, agora temer quer criar na Polícia Federal um departamento ou o que o valha de combate a crimes contra a mulher. O que, parece-me não é função da PF, o que a faz, ampliando suas atribuições, quem sabe perder o foco principal de suas atividades. Vai saber...
***
E para concluir, embora não tendo nada a ver com a política, é um absurdo grave o estupro coletivo contra uma menor praticada em favela do Rio, independente de ter havido, em algum dos contatos, algum assentimento, mesmo que expresso. Afinal, uma relação, com um homem se teve assentimento, não significa que está aberta a porteira para que outros 30 animais tenham alvará para agir.
Mas, caracterizado o estupro, pelos 30 ou apenas por alguns, é quase um outro estupro submeter a menor ao delegado que a atendeu que, dentro da cultura e perfil machista de que deve estar impregnado, não tomou as medidas imediatas que o caso requeria.
Felizmente, agora na mão de uma delegada mulher, o caso tem sequência.
E eu gostaria de manifestar minha solidariedade à menor e o meu repúdio ao ato animalesco e selvagem, de tantos machos... de araque.
***
Termino lembrando que, no Congresso, Dilma e a vontade da maioria da sociedade brasileira, mais de 54 milhões de votos foram vítima de um estupro, figurado, nos dois últimos meses.
Mas aqui o culpado foi o mordomo...

Nenhum comentário: