terça-feira, 1 de novembro de 2011

A importância do SUS e como o imposto às vezes mostra-se pouco oneroso

Não poderia perder a oportunidade de postar aqui parte do texto que recebi de um colega de serviço, Marcelo Soares Bandeira de Mello, gente que tem a cabeça no lugar e, na minha opinião sabe muito das coisas.
Tranquilão, bonachão, como só...
Pois bem, o Marcelo, por ter o coração mais à esquerda, recebe provocações e comentários de outros colegas, só para vê-lo sair do sério. O que ninguém parece, ainda ter conseguido.
Embora, claro, o Marcelo reage.
Hoje, mandou o texto abaixo:

Por Nina Crintzs

Eu, o SUS, a ironia e o mau gosto

Não vou reproduzir todo o texto. Mas, direi que a autora afirma ter Esclerose Múltipla, doença auto-imune do sistema nervoso central. O próprio organismo não reconhece a mielina (substância que envolve as células nervosa e é responsável pela passagem de estímulos nervosos).
A doença foi identificada aos 26 anos de idade, parece-me e depois de procurar todos os melhores especialistas em neurologia, a moça afirma que está em tratamento. A doença não tem cura. O tratamento não é com os medalhões.
Aí vai a parte que acho mais interessante.



O meu tratamento custaria algo em torno de R$12.000,00 por mês. Isso mesmo: 12 mil reais. “Custaria” porque eu recebo os remédios pelo SUS. Sabe o SUS?! O Sistema Único de Saúde? Aquele lugar nefasto para onde as pessoas econômica e socialmente privilegiadas estão fazendo piada e mandando o ex-presidente Lula ir se tratar do recém descoberto câncer? Pois é, o Brasil é o único país do mundo que distribui gratuitamente o tratamento que eu faço para Esclerose Múltipla. Atenção: o ÚNICO. Se isso implica em uma carga tributária pesada, eu pago o imposto. Eu e as outras 30.000 pessoas que tem o mesmo problema que eu. É pouca gente? Não vale a pena? Todos os remédios para doenças incuráveis no Brasil são distribuídos pelo SUS. E não, corrupção não é exclusividade do Brasil.
O maior especialista em Esclerose Múltipla do Brasil atende no HC, que é do SUS, num ambulatório especial para a doença. De graça, ou melhor, pago pelos impostos que a gente reclama em pagar. Uma vez a cada seis meses, eu me consulto com ele. É no HC que eu pego minhas receitas – para o tratamento propriamente dito e para os remédios que uso para lidar com os efeitos colaterais desse tratamento, que também me são entregues pelo SUS. O que me custaria fácil uns outros R$2.000,00.
Eu acredito em poucas coisas nessa vida. Tenho certeza de que o mundo não é justo, mas é irônico. E também sei que só o humor salva. Mas a única pessoa que pode fazer piada com a minha desgraça sou eu – e faço com regularidade. Afinal, uma doença auto-imune é o cúmulo da auto-sabotagem.
Mas attention shoppers: fazer piada com a tragédia alheia não é humor, é mau gosto. É, talvez, falha de caráter. E falar do que não se conhece é coisa de gente burra. Se você nunca pisou no SUS – se a TV Globo é a referência mais próxima que você tem da saúde pública nacional, talvez esse não seja exatamente o melhor assunto para o seu, digamos, “humor”.
Quem me conhece sabe que eu não voto – não voto nem justifico. Pago lá minha multa de três reais e tals depois de cada eleição porque me nego a ser obrigada a votar. O sistema público de saúde está longe de ser o ideal. E eu adoraria não saber tanto dele quanto sei. O mundo, meus amigos, é mesmo uma merda. Mas nós estamos todos juntos nele, não tem jeito. E é bom lembrar: a ironia é uma certeza. Não comemora a desgraça do amiguinho, não.

***
Bem, acho que vale a transcrição, mesmo não autorizada pela autora e sem citação da fonte. Culpa do Marcelo, que não mandou a referência.
Mas os que me acompanham tinham que ler, acho eu.

3 comentários:

Andrea disse...

Muito legal o texto Paulo, realmente seria interessante saber a referência para poder compartilhar o texto lá no Facebook, onde um monte de pessoas idiotas ficaram fazendo ironia com o cancer do Lula. Minha mãe morreu este ano de câncer, depois de 1 ano e meio de tratamento, e claro que sabíamos que este tratamento não foi fornecido pelo plano de saúde dela. Assim como quando minha sogra teve um tipo de câncer de mama, foi pelo SUS que ela se tratou... O Brasil realmente peca por um monte de coisas, mas...tem coisas que nosso SUS é quem serve de referência para o mundo,inclusive no tratamento da AIDS.
Um abraço a você, e já que não posso postar no FB por desconhecimento da fonte (rss) vou me permitir passar para minha lista de email pessoal, tá?
bjs
Andrea Godoy

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.