sexta-feira, 30 de março de 2018

Tem que manter isso aí, viu? enquanto isso, o cerco se fecha em torno de temer

Começa a se fechar o cerco em torno de temer, em razão de suas ligações perigosas com empresas do Porto de Santos.
Dessa feita,  atendendo a pedido da Procuradoria Geral e à ordem emitida pelo Ministro Relator do processo relacionado ao favorecimento de empresas do setor portuário, Luís Roberto Barroso, a PF prendeu dois dos mais íntimos amigos do usurpador temer.
Um deles, que ocupou embora por mínimo tempo a função de assessor especial do presidente, Yunes, e outro, o coronel Lima, considerado o principal homem de confiança de temer quando se trata de questões relativas a seus negócios privados.
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A maior pressão sobre o ocupante do Planalto, resultado da maior proximidade das investigações e das prisões da pessoa do usurpador, pode dar origem a nova denúncia contra sua pessoa, justamente em um momento em que a base de governo dá mostras de estar trincada, com vários dos partidos que a compunham já terem decidido por trilharem caminhos próprios, já tendo em vista a proximidade das eleições.
Além do esfacelamento da base, há que se lembrar também que, em razão do momento, ficaria ainda mais difícil e muito mais gravoso, muito mais caro para o país uma nova rodada de negociações de verbas e favores destinados a comprarem a não aprovação, pela casa legislativa, da inclusão do nome do presidente no rol de investigados.
O que é bom lembrar: aprovada e iniciada a investigação o presidente deveria ser afastado do cargo, que deveria ser ocupado pelo presidente da Câmara, já em plena campanha às eleições presidenciais, ou pelo presidente do Senado.
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A questão mais preocupante, do ponto de vista do ocupante ilegítimo do Planalto e sua turma de amigos, não é a possibilidade de que a Câmara tenha tempo de examinar a questão e aprovar ou mais uma vez recusar a possibilidade de início das investigações.
Também para os que gostariam e torcem para assistirem o afastamento de temer, não há motivos para grandes comemorações.
Isso porque uma breve análise do calendário desse início de mês de abril em diante,  sinaliza que dificilmente haverá  tempo hábil para a aceitação da denúncia.
Senão vejamos: mesmo com as prisões já efetuadas nesses últimos dias, e a análise de documentos que venham a ser apreendidos, deverá levar algum tempo para a Procuradoria Geral analisar e decidir pedir o início da investigação de temer.
Mais alguns dias deverão ser consumidos para análises por parte do Ministro Barroso e sua decisão, e alguns outros dias para que sua decisão seja oficiada e recebida pela Câmara.
Dentro daquela casa, também deverá levar algum tempo em análises de Comissões e outros tratamentos que tal medida exige.
Chegamos ao mês de maio e várias manobras podem fazer que as decisões se arrastem até o mês de junho, quando o país para a assistir a Copa do Mundo, inclusive os deputados, alguns deles, divididos entre os jogos e as festas de São João.
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A duração da Copa até julho mostra que um possível retorno do Congresso aconteceria no período de recesso tradicional. Daí em diante, assistiríamos a mais um recesso, dessa vez branco, justificado pelas campanhas eleitorais já em pleno andamento.
A conclusão a que se chega é, pois, de que não deverá haver tempo para a análise e aprovação ou negação de potencial pedido de autorização para investigação do presidente.
Mas, então, qual é o motivo para preocupações nas hostes do usurpador, e qual o motivo de comemoração de seus oponentes, se existir algum?
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A questão é que tudo que descrevemos como eventos possíveis tem lugar no instante em que temer já não ensaia mais, apenas. Mas já dá passos concretos em direção à assumir sua candidatura ao Planalto, levando consigo 6% de intenção de votos, mais alguns percentuais que suas atitudes em relação à questão da militarização do problema da segurança pública no Rio permitirão que ele faça migrar de Bolsonaro para sua chapa, além de dois outros apoios cada vez mais prováveis.
O primeiro do capital financeiro e dos empresários, até de alguns ligados aos meios rurais que, por mais atrasados do país, flertam abertamente com Bolsonaro.
O grande empresariado, já atendido em algumas de suas demandas principais, como a da flexibilização da legislação trabalhista, promovida pela reforma recentemente aprovada. Outra demanda satisfeita é aquela que resultou de sua cobrança por uma redução do tamanho do Estado, por meio da aprovação da lei de fixação do teto de gastos.
Nesse sentido, há que se destacar que tal redução equivale à desmobilização da máquina pública, não apenas daquela parte da máquina que concorre em mercados de interesse de atuação dos setores privados, mas especialmente do esfacelamento dos setores de fiscalização.
Os setores vinculados aos interesses do grande capital já perceberam em temer um mero e subserviente político, inebriado pelos holofotes que tais medidas  podem lhe assegurar, em razão de sua indescritível vaidade.
Ao adotar medidas que atendam aos interesses do grande capital em escala internacional, e do capital nacional a ele associado, como os leilões de áreas de exploração de campos de petróleo (acontecido no dia de ontem, 29 de março), ou da privatização da Eletrobrás e outras, juntam-se os empresários da indústria, do agronegócio e também aqueles que dominam os meios de comunicação para jogar luzes sobre o usurpador.
Do ponto de vista de temer, atingido o objetivo primeiro de ser o centro da ribalta, pouco importa se os principais prejudicados sejam os interesses da nação brasileira.
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O segundo grupo de apoiadores que deverá ficar cada vez mais manifesto é o dos militares, que poderão, para amenizar o fiasco de sua intervenção sem qualquer plano ou estratégia no Rio, exigir que temer os compense, entregando-lhes o poder real sobre os destinos de nosso país. Nesse caso, para não trazer à memória a lembrança de sua última tentativa de governar o país, o que poderia trazer reações até violentas, eles manteriam a figura de temer, como fantoche, à frente do governo.
Como já mostrou que o seu caráter é do tamanho inverso de seu ego, não há como duvidar que temer aceitaria tal arranjo.
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Dada a cada vez mais curiosa disseminação de candidaturas distintas, todas representando um mesmo perfil do eleitorado, cada vez mais desconfio que tal proliferação de concorrentes ao Planalto, segue uma estratégia, que é a de levar ao segundo turno um candidato que atingisse algo entre os 15 a 20%  de votos.
Se essa hipótese for minimamente verdadeira, correríamos o risco de ver temer no segundo turno, contra um Bolsonaro da vida, supondo que Lula não conquistasse o direito de se candidatar.
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Nesse sentido, por mais apoio que temer conseguisse conquistar, explícitos ou não, um pedido de abertura de autorização de investigação poderia representar sempre a figura da espada pendente sobre sua cabeça.
Afinal, a mesma lógica que pode fazer arrastar a análise do pedido em plenário, pode também dar ao pedido uma velocidade e aceleração inéditas.
O que permite, cada vez mais, dar novas interpretações à frase de temer, por não mexer muito em nada que é o comportamento padrão no país.
Ou seja, faz cada vez mais sentido a frase que irá passar para a história:
TEM QUE MANTER ISSO AÍ, VIU?
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Notícias Econômicas

Ia fazer apenas breves comentários sobre a política, para dar tempo de comentar, mesmo que brevemente a medida do Conselho Monetário Nacional, implementada pelo Banco Central, de redução de 40 para 25% do total compulsório de recolhimento de depósitos à vista, para os cofres da Autoridade Monetária.
Medida que altera o valor do multiplicador monetário, e permite aos bancos expandir a oferta de crédito, em linha com a política de redução de juros em andamento e sem perder de vista que temos eleições nesse final de ano.
Comento mais da medida no início do próximo mês de abril, quando voltarmos do feriado da Páscoa.
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No mais, uma Feliz Páscoa para os leitores desse blog. Felicidades.

Um comentário:

Fernando disse...

Neste fim de semana, por questões de limitações pessoais, fiquei restrito a canais da televisão aberta. Assisti ao Jornal Nacional de sábado. Causou-me estranheza o espaço destinado às "ligações perigosas" do presidente. Principalmente por saber do encontro dele com os proprietários da emissora, realizada em dezembro/17. Como se sabe este programa é um grande "formador" de opinião no país. E a cobertura foi, no meu modo de ver, desfavorável ao presidente.
Conhecendo o "modus operandi" da Rede Globo, me veio a pergunta: Por que tal ênfase? Uma hipótese, (já que é sabido a grande dificuldade que temer teria diante dos debates, decorrente de seu período à frende do governo, associação com corrupção e corruptos, imagem de traidor e ainda as reformas impopulares e mal planejadas que conseguiu levar a diante) é a de inviabilizar a sua candidatura e converter os recursos eventuais que atrairia, para alguém com melhor reputação que o atual presidente (convenhamos, tarefa que não seria muito difícil de implementar).
Estes recursos poderiam assim serem orientados para alguém que não foi maculado (pelo menos inteiramente) pelos impropérios de temer.
Naturalmente é apenas uma hipótese, mas penso que nada inverossímil.