Não bastasse a campanha que vem sendo feita por certa parte da opinião pública e da mídia conservadora em relação aos incentivos fiscais concedidos por intermédio da aplicação da Lei Rouanet, é forçoso reconhecer que, sem dúvida alguma, o cinema brasileiro sofre mais um severo golpe, com a perda de Hector Babenco.
Diretos de filmes que marcaram o cinema nacional, como Pixote: a Lei do Mais Fraco e Carandiru, o diretor argentino de nascimento, mas radicado no Brasil foi responsável, ainda pela direção de O Beijo da Mulher Aranha, que rendeu o Oscar de Melhor Ator a William Hurt.
Nos anos 80, convidado para filmar nos Estados Unidos, dirigiu Jack Nicholson e Merryl Streep em Ironweed, sobre a vida de vagabundos de rua, considerado por alguns o menos glamouroso e por isso mesmo, um dos mais pessimisas e quem sabe, menos americanos filmes da década.
Ainda assim, o filme foi indicado a dois Oscars nas categorias melhores ator e atriz.
A respeito de Ironweed, Inácio Araújo, críico de cinema da Folha classificou-o com um filme triste, mas como um dos mais honestos já feitos.
Do filme, conforme citado pelo crítico, uma frase é memorável por dar bem o tom da película, o que me faz transcrevê-la:
"Diz o sujeito: "O médico disse que eu tenho câncer; é a primeira coisa minha que eu tenho na vida".
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Em minha opinião, Pixote assume, entretanto, um papel mais importante, não somente pela atuação destacada de Marília Pera, como prostituta - que lhe valeu indicações a premiações, mas pela trajetória de seu mini-ator principal, Fernando e, especialmente, seu final trágico.
Típica situação de um menino que, cedo ainda teve uma oportunidade de ouro na vida, e que não conseguiu ou não soube aproveitar.
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Independente de tudo, o cinema nacional está de luto.
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Não poderia deixar de falar algo sobre a lei Rouanet, de incentivos à cultura, e destacada no primeiro parágrafo desse pitaco.
Mencionar a campanha feita contra seu funcionamento por um pessoal de caráter mais conservador, como se ela fosse um instrumento partidário, de proteção e guarida a artistas de certas posições políticas é, em minha opinião, um absurdo.
Equivale a transformar qualquer objeto em algo condenável, por seu uso inadequado, por responsabilidade não do objeto, mas de quem o utilizou.
Desse ponto de vista, a Lei, do início da década de 90, nada tem a ver, como querem enxergar os mais míopes com o PT, ou seus próceres ou artistas simpáticos ao partido.
Mas, não podemos concordar e deixar de nos manifestar contra o mau uso da lei, contra os desvios e uma série de atos criminosos cometidos sob sua cobertura, por pessoas mal intencionadas e que não passam, no fundo, de meros bandidos.
Pessoas que a polícia e a Justiça já estão identificando e não tardarão a dar-lhes a punição merecida.
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E enquanto isso, na Câmara
Mais uma vez, a turma da defesa de Eduardo Cunha consegue adiar a votação, na Comissão de Constituição e Justiça, do recurso em que o deputado pede que seu processo seja retornado à Comissão de Ética, para começar todo o processo de seu julgamento, que já se arrasta há quase um ano.
Não fosse algo sério, eu diria que é brincadeira, ou molecagem, para usar o termo mais preciso desse senhor que a esposa declarou, ontem, conforme noticiado nos portais de notícias, que é um gênio dos investimentos, tanto imobiliários, na Barra da Tijuca, quanto na Bolsa de Valores.
Confesso que tamanha capacidade de transformar riqueza fictícia em valores depositados em contas na Suíça, sejam sob a proteção de algum trust ou não, me fez lembrar do deputado João Alves, da Comissão de Orçamento da Câmara, que ganhou mais de 200 prêmios de loteria.
No caso de Cunha, vai ser entendido assim, de análises estruturalistas ou gráficas, a ponto de conseguir sempre estar multiplicando seu patrimônio.
O que é simples de acompanhar por suas declarações de renda à Receita Federal, onde as aplicações e ganhos com ações devem estar discriminados.
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Independente do que acontece, ou não acontece por estar sendo sempre adiado, na CCJ, a Câmara votou ontem o nome de seu novo presidente, o deputado do DEM, Rodrigo Maia.
Que a Globo insistia em mostrar como da base governista, o que de fato é verdade, mas como mais uma vitória de temer, o que é questionável.
Afinal, se Maia é a menos ruim das opções restantes, ou a segunda opção, a verdade é que o Planalto desejava, e recuso-me a crer que não tenha interferido com algum peso para que Rogério Rosso fosse o eleito.
Pelo que noticiaram o assessor especial do Planalto, Sandro Mabel, inclusive passou a tarde toda na Câmara no dia de ontem.
E Rosso era quem, na visão do Planalto e no acordo feito com seu grande aliado Eduardo Cunha, conseguiria dar ao processo de cassação do ex-presidente da Câmara o ritmo necessário para que, depois de tantos atrasos, a matéria caísse no esquecimento e Cunha, quem sabe, pudesse ser punido apenas com alguma tipo de pena mais branda.
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Maia, que não é bobo nem nada, fez o que pode para mostrar-se confiável ao usurpador, tanto em discurso em que elogiou o antigo presidente da Câmara, hoje ocupando indevidamente a cadeira no Executivo, como depois, ao oferecer a conversação, a negociação, o apaziguamento, como principais diretrizes de seu mandato. Tudo isso, junto à promessa de colocar em votação os projetos de interesse do governo usurpador, e de nenhum interesse do povo.
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Já agora na manhã dessa quinta, o presidente eleito da Câmara sinaliza que não irá apressar o julgamento de Eduardo Cunha, transferindo tal decisão para quando houver "quorum mais adequado", como está no UOL.
Sinal, de que contrariando as promessas que fez aos partidos de esquerda, que desejavam a cassação mais rápida de Cunha, o "nobre" deputado carioca irá ser julgado provavelmente apenas ao final de 2016. Se o for.
É isso.
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