Parece brincadeira, mas não é.
A proposta, muito séria, para quem não se lembra, foi feita na campanha do candidato do PSOL, Plínio Arruda Sampaio, à presidente da República do ano passado.
Na oportunidade, o que Plinio apontava parecia ser uma galhofa. Não era.
A idéia é que toda a medicina deveria ser posta sob controle do governo, seguindo modelo de medicina socializada vigente na Inglaterra.
Com isso, e paradoxalmente, o Estado passaria, finalmente, a atender àquela missão que até os arautos do livre mercado pregam e que consiste em o Estado reduzir seu tamanho a um mínimo (Estado minimalista), ficando responsável por Educação e Saúde.
Curioso tudo isso, já que hoje, cada vez mais os bens Saúde e Educação assumiram o caráter de bens semipúblicos, ou seja, típicos serviços que podem ser prestados tanto pelo Estado quanto pela iniciativa privada. Nesse último caso, tornando-se uma atividade cada vez mais lucrativa.
Mas, independente disso, caso a Medicina fosse toda socializada, já dizia Plínio em seu discurso, todos teriam que passar a se tratar no SUS, o Sistema Único de Saúde. E, com isso, seguramente os mais favorecidos, as classes mais abastadas e poderosas, ao invés de fazer críticas para aliviar a consciência e voltarem a bebericar seus whiskies, poderiam agir para melhorar a qualidade dos serviços prestados.
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Posso estar falando bobagem: tem muito tempo que não vou ao Uruguai, mas lembro-me de que quando estive lá ha muito tempo, a medicina lá era praticamente toda socializada. E bancada por verbas que saíam de parcela dos ganhos dos cassinos e dos jogos de azar.
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Mesmo que esteja errado na informação ou que o sistema de saúde do país vizinho não funcione mais dessa forma, o certo é que se algum poderoso tivesse mesmo que passar a fazer uso dos hospitais públicos em suas consultas e tratamentos; se tivesse que enfrentar as filas gigantescas, a falta de especialistas, a falta de condições - até de higiene, as faltas de equipamento e material de funcionamento, fatalmente todos esses problemas teriam suas soluções buscadas em tempo recorde.
Não que todos os problemas fossem eliminados da noite para o dia. Mas que a vontade política - principal fator de mudanças, em especial naquilo que envolve interesses sociais - levaria ao menos a uma busca de soluções mais constante e ao atingimento de estágios cada vez mais elevados de atendimento, não tenho dúvidas quanto a isso.
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Lembrei-me da proposta do Dr. Plínio a propósito da piada de mau gosto daqueles que andaram espalhando emails, propondo que Lula fosse se tratar no SUS.
Se não partissem de pessoas que não gostam do Lula exatamente por que o ex-presidente representa tudo que eles nunca gostaram e aprovaram; se não fossem as mesmas pessoas preconceituosas, que não aceitam que um político possa não ser um letrado, um homem culto, mesmo que seja alguém que possa ter conhecimento, disposição e vontade (mais uma vez a questão da vontade!) de promover as mudanças e melhorias que a classe menos privilegiada precisa que sejam adotadas; se não viessem as mensagens de gente com visão tão conservadora e tacanha do mundo, eu diria que eram idéias de quem deve ter votado no PSOL.
Eleitores que, finalmente, perceberam que para honrar o próprio nome de sociedade em que nós seres humanos vivemos, devemos estabelecer cada vez mais relações de solidariedade entre todos. Visão que, ainda na linguagem atrasada e já fora de moda de hoje, adequa-se mais ao discurso de esquerda em sua busca da redução das desigualdades.
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Pena que não eram eleitores do PSOL. Eram apenas seres preconceituosos. Egoístas e individualistas. E de quebra, gente de péssimo humor.
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Só para finalizar: não votei em Lula. Tenho críticas, como todos têm a uma série de ações e decisões adotadas em seus 8 anos de mandato, mas reconheço o muito que ele fez em prol de uma maior distribuição de renda em nosso país.
Mesmo que ele tenha também feito muito pelos banqueiros, grandes industriais, grande capital, etc. etc., e inclusive por muitos que hoje o criticam.
Um comentário:
Do jeito que é a gestão pública aqui no Brasil, ineficiente e corrupta, quem quiser ser atendido no SUS socializado terá que pagar propina da entrada ao consultório.
Ricardo
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