segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Espanha, desemprego e medo. O mesmo medo do Galo em São Paulo

Díficil prever, mas a eleição de um conservador na Espanha pode ser índício de muita coisa. Em especial de que a população espanhola se cansou do partido socialista e seu Zapatero.
Mas, mais importante, pode ser sinal de que a crise que cerca a Espanha ainda deverá durar muito tempo.
Sem ter bola de cristal, a aposta que estamos fazendo, longe de ser a expressão de um desejo é apenas uma constatação triste, até melancólica.
Senão vejamos: a Espanha amarga hoje, pelos dados e informações esparsas que nos chegam, uma taxa de desemprego de algo perto dos 22%.
Essa situação de desencanto, quase tragédia, é que explica o fato de a população ter votado de forma a causar a maior derrota já vivida pelo partido socialista.
Mas, embora o discurso do novo primeiro ministro Mariano Rajoy já tenha sido na direção que os espanhóis gostariam de ouvir, de que vai se preocupar em reduzir o nível de desemprego, acho pouco provável que consiga alcançar seus objetivos.
Primeiro, porque previsões indicam que a zona do euro deverá patinar por todo o resto dessa década iniciada nesse 2011 cabalístico, mas de crise. Segundo alguns analistas, a previsão é de que a Eurolândia venha a apresentar um crescimento médio de 1% ao ano, até 2020.
Configurado um panorama desses, no ambiente em que a Espanha se insere, o que poderíamos esperar, além claro (e torcendo) para que essas previsões, como várias outras que são feitas a cada momento estejam erradas?
Uma elevação de gastos públicos e, em decorrência da dívida pública espanhola, para promover a geração de emprego?
Mas, convenhamos, Rajoy é um conservador. Deve comungar com grande parte das propostas que os conservadores têm apresentado para reduzir a dívida pública dos governos europeus.
Em sendo assim, onde arranjaria recursos para bancar um aumento de gastos públicos capazes de reduzir significativamente sua dívida, sabendo-se que os mercados financeiros que poderiam financiá-los recomendam exatamente o .... corte de gastos públicos?
Como já foi assinalada, inclusive por economistas do porte de um Krugman, o problema espanhol, como o de outros países da zona do euro é que perderam sua capacidade e sua autonomia para decidirem e implementarem políticas monetárias.
Não podendo mais emitir moeda própria (o peso), e subordinados à emissão de uma moeda que independe de sua vontade, ficam de mãos atadas. Daí a necessidade de irem buscar recursos no mercado financeiro, cujo temor de um calote obriga, aos governos, um comportamento exemplar: superávits, redução da carga da dívida, responsabilidade fiscal, etc. etc.
Ora, reduzir uma taxa de desemprego de mais de 20% dessa forma, é risível.
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Tomara que a lua de mel com o novo premier não seja muito curta e nem resulte em uma frustração muito grande.


Enquanto isso, no campeonato brasileiro

Time que entra para não ganhar, não ganha.
A frase, por demais conhecida, já foi expressa de várias formas ao longo do tempo. Exemplos disso, são a famosa: a melhor defesa é o ataque.
Pois bem, ontem, em minha opinião o Atlético não devia ganhar, e nem poderia, já que entrou em campo para jogar no contra-ataque.
Mas, com duas linhas de quatro jogadores, com os dois atacantes voltando para buscar jogo, inclusive com André, nosso centro-avante voltando para ajudar a marcação do ataque corinthiano, contra-ataque só poderia haver por alguma obra divina, ou uma revolta de algum zagueiro do time paulista, que resolvesse jogar contra seu próprio campo.
Para dar sustentação a meu argumento, basta lembrar o que vi, e acho que não fui o único: André estava mais em nossa área aproveitando sua estatura, e auxiliando a Rever e Leonardo Silva, que na frente.
Bernard, embora muito arisco, ficava sozinho na esquerda, tentando inutilmente ciscar para lá, para cá, até que uma falta merecedora de cartão o alcançasse. E essas faltas existiram, tanto no primeiro, quanto no segundo tempo, quando o juiz preferiu contemporizar e não expulsar o seu autor, o mesmo Alessandro, capitão do time paulista e autor do passe do cruzamento para o primeiro gol.
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No primeiro tempo, com tanta gente marcando, sobrou para o Corinthians chutar de longe, a maioria das vezes sem direção.
Do Galo, não me lembro de nenhum chute.
E aí veio segundo tempo. E se Cuca já tinha inventado, em minha opinião, de forma covarde, parece ter tomado coragem, tentando inverter as coisas.
Sem mudar o time, parece que mudou a postura do Galo, que chegou logo ao gol. E, depois, aí sim nos contra-ataques, começou a encurralar o líder do campeonato.
É verdade que, nessa hora, o Atlético passou a jogar bem, e mandar no jogo, como mandou até bola na trave, com Carlos César.
Mas, aí o problema do medo voltou. Para o lugar de nosso lateral que parece ter sentido algum problema físico, Mancini.
Para o lugar de Richarlyson, também sentindo problemas físicos, Triguinho, num típico trocar seis por meia dúzia. Mantendo o esquema covarde. E por fim, Berola, que devia ter entrado desde o início. Mas, para meu espanto, no lugar de André.
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Se era para não ganhar, tudo certo. Perdemos.
E dessa feita, pela postura do Cuca que, embora diga sempre que não muda o que está bem, e que quer fazer o simples, complicou tudo.
Aliás, começar o jogo com Serginho, já é prá lá de complicado. E isso ficou claro, quando no lugar que ele devia estar, junto a Leonardo Silva, estava Adriano.
E, se a intenção era reabilitar o gordo atleta, nada melhor. Especialmente, se ele tivesse que apostar uma corrida com Leonardo Silva, o moleirão que, embora tivesse sido o autor de nosso gol, acho que falhou também ao não adiantar-se à cabeçada de Liedson.
Para concluir, a marca de que o time foi covarde é exatamente essa: mais uma vez, sem ataque, um zagueiro fazendo o gol.
O mesmo zagueiro que já há muito tempo tem mostrado que não tem mais agilidade para estar na posição em que vem jogando.
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Para elogiar: o esforço de Bernard, a excelente partida de André, do ponto de vista tático; Réver, sério. Richarlyson, jogando com tranquilidade. E Renan, que nos salvou de uma goleada.
E, palmas para o Tupy, o outro Galo, também carijó, campeão da série D.

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