Diz uma anedota que circula pela Internet que no princípio
era o Caos, razão suficiente para provar
ser a Economia a mais antiga das profissões existentes. Por esse motivo, Deus
criou os céus e a terra.
Ou seja, insatisfeito com a realidade à sua volta, buscando
promover transformações que pudessem fazer do ambiente caótico um espaço mais
apto à promoção de satisfação e prazer, Deus inovou.
Neste momento, alguém poderia estar se perguntando que tipo
de discurso é esse feito por esse professor. E antes que pudesse causar sono,
respondo tratar-se do discurso de alguém que, mais que a homenagem de que é
alvo nesta solenidade, é um entusiasta da ideia de que o cientista social, e
com destaque o economista, tem por ofício e dever ser sempre um profissional
insatisfeito com a realidade que o cerca e sujeito da mudança transformadora. O
economista tem inexoravelmente o dever de ser participe, sujeito ou agente, da
melhoria das condições de vida da sociedade que o acolhe.
Seja buscando eliminar as desigualdades sociais, seja
procurando melhorar as condições de vida e remuneração de todos que habitam o
mesmo espaço social, seja procurando sacudir e, despertar de seu sono ou
torpor, aqueles que foram sempre tratados como objetos, invariavelmente para
servirem como instrumento de exploração, por outros mais privilegiados ou mais
espertos. Desse ponto de vista, o cientista social deve ser como tal, um
Educador, na acepção mais plena da palavra. Aquele que é responsável por dotar
seus semelhantes de ferramentas que lhe permitam estar sempre buscando
transformar sua situação de subalternidade em outra em que ele possa assumir as
rédeas de seu destino e de sua história.
Então, assim como pais, parentes, maridos, esposas, namorados,
amigos, que aqui comparecem com justificado entusiasmo, por serem parte da
conquista desses jovens formandos, também eu e todos vocês meus afilhados,
devemos manter sempre elevado nosso entusiasmo, essa expressão de origem grega
cujo significado é ser o veículo de transporte divino. O que remete ao início
de meu discurso. Para concluir que, entusiasmados, somos todos portadores de
centelhas divinas. E, por isso, temos a obrigação de transformar o que há
errado, de injusto, de perverso à nossa volta.
Caros formandos,
vocês chegam hoje ao final de seus respectivos cursos, concluídos com
sacrifícios, dificuldades, momentos de ansiedade e até desespero, e instantes
vários de alegrias, de diversão, e da percepção do quanto estavam sendo
modificados. De quanto estavam aprendendo e crescendo. E cada vez mais se
conscientizavam do quanto deveriam ainda aprender mais e crescer mais. Afinal,
essa é a trilha da ciência e do saber, já enunciada por Sócrates quando cunhou
a famosa expressão só sei que nada sei.
Neste dia de festas, não vou fazer a apresentação de novas
teorias, ou repetir aquelas que tanto lhes torturaram em sala de aula. Vou
apenas falar brevemente de alguns princípios que julgo poderão ser muito úteis,
para aqueles de vocês que quiserem adotá-los como parte de seus saberes quando
enfrentando o mundo e o mercado.
Em primeiro lugar, procurem ser sempre e agir sempre com
INTEGRIDADE. No sentido que consta no dicionário de terem caráter, serem
honestos, e nesse país em que vivemos em que sentimos cada vez mais essa
carência: incorruptíveis. Ajam e adotem atitudes sempre irrepreensíveis, mas
sem esquecerem que ser íntegro é também apresentar a característica de ser
inocente. Puro, não fraco.
Ao lado da integridade, zelem sempre por terem DISCIPLINA, entendido
não um comportamento passivo, de submissão cega ao mais poderoso ou mais forte,
mas no contexto moral de serem obedientes às regras de seu interior, de seus
princípios. Perseverando e sendo firmes e constantes na busca por sempre
segui-los.
Busquem e lutem pela LIBERDADE, no sentido existencialista,
de realizarem escolhas autônomas, independente de condições ou limites, visando
a realização da autodeterminação do ser humano. Para não fugir ao perfil: no
sentido marxista, de respeitando as leis da natureza e os condicionamentos que
pesam sobre a nossa história, procurarem transformar o real e interferir e
melhorar a organização da sociedade em que vivem.
Tenham CRIATIVIDADE. Façam uso da inventividade, da
inteligência de que são dotados, para criarem, inventarem, inovarem em todos os
campos de sua vida.
Zelem por manter sua VERSATILIDADE, procurando cada vez mais
ampliarem, expandirem, serem diversos em suas habilidades e qualidades, de
forma a poderem aprender e realizar diferentes ações.
Já concluindo, cultivem sempre, em todos os instantes, o
sentimento da SOLIDARIEDADE, situação que resulta de perceberem a comunhão de
atitudes e sentimentos, de maneira que possam, no grupo em que estiverem
inseridos, constituírem uma unidade sólida, capaz de opor resistência às forças
externas.
Por fim, tenham FÉ. Nesse contexto, não em um sentido estrito
religioso, mas a FÉ que representa que cada um de vocês sabe que contêm uma
centelha divina, e como deuses que são, tem confiança absoluta na sua
capacidade de conquistar o que desejam.
E guardem consigo esse ditado, cuja origem se perdeu nos
tempos, mas que sempre me ajudaram a decidir que caminho eu deveria seguir:
O homem que
não sabe e não sabe que não sabe é um tolo. Fuja dele.
O homem que
não sabe e sabe que não sabe precisa de ajuda. Ensine-o.
O homem que
sabe e não sabe que sabe está dormindo. Desperte-o.
O homem que
sabe e sabe que sabe é sábio. Siga-o.
Parabéns. Felicidades.
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