segunda-feira, 28 de maio de 2018

Caminhoneiros, temer e um grito que devemos fazer ecoar: Militares nunca mais.

Uma semana de greve dos caminhoneiros e, apesar de todo o temor, seja em relação à possibilidade de desabastecimento, seja de questões mais delicadas, como a  da deflagração de uma convulsão social, da queda de governo e até de intervenção militar, parece que, aos poucos, o nível de estresse vai diminuindo e algumas soluções vão sendo encontradas, tendo em vista o retorno à realidade. 
Não em razão do governo e do usurpador temer, que apenas mostrou, mais uma vez, o quanto era incompetente para assumir o cargo que o golpe, do qual foi participante ativo, lhe jogou no colo. 
E ainda tem gente que, na ignorância de como funcionam nossas instituições, ou como não funcionam, em especial nosso sistema político, argumenta que temer foi eleito por aqueles mesmos que elegeram Dilma. 
Como se, em nosso país, a escolha de um vice não fosse meramente protocolar, ou pior, para negociar tempo e base de apoio junto às casas legislativas. Apoio nunca suficiente e nunca efetivo, o que impõe e implica na necessidade da realização de todas as negociações espúrias de que somos testemunhas passivas. 
Então, quem elegeu Dilma não elegeu temer, quem votou no projeto (se é que havia algum) de Dilma e do seu partido, não votou no projeto de um político abjeto, fruto do que há de pior no ambiente político de nosso país. 
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Alegar que temer é fruto de quem elegeu Dilma, ainda que no segundo turno, é dar espaço que seja dito que quem colocou temer lá foi o eleitor de aécio, o senador mineiroca que, por puro despeito ou orgulho de playboy ferido, irá passar para a história como aquele que fez valer o que era a intenção de Carlos Lacerda, em relação a Getúlio: se candidato não deverá assumir, se assumir não deverá governar... 
Pois bem, e é curioso que Tancredo, o avô do menino mimado  que descobriu-se ser empregadinho embora muito bem remunerado da JBS, foi um adversário tão aguerrido de Lacerda e de sua udenista golpista, para agora, esse seu neto cheio de acusações e más intenções, repetiu o político carioca, de quem parece copiar o perfil. 
Afinal, se Lacerda como político nada valia, tampouco aecim, essa figura sem qualquer brilho. 
E os eleitores de aecim, os mesmos que circularam dizendo que não tinham culpa no desgoverno ou no estelionato eleitoral aplicado por Dilma, são também a base de apoio de quem prometeu e cumpriu a promessa de derrubar um governo democraticamente eleito pelo povo, apenas por não saber conviver com o contrário. 
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Se os eleitores de Dilma foram os que elegeram temer, foram os incautos eleitores de aecim que, sem conhecer sua face autoritária urdiram o golpe. Inventaram um crime de responsabilidade fajuto, baseado em uma situação corriqueira nos governos anteriores, as tais pedaladas, e comemoraram com dancinhas e camisetas com as cores da corrupta CBF, a retomada do poder e da hegemonia só permitida com o retorno dos privilegiados ao poder.
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E foi isso que temer, o medíocre, ousou fazer. Correr para bajular e tentar manter sua sobrevivência, agradando não à maioria do povo brasileiro, mas aos interesses de alguns poucos capitalistas nacionais, umbilicalmente articulados aos interesses de grandes capitais internacionais. 
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E devo ressaltar: não foi uma política voltada para os interesses nem mesmo do grosso do empresariado nacional, embora esse grupo alimentasse uma ilusão de que estaria sendo beneficiado pelas medidas que, no fundo também afetam a todos eles, de forma negativa, como a reforma trabalhista, a lei do teto dos gastos, e principalmente essa política de juros que sob a argumentação de estar a serviço do combate à inflação, fez saltar os níveis de desemprego e provocou a recuperação mais lenta da economia brasileira em toda sua história. 
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Tudo começou com a indicação de Pedro Parente para a Petrobrás e o desejo de promover a recuperação da lucratividade e concomitantemente,  privatizar a exploração do pré-sal. Para ambos os objetivos, contribuía o alinhamento do preço do petróleo, até então usado como instrumento da política de desenvolvimento e da normalidade do funcionamento da economia brasileira, com o preço internacional. 
Ao atrelar o preço de nosso produto, ao de uma "commodity" que é objeto constante de manipulação nas bolsas de todo mundo; ao vincular o nosso óleo ao de uma mercadoria que é das mais voláteis no mercado internacional, por força de ter sido sempre transformada em arma de interesses de estratégia geo-política; ao estabelecer nossos preços no mesmo patamar de um produto que, além de tudo é cotado em dólar, o que o senhor Pedro Parente, com o beneplácito do inútil temer conseguiu foi fazer nosso produto depender, basicamente de dois fatores, sobre os quais não temos qualquer controle. 
Mas isso não importa, para quem conseguiu atingir o objetivo de recuperar a lucratividade da companhia, agradando aos grandes investidores internacionais, entre os quais se encontram, justamente aqueles que se prestaram a adquirir o direito de exploração do pré-sal. Com lucros fabulosos. 
Enquanto isso, nossos combustíveis sobem a níveis estratosféricos, e os lucros dos acionistas estrangeiros, detentores do que já foi um dia distante, o petróleo nosso. 
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O plano seguiu com Parente, ao adotar a nova política de preços, abrir espaço para que petróleo importado chegasse aqui, ao nosso país, com preços mais reduzidos, situação que acabaria levando à redução da utilização de nossas instalações e da nossa capacidade de refino.  
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E culminou com a elevação, determinada por temer em julho de 2017, dos impostos incidentes sobre combustíveis, para cobrir o rombo do caixa que só se elevou com sua política econômica e com a quantidade de renúncias que foi sendo obrigado a fazer, para curvar-se à Câmara, aos deputados que lhe permitiram escapar de duas investigações, e à aprovação do saco de maldades que os empresários lhe exigiam. 
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A facilidade em  elevar as alíquotas de combustíveis para tentar minorar o rombo das contas públicas, dado que a política de recessão impedia a recuperação da produção e, com ela, a elevação da carga tributária, foi outro dos motivos que alimentaram o movimento dos caminhoneiros. 
Afinal, a elevação de impostos, e a variabilidade dos preços do diesel, foram os principais motivos, embora não os únicos alegados por parte dos caminhoneiros para reagirem. 
E, diga-se que eles, demoraram a reagir. E ainda enviaram ao Planalto uma correspondência em que já cobravam a adoção de medidas que os favorecessem, sob a ameaça de entrarem em greve a partir de 21 de maio. 
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A inépcia do governo, sua descrença na ameaça, as preocupações mais em se safar e locupletar-se, talvez, tenham soado mais importantes do que tratar da potencial ameaça dos homens responsáveis pelo transporte de 2/3 de nossas riquezas. 
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Até entende-se que um presidente que ao deixar o cargo deverá ir parar atrás das grades, se preocupe mais em como se safar. E diga-se de passagem, temer tem tentado não precisar acertar suas contas com a justiça. Primeiro tentando se candidatar, ainda na vã ilusão de que seria possível se candidatar e, novamente, sabujo que é, representar os interesses da minoria dona de grandes fortunas. Depois, tentando indicar alguém de sua equipe, ao qual transferiria o ínfimo apoio de seus 5% de índice de satisfação junto ao povo. 
Percebe-se que, temer tem sim, motivos e assuntos mais importantes para lhe assombrar e para tratar. Daí deixar de cuidar dos problemas do país e dos caminhoneiros em particular. 
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Como também não tratou por covardia e falta de qualquer estofo moral, de punir aos militares, a quem adula, mesmo que esses já estejam praticando o motim, ou a quebra da hierarquia que, em muitas outras ocasiões já teriam tido consequências mais drásticas. 
Um presidente pinóquio, segundo o dizer do tenente coronel da Polícia de Goiás; um governo sem mando, aos olhos do brigadeiro Dias, apenas segue o mesmo rumo do general Olímpio Mourão ou do candidato da excrecência total, o senhor capital da reserva Bolsonaro. 
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Mas não apenas ainda tem gente que prefere não acreditar em como o candidato militar não é preparado nem tem qualquer condição de dirigir um país, pelas agressões de que sempre foi protagonista, contra mulheres, negros, gêneros de toda espécie e contra a própria democracia. Pior, ainda tem gente que acha mesmo que esse caminho, da autoridade ou autoritarismo é o melhor para tirar o país do caos, e levá-lo à ordem e ao progresso. 
Gente que acredita que a farda transforma o ser humano em santo, assim como outrora fora a batina que tenha encarnado essa condição. Pois bem, hoje sabemos que a batina esconde toda uma série de atos onde talvez, a pedofilia seja apenas mais um, de menor gravidade. (Afinal, já se incendiou muitas mulheres na fogueira da ignorância!). 
Falta descobrir que a farda também não redime quem a usa, nem transforma as almas ruins em boas. 
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Para comprovar isso, basta recordar o recente período de regime militar, e todas suas roubalheiras, concentração de renda, privilégios, enriquecimento ilícito, mortalidade, torturas e outras ações que não dá mais para esconder. 
Não é que apenas devemos lutar e gritar que TORTURA NUNCA MAIS. 
Precisamos de ser menos ignorantes ou menos iludidos para gritarmos com todas as nossas forças: MILITARES NUNCA MAIS.
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Pelo bem do Brasil. E dos brasileiros como um todo. E não de alguns brasileiros ricos e seus abnegados bajuladores.

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