Ainda ontem criticava as mensagens postadas nas redes sociais, e seus autores, que de maneira torpe procuravam divulgar inverdades, com o objetivo de cometerem o segundo assassinato de uma mesma pessoa: a morte de sua lembrança, de sua reputação, de suas atitudes, de sua mensagem. Tudo buscando completar o assassinato covarde do ser humano, agora por meio da tentativa de assassinato do mito.
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Mas, mesmo não querendo admitir, e por mais que considere todos os autores dessas mensagens exemplos de meros desclassificados morais, que nem mereceriam a nossa atenção, a verdade é que há ainda um tipo pior de comportamento, que é o daqueles que, embora tentem, com o mesmo objetivo e interesses, macular a vida de pessoas como a vereadora Marielle, não têm sequer a coragem de manifestar suas vis opiniões, de forma aberta, transparente.
Nesse sentido, embora totalmente sujeitos à recriminação e sanções morais e sociais, acho menos condenáveis o deputado do DEM de Brasília, a desembargadora ou o delegado do Nordeste que tentaram jogar lama na vida e obra de Marielle, que pessoas cujo discurso é exatamente o mesmo, de teor idêntico, mas disfarçados sob o manto dos comentários positivos sobre a vítima, apenas que entremeados de senões, dúvidas, questões apresentadas como quem não quer nada.
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Tive ontem o dissabor de ouvir, em programa vespertino de rádio que não merece ser citado, um desses personagens que, à guisa de tratar "jornalisticamente" do caso do terrível assassinato, condenou a falta de segurança pública na cidade do Rio, para comentar, em seguida que a vereadora morta era uma representante política que defendia os direitos humanos.
Ato contínuo, comentou que, por ser uma moradora do complexo da Maré talvez detivesse algum tipo de informação ou soubesse de fatos que não costumam vir ao conhecimento da sociedade civil.
Fatos e situações que ela poderia ter testemunhado, transformando-se em uma ameaça ambulante aos interesses criminosos que os amparavam ou praticavam.
Tudo estaria bem, e de acordo com a principal linha de investigação da Polícia, de que Marielle fora executada por estar denunciando crimes e abusos cometidos seja por policiais, por milicianos, todos simples bandidos, não fosse o "repórter" lançar ao ar uma segunda linha de investigação da Polícia, no caso.
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Visando desinformar e distorcer mais que informar e dar a conhecer ao seu público a verdade, o tal repórter informou que a segunda linha de investigação seria a morte por execução, justificada pelo fato de a vereadora não ter honrado certos acordos com os bandidos da comunidade, por certo.
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Em minha opinião, a linha de investigação é a mesma: execução. A identificação da autoria, claramente dependente da motivação é que leva à possibilidade de uma ma alternativa. Os autores ou mandantes da chacina ou são policiais e milicianos, a quem a vereadora estaria denunciando e, cada vez mais identificando como beneficiários do regime de exceção que a intervenção na segurança pública instalou no Rio, ou seriam bandidos, com acordos - sabe-se lá quais?- não cumpridos pela vereadora.
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Verificado em suas linhas gerais, a ideia que passa tal comentário complementar, é a mesma de quem postou que a vítima tivera sido casada com um conhecido traficante. No fundo, a ideia é, mais uma vez, desconstruir a vítima, como se ela, por ser criminosa merecesse o castigo que lhe foi aplicado, a pena que lhe foi imputada.
Só que esse locutor/apresentador nem teve a coragem de manifestar às claras seu pensamento doentio.
Mas não ficou apenas nesse comentário. O infeliz ainda prosseguiu nos comentários para afirmar que a vereadora se fazia passar por representante popular da comunidade, mas que o mapa de sua votação mostrava que ela tinha tido muito poucos votos na Rocinha ou na própria Maré. Votos que não superavam uma centena. Ao contrário de sua votação - até expressiva, no Leblon, em Copacabana e, principalmente na Tijuca, onde obteve quase 7 mil votos.
Ou seja, ela representava interesses vinculados à classe média, de maior poder aquisitivo da cidade do Rio, e até isso deveria ser questionado.
Afinal, segundo o infame, essa situação apresentada pelo mapa de votação na cidade, deveria levar ao questionamento do mandato popular de Marielle.
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Ou seja, como no início as críticas a Marielle foram dirigidas ao fato de ela ser pobre, mulher, negra, moradora de uma comunidade de mesmas características que as suas, e aos poucos as mentiras que a ligavam com bandidos, foram caindo por terra, a mente poluída de certas pessoas passou a procurar manchar sua história e a de suas lutas, justamente pela postura contrária.
Agora, Marielle era uma mulher negra, pobre, mas representante de bairros ricos. Como ricos não se fazem representar por pessoas como Marielle, a lógica canhestra indica que Marielle deveria representar aquele lado trágico do morro, que se comunica e negocia e até trafica com as fraquezas das infelizes vítimas bem nascidas do Rio.
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No seu afã de falar mal, escudado pela série de insinuações lançadas ao ar, mais que pela exposição de seu pensamento real, o apresentador ao propor questionar o mandato popular de Marielle, nem percebeu que mandato popular significa conferido pelo povo, sem distinção de qualquer espécie. E não como talvez ele tenha imaginado em seu preconceito, que representasse representação de pobres. Esses bastante populares no nosso país.
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Em relação à política
Mudando de assunto, começam a surgir os lançamentos das primeiras pré-candidaturas dos pesos pesados que dominam nosso cenário político.
Em São Paulo, o PSDB lança, mesmo a contragosto do presidente nacional do partido e dos eleitores que o elegeram prefeito - para ficar até o final do mandato, o nome de Dória para candidato ao Bandeirantes.
Fato que não deveria surpreender a ninguém, já que o carreirista e oportunista que Dória sempre mostrou ser, não chegou a governar a cidade de São Paulo, servindo muito mais como seu antigo programa televisivo, para dar espaço para um marketing pessoal, de qualidade duvidosa.
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Tanto que, além de elevar a velocidade nas principais marginais de São Paulo, o que contribuiu com uma nova aceleração do número de acidentes, e de promover mudanças em manifestações culturais em São Paulo, alijando grande parte do povo do acesso a shows e programações, o que se tem de sua lembrança é sua apresentação teatral, como gari.
Aliás, papel bem adequado para uma pessoa que se mostrou um verdadeiro lixo, como prefeito.
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De Dória e de seu programa Show Business, a propósito, guardo apenas a lembrança de uma fala de Jorge Kajuru no programa em que foi entrevistado na ESPN, quando disse que o prefeito cobrava de seus convidados, pela participação como entrevistados.
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Em Minas, para concorrer com o dono da caneta ou o candidato do Partido do Palácio da Liberdade, o várias vezes acusado de corrupção, Pimentel, o PSDB lançou o não menos suspeito de obtenção de vantagens indevidas, Anastasia. No caso de Anastasia, as suspeições dizem respeito a terras pretensamente de sua propriedade, beneficiadas pela construção do monstrengo da Cidade Administrativa.
Recentemente, o senador, responsável pelo relatório que deu guarida à instalação do processo contra a presidenta Dilma, que culminou com seu impeachment político, tem procurado evitar os holofotes, possivelmente com medo de que respingue nele, considerado tão honrado, alguma sujeira patrocinada pelo seu mentor político, o relegado ao ostracismo aecim.
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Rodrigo Pacheco pelo DEM, também com participação na farsa do impeachment de Dilma, e Márcio Lacerda, um ex-prefeito que ganhou muito dinheiro nos tempos da ditadura militar, em que tinha uma empresa na área de telecomunicações, são outros que ainda darão muito o que falar, o que promete esquentar o ambiente e nossos próximos meses.
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É isso.
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