sexta-feira, 30 de março de 2012

Sorrateiramente

Você entrou em minha vida
de mansinho
com seu jeito de menina
e o desejo de mulher

chegou como raio de luz
que penetra num quarto sombrio
chegou como um raio de sol
afastando pra longe o frio
veio afastar a rotina
mudar minha vida
veio despertar emoções
que estavam esquecidas

e passo a passo
dominou o espaço
de minha solidão
você foi minha fantasia
você foi a luz do meu dia
que ao cair da tarde se vai
você foi ilusão passageira
foi a inspiração derradeira
pra marcar a noite que cai.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Imagem

A essência
é o ser
logomarca
logotipo
abstração
ser holograma
ser como o símbolo
a identidade
de um cartão
é
desnudar-se sôfrego
abandonar as vestes
e mostrar o íntimo
reto e esquálido
qual um risco
mero ponto
de exclamação!
Sem revelar a verdade
que insiste em evocar
reticências...

quarta-feira, 28 de março de 2012

Reínicios

Fico feliz
de ver de novo
estampada a alegria
e ver depois da noite
o raiar do dia
de ver sorriso espantando
a chuva fria
de ver enfim
vitoriosa a fantasia

Ah! não vá negar
quem parte sabe
que um dia vai voltar
trazendo novidades
para nos contar
de jornadas vencidas
e conquistas de lá
de uma força nova
que só pode agregar
ao tempo da verdade
onde nossa vontade
nem é ir, nem ficar.

terça-feira, 27 de março de 2012

Regências

Se quero agradar a seu ouvido
Sou transitivo indireto
Vou lhe agradar
Mas se prefiro agradecer a você
Sou transitivo indireto
Vou agradecer-lhe só porque
Vou agradecer a atenção
Que você dispensou
Como objeto direto
De nossa relação
Do verbo que transitivo direto
Fala direto à razão
Posso aspirar a obter o sorriso
que você prometeu
Posso aspirar a obter meu desejo
De estar ao lado seu
Para aspirar o perfume
Que vem de você
E que desperta a paixão
E se você não quiser atender a meus apelos
E não quiser estar a meu lado
Assistindo a minha vitória
Pode estar certa não vou insistir
Não vou te ajudar se você precisar
Não vou assistir a você
Quando você me pedir a chorar.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Raio de Luz

Você
raio de sol
despertar da manhã
minha fortuna, meu talismã
clarão de luz, inspiração
fonte de energia e calor
meu cobertor, meu edredon
venha aquecer minha manhã
vem
vem romper a noite, a escuridão
vem rasgar o véu da solidão
vem prá colorir, fazer sorrir
vem para florir meu coração
e prá construir o dia-a-dia
vem para ser minha estrela-guia
companheira, iluminada
vem iluminar inteira
os meus dias
a minha jornada

sexta-feira, 23 de março de 2012

Da Cor do Fogo da Paixão

Verdes ou azuis
negros ou castanhos
Pouco importa
Seus olhos brilham
Sempre que fechada a porta
Meu toque toca
Seu corpo escultural

É natural!
pois o tesão que nos domina
e explode incontrolável
nos faz livres
e nos leva a flutuar

Neste momento
em que você entra no quarto
e fecha a porta
o mundo exterior não me importa
Só me interessa
o lampejo do seu olhar
que se revela quando
você se aproxima
e nua em pelo
a meu lado vem deitar.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Presenteando

Você me pede um verso
Não dou
mas posso dar o universo
do que sou
Você me quer por perto
mesmo distante
e eu, decerto, estou contigo
a todo instante
Você me pede o impossível
que vou buscar
e vagaria outras luas
para encontrar
peça que trago comigo, o luar
prá competir com este brilho
que emana de seu olhar
Só não posso te dar um colo
ou um carinho
um verso prá você guardar
no coração
pois que a musa do poema
foi-se embora
levou com ela 
toda a minha inspiração.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Natureza Conquistada

Ser o intruso
Que toma de assalto sua fortaleza
E crava em sua vul...   
        /nerabilidade
a pedra fundamental da paz.
Revolver a terra nua
tomar do instrumento
e nela lançar sem...
        /ente
Desvendar os segredos de suas grutas
onde o calor e a umidade
fundem-se em  vapores
que exalam flagrâncias inebriantes
Aproveitar da abertura de sua  bo...
                /ca,
e, penetrar seu espaço vão
em frenético repouso
instalando ali, o meu ca...
        /nsaço

Percorrer seus  vales e serras
conquistar as planícies
sentir com o toque a sua vegetação rasteira
que adorna seu planalto central

e à noite,
embebedar-me em seu colo
após sorver o último trago desta taça
e cobrir-me com o manto de estrelas
que insistem em refletir
a sua luz...

terça-feira, 20 de março de 2012

Kamikase

enquanto o ato terrorista
explode a paz
e os símbolos do poder e opulência
ardem em chamas
deixo seu fogo
contagiar meu espírito
e transferir para o mundo de seu corpo
a explosão de gozo
em que me esvaio

e em meio
a ataques convulsivos
de prazer
deixo-me relaxar
em teu sossego.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Pitacos econômicos

Duas entrevistas ontem, com economistas renomados discutiam a questão da queda dos juros, câmbio, etc.
Na Folha, Ilan Goldfayn, ex-diretor do Banco Central e atual diretor e economista chefe no Itaú e na Band, à noite o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, no programa Canal Livre.
Goldfayn, considerado o responsável pela implantação do programa de Metas Inflacionárias, questionado se considerava que o Banco Central estaria abandonando o instrumento foi bastante político em sua resposta. O fato de, em alguns momentos a taxa Selic deixar de ser usada como principal instrumento, não significa uma mudança da postura da Autoridade Monetária, preocupada em manter o controle do nível da inflação. Apenas, segundo ele, há momentos em que há espaço para que a taxa de inflação possa ser levada a convergir para a meta em prazo mais longo, a depender das condições da economia.
Na entrevista deixou claro que as condições econômicas e financeiras em vigor no mundo, levaram à criação e desenvolvimento de outros instrumentos para lidar com o controle inflacionário, como os controles macro-prudenciais, que têm sido utilizados pela nossa autoridade, de forma a liberar a Selic do papel de instrumento privilegiado de combate à inflação, então atribuído a ela.
Questionado sobre a questão da transparência do Banco Central, foi também elegante em seu comentário. O Banco Central tem mantido a mesma transparência hoje, que nos últimos anos, o que fica claro com a leitura da Ata do Copom divulgada na semana passada.
Segundo o economista, não há, no ar, como analistas de mercado andam espalhando de forma irresponsável, qualquer sobreposição de interesses políticos capazes de servirem de cabresto às ações do BC.
***
Mendonça de Barros no Canal Livre, por outro lado, abordou mais especificamente a questão do câmbio, criticando a preocupação manifestada pelo governo, em relação à entrada desenfreada de dólares em nossa economia, responsável pela valorização de nossa moeda.
Para o ex-ministro do governo FHC, o governo tem vendido à sociedade uma idéia de que há uma guerra cambial, ou uma tsunami que tem sido causada especialmente pela entrada de recursos externos em busca dos juros elevados pagos em nosso país.
Para ele, ao utilizar de imagens tão drásticas, o governo cria condições e espaço para acelerar a redução da taxa de juros básica de nossa economia, o que ele acredita que não vai resolver a questão da valorização de nossa moeda, nem conseguir impulsionar uma recuperação de nossa indústria, cada vez mais prejudicada pela competição com produtos importados.
Para Mendonça de Barros, não é a taxa de juros que atrai capitais, de caráter especulativo. Em sua argumentação, elenca dois outros fatores responsáveis pelo grande afluxo de capitais que têm sido destinados a nosso país: o ambiente econômico de dinamismo dos países emergentes, dentre os quais o Brasil tem se mostrado o de fundamentos mais sólidos e confiáveis; e a condição de economia exportadora de commodities.
***
Mendonça de Barros não o afirmou, mas a verdade é que o Brasil, como já afirmado por outros economistas, como Bresser Pereira, e até aqui mesmo nesse blog, corre sérios riscos de estar sofrendo do problema diagnosticado como Dutch Disease, ou um processo análogo ou similar a isso,  a saber:  um país com receitas de exportações elevadas, provenientes de venda de produtos primários, em nosso caso, ferro, aço, soja, capaz de acarretar no influxo de grande quantidade de moedas estrangeiras. Em decorrência, nossa moeda se valoriza o que implica em encarecimento dos produtos nacionais, principalmente dos industrializados, que perdem competitividade.
Para compensar esse encarecimento, a indústria nacional teria que promover ações para desenvolver sua competitividade genuína, o que implicaria em desenvolvimento de ações destinadas a aumentar a capacidade de inovar e realizar programas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, além de eliminar certos gargalos de nossa infra-estrutura.
Claro está, e concordo com Mendonça de Barros, que entre esses gargalos, deveríamos retomar e levar a cabo a discussão relativa à Reforma Tributária, tão necessária em nosso país, já de tantos anos. Mas, para a realização e aprovação dessa reforma, não creio que a questão fundamental seja localizada em reduzir a carga bruta total, de 35 ou 36% do Pib, para 25%, números citados pelo professor.
Na verdade, a questão é como fazer com que a Carga líquida seja efetivamente maior que a de 12%, que acaba sendo o valor à disposição do governo, depois de devolvidos para os setores empresariais, a título de juros, subsídios, incentivos, etc. - e para toda a população, através dos mecanismos de assistência social, a parcela de transferências que são mecanismo perverso de distribuição da carga tributária.
Tão ou mais perversos que o peso que os impostos indiretos representam na arrecadação total, porque enquanto esses são conhecidos e divulgados, aquelas transferências, não são de conhecimento público.
***
A segunda explicação para a entrada de dólares é que o ambiente econômico em nosso país apresenta oportunidades de negócios lucrativos cada vez mais raros para estimular os empresários a decidir por investimentos nos países mais avançados. Ou seja, enquanto Estados Unidos e Europa, mais Japão, não têm perspectivas de crescimento econômico capaz de induzir gastos de investimento, os países em desenvolvimento ainda têm amplos investimentos a serem feitos, seja na construção de sua base econômica, ou na sua atualização ou manutenção, seja em áreas de produção de commodities, etc.
No caso do Brasil, ainda há no horizonte próximo, a questão das obras de infra-estrutura, demandadas pela realização dos eventos esportivos agendados, como a Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas.
Para o professor Mendonça de Barros, de todos os Brics, nosso país é o que vende ainda, uma imagem mais confiável, e apresenta condições, como a de um comportamento fiscal responsável mais responsável, capaz de atrair investidores.
***
Citando a entrada recorde de capitais para Investimentos diretos, no ano passado, ele demonstra que, também por esse lado, a questão da entrada de divisas é muito maior que a provocada apenas pelos juros.
Ora, ninguém em sã consciência pode desprezar os dois motivos apontados pelo professor, embora, não seja possível minimizar, como ele o fez, a entrada de capitais em busca das elevadas taxas de juros de nossa economia.
A taxa Selic estava sim, elevada, e atraindo capitais em grande quantidade, e a prova disso é que, as medidas de taxação impostas pelo Ministério da Fazenda começaram a funcionar, e os bancos acreditam que o dólar vai sim, sofrer uma pequena valorização. Tanto que os bancos estão todos ou a grande maioria, com dólares em seus ativos.
E, por estar elevada a Selic, fruto de um cenário traçado pelo mercado e seus analistas, aqui sim, apenas para criar um ambiente de pavor frente a uma possível retomada da inflação, nosso país viu, durante todo o primeiro semestre de 2011, o Copom elevar a taxa básica. Com o BC capturado pelo mercado e seus interesses, a consequência foi que a economia brasileira apresentou uma das 3 taxas menores de crescimento do PIB das Américas, ficando atrás da média de elevação do PIB dos países da América do Sul, no patamar de 4%, e bem atrás de taxas apresentadas por nossos vizinhos com Argentina, Equador, etc.
***
Mas, se é verdade que a Selic inicia seu processo de queda, tão aguardado. E se é verdade que a nossa economia vai continuar atraindo ainda grandes quantidades de capitais externos (embora com alguma redução),  cada vez mais é necessário que se debata e façamos uma reforma tributária e se proceda à colocação em funcionamento um verdadeiro programa de política industrial, acompanhado pela implantação de um autêntico programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

A campanha (medíocre) do Galo invencível

Sete partidas e sete vitórias. A maior parte delas, com placar magro. Quatro, de virada.
Hora de analisar a campanha?
O time é lider. Na Copa Brasil, competição de maior projeção nesse primeiro semestre e sonho perseguido de longa data, eliminou o jogo de volta contra o time do Cene.
Mas, a verdade é que, em meio a tudo isso, o jogo é feio. Dá calo na vista ver o Galo entrar em campo e jogar.
O time cria muito? Mas, e a defesa que continua mal posicionada, levando gols que um time que se quer grande não pode tomar?
E o meio que não cria, não cadencia, não dá ritmo ao jogo, e fica satisfeito apenas por destruir jogadas lá atrás e aceitar a correria imposta, em geral, pelo adversário?
E o ataque, que jogo após jogo peca pela finalização, sempre transformando em verdadeiro martírio os jogos que, em outras ocasiões teriam sido decididos de maneira bem mais fácil?
A comprovação de que alguma coisa anda errada, do meio para trás, é dada pela própria informação de em quantas oportunidades o time saiu perdendo no placar. 
E não vou aqui culpar o goleiro, por mais que seja mais fácil atacá-lo por falhas que, no geral, não são apenas pessoais. Embora a torcida o critique e, em momentos de maior exaltação, até cobrem a contratação de um goleiro de maior experiência.
A verdade, em minha opinião, é que a defesa está mal postada e, o mesmo problema que já se manifestava no campeonato brasileiro do ano passado continua presente: o miolo da zaga, formada por jogadores altos, fica devendo em mobilidade. Os jogadores são pesados. E, embora altos, não são muito de sair do chão. O que permite que as bolas fiquem cruzando a nossa área e o goleiro sempre fique vendido entre a opção por sair ou não do gol, para afastar o perigo.
Ora, exceto quando a bola cruza a pequena área, considerado o espaço em que a bola é sempre do goleiro, o problema é sério. Se ele sai para interceptar a bola em meio à grande área, na marca do pênalty, acusam-no de ser precipitado. Se fica parado, é indeciso. Se não sai esperando a ação de seus companheiros de defesa e essa não afasta o perigo, a culpa é do goleiro. Difícil a vida do bom goleiro Renan, mesmo admitindo que ele ainda falha sim, como qualquer outro goleiro. E ainda carece de mais experiência. Que só vem mesmo com mais, e não menos, jogos.
***
Richarlyson não agrada à torcida e nem tem dado conta do recado. Já há algum tempo, demonstra que como lateral esquerdo é mais vocacionado para jogar no meio campo. No meio, mostra que é um lateral razoável. Há muito tempo está longe de ser o jogador que despontou no São Paulo, onde realmente obteve destaque.
No meio campo, a vinda de Leandro Donizete, embora um bom jogador, mostra a opção de Cuca por um jogador que fecha mais a defesa mas que matou a capacidade de o Galo partir rapidamente para o contra-ataque.
Para piorar, Serginho voltou a ter chances com Cuca, e vem entrando em alguns jogos como o do Cene, apenas para mostrar que, embora esforçado, é bastante limitado para jogar no time que ja teve Vanderlei, Oldair, Toninho Cerezzo, apenas para ficar nos mais recentes.
***
No ataque, André mostra qualidades, mas mostra mais a necessidade de ter companheiros capazes de fazerem a bola chegar, redonda, até ele. Boa presença de área ele tem, mas... ter que ficar voltando para buscar bola e armar jogadas é aproveitá-lo mal.
A prova disso é que os últimos jogos, além de André, com alguns gols salvadores, nossa zaga é que tem sido responsável por fazer o que nosso ataque não tem mostrado apetite nem aptidão para fazer.
***
Enquanto isso, o time estrelado vai enfiando goleadas, acertando as peças da frente, e mostrando apetite para marcar gols. O mesmo apetite que mostrou na última vez que jogou contra nosso time e que, na oportunidade me levou a comentar que, se fosse o contrário, nosso time teria se acomodado com o placar de 2 ou 3 gols de frente.
Porque essa é a verdade que salta aos olhos: o Galo se acomoda, não tem gana de sapecar goleadas históricas.
E isso, enquanto está jogando com times como Guarani, América Teófilo Otoni, Nacional, Caldense, Villa e até esse gigante do futebol que é o Cene de Mato Grosso, que tanto trabalho nos deu para eliminá-los.
E sem falar que a abertura do placar só foi possível por força de um impedimento que o juiz não quis marcar.
***
E o Campeonato Nacional vem chegando, com data de início agendada para maio. Deus que tenha pena desse nosso time e de seu fraco futebol. 

Claustrofobia

Também eu me sinto entalado            
no mês que se esgota                   
e no salário que se esvai              
No cheque especial                     
em que me contorço aflito              
e que não deixa espaço                 
sequer para rolar... débitos           
Entalado no autoritarismo              
travestido de bom senso e resignação   
na desfaçatez                          
e  na corrupção que grassa
Entalado na subserviência que me rodeia 
e na indignação que não explode         
mero nó na garganta seca                
Entalado nos decibéis dos ruídos        
que abafam as queixas                   
das vozes roucas da ruas                
e os gemidos poucos                     
do pobre coitado a meu lado             
Entalado em minha arrogância surda      
que resiste em ouvir                    
o choro de fome do Barnabé meu vizinho  
que ressoa à noite por  minha casa     
e paira entalado no mesmo espelho       
que reflete a imagem do que sou eu.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Às Escuras

Microondas
Torradeira
Vídeo-cassete
Aspirador

            Televisão
            Rádio relógio
            Ar desligado
            Quanto calor
    Lava-louça
    Secadora
    Centrífuga
    Ventilador

Freezer
Cafeteira
Geladeira
Ferro a vapor

        Guitarra elétrica
        Sauna e chuveiro
        Barbeador    
        E secador
    Luz apagada
    Som desligado
    Jogado ao canto
    O computador

Só a lanterna
Movida à pilha
A noite brilha
Cortando o breu

            Saio à varanda
            Procuro a lua
            E por mais que tentem
            Constato cheio de emoção
            A luz da lua   
            Ninguém raciona   
            Não a alcança o apagão.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Nós que aqui estamos vivendo

O rádio
A luz elétrica
A aspirina

    O guerra
    O avião
    A naftalina
           
            Febre espanhola
            Bomba atômica
            Penicilina

O câncer
O cigarro
A anfetamina

        Fome
        Revolução
        Dor e morfina
               
                A tevê
                O satélite
                Adrenalina
    A internet
    A paz celestial
    A velha China

A morte
Ou a vida
Heroína
       
        O filme
        Do Marzagão
        Que nos ensina
               
                    O cemitério
                    E a espera
                    Que não termina.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Súplica

Você
Raio de sol
Despertar da manhã
Minha fortuna, meu talismã
Clarão de luz, inspiração
Fonte de energia e calor
Meu cobertor, meu edredom
Venha aquecer minha manhã

Vem
Vem romper a noite, a escuridão
Vem rasgar o véu da solidão
Vem prá colorir, fazer sorrir
Vem para florir meu coração
E prá construir  o dia-a-dia
Vem para ser minha estrela-guia
Companheira, iluminada
Vem iluminar inteira
A minha jornada.

terça-feira, 13 de março de 2012

Colapso

A água acaba
A luz apaga
E a notícia estraga
O meu bom humor
    Ouvido apurado
    Fico atento ao grito
    Do vizinho aflito
    No elevador
E como um ladrão
Que escala a grade
O escuro invade
Nosso interior
    A tevê desliga
    A cerveja esquenta
    O gelo derrete
    Sorte não estar calor!
Alguém roga praga
Mas a gente inventa
Ouço até gemidos
De uma mão que afaga
Em meio aos ruídos
Do rala que rola
Sob o cobertor.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Vacina

Não tem vacina
Não existe prevenção
Para as dores
Que maltratam o coração
Não tem remédio
Que alivie esta dor
Não tem cura
Para quem sofre de amor

Não tem vacina
Não existe proteção
Nem tratamento
Que resolva a questão
Só mesmo o tempo
Pode ser a solução
Ou um novo amor
Para curar uma paixão

sexta-feira, 9 de março de 2012

Expectativa

Eu fico esperando um notícia sua
Que você se recusa a me enviar
É como se negasse uma carícia
Como se fosse para me castigar

E eu nem sei
O motivo, a razão
E desespero
Tentando uma explicação

Você diz
Que é porque não me interesso
Em saber
Notícias de seu sucesso
E que sozinho
Acho-me o centro do universo
E na verdade
Eu sou justo o inverso
Do inverso, do inverso
De um verso sem fim

Eu fico esperando uma notícia
Que você se recusa a enviar ...

quinta-feira, 8 de março de 2012

À mulher (ou mulheres)

Mulher não judie de mim
Não maltrate  meu coração
em alguns momentos
fingindo gostar de mim
E em outros instantes
fingindo que não

Mulher não judie de mim
Não maltrate o meu coração
Não queira por lenha no fogo
Não faça comigo este jogo
Tão cruel da sedução

Mulher me atenda um pedido
Não zombe da minha paixão
Lembre-se que só uma fagulha
quando atinge o capim seco
Alimenta a combustão
E se vira labareda
Explode como o desejo
Sob forte compressão

Por isso mulher eu te peço o favor
Não cometa o desatino
De querer brincar com o meu amor
De querer mudar nosso destino
O que só nos deixa a opção
De parar de alimentar o fogo
Parar de fazer este jogo
Que é pura provocação

Mulher não judie de mim
Não maltrate o meu coração
Cujo único pecado
Foi amar sem ser amado
Condenado à solidão

Mulher não judie de mim
Não maltrate o meu coração
Que já está condenado
Mesmo não sendo culpado
Pela sua ingratidão.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Reunião do COPOM reabre a mesa de apostas

Em minha opinião, 1% de redução na Selic.
Para analistas do mercado, redução oscilando de 0,5 a 0,75%, com essa última ganhando maior força, especialmente após o anúncio - pífio- do crescimento do PIB em 2011.
Um esclarecimento necessário: ao taxar de pífio o crescimento da produção brasileira no ano de 2011, não o fazemos baseado em uma crítica ligeira, fundada apenas na comparação da taxa alcançada de 2,7% com o crescimento apresentado no ano de 2010, de  7,5%. 
Também não estamos  nos referindo apenas a uma possível comparação com a taxa média de crescimento do PIB no segundo mandato do presidente Lula, ou nos mandatos anteriores ao da presidenta Dilma.
Conforme estudos, com ênfase para estudo realizado pelo professor Ricardo Carneiro, da UFRJ, a taxa média do governo Lula, nos dois anos de mandato alcançou a 4%, divididos em 3,5 nos primeiros quatro anos e 4,5 nos quatro anos seguintes, até 2010.
Anteriormente, FHC havia obtido taxas médias de crescimento de 2,6 e 2,1, consideradas aquém das possibilidades da economia brasileira.
Claro que, a cada período alteram-se as condições econômicas objetivas que influenciam o comportamento de nosso sistema produtivo,  tendo em conta tanto o cenário nacional (o governo FHC estava em pleno processo de estabilização da economia e implantação do Plano Real, por exemplo), quanto o cenário internacional (se Lula enfrentou um período de elevada liquidez e estabilidade e crescimento na economia internacional, esse panorama se reverte agudamente a partir da crise de 2007/2008).
Nesse sentido, não é possível julgar o resultado obtido pelo governo da presidenta Dilma, em seu primeiro ano, sem levar em consideração alguns fatos que marcaram a economia e as relações internacionais.
E, dentro das condições enfrentadas pela economia mundial durante o ano de 2011, principalmente nos  países do bloco mais rico, em consequência ainda dos reflexos da crise financeira e econômica de 2008/2009, não há como admitir que o país teve um resultado razoável. E que esperar-se mais, era aquilo que a literatura econômica costuma denominar "wishful thinking".
***
Pois bem, minha crítica pretende-se de caráter não tão simplista.
E nossa argumentação exige que retornemos ao início do ano, quando já aqui nesse blog, criticávamos a política de combate à inflação implementada pelo governo Dilma, recém-empossado.
Justiça seja feita, depois de certo descontrole nos gastos de fim do governo Lula, principalmente por força das eleições, o próprio presidente do BC de então, Henrique Meireles deu início ao processo de elevação da taxa Selic.
Mas, empossado o governo Dilma, e pressionado pelos abutres travestidos de analistas do mercado (financeiro), o presidente Tombini em conjunto com a diretoria da Autoridade Monetária passou todo o primeiro semestre de 2011, patrocinando elevações da taxa de juros nas reuniões do COPOM.
A alegação era da necessidade de se elevar a taxa básica de juros como forma de se desacelerar a demanda agregada, então considerada responsável pela elevação das taxas de inflação e pelo seu comportamento centrifugo, em relação à meta de inflação prevista pelo governo.
Embora houvesse inegavelmente um movimento ascendente de preços, sempre argumentamos aqui que esse era um fenômeno mundial; que vários outros países também estavam enfrentando movimentos semelhantes devidos ao aumento de preços de alimentos e de commodities; que a inflação era importada e que, dessa forma, não havia como medidas destinadas a reduzirem a demanda interna conseguir êxito.
O impacto das elevações de juros só funcionariam, pelo fato de as taxas elevadas atraírem para nosso país recursos externos em volumes gigantescos, provocando a valorização do real e aumento de importações. Essas, embora mais caras na origem, acabavam se tornando artificialmente mais baratas, graças ao câmbio.
Por outro lado, há que se admitir também que se não se arrefecesse a demanda interna, a inflação importada teria espaço para se manter no mínimo estável.
De minha parte, o que eu afirmava era que, se outros países aceitavam um patamar maior de inflação, também nós deveríamos estar aptos a aceitar essa realidade, não sacrificando um crescimento que mal começávamos a fazer deslanchar.
***
Bem, a demanda agregada cedeu, face aos juros e às medidas de caráter prudencial adotadas em boa hora pelo BC, e que funcionaram na mesma direção.
E aí sobreveio a crise, ou chegaram com força os respingos das medidas adotadas pelos governos dos países mais desenvolvidos para evitarem um colapso dois anos antes.
Injetando recursos nos sistemas financeiros, a título de resgatá-los da bancarrota, reduzindo impostos e criando mecanismos de troca de títulos em condições favoráveis, para limpar o balanço dos bancos do lixo tóxico neles contido, os governos elevaram seus níveis de endividamento.
Se o sistema financeiro foi resgatado, entretanto, a economia real não respondeu como esperado e a recessão surgiu e reduziu a carga de receita dos governos, tornando explosiva a gestão da dívida pública dos países ricos.
Para conterem suas dívidas, os governos fizeram cortes de gastos, o que apenas serviu para aprofundar a redução da demanda agregada e a recessão. O quadro foi se deteriorando e se agravando...
Foi quando o BC em nosso país resolveu passar a promover cortes de juros, tentando reestimular a economia, e aceitando conviver com uma taxa de inflação que rompia o programa de metas.
Em minha opinião, se não havia necessidade de se elevar a taxa, qualquer corte já viria em atraso.
***
Mais interessante, porém, é que a demanda interna estava contida, e a demanda externa também, seja como consequência da própria crise e recessão, seja pela questão de nosso câmbio. Tudo contribuindo para reduzir nossa competitividade e fazendo o setor externo trabalhar contra o crescimento do PIB.
Nessa condição, o crescimento de 2,7 pode ser considerado bom. Para mim, a história poderia ter tido outro rumo, fosse outro o encaminhamento original.
***
Agora, nossa presidenta critica o uso de política monetária expansionista nos países desenvolvidos, não acompanhadas de política fiscal que gerem sustentação da demanda agregada. A economia desses países não reage, e a liquidez injetada, para não ficar empossada, toma o rumo de nosso país, por culpa da atração dos juros altos.
Mas, e aqui no nosso país, onde a política fiscal também privilegia o corte de despesas públicas, o contingenciamento do crédito, a geração de superávits primários, em detrimento da manutenção da despesa pública?
Não terá esse comportamento influenciado a reduzida taxa de crescimento?
***
Ora, a política fiscal não tem mudanças previstas no horizonte. Continuamos fazendo economia, e agora corretamente até tentando reduzir o pagamento de despesas de juros, alegadamente para obter recursos para alavancar nossa capacidade de investimento público.
Tal investimento, que todos reconhecem necessário, parece não estar programado para decolar de forma definitiva nesse ano, ao menos no primeiro semestre.
Resta pois, fazermos aqui, o que criticamos nos outros. Politica fiscal restrita e monetária frouxa. O que significa que, para crescermos os 4% a 5% desejados, os juros devem tomar um tranco.
1% de redução na Selic agora, não seia nada extravagante.

Fim de Feira

Parece que é fim de feira
Parece até brincadeira
Já tem gente despedindo
Por estar já pressentindo
Estar chegando o final
Tem gente já dando baixa
E que sai levando o caixa
Que dinheiro não faz mal
Parece que tentam a fuga
E escapam de fininho
Pela rua lateral

Enquanto o povo distraído
Não sabe mais nem quem é
O mocinho ou bandido
E enquanto vive mal
Mistura a fantasia
Com o mundo do real

Parece que é brincadeira
O cheiro é de fim de feira
O lixo acondicionado
Em sacos pretos rasgados
Está todo revolvido
Os restos esparramados
Pelos pivetes de rua
Marginais e favelados
Homens pobres esfaimados
Pais desesperados
Homens que brigam por restos
Disputando a ração
com os ratos do lixão

Parece que é brincadeira
Tem o ar de fim de feira
Parece que é invenção
E o povo assiste mudo
Em meio à decepção
Que futuro ainda resta
Para a nossa geração

terça-feira, 6 de março de 2012

Levantando hipóteses sobre o resultado do PIB

Anunciado hoje, e já transformado em manchete de todos os principais portais de notícias nacionais, o PIB brasileiro apresentou um crescimento de 2,7% no ano de 2011, comparado a 2010.
Crescimento suficiente para colocar o Brasil na posição de 6a economia do mundo, ultrapassando a economia inglesa, mas bastante inferior ao crescimento apresentado no ano anterior, de 7,5%.
Dado que a população brasileira apresentou crescimento vegetativo positivo, a taxa de crescimento do PIB per capita - a quantidade de bens e serviços finais produzidos no país no ano, dividida pela população, alcançou 1,8%, ou em valores monetários, R$ 21.252.
Considerando-se um valor médio de R$ 1,72 para o dólar em 2011, a renda per capita atingiu a casa de 12,3 mil dólares.
***
A análise das informações divulgadas pelo IBGE, levando em conta a participação dos distintos elementos da despesa na formação do PIB, indica um crescimento de 4,1 para o consumo das famílias (o setor privado), em relação a 2010, com o componente apresentando ligeira recuperação no último trimestre do ano.
Importa lembrar aqui o fato de que, esse consumo, bastante influenciado e favorecido pela expansão do crediário, sofreu uma retração no princípio do ano, vítima da política de combate à inflação perpetrada no primeiro semestre, fundada na elevação da taxa básica de juros da economia, a SELIC.
E apenas voltou a mostrar vigor a partir do mês de agosto,quando o Banco Central surpreendendo ao mercado e agindo corretamente, apesar das críticas e choradeiras dos conservadores de sempre, começou a promover reduções nessa taxa.

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Por força da elevação de juros, que alçou nosso país à liderança do ranking de juros mundiais, um volume muito significativo de capitais externos passou a fluir para o interior de nossa economia acarretando, entre outros problemas, uma supervalorização de nossa moeda.
Promovendo a valorização do real e o encarecimento da nossa produção, com a perda de competitividade daí decorrente, não é surpreendente que as exportações, embora apresentando crescimento de 4,5% no ano anterior, tenham registrado variação inferior às importações, cujo acréscimo sobre 2010 foi de 9,7%.
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Também consequência da dobradinha perversa juros-câmbio, a indústria, do ponto de vista da importância dos setores econômicos na geração do PIB assumiu o papel de grande vilão, com comportamento que a transformou em destaque negativo.
Dessa forma, a indústria apresentou crescimento de apenas 1,6% sobre a produção de 2010, registrando tendência de queda no último trimestre do ano, seja em comparação com o mesmo período do ano anterior, seja em comparação com o terceiro trimestre, quando a política de juros sofreu a inflexão já mencionada.
Ou seja: a elevação de juros, para combater uma inflação que tinha como causa principal os impactos exercidos sobre nosso país de fatores gerados desde fora, a saber a elevação dos preços de commodities e de alimentos, acabou desaguando em redução do consumo privado e, de quebra, em elevação das importações e elevação em menor escala das exportações.
Quanto às exportações, é sempre bom lembrar que, em grande parte, tal resultado se beneficiou da elevação dos preços das commodities internacionais, produtos que têm posição de destaque em nossa pauta de exportações.
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Ainda analisando o comportamento dos elementos da despesa, a grande força responsável pelo crescimento apresentado foi a variação dos gastos de investimento, nos meios econômicos tratada como a Formação Bruta de Capital Fixo, que cresceram 4,7%.
Do ponto de vista do crescimento e de sua sustentação ao longo do tempo, se a variação do investimento merece ser saudada, considerada a taxa do Investimento, ou seja, a importância da geração de bens de investimento (ou bens de capital) no total produzido por nossa economia, o valor ainda é reduzido, devendo sua elevação se transformar em objetivo das políticas de governo.
A taxa de Investimento sobre o PIB evoluiu 19,3%, inferior ao valor de 19,5% apresentado no ano de 2010.
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Quanto à taxa de investimentos, importa ainda comentar a importância assumida pelo BNDES como provedor de recursos de financiamento, a taxas de juros bastante privilegiadas, em comparação à SELIC.
Também contribuiu para as decisões de investimento uma parcela dos capitais externos direcionados a nosso país, principalmente por força da ausência de oportunidades lucrativas em seus países, ditos desenvolvidos, em consequência ainda de crise financeira de 2008 e da recessão que se anuncia no horizonte.
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Quanto ao consumo do governo, a taxa de crescimento em 2011 quando comparada a 2010 foi de apenas 1,9%, em parte graças aos esforços de redução dos gastos públicos que tanto os setores conservadores cobraram do governo, tanto para assegurar a geração de superávits que permitam pagar os compromissos da dívida pública (em especial os juros), quanto para assegurar a redução do quociente dívida interna/PIB, quanto para ajudar no combate à inflação que, em suas opiniões ia fugindo ao controle do BC.
Bem, o superávit foi gerado, como já o sabemos a essa altura. E os gastos em consumo desse importante agente econômico foram contidos, razão de tais gastos serem os que menos contribuíram para a geração do PIB.
Como resultado dos cortes orçamentários, e dos contingenciamentos impostos aos gastos públicos, as obras para a Copa encontram-se atrasadas; o laboratório científico antártico, sem material de segurança já causou um acidente terrível; os aeroportos, estradas, obras viárias urbanas, etc. estão todas em caráter precário e a gente ainda tem que ouvir o secretário geral da Fifa falar que precisamos de um pé no traseiro para andarmos na linha, ainda que a expressão francesa possa significar que precisamos de nos empenhar e fazer acontecer.
Vá lá que o secretário utilizou-se de uma expressão idiomática, mal traduzida ou traduzida literalmente.
Mas, todos que conhecem as expressões idiomáticas sabem que seu significado tem muito de vínculo com a realidade das frases de cunho mais popular e mais deselegante.
Enfim: para bom entendedor, pingo é letra.
E que nosso país apresenta taxa de crescimento inferior ao que era esperado, até mesmo pelo mercado, em grande parte por força do corte dos gastos públicos e sua capacidade de sustentar a demanda agregada, isso para mim é tanto pingo quanto letra.

Vultos das sombras

Foi à noite
Eu voltava do trabalho
E parado no sinal fechado
Vi você pela primeira vez

Foi um instante
Apenas até o sinal abrir
Um relance antes de partir
Mas não consigo esquecer

Você vinha
Andando com ar inocente
Desfilando ali à minha frente
Displicente em seu caminhar
E ao passar
Com seu corpo de sereia
Fez sombra à lua cheia
Que parou para te observar
E escondeu
O reflexo das estrelas
O brilho de estrelas a piscar
Como se brincassem nos céus
Só deixou
A marca que nunca mais vai se apagar
Dos rastros deste doce caminhar
Gravado nos olhos meus

Hoje eu volto
Do trabalho para minha casa
Sempre no mesmo horário
Sem  mudar o itinerário
E procurando em cada esquina
A menina que passou por mim
E se um dia,
Novamente eu a avistar
Deixo o carro e vou correndo atrás
Não vou dar chance ao azar
E se um dia
Conseguir vê-la passar
Então para sempre a seu lado
Eu vou desejar ficar.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Lolita

Menina dos cabelos de fogo
Olhar de desejo e sedução
Da chama que me incendeia
E faz desafinar meu coração

Menina do corpo dourado
Maduro fruto da estação
Que traz o sabor do pecado
O gosto do mel, perdição

Menina da boca carnuda
Dançando no meio do salão
Menina cuidado, teu gingado
É um atentado à razão

Menina-mulher, ar inocente
Bonita, dengosa tentação
De blusa colant transparente
Que dá asas à imaginação

Menina de cabelo de fogo
Menina madura tesão
Me ensina o nome do jogo
Que joga com minha paixão

Se o nome é o seu – é ternura
Que esconde por baixo um vulcão
Por cima revela a mistura
Que maltrata o meu coração

sexta-feira, 2 de março de 2012

Pitacos sobre o câmbio e o tsunami cambial

Enquanto a Espanha se assusta com a elevação do desemprego, em mais de 2 pontos percentuais (2,44%) apenas no mês de fevereiro, quebrando o recorde do país nesse quesito que atingiu 22,85%, os governos e bancos centrais emitem e investem trilhões de reais para salvar os grandes bancos do calote e da quebra.
Na Grécia de joelhos, o povo revoltado vai às ruas, reclamar do pacote que cortou a soberania do país, corta gastos públicos e promete cortar empregos, no afã de reequilibrar as contas públicas.
Na lógica dos mercados, seguindo a bíblia do pensamento conservador, o equilíbrio público é necessário para reduzir a dívida pública, impedindo um calote ou o não pagamento aos credores, em geral, os grandes bancos europeus.
Curiosamente, para além de outras questões e críticas que a imprensa (também) conservadora costuma publicar sobre a Grécia, o povo grego e suas condições de vida, parte da dívida do governo, tanto grego como de outros países, foi assumindo para si os compromissos para .... SALVAREM os bancos e o sistema financeiro do colapso por eles provocado em 2007/2008, fruto da exuberância irracional dos mercados.
Mesmo os governos de países cujo sistema financeiro não sofreu tantos impactos e correu tantos riscos de irem à bancarrota, ou os governos daqueles países em que o sistema financeiro era pouco importante ou significativo para produzir um tsunami na economia, a necessidade de se endividar foi consequência da necessidade de se elevar a demanda agregada, de forma a se tentar manter, estável o nível da atividade econômica  e a saúde da economia das empresas, bancos e do próprio país.
***
Pois bem, os primeiros relatos indicam, em relação à Grécia, a dificuldade imensurável de êxito do ajuste determinado. Afinal, como não é nada surpreendente, o corte dos gastos públicos e as medidas destinadas a promoverem maior desemprego, especialmente com a perda de empregos diretos no setor estatal, e tantos outros indiretos, levam à uma queda do nível de atividade e produção. Daí, mais uma onda de segunda geração de desemprego, agora no setor privado. E recessão pesada. Culminando em queda na carga tributária grega, na queda da arrecadação e .... ampliação - E NÃO REDUÇÃO da dívida.
Por força das expectativas, o próprio anúncio do corte de gastos públicos por si só, já é suficiente para levar os empresários e os agentes a reverem seus gastos e planos, em geral, no sentido de reduzi-los, adequando-se para esperar por tempos melhores. O que induz também ao ciclo fatídico exposto no parágrafo anterior.
***
Em Portugal, seguindo a "onda" e antecipando-se às determinações dos credores (os mesmos bancos), no afã de renegociarem a dívida governamental em condições de juros mais palatáveis, o governo encaminha e aprova um pacote com medidas tão duras quanto cortes de salários e... desemprego no setor estatal.
Alguém mais desavisado poderia até querer se perguntar o porquê de todos os pacotes trazerem a recomendação de demissão de funcionários públicos, medida bem mais séria e grave que a mera redução de salários também sempre incluída nas recomendações.
A pergunta mereceria alguma atenção, não fosse óbvio o interesse em se tentar desaparelhar o Estado e os mecanismos de regulação, intervenção, fiscalização e controle, inerentes a sua atuação. Desaparelhamento que iria conseguir implodir todas as defesas da sociedade civil, e derrubar todas as barreiras e barricadas geradas ante a avassaladora e gananciosa atuação dos capitais e mercados...
Em outras palavras:  o desmanche do Estado é a volta da velha e talvez a única lei que o mercado admite, a do mais forte. A lei que determina que seja a raposa a responsável pela defesa do galinheiro.
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Nos Estados Unidos, e em outros países de maior peso na economia mundial, para fugirem da crise, os governos injetam trilhões de dólares na economia e no sistema financeiro, adotando uma política monetária exageradamente expansionista, com resultados ainda de parcos êxitos.
Essa tsunami monetária, na análise e  palavras bem empregadas pela presidenta Dilma, sem oportunidades lucrativas nas economias maduras, pelo lado real da economia, se vêem também sem oportunidades de ganhos nos mercados financeiros onde as taxas de juros são zero ou próximas de zero e tendem a continuar assim por um período bem mais largo.
Assim, nada há que reclamar da política de cunho keynesiano (melhor seria dizer da medida recomendada pelos modelos tradicionais da síntese neoclássica) adotada pelos países mais ricos. Afinal, é a política recomendada por 10 em 10 manuais de economia existentes e difundidos no mundo.
E torna-se evidente que, buscando remunerações elevadas para suas aplicações, os receptores dos recursos oriundos da política monetária frouxa, acabam por desviarem esses recursos para países que, como o Brasil, além de contarem com oportunidades inúmeras de investimentos na economia real (infra-estrutura, etc.), ainda oferecem as mais elevadas taxas de remuneração do planeta.
Dessa forma os recursos decorrentes da política monetária expansionista não acarreta os benefícios esperados no país que a praticou, não permanecendo em seu interior, e ao se dirigirem a países como o Brasil, provocam, aí também, um problema de extrema gravidade como é o do câmbio.
***
Essa a razão do real valorizado, o que prejudica nossa indústria, nosso comércio, nossa competitividade. Com possibilidades claras e concretas de respingar também sobre o emprego.
Daí a correção da medida de ampliação e elevação do IOF, como forma de tornar menos atraente a aplicação de recursos externos em nosso país, freando o influxo desses recursos.
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Interessante é a análise do grau de eficácia dessa medida, quanto ao câmbio, considerado como principal objetivo a ser alcançado, já que a elevação da carga tributária que o IOF acarreta é subproduto óbvio da proposta.
Para alguns analistas, enquanto não se reduzirem os juros básicos ao nível dos praticados nos países mais ricos, continuará valendo a pena a aplicação no mercado financeiro brasileiro.
Mas, segundo os próprios analistas ortodoxos, para se reduzir a taxa da Selic, sem provocar uma retomada da inflação, o governo deve cortar gastos e obter superávits primários. Mais fácil para um governo que sabe da necessidade de continuar sustentando a demanda agregada e o nível de atividade, é obter o mesmo resultado superavitário por aumento da arredação. Tanto melhor se  o tributo incidir não sobre a sociedade brasileira, mas sobre o capital externo.
(Alguns poderão falar que afeta a tomada de empréstimos de empresas brasileiras aqui instaladas, trazendo impactos negativos para todos. É verdade! Mas, em um grau de importância menor, sem dúvida).
***
De minha parte, acreditando que a política, embora na direção correta, não vai obter todo o resultado esperado, creio que a discussão deveria ser direcionada para outra medida como a de o governo exercer um controle maior sobre a entrada dos fluxos de capitais, determinando prazos de permanência dos recursos no nosso interior e, indo mais além, determinando percentuais de aplicações compulsórias para áreas de investimento considerados prioritários.
É isso.

Contradita

Se em meu caminho
Existem espinhos
Não me assusto
Sigo na contramão
Se a minha estrada
Não me leva a nada
Eu altero a minha direção

Se o frio é forte
E penetra o corpo
Teimando em nos agredir
Retiro o casaco
Uso roupa fina
Para me cobrir

Se o vento é forte
E sopra do norte
Tomo o rumo mais fácil do sul
Se é tempestade que anuncia
Tinjo o meu céu de azul

Se a dor insiste
A vontade invade
E abate o ânimo
Sem compaixão
Procuro ar fresco
Saio para a rua
Busco a confusão
Ando sem parar
Por carros e gente
Para espantar minha solidão
E mesmo sozinho
Toco a vida à frente
Sou mais um nesta multidão.

quinta-feira, 1 de março de 2012

E como ninguém é de ferro - Papo de Boteco

Papo de boteco
Mesas na calçada
Onde a inspiração
Que aguça a mente
Provoca repentes
Da imaginação

Onde a viola
Traz entre sussurros
Luz à escuridão
E a melodia
Torna a lua fria
Centro de atenção
Refletindo a noite
Em banhos de prata
Nossa emoção

Papo de boteco
Cerveja gelada
Aproximação
Em torno da mesa
Se reúne e canta
Pessoas que espantam a solidão
E inventam histórias
Relatam glórias
Nada mais que fantasias de ocasião
E se manifestam
Sobre todo assunto
Sobre mil assuntos
Dão sua opinião
De forma a manter
Em mais uma noite
O prazer de estar
Na roda de amigos
Todos conhecidos
De mesa de bar.