E, antes que essa simples constatação possa dar origem a algum tipo de interpretação contrária à quantidade de feriados existente em nosso país, adianto que não tenho nada contra os feriados. Não apenas pela possibilidade de que todos possam descansar, relaxar, recarregar as baterias, mas também pelos resultados econômicos, em geral esquecidos, mas evidentes.
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Resultados que se manifestam em especial na área do turismo e hotelaria, como foi divulgado por reportagem do Jornal da Band apresentada no início da semana, tendo como base a cidade do Rio de Janeiro e a cadeia hoteleira da cidade, que está registrando uma elevação de seu índice de ocupação em relação ao ano de 2017, atingindo algo em torno de 65%, na média.
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É comum, nos feriadões, assistirmos a matérias jornalísticas focando os prejuízos que o número considerado exagerado de folgas ao serviço acaba gerando para a atividade produtiva do país, em especial, em setores da indústria da transformação.
Em geral são programas que trazem entrevistas e opiniões de analistas, vários deles bem intencionados, que não levam em consideração o peso cada vez menos relevante representado pela atividade industrial em nosso país.
Tampouco levam em conta o fato de que existem setores industriais que, por suas características, são impedidos de interromper seu processo de produção, tendo que trabalhar em horários e turnos extras que, se não mantêm o nível de produção da fábrica, ao menos não chega a ser integralmente interrompido.
Numa situação dessas, é verdade, há um aumento de custo da mão de obra, cujo impacto, a maior parte das vezes, acaba se manifestando nos bancos de horas mantidos pelas empresas.
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Também é verdade que a percepção do que se considera produção é mais objetiva, mais real, quando se pensa na produção de bens materiais, físicos. Mas, a grande realidade é que o setor que tem mais impacto e maior contribuição para a geração do Pib de nosso país encontra-se justamente no setor de serviços, aquele que produz bens imateriais, como o turismo, o lazer, a cultura, o comércio, mesmo que não estabelecido.
Uma outra questão que é importante destacar, e muitas vezes esquecida, é que é esse setor o responsável pela oportunidade de geração de emprego e renda, ainda mais se informal, para a grande maioria da população brasileira, de nível de qualificação que caracteriza sempre um atributo negativo.
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Em um país em que o nível de emprego está demorando tempo demasiado para começar a recuperar-se, acompanhando uma recuperação econômica incapaz de se mostrar sustentável, e onde o IBGE divulga que o aumento, quando existente do nível de ocupação se dá por meio da elevação do trabalho informal, é importante que tenhamos em conta que é esse trabalho ligado a serviços pessoais, aos serviços de turismo, ao comércio não registrado, que mais se beneficia dos feriadões prolongados.
Dessa forma, o ganho de renda gerado não deve ser desprezado, pelos efeitos multiplicadores que pode acarretar, quando essa população que teve a oportunidade de ampliar sua jornada de "bicos", começar a consumir.
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O Rio, como cidade turística beneficia-se muito mais, claro. Em especial, se o tempo for seco e de sol, como aconteceu nesse primeiro de maio. Mas, outras cidades e atividades devem ter se beneficiado da folga e, nem vou aqui falar da elevação natural das viagens e do movimento maior de empresas de transportes e outras, em geral esquecidas.
Em relação a esse setor de transportes, a melhor notícia é a da ausência de maiores ou mais graves estatísticas de acidentes, que são um custo elevado para o país e irreparável para as famílias neles envolvidas.
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Prédios públicos e invasões
Mas se o Primeiro de Maio pode ser analisado de forma positiva pela ótica da economia, foi também uma data marcada por um evento trágico e de proporções, até aqui, felizmente, pequenas.
Trata-se do incêndio, que redundou posteriormente no desabamento de um prédio de grande porte no centro de São Paulo.
Ao que se sabe, prédio que foi construído para servir a dependências do governo federal, e que serviu de sede até para a Polícia Federal e, abandonado há alguns anos.
Para começar uma observação, em relação ao tipo de construção do imponente prédio, em estrutura metálica e vidro, como alguns vários outros prédios, milhares, erguidos por órgãos públicos pelo país afora.
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Um prédio que, pelas reportagens, marcou a paisagem paulistana, tendo sido até objeto de tombamento, a refletir sua importância arquitetônica. Mas, um prédio que, em um país com tamanha incidência de luz solar desperta, em quem nada entende de construção civil, uma curiosidade.
Vou deixar claro, para não ser cobrado posteriormente: nada entendo de arquitetura ou construção. Não entendo de custos de construção e nem imagino se esse tipo de estrutura e material seria tão mais econômico que outras possibilidades.
O que sei foi da experiência pessoal de ter trabalhado em prédios construídos dessa mesma maneira, em alguns órgãos públicos por onde fiz minha carreira. E o que me lembro relaciona-se ao excessivo calor dos ambientes internos. Da quantidade de incidência de luz que obrigava a cobrir a maravilhosa vista da construção envidraçada, com panôs, cortinas, persianas. Isso sem contar no sempre presente aparelho de ar condicionado, ou no sistema de ar condicionado central, em sua luta para tornar o ambiente mais aprazível, além de mais cheio de ácaros, fungos, e etc.
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Interessante é que, há muitos anos atrás, estive em uma reunião no prédio construído para servir de instalação da Sudene, em Recife, praia do Pina, se não me falha a memória.
E, sem estrutura metálica ou vidros fumês, o prédio permitia que a luz solar entrasse por suas frestas propositadamente projetadas, trazendo além da luz, a ventilação da praia.
Está certo que não sei como um prédio daquele tipo resistiria à necessidade cada vez maior de passagem de cabos, fios elétricos, e toda a parafernália necessária para o funcionamento dos computadores, lap-tops, máquinas impressoras, etc.
Mas, não eram esses prédios que parecem feitos para cozinhar os servidores em seu interior.
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Do prédio, para o problema sério, sobre o qual já tinha me manifestado em sala de aula, da gestão do patrimônio público da União. Em especial, dos imóveis.
Porque não é o caso específico, mas não são raros, e poucas vezes isso é citado, os casos em que empresas que fecharam as portas e não tiveram condições de providenciarem a liquidação de seus débitos com o Fisco, principalmente, serem dados em pagamento da dívida.
O que gera um acúmulo de bens imóveis para integrarem o patrimônio da União, a maior parte deles, sem um controle rigoroso de suas características, utilização, sequer endereço.
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Por esse motivo, prédios inteiros do INSS eram mantidos alugados, em bairros do Rio, até pouco tempo atrás, sem que houvesse qualquer reajuste de aluguéis. Ou seja, o Estado bancava, quase de graça, a moradia de famílias por gerações. Apenas por falta de controle.
Claro que a informática deve ter permitido um maior controle de tais imóveis. Mas ainda assim, o número de imóveis excessivo dificulta uma gestão mais adequada da coisa pública.
Não vou citar números aqui. Não se trata da demonstração de uma tese, apenas de algo impactante. Que provoca reações emocionais. Mas o certo é que o custo de manter tais imóveis é muito elevado e, sem recursos, o que pode ser previsto é uma degradação do patrimônio ao que deve ser acrescido o custo de providenciar novas instalações, talvez mais modernas, para os mesmos órgãos públicos.
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O certo é que o prédio, deixado ao esquecimento e deterioração, acaba atraindo a atenção de populares e famílias sem teto. Especialmente, se contarmos com a questão de que, tais construções em geral, localizam-se em logradouros próximos do centro, ou dos locais de trabalho de muitos dos sem teto.
E a invasão de tais espaços é a atitude mais previsível, e mais comum.
E dá-lhe ligações irregulares de energia, dá-lhe "gatos", dá-lhe o abuso de instalações de aparelhos elétricos sobrecarregando as instalações... Tornando cada dia mais próximo o desastre, semelhante com o que aconteceu na segunda para a terça feira última.
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Do evento, até agora com 44 desaparecidos, a lamentar a fatalidade que aconteceu no salvamento de Ricardo, um herói sem nome completo. Que entrou no prédio já em chamas, e foi visto trazendo crianças para o lado de fora, antes de entrar novamente para ser engolido pela cortina de fogo e fumaça.
Quis a fatalidade que esse herói praticamente anônimo, fosse amarrado pelas cordas de salvamento do Corpo de Bombeiros, justo no momento da queda do prédio, arrastando-o para o desconhecido.
Presto aqui minhas mais sinceras homenagens ao Ricardo, que gostava de andar de patins e também era chamado pelo apelido de Tatuagem.
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temer
Estando em São Paulo, quem sabe para consolar a filha que, pelo que consta foi usada como laranja no caso da reforma do imóvel em que vivia, o usurpador, sentiu-se na obrigação de ir lá prestar sua solidariedade às vítimas do desabamento.
Foi e chegou recebido por uma vaia estrepitosa, que assinala bem a reação que sua presença marca para o povo sofrido de nosso país, em especial em momento de dor e perdas.
Se tinha ainda alguma dúvida de como passará para a história, de seu legado, o povo, mesmo em meio ao desastre e à possibilidade da morte deu ontem a esse usurpador golpista, sua mensagem. De desprezo. E insisto, em meio ao horror da morte, para deixar claro que ninguém estava naquele momento, preocupado em fazer atos e reivindicações políticas.
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Assédio
Que é difícil saber e se manifestar quando a história tem como personagem um colega, ninguém discute. Mas, a repetição de histórias, fatos, brincadeiras, antes de se tornar corriqueira e dar origem a fatos jocosos ou até "bullying", deveria dar origem a denúncias.
O coordenador técnico da ginástica masculina preferiu fazer brincadeiras e não apresentar denúncias quando a situação é tão grave que deveria, no mínimo ser compartilhada com outras pessoas da direção daquele esporte.
Não há, é verdade, muito a condenar no comportamento de Goto. Há sim, a condenar em sua omissão. Em sua atitude, de levar na brincadeira, questões tão sérias, em especial, para quem está lidando com menores de idade.
Que isso sirva de lição. Goto não é culpado de assédio.
Mas o silêncio de Goto não pode cair no esquecimento e deve causar muito barulho de forma a servir de estímulo para que não se repitam novos e semelhantes casos.
Que todos sabem, não ocorre apenas na ginástica. Mas ganha os campos, invade os vestiários de futebol como mostram as acusações recentes ligadas ao Santos Futebol Clube.
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É isso.
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